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O básico no centro | A atenção do Estado e do município e a abertura de diversos centros culturais não se mostraram suficientes para recuperar o centro de São Paulo, depois de décadas de depauperação e esvaziamento. A gestão João Doria (PSDB) anunciou no mês passado um projeto do urbanista Jaime Lerner (ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná) para revitalizar a área, com patrocínio do sindicato do setor imobiliário. A iniciativa sucede a mais de uma dezena de outras, prometidas por diferentes prefeitos nos últimos 20 anos, que não saíram do papel. Nem mesmo é a primeira de autoria de Lerner. Seminário sobre o tema promovido por esta Folha revelou alguns consensos. O centro precisa de mais moradores, de diferentes rendas e perfis, de maior uso à noite e nos finais de semana; precisa, especialmente de zeladoria. No evento, a plateia aplaudia quando especialistas falavam em retornar ao básico: limpeza, manutenção de calçadas, iluminação e segurança. De problemas sociais que só se agravaram nos últimos anos, desde dependentes químicos vagando pela região até o número de paulistanos dormindo em calçadas ou sob marquises. Obras recentes, tanto da gestão Gilberto Kassab (PSD), que reabriu para os carros o calçadão da rua 24 de Maio, quanto de Fernando Haddad (PT), que fechou o trânsito na rua Sete de Abril, foram entregues com péssimo acabamento, um desleixo suprapartidário com dinheiro público. Especialmente na área dos calçadões -que reúne edifícios com ocupação restrita ao térreo, por comércios-, o poder público ainda não testou opções que impeçam a sensação de insegurança predominante no período noturno. Falou-se ainda na morosidade da burocracia, da prefeitura aos bombeiros. Fora os gastos para readequação dos sistemas elétrico, hidráulico, de segurança e conectividade digital, será difícil convencer moradores a pensar no centro se qualquer processo levar o triplo do tempo verificado em áreas mais novas da cidade. [email protected] Políticas sociais mais ousadas e uma zeladoria mais constante poderiam reocupar parte da região, que já vê com certo ceticismo projetos grandiosos quando nem o básico consegue ser atendido. | 2017-09-10 | opiniao | null | http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925484-o-basico-no-centro.shtml |
A eterna busca do liberal-de-verdade | De todas as reações envolvendo as exposições "profanas", duas coisas me deixaram muito espantado. A primeira é que as pessoas ainda se importam com o que acontece dentro do museu. Isso só pode ser um sintoma de que o governo Temer tá fazendo o Brasil decolar. "Nosso IDH pode ser baixíssimo, mas aqui a gente para tudo pra discutir performance." A segunda coisa é que o Brasil não tem nenhum liberal-de-verdade. Detesto a ideia de um Estado autoritário saber o que é bom pra mim, o que eu tenho que ler, ouvir ou fumar. Ou seja: me identifico com os liberais-de-verdade. O problema é que nunca conheci nenhum. Em São Paulo, o prefeito-liberal-de-verdade fez um vídeo contra o que chama de "arte libidinosa" –referindo-se à performance do artista nu que permite que suas articulações sejam manipuladas. Caberia explicar ao prefeito que não havia libido nenhuma ali, e que afinal a libido está nos olhos de quem vê. E que, sendo assim, me assusta que o prefeito veja libido na figura de um homem de pau mole que permite ser manipulado. Talvez venha daí sua simpatia pelo Michel Temer. Mas justiça seja feita: libido tem em toda parte. Inclusive nas obras do Romero Britto, pra usar um artista que o prefeito conhece. Vale lembrar que as flores são conhecidas metáforas para a pepeca, e até nos corações que o artista põe sobre as bochechas, há quem veja uma bunda pro alto, ou dois testículos de cabeça pra baixo. Vamos mudar de artista: as obras da mulher do prefeito também podem ser consideradas fálicas, a começar pelo fato de serem feitas de madeira (vulgo: pau) e na cor vermelha, não por acaso cor da glande, e dos pequenos lábios, e do PT, e da ciclofaixa. Daí a censurá-las, prefeito, é um longo caminho. No Rio, os liberais não queriam votar num socialista, porque afinal são contra um Estado interventor, e preferiram votar num pastor da Igreja Universal que, surpresa!, revelou-se a favor de um Estado interventor. Vetou o recebimento de qualquer exposição de "arte profana" em território carioca, cortou investimentos do Carnaval e aproveita qualquer solenidade pra cantar música gospel. No entanto, verdade seja dita: quem achava que o bispo ia distribuir cargos entre pastores da Universal se enganou. Crivella distribuiu cargos pra bispos de várias congregações. Um dos secretários, também pastor, fez cruzada contra piercings e tatuagens no gabinete. E o liberal-de-verdade? Arqueólogos seguem cavando, em busca de alguma ossada. | 2017-09-10 | colunas | gregorioduvivier | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2017/10/1925425-a-eterna-busca-do-liberal-de-verdade.shtml |
Vivemos mais, e alguém tem que pagar essa conta, diz médico à frente da Amil | À frente da maior operadora de planos de saúde no país, a Amil, o oftalmologista Claudio Lottenberg, 57, defende novas regras para os planos, incluindo a que permite que idosos tenham reajuste maiores nas mensalidades. "Vivíamos 40 anos e agora passamos para 80. Alguém precisa pagar essa conta", diz ele, que preside há um ano a operação brasileira do grupo UnitedHealth Group, que controla a Amil. Sob o seu guarda-chuva está também o Americas Serviços Médicos, que congrega 34 hospitais. Para ele, há muito desperdício no sistema de saúde por fraudes, falta de informações e processos. "Tem uma avenida para se trabalhar antes de falar que falta dinheiro." O médico, diz ele, está perdendo a credibilidade porque está se deixando levar por um "modelo compensatório ruim". "Pode ser que seja uma profissão que já pagou mais no passado e pode ser que vai pagar cada vez menos." * Folha - Há uma discussão na Câmara dos Deputados para a mudança nas regras dos planos de saúde. O que pensa sobre isso? Claudio Lottenberg - Há contribuições, mas algumas são muito irracionais. Tem contribuição que pode fazer sentido até um grupo sugerindo que os planos coletivos não possam ter aumento além daquele que os planos individuais têm hoje. [risos] Se uma das maiores crises de mercado foi a falta de acompanhamento da elevação de custos dos planos individuais de acordo com a sinistralidade, imagine você utilizar o mesmo argumento que levou ao fracasso dos planos individuais para os coletivos? Você acaba achando que querem destruir o mercado. Mas há muito abuso em relação a reajustes dos planos coletivos. Isso impulsiona, inclusive, a judicialização do setor. Aí tem duas coisas: existe a judicialização, que é exigir o que deveria ser oferecido e não está, e existe a judicialização que ultrapassa os limites contratualizados. Isso busca apoio numa estrutura que é um juiz que tem visão legalista, mas lida com a situação que nasce da caneta do médico que fez a demanda. A gente tem visto que nem sempre são demandas apropriadas. É contra isso que a gente tem que lutar. Por outro lado, quando se demanda algo, mas o contrato não previa, essa demanda extraordinária, se repetida, tem impacto como um todo. Pode se tornar insustentável. A mecânica de seguro é contributiva, cada um coloca o seu pedacinho, apostando que eventualmente possa precisar. Isso é previsível em estudos estatísticos, baseado em uma lista de procedimentos e doenças que costumam acontecer. Quando insere coisas não previsíveis, há o risco de puxar a corda e estourar, que é o que está acontecendo. BENEFICIÁRIOS, EM MILHÕES - Queda no número após a crise fez com que operadoras pressionassem por mudanças na lei É por isso que os planos defendem a opção de um rol mais reduzido? Quando a gente fala de um rol mais reduzido, ou mesmo de plano popular, estamos trazendo mais oportunidade de aporte de recursos para saúde. Na Espanha, na Catalunha, as pessoas pagam um plano que dá direto a consulta com ginecologista, oftalmologista, clínico geral, e cobertura de atendimento de urgência. Mas não à alta complexidade, internação hospitalar. Isso responde por 54% de todo custo da saúde no setor suplementar. Eu posso decidir excluir isso e usar a rede pública [para a alta complexidade], já que eu pago impostos. Você desonera o setor público [com consultas, por exemplo] e dá o direito que a pessoa quer. E todo mundo ganha. Corre-se o risco de judicializar e desfazer. Mas sou favorável que ele possa existir. É oportunidade de crescimento de mercado, de desoneração da saúde pública, criação de empregos. A Câmara também discute a possibilidade de os planos dos idosos serem reajustados. O senhor concorda? Essa discussão acompanha a que ocorre na Previdência. Se você quer que as pessoas se aposentem aos 65 anos, o reajuste das mensalidades tem que ir para os 65. Nós levamos 200 anos para viver o dobro. Vivíamos 40 anos e agora passamos para 80. Alguém precisa pagar essa conta. Se aumentar a capacidade contributiva cobrando mais, dá um respiro. O pessoal diz que está tirando o conforto dos velhinhos. É que nem emprego público. Tem uma hora que precisamos ver que Estado inchado, protegendo todo mundo, é muito complexa. Uma forma de conter custos é cortar desperdícios. Por que não se discute melhor isso? Um terço do que a gente faz não precisaria fazer ou, se feito melhor, não seria da maneira que é feito. A gente tem as fraudes, mas eu prefiro nem comentar porque é tão desqualificado que dispensa comentários. Deixando de lado esse capítulo, há muita redundância, há falta absoluta de controle de informações, processo ineficientes, falta padronização, o que não permite medir resultados. Tem uma avenida para se trabalhar antes de falar que falta dinheiro. Estudos mostram que a prevenção também é uma forma de cortar custos e de as pessoas envelhecerem melhor. Por que os sistemas de saúde investem tão pouco? As discussões nascem, em geral, dentro de princípios econômicos financeiros, não de qualidade. Mas as pessoas estão começando a perceber que, quando discutem qualidade, a consequência aparece no lado financeiro. Mas é preciso vontade. O mais curto é dizer que está caro, que você quer mais dinheiro. As pessoas gastam mal porque adoecem mal. É evidente que uma pessoa com uma doença crônico-degenerativa, como hipertensão, que toma remédio de forma adequada, tem menos chance de ter crise hipertensiva. Mas tem que cuidar senão vai parar no pronto-socorro a cada três meses por descontrole. Muitas por falta de remédio mesmo. Há um ano o sr. mudou de lado, saiu da direção do Einstein e assumiu a Amil. Qual a principal diferença? Tenho uma vantagem. Continuo no sistema hospitalar, porque a UnitedHealth tem a America, com 34 hospitais. E continuo sendo médico oftalmologista. Vejo razões de insatisfação em todas as partes. Mas vejo oportunidades e sinergias em todas elas. Qual a grande discussão? São dois indicadores: o primeiro é ter um cliente satisfeito, feliz, seguro do que está acontecendo dentro de um sistema sustentável. Isso está pendurado em um grande vetor, o paciente. A visão de cadeia produtiva ainda não existe. Qual a grande queixa? A operadora não quer pagar. Não é a operadora. A operadora está tendo que reajustar uma sinistralidade que sobe acima dos 20%, muito acima da inflação. Quando ele volta com aqueles 20% e poucos, a empresa que paga o seguro saúde do profissional diz: "Não aguento mais". De 10% a 15% da folha de pagamento vão para o seguro-saúde. O médico diz que não recebe reajuste. Mas o nosso cliente comum, o paciente, não aguenta pagar nem aqueles R$ 80 que você acha pouco. É um setor que está com menos gente, mas talvez seja uma das poucas indústrias em que cai o número de clientes, mas aumenta o preço. Mas são os hospitais os que mais puxam o custo... Sim, mas é porque não consegue aprimorar a prática assistencial. Ainda está buscando mecânicas remuneratórias baseadas em coisas que não existem mais, que é o "fee for service", um corpo clínico desorganizado. A medicina não é diferente daquilo que nasça das mãos dos médicos. O prestador de serviço ganha pelo desperdício, o médico não consegue se organizar para atender melhor o paciente, ambos discutem pela lógica do dinheiro, a operadora reclama que está muito caro. Mas ela não entende que é parte da solução. Ela tem que debater com o prestador para que tenha uma qualidade de prestação mais eficiente, com custo menor. Aí vem o cara da prótese e quer ganhar dentro daquela margem de 35% e não entende que o mercado não está mais dessa maneira. Como organizar isso? A primeira coisa é reconhecer que estamos todos errados. Ou que estamos todos certos. Mas, se a gente não sentar todos do mesmo lado, será um problema. O problema é que ninguém quer abrir mão do seu quinhão... É lógico. Aí há interesses diversos. A nossa companhia não veio para o Brasil para ser vendida nem para fazer IPO (abertura de capital). Pelo contrário, ela fechou o capital. Significa que vai comprando ativos para manter conosco. A gente quer que seja sustentável, dê lucro como qualquer outra empresa, mas, por outro lado, existe por aí uma pressão, um afã para que isso retorne no dia seguinte. Temos valores fortes. Estamos discutindo com os parceiros novas formas de remuneração. Meu desejo é chegar, em um momento, para quem está comprando um produto Amil e dizer: este ano ano não vai ter reajuste, vamos dar desconto porque conseguimos administrar melhor a sua carteira. O caminho é a mudança do modelo de remuneração? É um deles. O outro é o envolvimento do paciente, entendimento de valor. O conceito da qualidade é mais do que engajamento, é inclusão, o paciente tendo um papel um pouco mais propositivo. Mudar uma cultura e uma forma de acelerar essa mudança é com o dinheiro, pela coparticipação e franquias. São mecânicas que pressionam a entender que isso tem custo. E o papel do médico? O papel do médico é de tutela, de referência. O médico está perdendo um pouco isso porque está se deixando levar por um modelo compensatório ruim, e isso está afetando a credibilidade dele. Precisa evitar isso. Ah! Mas paga mal. É verdade. Pode ser que seja uma profissão que já pagou mais no passado e pode ser que vai pagar cada vez menos. Os médicos têm que entender o que está acontecendo. - FORMAÇÃO Graduado em Medicina, mestre (1990) e doutor (1994) em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp. ATUAÇÃO É presidente do UnitedHealth Group Brasil. Preside ainda o Conselho da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein e o Instituto Coalização Saúde. | 2017-09-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925433-vivemos-mais-e-alguem-tem-que-pagar-essa-conta-diz-medico-a-frente-da-amil.shtml |
Deputado que propôs censura à internet quer regular bitcoin | Na semana passada, muitos brasileiros conheceram o deputado Áureo Ribeiro (SD-RJ). O deputado foi o autor da proposta de censurar a internet durante as eleições de 2018, que acabou por fim sendo vetada pelo presidente Temer. A proposta do deputado é mais uma na longa lista de leis em tramitação no Congresso para impedir que cidadãos comuns possam falar mal de políticos na internet. São muitos os projetos querendo fazer a mesma coisa que o deputado Áureo tentou. Alguns querem implementar o chamado "direito ao esquecimento". Outros querem autorizar o bloqueio de sites e serviços (e, por consequência, conteúdos) diretamente na infraestrutura da rede. No entanto, a proposta do deputado Áureo destacou-se de suas "concorrentes". Primeiro porque, graças a uma manobra realizada na calada da noite, o texto foi votado em prazo recorde na Câmara e no Senado, sem qualquer debate ou discussão. Apenas para lembrar, o Marco Civil da Internet levou sete anos de intensos debates para ser votado. Ele protegeu de forma exemplar a liberdade de expressão no Brasil, a ponto de ser elogiado internacionalmente e pelo próprio criador da web, sir Tim Berners-Lee. Em uma noite de votação discreta, o Congresso tentou jogar por terra um dos principais pontos do Marco Civil. Felizmente, a comoção foi tão grande –inclusive na internet– que o veto presidencial tornou-se a única saída admissível. O episódio é mais uma amostra da batalha que Congresso e sociedade travam no país hoje. Revela também a agenda 100% contra a internet do Congresso, que só enxerga a rede como ameaça a ser contida. Jamais como oportunidade de geração de empregos, de inovação e de desenvolvimento para o país. Infelizmente, os projetos do deputado Áureo contra a internet não se resumem à tentativa de censura da rede. É dele também o projeto de lei nº 2.303 de 2015, que tem por objetivo regular as moedas virtuais, como bitcoin e ethereum. A proposta do deputado é que essas moedas sejam incluídas como "arranjos de pagamento", subordinados à fiscalização, regulação e supervisão do Banco Central. Trata-se de medida completamente ineficaz, que teria como único efeito aumentar o "custo Brasil" de quem quer desenvolver empresas ou negócios com criptomoedas no país. O resultado apenas incentivaria empreendedores desse nascente ecossistema a optarem por mudar sua operação para outros países. Seria muito bom se congressistas abandonassem sua guerra particular contra a internet e remassem na mesma direção da história. Por exemplo, criando leis para apoiar os inúmeros garotos e garotas que estão criando start-ups. Muitas delas atuando com moedas virtuais, blockchain e outros temas que estão na ponta da inovação global. Censura, não. Inovação, sim. * JÁ ERA não ter alternativa ao peso morto econômico de vários bens JÁ É monetizar o tempo ocioso do carro ou de um imóvel por meio de compartilhamento JÁ VEM monetizar o espaço ocioso do disco rígido do computador por meio de compartilhamento | 2017-09-10 | colunas | ronaldolemos | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2017/10/1925445-deputado-que-propos-censura-a-internet-quer-regular-bitcoin.shtml |
Parecer da Advocacia-Geral enviado ao STF é favorável a Aécio | A AGU (Advocacia-Geral da União) defendeu, em parecer enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) na noite de sexta (6), que não podem ser aplicadas medidas cautelares –como proibição de frequentar determinados locais ou recolhimento noturno– a parlamentares no exercício do mandato. O argumento, conforme a leitura que a AGU faz da Constituição, é que deputados e senadores não podem ser alvo de qualquer modalidade de prisão processual (antes da condenação), exceto em casos de flagrante por crime inafiançável. A manifestação da AGU, que representa o governo Michel Temer, é no âmbito de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada no ano passado pelos partidos PP, PSC e Solidariedade. A ação deve ser julgada pelo STF na quarta-feira (11) e tem impacto direto sobre o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teve medidas cautelares determinadas pela Primeira Turma do Supremo –situação que gerou desgaste entre a corte e o Senado. Os três partidos apontaram como solução constitucionalmente viável que qualquer medida ordenada pelo STF que leve ao afastamento de um parlamentar deva ser endossada ou suspensa por seus pares (da Câmara ou do Senado) em até 24 horas. JULGAMENTO A manifestação da AGU, que foi consultada pelo Supremo para ajudar a balizar o julgamento, vai além do postulado pelos três partidos: para o órgão, a única circunstância que permite a prisão ou a imposição de medidas cautelares a congressistas é o flagrante por crime inafiançável. "Não há como se considerar possível a aplicação aos parlamentares de qualquer medida que se configure como verdadeiro obstáculo ao exercício pleno de seu múnus público, aqui incluídas, além da prisão processual, as demais medidas cautelares insertas no art. 319 do CPP [Código de Processo Penal], a não ser que a situação se enquadre perfeitamente ao ditame constitucional, ou seja, se trate de hipótese de prisão em flagrante por crime inafiançável", afirmou a AGU. "Se em desfavor do parlamentar não pode ser decretada prisão preventiva, por certo também que não cabe a fixação de medida cautelar diversa que somente é cabível quando presente situação que justifique aquela modalidade de prisão cautelar [flagrante]", diz o parecer. No último dia 26, a Primeira Turma do STF decidiu afastar o senador Aécio Neves do cargo e determinar seu recolhimento noturno, além da entrega de seu passaporte. O mineiro é acusado de ter pedido propina à empresa JBS, que o delatou. Senadores criticaram a suposta interferência do Judiciário no Legislativo, e ameaçaram votar pela suspensão das medidas. Em vez disso, a Casa acabou optando por aguardar o julgamento dessa Ação Direta de Inconstitucionalidade, que analisa o tema. | 2017-09-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925518-parecer-da-advocacia-geral-e-favoravel-ao-caso-de-aecio-neves.shtml |
Fábrica de peças de caça brasileiro fica na promessa | Quatro anos após ser anunciada, ainda não saiu da promessa a construção de uma fábrica de peças de fuselagem para o novo caça brasileiro em São Paulo. A Prefeitura de São Bernardo do Campo, cidade que havia sido anunciada pela fabricante Saab como destino de uma fábrica de peças da versão brasileira do Gripen NG, ameaça ir ao Ministério Público Federal para saber se a intenção é para valer ou não. "O anúncio da unidade foi público, de conhecimento da FAB e do Ministério da Defesa. Se isso não se consolidar, serei obrigado a levar a questão ao Ministério Público", afirma o prefeito da cidade, Orlando Morando (PSDB). A versão de dois lugares do avião será projetada em conjunto com a brasileira Embraer, e a fábrica de peças de fuselagem é parte central do projeto –o caça tem uma configuração diferente em relação ao modelo monoposto. Segundo a Folha apurou, o cronograma da parte brasileira do Gripen preocupa a FAB, apesar de todos dizerem que está tudo em ordem. A Saab não se manifestou. Pessoas próximas ao projeto dizem que a solução para o caso está próxima. 15 CAÇAS Em 2013, a empresa anunciou que montaria uma fábrica de US$ 150 milhões na cidade paulista, que enviaria as peças para a linha de montagem do Gripen que será feita pela Embraer em Gavião Peixoto (SP) –15 dos 36 caças comprados deverão, por contrato, ser feitos no Brasil, incluindo todos os oito modelos de dois lugares. Neste ano, a Saab anunciou que estava contratando 250 funcionários para treinamento e posterior emprego em São Bernardo. A prefeitura desconhece a iniciativa. Envolvidos no projeto ponderam que, apesar de anunciado em 2013, o acordo Brasil-Suécia só foi assinado em 2014 e o financiamento, aprovado em agosto de 2015. Em 25 de julho, Morando levou sua preocupação ao ministro da Defesa, Raul Jungmann. Ele o encaminhou ao brigadeiro Márcio Bonotto, responsável pela aquisição dos Gripen. Em 9 de agosto, o prefeito saiu sem resposta convincente da reunião na FAB, mas com promessa de que os suecos iriam entrar em contato sobre a questão. Isso ocorreu em setembro, mas até aqui as tratativas não são conclusivas. O Gripen custará ao Brasil 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 15,4 bilhões nesta semana), e o financiamento internacional só começa a ser pago em 2025, por 15 anos. O primeiro voo do modelo de um lugar deverá ocorrer em 2019, e os aviões de série entram em operação a partir de 2021. Dos 36 aviões comprados, 13 serão feitos inteiramente na Suécia, 8 serão iniciados no país europeu e finalizados no Brasil e os restantes, montados pela Embraer em Gavião Peixoto (SP). PREOCUPAÇÃO POLÍTICA A preocupação de Morando, que ressalta "manter todo o interesse na fábrica", é também política. Seus aliados temem que ele seja responsabilizado por um fracasso na instalação. A ideia de incluir a cidade no projeto do Gripen foi de Luiz Marinho (PT), aliado de Luiz Inácio Lula da Silva e pré-candidato a governador, prefeito de São Bernardo de 2009 a 2016. Tecnicamente, nunca fez muito sentido: há polos aeroespaciais já estabelecidos em torno da Embraer em São José dos Campos e Gavião Peixoto. Marinho viu no Gripen um bom veículo eleitoral, e era visto pelos suecos como porta-voz de sua causa por sua proximidade como o poder federal na era petista. Desde 2009, ele visitou a Suécia e fez lobby pelo avião. OPERAÇÃO ZELOTES A Operação Zelotes começou a apurar no ano passado o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na escolha do Gripen para a FAB. A Saab contratou um lobista próximo do ex-presidente para que o petista fizesse gestão em favor do Gripen junto a Dilma Rousseff (PT). A petista tinha escolhido o americano F/A-18, mas a revelação de que fora espionado pelos EUA melou o negócio. Lula, enquanto presidente, havia favorecido os franceses ao longo da negociação. De todo modo, o lobista Mauro Marcondes recebeu 1,84 milhão de euros (R$ 6,8 milhões nesta semana) pelo serviço. Os investigadores apuram se um repasse de R$ 2,5 milhões que ele fez ao filho de Lula seria um pagamento indireto no episódio e também no caso da suspeita de venda de medida provisória no setor automotivo. Todos negam as acusações de irregularidades. Contra a argumentação no caso dos caças, há o fato de que o Gripen já era o preferido da FAB desde 2009. A investigação da Zelotes corre em Brasília e não inclui até aqui o ex-prefeito Luiz Marinho. | 2017-09-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925460-fabrica-de-pecas-de-caca-brasileiro-fica-na-promessa.shtml |
Follow-up com a equipe é passo para aprimorar táticas de gestão | Embora ninguém goste de cobrar nem de ser cobrado, fazer follow-ups frequentes com os funcionários ainda é a única forma eficaz de acompanhar o trabalho, segundo o consultor e coach executivo Silvio Celestino. Para ele, o chefe que deseja acompanhar seus colaboradores do jeito certo deve apresentar suas expectativas e colocar prazos, além de explicar a importância das atividades em curso para o andamento do projeto. É melhor do que passar uma lista de pendências ou estabelecer uma série de metas com números, exigindo resultados o tempo todo. "É importante que o empreendedor saiba mostrar sua forma de pensar para a equipe, incluindo o que aprendeu durante sua trajetória profissional e até os erros que cometeu", afirma Celestino. Reuniões diárias, de 15 minutos, são uma alternativa. Nelas, cada colaborador deve apresentar ao chefe suas atividades da semana e o que foi feito até ali. A tática, criada pelo americano Jeff Sutherland, virou moda nas start-ups dos Estados Unidos. Sistematizar o follow-up, mesmo por meio de conversas rápidas, abre espaço para que a chefia se dedique a tarefas estratégicas, como encontrar clientes e criar ou aprimorar produtos, segundo Luciana Ferreira, professora de liderança do Insper. "Além de acompanhar e apontar erros, é uma hora boa para destacar em que o profissional tem acertado, tática útil para que a pessoa saiba quais são as expectativas dos gestores e aja de acordo", diz. Não se encastelar em uma sala também ajuda. Foi a tática de Luiz Godoy, 49, sócio da consultoria Equipo Gestão. Ele divide o espaço com os funcionários, em baias, e acompanha tudo de perto. "Fazemos uma reunião quinzenal, mas o follow-up acontece no dia a dia. Fica mais fácil identificar problemas em tempo real", afirma. A empresa cresceu 53% em 2016, segundo Godoy. Com a prática já estruturada, o próximo passo é dividir mais as responsabilidades. A administradora Marcela Miranda, 40, da start-up de cartões Trigg, empreende há dez anos e começou com um site que entregava cervejas geladas em até duas horas por toda a capital paulista. "Atendia, embalava e enviava. Acho que precisava entender toda a produção para ser uma boa empresária", diz. Hoje, Miranda não resolve tudo sozinha. "Não deixo de acompanhar tudo, mas consegui formar gestores de confiança que me ajudam nisso." Essa relação, construída com o tempo, envolve uma dose de flexibilidade do chefe, segundo Ferreira, do Insper. Mas é uma chance de dividir problemas e opiniões. DE PERTO Identificar um erro com rapidez foi o que salvou uma tonelada de massa de pão de queijo da Formaggio Mineiro, dos sócios Marcello Lage, 50, e Mirany Soares, 42. A fábrica, que era terceirizada, entregou um produto que não crescia. A saída foi criar o waffle de pão de queijo, hoje um dos itens mais vendidos da marca, que faturou R$ 3,5 milhões em 2016. O episódio fez os sócios desistirem de terceirizar a produção, embora fosse mais barato, e investiram R$ 600 mil em uma fábrica própria. "Agora acompanhamos tudo, da matéria-prima à distribuição, e podemos cobrar melhor a equipe", diz Soares. | 2017-09-10 | mercado | null | http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925111-follow-up-com-a-equipe-e-passo-para-aprimorar-taticas-de-gestao.shtml |
A política agora se parece mais com o que era antes da crise | Na esteira da mais dilacerante crise política da Nova República, que espetou em escândalos de corrupção lideranças históricas dos maiores partidos, calhou de haver eleição fora de época no Amazonas. Era um teste para a propalada renovação dos mandatários. Venceu Amazonino Mendes, do tradicional PDT, aos 77 anos, com três mandatos como prefeito de Manaus e três como governador do Amazonas. Ficou em segundo lugar o senador Eduardo Braga, 56, candidato pelo cinquentenário PMDB, duas vezes governador do Estado. Menos de um ano antes, em outubro de 2016, houve sinais de renovação. Jejunos como João Doria, que atropelou caciques do PSDB, e Alexandre Kalil, do nanico PHS, sagraram-se prefeitos de São Paulo e Belo Horizonte. No Rio, o senador Crivella rompeu a sina minoritária dos políticos egressos do tronco neopentecostal. A fogueira da vida real encarregou-se de reduzir as expectativas iniciais. Aos nove meses de gestão, Doria não se distingue, nas tábuas de popularidade, dos prefeitos que o antecederam. Crivella parece um governante desgastado em fim de gestão. Kalil faz desabafos deselegantes sobre a dificuldade de cumprir promessas. De outro lado, a excepcionalidade da profunda crise econômica começa a desfazer-se após três anos. Há nítida "desvalorização marginal" das notícias sobre corrupção. Cada novidade causa impacto decrescente sobre a reputação do alvejado, seja pelo efeito natural do acúmulo, seja pelos evidentes maus passos dos órgãos acusadores. A política se parece mais com o que era antes da crise. Lula, com cinco candidaturas presidenciais e dois mandatos no Planalto, lidera as intenções de voto. Alckmin, três vezes governador paulista e uma vez finalista da eleição para presidente, aos poucos esmaga a aventura João Doria. É o efeito Amazonino. | 2017-09-10 | colunas | viniciusmota | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciusmota/2017/10/1925496-a-politica-agora-se-parece-mais-com-o-que-era-antes-da-crise.shtml |
Crise dos Estados Unidos elimina 1,5 milhão de vagas de emprego | A economia americana criou cerca de 16 milhões de vagas nos oito anos desde o fim da grande recessão (2008-09). A taxa de desemprego, que chegou a 10% em 2009, está abaixo de 5%, e os salários, depois de uma longa espera, começaram a subir. Ainda assim, apesar desse cenário de melhora, as feridas da recessão não cicatrizaram para um grupo expressivo de trabalhadores. E a grande dúvida é se essas cicatrizes vão realmente sarar. Em agosto, 78,4% dos americanos que estão no auge do seu período de trabalho (normalmente definido entre 25 e 54 anos) estavam empregados. O número representa uma queda de 1,3 ponto percentual em relação ao início da recessão dos EUA. Essa diferença parece pequena, mas representa o desaparecimento de mais de 1,5 milhão de trabalhadores da economia americana. Pesquisas mostram que muitos caíram nas drogas ou na pobreza. Mas a questão é como uma recuperação que já dura oito anos pode ter deixado de incluir tanta gente. Ela é um reflexo de fraqueza econômica persistente –algo que as tradicionais políticas de estímulo econômico ainda podem resolver– ou é o resultado de forças de longo prazo como a automação, a globalização e as mudanças na demografia do país? Há evidências recentes que sinalizam que o impacto da recessão ainda é sentido pela força de trabalho dos EUA. Trabalho recém-publicado pelo economista Danny Yagan, da Universidade da Califórnia, Berkeley, usou declarações anônimas de Imposto de Renda de mais de 1 milhão de trabalhadores durante a recessão e na sua sequência. Ele descobriu que, nos lugares que foram atingidos com mais força pela recessão, os efeitos ainda são duradouros: milhares de trabalhadores que perderam seus empregos tiveram dificuldades para se reposicionar no mercado e, no fim das contas, desistiram de procurar vagas. Muitos, segundo os dados de Yagan, ainda não encontraram trabalho. "Os sinais mostram que a recessão acabou, mas o emprego ainda não voltou ao normal", disse Yagan. "Os efeitos da recessão não deveriam durar tanto tempo." A teoria econômica tradicional defende que os danos provocados por recessão geralmente são de curta duração. Pela maior parte do século 20, a economia americana rapidamente se recuperou de retração, e os funcionários que perderam emprego logo voltaram a trabalhar. Alguns economistas chegavam até mesmo a elogiar os efeitos de "limpeza" das recessões, por eliminarem companhias improdutivas. Mais recentemente, no entanto, esse padrão parece ter mudado. Os Estados Unidos se recuperaram lentamente da recessão do início do século (que foi relativamente moderada) com a bolha da internet, e a retomada atual tem sido anêmica de acordo com vários indicadores. O crescimento médio da economia dos EUA desde o fim da recessão tem sido de 2,2%, metade do obtido no período seguinte à crise do começo dos anos 1980. Alguns lugares tiveram resultados ainda piores: pesquisas mostram que grandes parte do país, inclusive cidades como Cleveland e Memphis, não tiveram recuperação econômica. Para Yagan e muitos economistas liberais (pela concepção americana), a solução é simples: crescimento econômico mais forte e duradouro. Se a economia fraca é a doença, uma economia forte seria a cura. Por esse ponto de vista, é preciso mais estímulos como juros baixos e aumento do gasto com infraestrutura. Outros economistas, no entanto, têm dúvidas se uma recuperação, por mais forte que seja, seria capaz de fazer retornar ao mercado de trabalho pessoas que ficaram tanto tempo afastadas. O ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers, economista de Harvard, afirma que, com a pesquisa de Yagan e outras evidências, "fica difícil de escapar da conclusão" que os danos provocados por recessões à economia agora são permanentes –ou, pelo menos, praticamente permanentes. Ou seja, a recessão pode ter sido o fator que tirou as pessoas do mercado de trabalho, mas a retomada econômica, sozinha, pode não ser suficiente para fazer com que elas voltem a ter emprego. "Há um grupo grande de pessoas que perdeu o trabalho por causa da recessão, mas não estão conseguindo função nem em lugares em que o desemprego caiu." | 2017-09-10 | mercado | null | http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925441-crise-dos-estados-unidos-elimina-15-milhao-de-vagas-de-emprego.shtml |
Muitos russos enxergam o Ocidente como legião de fracos, sem valores | A Rússia é uma potência. E somos muito ignorantes em relação à sua história e identidade. Ainda a vemos com os olhos da "derrotada na Guerra Fria", derrota esta devido à inapetência da economia socialista em dar conta da vida das pessoas reais. Se o comunismo tardou a quebrar a União Soviética, se deveu, justamente, à riqueza gigantesca da Rússia. Veja que nos demais lugares onde o socialismo se instalou, ele quebrou o país em pouco mais de duas semanas. Mas a ideia de que os russos se vejam como uns derrotados na Guerra Fria é uma percepção distorcida, ainda fruto da "propaganda americana" das últimas décadas. Não. Muitos russos veem o Ocidente como uma legião de fracos. Voltaremos a esse "olhar russo". Suspeito de que logo a história enxergará a Revolução Russa como "apenas" um capítulo na história do "messianismo russo da terceira Roma" (Roma, Constantinopla, Moscou). Recentemente, dois lançamentos editorais nos ajudam a entender essa revolução russa para além dos debates ideológicos, que quase sempre dominaram as tentativas de entender o fenômeno bolchevique. O primeiro é "História da Guerra Civil Russa 1917-1922", de Jean-Jacques Marie, da editora Contexto. A obra descreve de forma empírica (partindo de uma multiplicidade de fontes) a guerra civil que se instalou na Rússia após a revolução bolchevique. Milhões de mortos. Um dos maiores méritos do trabalho de Marie é nos dar indicações do que "deu errado" no projeto bolchevique entre as mãos de Lênin e Stálin. A paranoia que destruiu a revolução foi, em muito, fruto dessa guerra civil fratricida. Ela, de certa forma, "nunca acabou", e o regime de terror de Lênin e Stálin (muitos querem salvar a pele do Lênin e pôr a conta toda na mão do Stálin, mas isso é manobra ideológica) foi continuação dessa guerra civil, contra objetivos já não mais propriamente "militares". O segundo é "Do Czarismo ao Comunismo, as Revoluções Russas do início do século XX", de Marcel Novaes, da editora Três Estrelas. Entre os diversos méritos dessa obra, como a escrita simples e direta sem "afetações acadêmicas", está em nos apresentar o processo que nos levou da Rússia dos Romanov (uma potência das maiores na Europa de então) às revoluções russas do início do século 20. É exatamente nesse caráter "plural" do processo revolucionário russo do período que reside um fato essencial que, de certa forma, dialoga com a obra de Marie. O próprio período dos Romanov, identificado com a criação de São Petersburgo (a grande capital europeia da Rússia dos Romanov) em 1703 pelo czar Pedro, o Grande, é, em si, uma revolução, e, penso eu, mais definitiva para a identidade "moderna" da Rússia do que a revolução bolchevique enquanto tal. A famosa divisão da alma russa, marcante no século 19, representada na literatura do período entre ocidentalizantes e eslavófilos tem raiz segura na revolução europeizante dos Romanov. Muitos debates políticos e intelectuais do século 19 russo têm essa oposição como chave importante de leitura. Para uns, a Rússia deveria se tornar uma nação europeia (portanto, ocidental); para outros, reativos ao que representava São Petersburgo, a Rússia deveria oferecer uma resistência à "degeneração" ocidental niilista (classicamente identificados com a quase milenar Moscou). Essa tensão permanece até hoje. Muitos russos olham para o Ocidente como uma legião de fracos, sem valores, sem identidade, sem coragem. Os EUA e a Europa ocidental representam essa legião. A posição eslavófila, marcadamente religiosa, influencia em muito o chamado euroasianismo de Putin, sem o caráter essencialmente teológico dos eslavófilos. No euroasianismo, a Rússia é vista como uma "parede" contra as modas ocidentais, sejam elas a crença "excessiva" na democracia, o sócio-construtivismo das ciências humanas, a pós-modernidade e suas obsessões identitárias ou a "revolução gay". Há um quase desprezo pela crença do Ocidente em si mesmo. Neste olhar reside, também, uma quase piedade dos russos para com as fraquezas ocidentais. | 2017-09-10 | colunas | luizfelipeponde | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2017/10/1925422-muitos-russos-enxergam-o-ocidente-como-legiao-de-fracos-sem-valores.shtml |
Legado de Che Guevara divide vilarejo na Argentina 50 anos após sua morte | Dos 39 anos em que viveu neste mundo, Che Guevara passou 25 na Argentina, sendo 17 deles na província de Córdoba. Ainda assim, são poucos os que reivindicam a "argentinidade" desse líder revolucionário que causa tantas divisões. Quase não há referências a ele na forma de estátuas ou ruas no país. Para muitos, Che Guevara, cujos 50 anos da morte completam-se nesta segunda-feira (9), é o herói da Revolução Cubana de 1959 e um ícone da luta por um mundo mais justo. Para outros, uma prova de como a implementação do comunismo no século 20 foi violenta e levou à criação de sistemas totalitários. Mas essa discussão é posterior aos rastros que o Che deixou em Alta Gracia, no interior da Província de Córdoba, onde a Folha visitou a casa em que passou a infância e a adolescência e que hoje abriga o Museu Che Guevara. Primogênito de uma família de posses e de sobrenomes tradicionais, o Che nasceu em Rosario um pouco por acaso. Seus pais, Celia de la Serna e Ernesto Guevara Lynch, haviam tido "relações pré-matrimoniais", o que era um tabu na Argentina católica dos anos 1920. Por isso, rumaram para essa cidade portuária para esconder o nascimento, depois anunciado à família como "prematuro", de seu primogênito, a quem chamavam de "Ernestito". Depois de idas e vindas entre a capital do país e a Província de Misiones, onde Guevara pai investia em plantações de erva mate, a família foi levada a instalar-se em Alta Gracia, a 35 km da capital da Província de Córdoba. Aos dois anos, "Ernestito" teve seu primeiro ataque de asma, doença que o acompanharia daí em diante. Os médicos portenhos recomendaram, então, a mudança para um local montanhoso, de ar mais seco e limpo. O pequeno vilarejo aristocrático de Alta Gracia, cheio de casas construídas ao estilo inglês, foi escolhido por ser famoso em abrigar pessoas com problemas de pulmão. "A população local ainda é composta de gente rica, portanto não aceitaram bem a ideia deste museu dedicado a um líder socialista. Mas hoje já virou um local de referência entre estrangeiros que seguem o rastro do Che, portanto nosso trabalho passou a ser melhor aceito", conta Carolina Isola, responsável por guiar as visitas no museu. Com uma grande sala, três quartos, um escritório, amplo jardim e quartos para funcionários instalados no pátio, a casa mostra que o menino Che teve uma vida de bastante conforto. Porém, não de muita liberdade. A doença o impediu, por exemplo, de ir à escola até os nove anos de idade. Foi alfabetizado pela mãe em casa e substituiu os jogos ao ar livre por leituras que foram tornando-se cada vez mais disciplinadas. Prova disso são as agendas e cadernos exibidos no museu, que mostram como anotava os títulos e autores que ia lendo, junto a um pequeno resumo. "A doença fez com que ele tivesse uma infância regrada, com dietas, horários para dormir e descansar. Isso se transmitiu a seus hábitos", explica Isola. Ainda assim, o Che foi um menino inquieto. Segundo companheiros da época, insistia em praticar esportes quando se sentia melhor, ainda que muitas vezes tenha tido de ser carregado de volta para casa por algum adulto. Na biografia escrita por Jon Lee Anderson, conta-se que a casa dos Guevara em Alta Gracia era famosa por receber forasteiros para as refeições. Entre eles, havia famílias espanholas que fugiam das consequências da Guerra Civil (1936-1939). Os pais do Che eram anti-clericais e progressistas, mas não davam mostras de simpatizar com o socialismo nem de se envolver com as discussões políticas da Argentina da época, que começava a ver o nascimento do peronismo. O próprio Che, até a adolescência, tinha como referências políticas apenas os eventos internacionais dos quais os pais conversavam. Na sua escrivaninha, armava mapas da Espanha e da Europa e marcava a posição dos Exércitos segundo as histórias que ouvia. Na escola, era impetuoso e apontava erros de professores de tendência conservadora ou fascista. Em Alta Gracia, os Guevara viveram de 1930 a 1943. Na capital da província, Córdoba, até 1947. Neste segundo período, o Che teve o primeiro contato com a pobreza. A família viveu numa casa da rua Chile, hoje uma movimentada via comercial. Próximo dali, havia um bairro de população humilde, que chamou sua atenção sua para as diferenças sociais. Seu despertar político, porém, só se concretizaria mais tarde, com suas incursões em motocicleta pela América Latina. Entre 1948 a 1953, o Che viveu em Buenos Aires, onde estudou medicina e de onde partiria para suas viagens de exploração e, posteriormente, para suas atividades revolucionárias, até seu trágico destino final. | 2017-09-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925476-legado-de-che-guevara-divide-vilarejo-na-argentina-50-anos-apos-sua-morte.shtml |
Bolsonaro diz que é liberal e adota discurso que agrada investidores | Bem posicionado nas últimas pesquisas eleitorais, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), 62, pré-candidato à Presidência, ensaia movimento ao centro no debate econômico, adotando um discurso simpático aos investidores do mercado financeiro. Poucos dias antes de voar para os EUA, onde desembarcou neste domingo (7), o ex-militar defendeu a independência do Banco Central, "com regras e mandato fixo", e criticou subsídios à indústria nacional, durante conversa com a Folha. "É lógico que [minha visão] é liberal. Estou indo para os EUA, não para a Coreia do Norte", afirmou. Bolsonaro tenta se afastar da farda de "militar estatizante", termo que ele mesmo empregou ao falar de visões ultrapassadas para a economia. Defendeu privatizações e até a extinção de algumas estatais –em suas palavras, "cabides de emprego". "Naquela época [do regime militar], a única alternativa eram as estatais. Quem iria fazer Itaipu? Ninguém. Hoje em dia, ao privatizar, você diminui muito a questão da corrupção", disse. DATAFOLHA Na última semana, quando a pesquisa Datafolha o apontava tecnicamente empatado com Marina Silva em segundo lugar na corrida presidencial, atrás apenas de Lula, Bolsonaro disse que teve três reuniões com grupos de investidores. "Se eles estão vindo, é porque estão sentindo alguma possibilidade", afirmou, entusiasmado com a validação que diz receber do setor financeiro. E também de colaboradores dispostos a dar sugestões para a elaboração de sua plataforma eleitoral. "É impressionante o número de pessoas que estão se aproximando", disse. "Vou tirar janeiro para estudar, rascunhar, aprender. Às vezes tenho dificuldade em assimilar a carga enorme de informação que me chega. É como se estivesse na faculdade". A pauta liberal, porém, ainda carece de substância, reconhece o próprio candidato. Ele afirma que está se cercando de conselheiros, mas se recusou a dar nomes, alegando que eles pediram para ficar no anonimato. Enquanto formula ideias para retomar a atividade econômica e valorizar as riquezas nacionais, Bolsonaro cai em algumas contradições. CONTRADIÇÕES Diz que o Brasil não pode ser protecionista, quer acabar com a "ideologia" no comércio exterior e pretende fazer alianças com EUA, Japão e Coreia do Sul. Mas critica investidores chineses e vê com maus olhos brasileiros que foram produzir no Paraguai para baratear a produção. Ao mesmo tempo em que defende ouvir o BNDES para definir as estatais que deverão ser privatizadas, aponta empresas estratégicas que não devem ser entregues à iniciativa privada, como a Casa da Moeda –recentemente incluída no programa de desestatização de Michel Temer. Bolsonaro ressalta posições que denotam alinhamento com as visões da ortodoxia econômica –livre mercado, controle fiscal e menor intervenção estatal. Um exemplo é o ataque à política de crédito do BNDES nos governos do PT. Enfatizou o voto a favor da medida provisória que criou a TLP, nova taxa de juros que acabará com os subsídios dos empréstimos do banco. "É uma boa medida. O BNDES emprestava para os amigos e a gente pagava a diferença". POSTURA No último ano, o deputado reorientou sua postura. Durante os mandatos de Dilma Rousseff, fez oposição às medidas de austeridade fiscal, como a restrição a benefícios trabalhistas. Nos primeiros meses da gestão de Temer, chegou a criticar a proposta que criou um teto para o crescimento dos gastos públicos, mas acabou votando a favor. Ao elaborar uma agenda de recuperação econômica, arrisca soluções pouco convencionais para conflitos fundiários que, a seu ver, "inviabilizam o progresso". "Como vive o índio americano? Não é de royalties de jogo? Por que nosso índio não pode receber royalties de minério?", questionou, sem dar detalhes da saída que estuda para conciliar as reservas indígenas com a mineração. | 2017-09-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925458-bolsonaro-diz-que-e-liberal-e-adota-discurso-que-agrada-investidores.shtml |
Quadrão | null | 2017-09-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925453-quadrinhos.shtml |
Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta inaugura centro cultural em São Paulo | A Associação Acadêmicos do Baixo Augusta está fazendo lobby por um Carnaval fora de época —mas não só. A ONG que promove um dos blocos de rua mais famosos de São Paulo ganhou, na quinta (5), uma sede, que terá programação ativista e carnavalesca ao longo do ano. Alê Youssef, diretor da associação, diz que a criação da Casa do Baixo Augusta foi "um processo natural". "O bloco sempre teve uma característica bastante ativista e questionadora", afirma. O espaço, na esquina da avenida Consolação e da rua Rego Freitas, terá cursos e oficinas durante o dia e, à noite, eventos como shows, debates e rodas de samba. O projeto será uma espécie de escola livre, explica Youssef. Elaborada a partir de parcerias, a maior parte da programação é gratuita e tem início nesta segunda (9) com o debate Pretas no Poder, oferecido pela Mídia Ninja, que participa de uma residência no local, às 20h. Algumas atividades, como as rodas de samba semanais, receberão colaborações voluntárias para a manutenção do espaço. Segundo Youssef, a casa será financiada por patrocínio direto de marcas, sem respaldo de dinheiro público ou leis de incentivo. No dia 17/10, os cofundadores Marcelo Rubens Paiva, Alessandra Pereira e Rafael Vogt debatem a arte queer com Gaudêncio Fidélis, curador da exposição "Queermuseu", cancelada em Porto Alegre, e os artistas Rodolpho Parigi, Nino Cais e Gilda Vogt. "Temos como princípio ser um espaço de pensamento crítico e celebração da diversidade", resume Youssef. "Queremos exercer nosso papel de ilha de transgressão e reflexão crítica nesse mar de caretice." * CASA DO BAIXO AUGUSTA ONDE Esquina das ruas Consolação e Rego Freitas, em São Paulo QUANDO de seg. a qui., das 10h à 0h QUANTO grátis; programação completa em facebook.com/academicosdobaixoaugusta | 2017-09-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925421-bloco-academicos-do-baixo-augusta-inaugura-centro-cultural-em-sao-paulo.shtml |
Come-cotas, leão manso | Quem investe em fundos conhece muito bem o come-cotas. Vendedores de produtos concorrentes adoram apontar a desvantagem do come-cotas dos fundos de investimento na hora de vender seu peixe. Alguns, com telhado de vidro, atiram pedra, esquecendo as suas próprias mazelas. Come-cotas é como é chamado o procedimento de cobrança do IR (Imposto de Renda) dos cotistas de fundos de investimento, exceto os de ações, nos meses de maio e novembro de cada ano. O administrador calcula o valor do IR sobre os rendimentos dos seis meses anteriores e resgata a quantidade necessária de cotas para gerar caixa e recolher o imposto em nome do cotista. Destoando de outras aplicações financeiras que recolhem Imposto de Renda somente no resgate ou no pagamento de rendimentos, os fundos de investimento são obrigados a recolher antecipadamente o imposto sobre rendimentos que ainda não foram pagos. Injusto, não é? Está se perguntando por que o tratamento fiscal desse produto é diferente dos demais? Saiba que o governo arrecada semestralmente um montante nada desprezível de imposto já que a indústria de fundos acumula um invejável patrimônio, superior a R$ 4 trilhões. Quem paga a conta? Os investidores, cotistas de fundos, que desembolsam o Imposto de Renda antes da hora. Mas será que o come-cotas é, de fato, um bicho-papão que deve ser evitado? Afinal, qual é o impacto dele na rentabilidade dos investidores? A melhor forma de responder é usando um exemplo prático. Suponha um investidor (A) que aplicou R$ 10 mil em um fundo de renda fixa. Outro investidor (B) aplicou em CDB, com as mesmas premissas: prazo de dois anos, juros constantes de 8% ao ano e alíquota de IR de 15%. O IR sobre os rendimentos da aplicação em CDB (investidor B) incide somente no resgate, quando os rendimentos são creditados na conta do investidor. Valor bruto de resgate de R$ 11.664,00 menos IR de R$ 249,60 (15% de R$ 1.164), o investidor receberá R$ 11.414,40. O investidor A, por sua vez, pagou parte do IR antecipadamente e deixou de ganhar juros sobre o valor do imposto recolhido antes do resgate. O valor de resgate líquido da aplicação no Fundo Renda Fixa será R$ 11.402,04, R$ 12,36 inferior ao resgate líquido do CDB. Não é desprezível, mas convenhamos que a "perda" do investidor do fundo, no prazo de dois anos, é muito pequena. Entretanto, dois fatores contribuem para o agravamento dessa perda, atingindo valores relevantes: o tempo e os juros de mercado. Quanto maior o prazo de acumulação dos recursos, maior será a perda. O mesmo acontece com a taxa de juros, quanto mais elevada, maior será o impacto. Em dez anos, mantendo as mesmas premissas (juros estável de 8% ao ano e IR de 15%), o investidor A terá resgate líquido de R$ 19.271,46 ante R$ 19.850,86 do investidor B. Em 20 anos, a coisa muda de figura, e a vantagem do investidor B aparece. Ele resgata R$ 41.118,14 ante R$ 37.138,90 do investidor A. Alerta! Pagar taxa de administração alta provoca estrago muito maior no bolso do investidor do que o come-cotas. A taxa, também descontada do capital que será reinvestido, incide sobre todo o patrimônio, enquanto o come-cotas (pagamento do Imposto de Renda) incide somente sobre os rendimentos. Caso você vá investir por prazo inferior a dez anos e precise escolher entre um produto com taxa de administração mais alta, sem come-cotas (um plano de previdência, por exemplo), e um fundo de investi-mento que tem o come-cotas, fique com o segundo. | 2017-09-10 | colunas | marciadessen | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marciadessen/2017/10/1925477-come-cotas-leao-manso.shtml |
Nos EUA, Bolsonaro se apresenta como 'ponto de inflexão' para o Brasil | O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se apresentou à comunidade brasileira na Flórida (EUA) como a única alternativa para uma mudança de rumo no destino do Brasil. Falando para uma plateia de aproximadamente 300 brasileiros em uma churrascaria de Deerfield Beach, cidade a uma hora ao norte de Miami, Bolsonaro disse que vai trabalhar para tirar do poder políticos do PT e outros acusados de corrupção. "Alguém tem que buscar um ponto de inflexão na política brasileira e começar a mudar. Se é para fazer a mesma coisa de antes, estou fora, disse. Acompanhado pelos filhos Eduardo, Flávio e Carlos, o deputado foi recebido aos gritos de "mito" por pessoas que esperaram até duas horas para entrar no restaurante, onde cadeiras dobráveis haviam sido colocadas no lugar das mesas. Pelo menos cem pessoas aguardaram em uma lista de espera para tentar ouvir o presidenciável. No palco, na frente da projeção de uma grande bandeira brasileira em um telão, Bolsonaro cantou o Hino Nacional no início da uma palestra que começou com atraso de 40 minutos. "Ele disse que vai ficar aqui até as duas da manhã para conversar com todos vocês", disse o filho Flávio no início do evento. BANDEIRA Gessi Cardoso, médica aposentada de 76 anos que vive na Flórida há 23 anos, foi uma das primeiras a entrar no local, junto com duas amigas que agitavam uma grande bandeira do Brasil. "Eu passei um mês de férias agora no Rio e não acreditei como chegamos ao fundo do poço. Eu quero voltar ao Brasil de antigamente, onde a honestidade e o trabalho eram valorizados, e acho que ele é a única solução", declarou. Bolsonaro disse que tem viajado pelo Brasil para conhecer os problemas da população de perto, o que o ajudará a criar um plano de governo. O pré-candidato repetiu diversas vezes que a grande ameaça ao Brasil é o PT e o socialismo, que não permitem que o país cresça de verdade. Na economia, ele disse que pretende reduzir a carga tributária, que considera pesada demais para os empresários. ECONOMIA "A imprensa fica falando que eu não entendo nada de economia, mas pelo que eu sei o Ronald Regan também não entendia e foi um dos melhores presidentes americanos", disse. "O Lula também não sabia de economia, mas ele pegou o mundo com preços altíssimos das commodities. E a Dilma era economista", falou em meio a risos da plateia. "Os economistas que estão comigo dizem que a equipe que está hoje no Banco Central é muito boa, mas a da Fazenda, com o Henrique Meirelles, não. Afinal de contas, aquela dupla de açougueiros goianos, o Joesley e o Wesley Batista, só conseguiram entrar no BNDES para pegar empréstimos bilionários porque estava no conselho da Friboi o senhor Henrique Meirelles naquela época. É o tal do lobby, bota o cara para abir portas. E a Lava Jato vai chegar no Meirelles. Se não chegar, tem algo errado ali.'' Bolsonaro é o segundo colocado em pesquisas de intenção de voto na disputa presidencial de 2018, empatado tecnicamente com Marina Silva. Ele iniciou no domingo uma viagem de uma semana pelos Estados Unidos com uma agenda de encontros com a comunidade brasilera, políticos e empresários. O deputado viaja na segunda-feira (9) para Boston, onde dará uma entrevista à imprensa à tarde; na terça, terá reuniões com investidores e mais encontros com brasileiros. Em Nova York, visitará o presídio Rikers Island, o maior complexo penitenciário da região, e se encontrará com investidores institucionais em evento organizado pela corretora XP. Na sexta, Bolsonaro passará o dia em Washington, com uma visita a George Washington University na agenda. COMÉRCIO EXTERIOR O pré-candidato disse que em matéria de comércio exterior, gostaria que o Brasil se aproximasse mais dos Estados Unidos, e que a corrente de comércio fosse maior do que com a China. "Com 13 anos de PT, o comércio no Brasil foi pautado pela questão ideológica, pelo Mercosul e a grande máfia bolivariana", afirmou. Depois da palestra, Bolsonaro foi cercado por dezenas de brasileiros que queriam tirar selfies com o presidenciável. Marcius Rivas, instrutor de tiro na academia Eagle Squad Training Corp, viajou de Orlando até Deerfield Beach para conhecer Bolsonaro. Residente da Flórida há quatro anos, Rivas disse que Bolsonaro está conquistando apoiadores no Brasil e nos Estados Unidos por que é o único candidato honesto e com a ficha limpa. "O que os brasileiros querem é um presidente que faça o seu trabalho corretamente, com dignidade e respeito aos eleitores. É somente isso, uma pessoa que faça o seu trabalho direito." | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925488-nos-eua-bolsonaro-se-apresenta-como-ponto-de-inflexao-para-o-brasil.shtml |
Em MG, Caetano Veloso defende liberdade de expressão de artistas | Caetano Veloso defendeu a liberdade artística e criticou o que chamou de "ameaça de situação opressiva", neste domingo (8), antes de uma apresentação em Belo Horizonte. Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, o cantor colocou um trecho de uma entrevista coletiva da qual participou na capital mineira, dizendo que pessoas compram a ideia da defesa dos bons costumes, mas estão, na verdade, defendendo a censura. "Algumas pessoas podem estar enganadas, pensando que estão defendendo os bons costumes e a segurança da família, mas na verdade isso é um esboço de opressão. Se as pessoas aderirem a isso, então a gente uma ameaça de situação opressiva, e as pessoas vão ficar limitadas", disse o artista. "Eu vivi o período da ditadura e não quero nada parecido com isso", declarou. Entrevista de Caetano Veloso em Minas A entrevista de Caetano aconteceu no Palácio das Artes, mesmo lugar onde o artista Pedro Moraleida foi criticado pela exposição "Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina", no qual as obras relacionam símbolos religiosos e sexo. De acordo com o site "G1", o cantor visitou a exposição de Moraleida e afirmou que as obras não diferem da arte feita no país ao longo dos anos. "Não há nada aqui que já não tenha sido feito na história da arte. Faz pensar em Basquiat, faz pensar em Hélio Oiticica na parte conteudística do trabalho dele, faz pensar no que vem acontecendo na arte desde o século 20", disse. Caetano estava acompanhado da mulher, Paula Lavigne. Os dois fazem parte, junto com diversos outros artistas, do projeto 342 Artes —lançado neste domingo— que quer combater a censura e a difamação da classe artística. Em um vídeo postado na página do projeto nas redes sociais, artistas como Malu Mader, Vik Muniz, Adriana Varejão e Teresa Cristina aparecem apoiando a iniciativa. "São muitas as vozes que nao irão se calar. Não aceitaremos censura nem difamação", diz a publicação. Em outro vídeo, publicado pela iniciativa no sábado (7), Fernanda Montenegro chama políticos para defenderem a liberdade cultural. "Tudo é cultura, inclusive a de repressão. Mas só há um tipo de cultura que constrói um país: a da liberdade. A cultura liberta cria a alma de uma nação, e essa nossa luta de sobrevivência cultural, peço aos poucos bons políticos que existem que se posicionem. Saiam, por favor, desse silêncio acovardado. Porque, do contrário, nem a pele desses políticos, que poderão estar ao nosso lado pela liberdade dentro desse país, vai se salvar", afirmou a atriz. Fernanda Montenegro As polêmicas começaram quando o Queermuseu, que teve sua exposição cancelada no Rio Grande do Sul após ser acusado de incentivar a pedofilia, e do MAM, em São Paulo, criticado após um ator nu interagir com espectadores de uma peça, incluindo uma criança. | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925494-em-mg-caetano-veloso-defende-liberdade-de-expressao-de-artistas.shtml |
Vice dos Estados Unidos deixa jogo da NFL após protesto durante o hino | O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, abandonou neste domingo (8) um jogo da NFL, liga de futebol americano, depois que jogadores se recusaram a ficar em pé durante a execução do hino nacional. A partida aconteceu em Indianápolis, capital de Indiana, Estado que Pence governou entre 2013 e 2017. No momento do hino, jogadores do San Francisco 49ers, que jogaram contra os Indianapolis Colts, permaneceram ajoelhados. A ação é um protesto contra a injustiça racial no país e foi iniciada pelo quarterback Colin Kaepernick, à época jogador do 49ers. Desde então, o protesto se espalhou para outros esportes e foi rechaçado pelo presidente Donald Trump, que incitou os donos dos times a demitirem jogadores que tomassem a atitude. Em comunicado postado na rede social Twitter logo após sair do estádio, Pence declarou que deixou o jogo porque "o presidente Trump e eu não vamos dar importância a qualquer evento que desrespeite nossos soldados, bandeira ou hino nacional". Ele continuou afirmando que "enquanto todos têm o direito de terem suas próprias opiniões, não acho que seja pedir muito que os jogadores da NFL respeitem nossa bandeira e hino nacional". Trump anunciou em seu perfil na mesma rede social que pediu para que Pence deixasse o estádio caso algum jogador se ajoelhasse, "desrespeitando nosso país." | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925472-vice-dos-estados-unidos-deixa-jogo-da-nfl-apos-protesto-durante-o-hino.shtml |
Política britânica se polariza após dúvidas sobre 'brexit' | A primeira-ministra britânica, Theresa May, discursava na conferência anual do seu Partido Conservador quando foi interrompida por um humorista, que entregou a ela uma carta de demissão. "Eu ia falar sobre alguém para quem eu gostaria de entregar uma carta de demissão, que é Jeremy Corbyn", reagiu May, se referindo ao líder do Partido Trabalhista. O ataque era uma resposta ao tom adotado por Corbyn uma semana antes, na conferência dos trabalhistas. Enfático, o opositor chamou o governo de "coalizão do caos" e criticou a falta de liderança na negociação para o "brexit", a saída britânica da União Europeia. "Se organize ou saia do caminho", disse. O tom dos encontros anuais dos dois grandes partidos britânicos foi de confronto. Quatro meses após uma eleição surpreendente, em que os conservadores perderam a maioria absoluta no Parlamento, o Reino Unido vive um novo momento de incerteza política e polarização. "A política britânica está mais dividida agora do que em qualquer momento desde o início dos anos 1980", disse Simon Griffiths, professor de política da Universidade Goldsmiths, em Londres. Aquela década foi marcada pelo governo controverso de Margareth Thatcher e políticas de austeridade. Segundo ele, a divisão começou a se desenhar por conta da crise financeira global, a partir de 2008. Os problemas econômicos mostraram aos eleitores que o modelo de política existente "estava falido", e os políticos reagiram com mais radicalização. "Depois de um longo período em que os principais partidos competiam para ganhar eleitores centristas, a política mudou. O Partido Trabalhista desviou sua proposta para a esquerda, e os conservadores mudaram para a direita", explicou. Este desvio ficou evidente nas conferências trabalhista e conservadora. Enquanto Corbyn discursou a favor de políticas mais "socialistas", incluindo proposta de estatização de empresas de serviços públicos, May fez uma forte defesa do livre mercado. Para o cientista político Simon Usherwood, da Universidade de Surrey, isso ficou mais evidente ainda após o "brexit". A decisão de sair da UE "demarcou as linhas dos partidos e não há ninguém com uma visão clara e um plano em que as pessoas se unam", disse à Folha. Essa divisão, segundo ele, cria uma situação que beira o caos político. "Se há alguma coisa, não é polarização, mas confusão." Após um ano de debate, Londres não conseguiu avançar em relação à forma como se dará o seu divórcio do bloco europeu. Isso amplia a polarização entre os partidos e cria incerteza no país. Dois dias após um discurso em que interrupções e falhas da voz chamaram mais a atenção do que o conteúdo, May já via parlamentares "rebeldes" entre os conservadores querendo tirá-la do cargo. Apesar do enfraquecimento evidente da premiê, os pesquisadores acham pouco provável que ela seja retirada do governo no curto prazo. O principal ponto que a ajuda a ficar no poder, dizem, é a falta de alternativas claras. "Ela pode continuar no poder, pois não há um candidato óbvio para substituí-la", afirmou Griffiths. "A confiança pública e a confiança do partido em May estão baixas, mas sem que ninguém faça um desafio claro a ela", disse Usherwood. CORBYNMANIA Enquanto May tenta se organizar, o seu principal opositor, Corbyn, surfa tranquilo uma onda de alta popularidade. Segundo recente pesquisa de opinião pública, se o Reino Unido tivesse novas eleições agora, o Partido Trabalhista venceria as eleições com 43% dos votos. Mas analistas indicam que a probabilidade de novas eleições ainda neste ano é baixa. Enquanto os conservadores tiverem maioria no Parlamento, ainda que não possam governar sozinhos, "não há necessidade de outra eleição geral", disse Griffiths. "O novo premiê enfrentará muita pressão para realizar eleições, mas se preocupará, com razão, por medo de perder para os trabalhistas. Os 'tories' vão lutar para evitar ir às urnas rapidamente", indicou Usherwood. | 2017-09-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925490-politica-britanica-se-polariza-apos-duvidas-sobre-brexit.shtml |
'Blade Runner 2049' decepciona nas bilheterias na estreia nos EUA | "Blade Runner 2049" está a caminho de uma arrecadação frustrante em seu fim de semana de estreia na América do Norte. Em uma das maiores decepções dos últimos anos, segundo as estimativas deste domingo (8), o filme arrecadou US$ 31,5 milhões e ficou abaixo das expectativas, que estavam na casa de US$ 45 milhões a US$ 50 milhões, baseadas na boa análise dos críticos, forte pré-venda de ingressos e o sucesso do original "Blade Runner", de 1982. No entanto, o longa obteve apenas US$ 12,7 milhões na sexta-feira (6), incluindo US$ 4 milhões nas pré-estreias de quinta-feira (5). O sábado (7) marcou uma queda, para US$ 11,4 milhões, e a projeção total para domingo é de US$ 7,4 milhões. Um dos fatores decisivos para a performance negativa é a duração de 163 minutos do filme —que limita o número de exibições por dia—, além do interesse bem abaixo do esperado entre o público mais jovem. "Blade Runner 2049", que tem Ryan Gosling e Harrison Ford como astros, teve estimativa de custo de US$ 150 milhões. Denis Villeneuve dirige o filme, que se passa em uma Los Angeles futurística em 2049 com Gosling como policial lidando com "replicantes" em busca de liberdade. | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925436-blade-runner-2049-decepciona-nas-bilheterias-na-estreia.shtml |
Mortes: Imigrante, viveu com a cabeça em Portugal por 65 anos | Maria do Ceu não almejava ficar quando desembarcou no Brasil, em 1952. De Guarda, Portugal, veio a São Paulo encontrar o marido, Francisco, que imigrara um ano antes. Gostava da vida por lá: o clima frio (a cidade natal é a mais alta do país), a culinária, estar a passos de distância dos sete irmãos. Porém, Francisco precisava de esteio e Maria do Ceu, mais companheira do que apegada à terra, foi ficando. A vida aconteceu: os negócios vingaram –ele fabricava artefatos de bilhar–, mudaram-se para um bairro melhor, o casal teve uma filha. Gradualmente, Guarda concretizava-se como lembrança, não projeto. "Cresci ouvindo falar de Portugal. Tanto que, na primeira vez que fui à Guarda, a reconhecia visualmente", diz a filha, Maria Constança. No começo dos anos 70, voltou pela primeira vez, para uma visita. A sinestesia foi quase mortal. "Ela vinha de uma cirurgia mamária e teve um AVC, tamanha foi a choradeira", lembra a filha. "Ela se emocionava extraordinariamente com qualquer coisa." Ao contrário de muitos imigrantes, frequentadores de eventos da colônia, reviver Portugal para ela era uma experiência privada –tentava reproduzir, de memória, os pratos de sua juventude; incentivava a filha, que formou leitora, a conhecer os autores portugueses. "Passávamos horas lendo. Ela me mimava muito, mas se me dava um brinquedo, dava um livro junto", diz Constança, hoje professora de filosofia da PUC-SP. Morreu no dia 27, aos 91, após um infarto. Deixa marido, filha, irmã e sobrinhos. [email protected] - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925505-mortes-imigrante-viveu-com-a-cabeca-em-portugal-por-65-anos.shtml |
Publisher do grupo Slate vê 'notícia fraudulenta' como ameaça ao jornalismo | O próprio mau jornalismo, de "notícias fraudulentas", é uma das ameaças que o jornalismo profissional enfrenta hoje, nos EUA e no mundo, segundo Jacob Weisberg, publisher do grupo Slate, que edita o site de mesmo nome, no segundo e último dia do 4º Festival Piauí GloboNews, em São Paulo. De um lado, "este é um dos melhores momentos para ser um jornalista", afirmou Weisberg, mencionando a liberdade de experimentação permitida pela internet. Mas é também "um dos mais difíceis para ser um publisher". Ele vê problemas em três frentes. "Do RT à Fox News, ao 'Breitbart', você tem muito mau jornalismo que é muito bem financiado. Não gosto de usar o termo 'fake news', prefiro 'fraudulent news', porque é conteúdo criado com a intenção de enganar." Outra "ameaça" é que o modelo de negócios do jornalismo foi "severamente rompido" por gigantes como Google e Facebook e precisa ser reerguido. Por fim, há "o desafio político", em que "a imprensa independente é cerceada" da Venezuela à Rússia. "Nos EUA, parte do que descobrimos com Trump é que, nesta questão, como em outras, não somos exceção. Estamos submetidos à mesma tendência." Weisberg foi entrevistado por João Moreira Salles, publisher da revista "Piauí", e por João Gabriel de Lima, que prepara a criação de um curso de jornalismo na faculdade Insper. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925432-publisher-do-grupo-slate-ve-noticia-fraudulenta-como-ameaca-ao-jornalismo.shtml |
Ao lado de Capitão América e Prem Baba, Doria deseja 'paz' a Goldman | O prefeito João Doria tem o "bom recadinho" do dia para o ex-governador e colega de tucanato Alberto Goldman: "Esteja em paz". O tom adotado por Doria neste domingo (8), em evento no Parque Ibirapuera do Movimento Você e a Paz, contrastou com o vídeo que publicou um dia antes. "Hoje o meu recadinho, o meu bom recadinho, vai para você, Alberto Goldman", dizia na abertura da peça. Seu desafeto no PSDB, continuava Doria, é um "improdutivo, fracassado" que "viveu a vida inteira na sombra" de Orestes Quércia e José Serra, do qual foi vice entre 2007 e 2010, e agora "vive em casa, de pijamas". No peito, o prefeito carrega agora a paz, numa camisa branca onde o verbete aparece em várias línguas (pax, peace, frieden, pace). 'SOU DA PAZ' "Sou da paz em qualquer parte, na política e fora dela. Prefiro o mundo da paz do que o mundo do conflito", disse à Folha o homem pouco conhecido pela fleuma no trato com rivais –o "sem vergonha, preguiçoso e mentiroso" Lula (PT) é alvo preferencial. Ainda sobre Goldman: "Ele fala com muito ressentimento, e ressentimento não é uma boa forma de construir credibilidade". Doria negou que tenha cavado uma querela com o ex-governador para, assim, justificar eventual saída do PSDB. A hipótese corre solta nos bastidores da política, pois seria uma forma de o prefeito disputar a Presidência caso perca as prévias partidárias para aquele que o apadrinhou na eleição municipal de 2016, o governador Geraldo Alckmin. "Quem tomou a iniciativa de fazer as agressões foi ele", afirmou em relação a Goldman. No dia seguinte ao pugilato verbal, Doria foi com Deus. Ao lado da mulher, Bia Doria, e do irmão produtor, Raul Doria, ele se encontrou com líderes religiosos que iam de Prem Baba, guru paparicado por celebridades como Juliana Paes e Bruna Lombardi, ao médium nonagenário Divaldo Franco, idealizador do ato. 'MESMO BARCO' "Estamos no mesmo barco, na mesma batalha", lhe disse a irmã Rosane Ghedin, enquanto posava para uma selfie com o prefeito, recém-entrevistado pela TV Mundo Melhor. O Capitão América também bajulou o tucano. "A gente sempre fala no grupo do 'zap' [WhatsApp] de você", contou o presidente do grupo de voluntários Heróis do Bem, Rogério Ferroni, fantasiado como o musculoso da Marvel. Doria foi homenageado por sancionar o projeto de lei "Alimento para Todos", amparo a um programa que usa restos de comida despejada para fazer uma farinha e, dela, um salgadinho com valor nutricional ("uma xícara alimenta uma criança por um dia"). O prefeito distribuiu uma rodada da iguaria para os convidados, passando um pote adornado por um adesivo de Nossa Senhora Aparecida. No palco, Doria reagiu dando batidinhas rítmicas no joelho ao afago dos maestros Roberto Minczuk (com as batutas) e João Carlos Martins (no piano). A dupla tocou o "Tema da Vitória", trilha das conquistas de Ayrton Senna e hoje da vida política do tucano. Antes, o prefeito negou que a queda de nove pontos na aprovação de sua gestão, detectada por pesquisa Datafolha, tenha a ver com suas viagens país e mundo afora. O vaivém por aeroportos continuará, disse. Nesta semana, vai à Itália pela segunda vez em nove meses de mandato. | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925446-ao-lado-de-capitao-america-e-prem-baba-doria-deseja-paz-a-goldman.shtml |
Com baixa participação, proposta da separação do Sul vence plebiscito informal | Com participação abaixo do esperado, o plebiscito informal O Sul É o Meu País, realizado neste sábado (7), foi concluído com vitória maciça da proposta de separação dos Estados do Sul para a criação de um novo país. Com 80,12% das urnas auditadas até as 20h deste domingo (8), 96,1% dos participantes votaram favoravelmente a Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná se separarem do Brasil. Os votos contrários somam 3,9%. A votação aconteceu em 900 cidades dos três Estados do Sul. O movimento registrava a participação de 331.378 eleitores no plebiscito. A expectativa da organização é de que até o final da contagem o número chegue perto dos 500 mil, bem abaixo da meta do movimento, que era de contabilizar entre 1 milhão e 2 milhões de votantes. O número de eleitores deve ficar abaixo também dos 616 mil registrados na primeira edição do Plebisul, em outubro do ano passado. Apesar disso, Anidria Rocha, que é uma das lideranças do movimento, disse não estar frustrada com o resultado. ASSINATURAS Ela argumenta que, junto com o plebiscito, o grupo coletou assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular que propõe uma consulta formal sobre a independência da região Sul, a ser realizada junto com as eleições do ano que vem. Apesar de os números ainda não terem sido divulgados, ela afirmou que a proposta bateu a meta de assinaturas, o que em sua avaliação representa uma vitória para o movimento. O movimento existe desde 1992, mas ganhou força nos últimos anos em função da deterioração das condições políticas e econômicas do país. Anidria afirmou que 80% da riqueza produzida nos três Estados "fica encastelada" em Brasília e que a região Sul poderia se tornar um país de primeiro mundo se fosse separada do Brasil. O grupo sabe que o plebiscito não tem valor legal, já que a Constituição determina que "a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e Distrito Federal", e a legislação proíbe qualquer tentativa de separação do território nacional. Por isso, a meta é continuar coletando assinaturas para a realização de uma consulta formal junto com as eleições de 2018. A proposta deve ser protocolada nas Assembleias Legislativas dos três Estados até maio do ano que vem. A líder do movimento destaca o grande "potencial econômico e humano da região" e as características da população do Sul: "Nós temos uma cultura completamente miscigenada, e um povo que fala a mesma língua. O trabalho é a língua da região Sul, assim como é a língua de outros Estados, mas tem muitos Estados que estão mais acostumados com o assistencialismo, e nós não gostamos muito disso". | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925450-com-baixa-participacao-proposta-da-separacao-do-sul-vence-plebiscito-informal.shtml |
Pesquisadores e estudantes marcham na Paulista contra cortes na ciência | A 3ª edição da Marcha pela Ciência em São Paulo, realizada neste domingo (8) na avenida Paulista, reuniu, segundo os organizadores, mais de mil pessoas, entre pesquisadores, professores universitários, estudantes de graduação e pós-graduação, além de simpatizantes. A principal motivação do ato deste domingo, o maior entre os três já realizados, foi protestar contra os cortes de cerca de 40% do governo Michael Temer no orçamento da ciência brasileira. A revitalização dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo e a situação das universidades públicas também integraram a pauta da manifestação. "Não estamos brigando por aumento de salário; estamos brigando para ter recursos para trabalhar. Tentamos mostrar às pessoas que a ciência está em tudo, na descoberta e na exploração do pré-sal, nos aviões da Embraer, nas sementes da Embrapa, no combate à zika etc", diz Helena Nader, pesquisadora da Unifesp e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Os manifestantes se reuniram em frente ao Masp, marcharam até a rua da Consolação e retornaram ao Masp. Muitas pessoas usavam camisetas pretas. Durante a caminhada, a passeata foi ganhando corpo, inclusive com a participação de pessoas que passeavam na Paulista, e chegou a ocupar cerca de uma quadra e meia da avenida. "A adesão foi acima das nossas expectativas, considerando as marchas anteriores e a possibilidade de chuva" diz Marcos Buckeridge, professor da USP e um dos organizadores do evento. "É importante salientar", prossegue, "a diversidade da marcha. Tivemos alunos de graduação, da pós-graduação, professores jovens, mais velhos, diretores de instituto, pesquisadores aposentados". Com cartazes que pediam o fim dos cortes e enfatizavam a importância da ciência no dia a dia, os manifestantes entoaram gritos de "vem pra rua pela ciência", "sem ciência, é zika" e "Fora, Temer". "Já estamos pensando na quarta marcha, mas gostaríamos que fosse diferente dessa, algo em que pudéssemos nos juntar e mostrar a ciência às pessoas", afirma Buckeridge. | 2017-08-10 | ciencia | null | http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1925440-pesquisadores-e-estudantes-marcham-na-paulista-contra-cortes-na-ciencia.shtml |
Com gol aos 50 min do 2º tempo, Egito vence e se classifica para a Copa-2018 | Com gol de pênalti aos 50 minutos do segundo tempo, o Egito venceu o lanterna Congo por 2 a 1 neste domingo (8), no Borg el Arab Stadium, e é o 15º país a garantir a classificação para a Copa do Mundo de 2018, encerrando um jejum de participações que se estenderia para 28 anos. Com o resultado, os egípcios chegaram a 12 pontos e não podem mais ser alcançados no Grupo E por Uganda, com oito. Resta apenas uma rodada para o término das Eliminatórias Africanas e só o campeão de cada chave vai à Rússia. Gana (seis) e Congo (um) também estão eliminados. Apesar da distância na tabela, os visitantes dificultaram a vida dos donos da casa na partida desta tarde. Aos 18 min do segundo tempo, porém, brilhou a estrela do maior craque do Egito. Mohamed Salah, do Liverpool, aproveitou desvio de cabeça errado de El Neny, dominou na área e tirou do goleiro, levando a torcida ao delírio. Mas a partida estava longe de ser resolvida. Bouka chegou a deixar tudo igual para o Congo aos 43 e frustrou a torcida que lotou o estádio. Nos acréscimos, porém, os donos da casa tiveram um pênalti a favor e Salah não desperdiçou. Maiores campeões da Copa Africana de Nações (sete títulos), os egípcios disputarão o Mundial apenas pela terceira vez. Nas outras duas participações, em 1934 e em 1990, ambas na Itália, a seleção caiu logo na primeira fase. O Egito ainda se tornou o 15º país na Copa da Rússia, juntando-se à lista que já tinha Rússia (país-sede), Brasil, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Espanha, Polônia, México, Costa Rica, Coreia do Sul, Japão, Arábia Saudita, Irã e Nigéria. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925408-com-gol-aos-50-do-2-tempo-egito-vence-e-se-classifica-para-a-copa-2018.shtml |
Merkel cede e aceita limitar número de refugiados recebidos por ano | A chanceler alemã, Angela Merkel, aceitou neste domingo (8) colocar um limite no número de pessoas aceitas no país por ano por motivos humanitários. O limite era uma exigência da União Democrata Cristã da Baviera (CSU), tradicional parceira de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), para continuar no governo. O acordo foi alcançado após sete horas de conversas. O limite proposto é de 200 mil refugiados por ano. Não se sabe se houve acordo sobre outras divergências entre os partidos –como as aposentadorias e a reforma da União Europeia. Uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira deve anunciar o resultado das conversas. Merkel foi eleita para um quarto mandato em eleições em 24 de setembro, mas seu partido saiu enfraquecido por avanços obtidos por legendas da direita, como o nacionalista anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD). Agora, ela precisa formar uma coalizão entre seu bloco conservador e outros dois partidos, o liberal FDP e os Verdes. O prazo é de um mês após as eleições. A CDU e a CSU formam um bloco parlamentar há décadas, mas têm divergido desde que Merkel adotou a política de portas abertas diante de uma onde de refugiados chegando ao país em 2015. A maioria dos refugiados entrou na Alemanha pelo Estado da Baviera, mas depois o grupo foi distribuído entre os demais Estados por sistema de cotas. A CSU vinha exigindo um limite no número de refugiados recebidos, mas a chanceler resistia, alegando que tal medida iria contra a lei fundamental do país, que garante o direito de asilo a qualquer pessoa que enfrente perseguição. "Queremos atingir o número total de pessoas recebidas por motivos humanitários (refugiados e requerentes de asilo, aqueles sujeitos a proteção subsidiária, membros de família e relocações, excluindo deportações e saídas voluntárias de futuros refugiados) que não excedam 200 mil pessoas por ano", diz o texto do acordo. "BOM DIA" Os líderes dos partidos também concordaram em criar centros em que os requerentes de asilo ficarão abrigados até que decisões sobre seus pedidos sejam tomadas. Os requerentes cujos pedidos sejam rejeitados seriam devolvidos a seus países de origem. Eles também concordaram em declarar o Marrocos, a Argélia e a Tunísia como países de origem segura, o que significa que a Alemanha poderá rejeitar refugiados vindos desses países com mais facilidade. "É um bom dia para os conservadores e um bom dia para a Alemanha", afirmou o secretário-geral da CSU, Andreas Scheuer, após o término das conversas. A medida pode não ser aceita pelos Verdes –de cuja anuência Merkel necessita para formar uma coalizão viável. "Trata-se de um acordo entre a CDU e a CSU e está longe do resultado das conversas exploratórias para uma coalizão com o FDP e os Verdes", disse a líder dos Verdes, Simone Peter. A Alemanha diz, porém, que o limite é facilmente atingível, já que no ano passado o número de pessoas que chegou no país caiu para cerca de de 280 mil, contra cerca de 900 mil no auge da crise. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925464-merkel-cede-a-aceita-limitar-numero-de-refugiados-recebidos-por-ano.shtml |
Gabriel Jesus volta ao Palmeiras e sonha com a Copa do Mundo | Em treino que teve Cássio, goleiro do Corinthians, de verde no gol da Academia de Futebol do Palmeiras e Neymar, foi Gabriel Jesus, 20, quem mais se sentiu à vontade neste domingo (8). Na entrada do ônibus do Brasil, era dele o nome gritado pelos torcedores no portão. O astro do Manchester City e da seleção brasileira disse estar feliz por ter voltado para casa. Ele foi revelado pelo Palmeiras e negociado com a Inglaterra no ano passado. "Consegui fazer uma história aqui, apesar de curta. É muito gratificante ser sempre lembrado pelos torcedores do Palmeiras", afirmou. Jesus, que cresceu na várzea jogando pelo Anhanguera, clube que tem campo no bairro da Barra Funda, perto da Academia, estará no ataque do Brasil na terça (10), diante do Chile no Allianz Parque. É a 1ª vez que a seleção joga uma partida oficial no estádio do Palmeiras. Segundo o atacante, que fez cinco gols pela seleção no ano passado, mas ainda não marcou em 2017, disputar a última partida das eliminatórias no Allianz Parque, e na sua cidade, é perfeito. "O cenário [Allianz Parque] é o ideal. Desde que coloquei na cabeça que seria jogador de futebol, um dos meus grandes sonhos era disputar uma Copa do Mundo. Mas tenho que trabalhar muito tanto na seleção quanto no [Manchester] City para fazer por merecer jogar a copa", disse. Gabriel vai enfrentar Claudio Bravo, 34, seu companheiro de Manchester e goleiro do Chile. "Antes de vir para o jogo, falei que se tivesse oportunidade faria o gol nele", comentou Jesus, que disse ser amigo do rival. Deve ser a última partida do Brasil em solo brasileiro antes do mundial. A CBF agendou até agora mais três amistosos até a estreia na Rússia em junho. Vai jogar contra Japão e Inglaterra, em novembro, na Europa. Em março do ano que vem, enfrenta a Alemanha, em Berlin. Será o primeiro jogo entre as duas seleções depois do 7 a 1 do Mineirão, pela semifinal da Copa do Mundo de 2014. O técnico Tite, como foi revelado pelo treinamento, vai jogar com todos os titulares a última partida do Brasil para as eliminatórias. Na zaga, no lugar de Thiago Silva, lesionado, volta Marquinhos, que fará dupla com Miranda. O Brasil está classificado para o Mundial. O último jogo das eliminatórias da seleção interessa à Argentina. Se o Chile vencer complica ainda mais a situação da seleção de Messi, que hoje estaria fora da Copa. Os argentinos enfrentam o Equador, fora de casa. Jogadores e comissão técnico da seleção rechaçam que isso vá ter alguma influência no desempenho da equipe brasileira, nesta terça-feira (10), às 20h30, em São Paulo. Foi exatamente contra os chilenos que o Brasil estreou nas eliminatórias para a Rússia. A derrota por 2 a 0 em Santiago há dois anos parecia prever uma caminhada difícil até a conquista da vaga. Desde então, houve uma troca no comando técnico. "Naquela época parecia que nada estava dando certo. Os jogadores são praticamente os mesmos, mas a confiança agora é maior", afirma Miranda, que esteve na equipe com Dunga e se manteve com Tite. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925439-gabriel-jesus-volta-ao-palmeiras-e-sonha-com-a-copa-do-mundo.shtml |
Rocinha tem novo conflito de facções, e jovem é ferido a bala dentro de casa | Um morador foi baleado na manhã deste domingo (8) dentro de casa na Rocinha, em São Conrado,na zona sul do Rio. O rapaz identificado como Egberto Fernandes Queiroz, 23 anos, foi atingido por um tiro no ombro. Ele foi levado para o hospital por vizinhos. Queiroz está em observação no Hospital Miguel Couto, na Gávea, de acordo com a Secretaria de Saúde do Rio. O rapaz foi baleado por volta do meio dia. Ele disse que sentiu uma dor quando estava tomando banho. Ele se preparava para ir trabalhar. Por volta das 16h30, recebeu alta. Os médicos informaram que o projetil ficou alojado no corpo do vendedor, que deixou o hospital caminhando. A Polícia Militar informou que realizava uma operação próximo da casa de Queiroz. Segundo a PM, uma pistola, dois carregadores e 40 munições foram apreendidas Desde o início deste domingo, traficantes trocam tiros em vários pontos da Rocinha. Na sexta (6), uma adolescente foi baleada dentro de casa em outro dia de confronto entre policiais e traficantes. No mesmo dia, duas pessoas morreram na comunidade. Desde o mês passado, traficantes se enfrentam pelo controle da venda de drogas na região. Neste período, a Rocinha foi ocupada no dia 17 por uma semana por cerca de mil homens das Forças Armadas. Após a operação das tropas federais, a Polícia Militar aumentou o efetivo no local. Em agosto, o governo do Rio decidiu reduzir em 30% o efetivo das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), movimento que foi considerado como um recuo no programa implantado em 2008 para tentar retomar áreas dominadas pelo tráfico de drogas. Pesquisa Datafolha mostra que, se pudessem, 72% dos moradores dizem que iriam embora do Rio por causa da violência. O desejo de deixar a cidade é majoritária em todas as regiões e faixas socioeconômicas –foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. Nas últimas semanas, segundo o Datafolha, um terço dos moradores mudou sua rotina e presenciou algum disparo de arma de fogo. O levantamento revela que 67% das pessoas ouviram algum tiro recentemente. Pesquisa Datafolha sobre sensação de insegurança no Rio de Janeiro | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925409-rocinha-tem-novo-conflito-de-faccoes-e-jovem-e-ferido-a-bala-dentro-de-casa.shtml |
Incêndio em shopping em Moscou leva à retirada de 3.000 pessoas; há feridos | Um incêndio de grandes proporções foi deflagrado em um grande mercado no extremo-sudoeste de Moscou neste domingo (8), deixando vários feridos e levando à retirada de 3.000 pessoas, informou o Ministério de Situações de Urgência da Rússia em uma nota. Por volta das 18h50 GMT (15h50, horário de Brasília), as chamas se espalharam pelos cerca de 55.000 metros quadrados desse shopping especializado na venda de materiais de construção e em decoração, ainda segundo o comunicado do governo. Enormes colunas de fumaça preta subiam desse estabelecimento, onde parte do teto desabou. "No total, 3.000 pessoas foram retiradas do imóvel", declarou o ministério de Situações de Urgência, confirmando feridos. Mais de 290 bombeiros, 170 viaturas e três helicópteros foram enviados para o local, de acordo com o ministério. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925411-incendio-em-shopping-em-moscou-leva-a-retirada-de-3000-pessoas-ha-feridos.shtml |
Filmes que retratam Antônio Callado e Henfil provocam reflexões sobre o país | Na programação brasileira do Festival do Rio, duas documentaristas recorrem a figuras histórias da cultura nacional para trazer inevitáveis reflexões sobre o país de hoje. "Callado", de Emília Silveira, marca o centenário do escritor e jornalista Antônio Callado, e "Henfil", de Angela Zoé, recupera o trabalho do cartunista e ativista mineiro. Enquanto o primeiro deixa entrever uma visão pessimista do escritor sobre o futuro do Brasil, fadado a nunca deixar seus ciclos de infortúnios, o segundo tem poucas dúvidas sobre de que lado estaria o iconoclasta Henfil no Fla-Flu político dos dias atuais. "Callado" se apoia num vasto arquivo em fotos e vídeos do autor niteroiense, que foi colunista da Folha. Contempla sua passagem como jornalista pelo "Correio da Manhã", sua cobertura da Segunda Guerra pela britânica BBC e os bastidores da célebre reportagem "O Esqueleto na Lagoa Verde", que o levou ao interior do país. De suas obras literárias, como "Bar Don Juan" (1976) e "Reflexos do Baile" (1976), o filme destaca frases que têm hoje aguda ressonância num país que, como ele descreve em "Quarup" (1967), tem o coração repleto de saúvas. O filme também destaca a última entrevista concedida por ele, poucos dias antes de morrer, em 1997, aos jornalistas Matinas Suzuki e Maurício Stycer, e publicada na Folha. Já "Henfil" destaca como o humor ácido destilado nas tirinhas do cartunista era não só uma postura de resistência à ditadura militar como o reflexo do instinto de sobrevivência de um sujeito assolado pela hemofilia. Seus colegas no "Pasquim", Jaguar, Ziraldo e Sergio Cabral contam a gênese de personagens como os fradinhos, o cangaceiro Zeferino, a Graúna e o Cabôco Mamadô, que cuidava do Cemitério dos Mortos-Vivos, onde Henfil (1944-1988) enterrou todos aqueles a quem ele acusava de colaborar com os militares, caso da cantora Elis Regina. Pasmos com a ousadia do cartunista, eles viram até Fernanda Montenegro e Clarice Lispector serem enterradas sem dó. Paralelamente, a diretora escala um grupo de jovens animadores, vários deles sem conhecimentos prévios da obra de Henfil, para criarem uma animação com os personagens. O jornalista GUILHERME GENESTRETI viaja a convite do Festival do Rio | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925413-filmes-que-retratam-antonio-callado-e-henfil-provocam-reflexoes-sobre-o-pais.shtml |
Evo Morales caminha por trilhas onde Che Guevara foi capturado há 50 anos | O presidente boliviano Evo Morales participou de uma marcha pelas trilhas que Che Guevara percorreu no interior da Bolívia antes de ser capturado, em 1967. O cinquentenário da morte de Che motiva eventos na Bolívia e em Cuba. "Estamos em outros tempos, tempos de liberdade democrática", disse Morales. Para ele, a arma de hoje é "o voto". O presidente foi a Vallegrande, onde Che foi preso em 8 de outubro de 1967, e executado no dia seguinte, em La Higuera, junto a colegas de campanha. Encontrava-se no país em sua tentativa de exportar a revolução socialista ao mundo. Com o impulso do governo de Evo Morales, um dos poucos remanescentes da onda de esquerda que se espalhou pela América Latina nos últimos anos, busca-se transformar Vallegrande em uma lembrança viva da luta anti-imperialista. "Podem morrer as pessoas, mas nunca suas ideias". Em Vallegrande, localidade boliviana onde Ernesto Che Guevara foi capturado há 50 anos, mantém-se viva neste domingo (8) a frase do guerrilheiro mais famoso da América Latina. "Acharam, na época, que era só matar o Che e acabou. Mentira! Mataram o Che, e ele foi muito maior, multiplicou-se por milhões", disse o cubano Eloy Fidalgo López, de visita a Vallegrande para relembrar as cinco décadas da morte do guerrilheiro, aos 39 anos, nas mãos do Exército boliviano. Ainda que os motivos possam ser diferentes, seja para atrair o turismo, seja para idealizar a Revolução, autoridades locais e nacionais se esmeraram nesta data comemorativa. Em Vallegrande, onde antes estavam os restos mortais de Che e de seis companheiros, agora ergue-se um mausoléu. Flores, "cubanos", guimbas de cigarro e fotos de Che sobre uma pedra com os nomes manuscritos dos sete guerrilheiros mantêm viva a memória de um dos mitos da revolução anti-imperialista planetária. "A peregrinação se deu, sobretudo, até 1997, quando não se sabia onde estava enterrado", explicou a guia turística María Vargas. Depois que seus restos mortais foram levados para Santa Clara, em Cuba, "diminuiu um pouco", disse ela à AFP. FAZENDO HISTÓRIA Hoje, entre barracas instaladas ao lado do mausoléu (Evo Morales passará a noite em uma delas), não faltam os jovens e os nem tão jovens, vestidos com o tradicional uniforme verde-oliva, de barba e boina –os mesmos itens que imortalizaram Che pelas lentes do fotógrafo Alberto Korda. Perto do monumento, rodeado por um parque com árvores plantadas, entre outros, por sua filha Aleida Guevara, por amigos e até por desconhecidos, há um pequeno museu com as fotos das últimas horas de Che morto e cópias de seus diários. "Este centro foi construído há um ano. Tudo para fortalecê-lo por ocasião dos 50 anos e transformá-lo em uma atração turística", reconhece a guia. Estiveram nessa comemoração três dos quatro filhos de Che, delegações de Cuba e da Venezuela e admiradores de toda América Latina. Entre eles, seu amigo de alma Carlos "Calica" Ferrer, que conheceu o guerrilheiro quando este tinha quatro anos, e ele, três, há 85 anos. Os destinos de ambos se separaram no Equador. Ferrer tinha ido a Quito jogar futebol, enquanto Che esperava em Guayaquil para embarcar rumo ao Panamá. Os dois viajaram juntos por quatro meses pela América Latina. O primeiro país ao qual chegaram foi a Bolívia, em 1953. "O destino fez que não seguíssemos a rota e, se você quer saber, lamento não ter seguido com ele", disse, emocionado, vendo algumas fotos do amigo. Ferrer seguiu para Caracas, onde se encontrou com Alberto Granado, o primeiro companheiro de viagem do argentino, e que inspirou o filme de Walter Salles, "Diários de Motocicleta". Che Guevara chegou à Guatemala e, depois do golpe de Estado contra o governo democrático de Jacobo Arbenz, seguiu para o México, onde encontrou Fidel. "Ali começa a ser 'o' Che", afirmou. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925424-evo-morales-participa-de-marcha-pelos-50-anos-da-morte-de-che-guevara.shtml |
Produtor Harvey Weinstein é demitido após acusações de assédio sexual | Harvey Weinstein foi demitido, neste domingo (8), da produtora que dirigia e que leva seu próprio nome após as acusações de ter assediado sexualmente mulheres por décadas. A informação foi dada por uma nota enviada pela The Weinstein Company à imprensa americana neste domingo. "Devido às novas informações sobre as ações de Harvey Weinstein, que surgiram nos últimos dias, os diretores da The Weinstein Company —Robert Weinstein, Lance Maerov, Richard Koenigsberg e Tarak Ben Ammar— decidiram e informaram Harvey Weinstein, que seu contrato com a The Weinstein Company foi encerrado imediatamente", disse o texto de nota. Considerado um dos nomes mais poderosos de Hollywood, o produtor foi acusado de ter cometido abuso sexual contra diversas mulheres, incluindo as atrizes Ashley Judd e Rose McGowan. As acusações foram veiculadas no jornal "The New York Times". Segundo a publicação americana, que conduziu uma investigação sobre o assunto, as acusações existem há quase três décadas, e os episódios ocorreram em vários locais, incluindo os escritórios de sua produtora nos Estados Unidos e na Inglaterra, além de episódios durante os festivais de Cannes e Sundance. Ainda de acordo com o "New York Times", o produtor chegou a fechar pelo menos oito acordos com mulheres, incluindo aí uma assistente em 1990, uma atriz em 1997 e uma modelo italiana em 2015. Na reportagem, Ashley Judd afirmou ter sido chamada para falar com o produtor, num hotel em Beverly Hills, o encontrou apenas de roupão e pedindo que ela fizesse uma massagem ou assistisse a ele tomando banho. Segundo McGowan afirmou ao jornal americano, ela tinha 23 anos e havia acabado de lançar "Pânico" (1996), quando ele a assediou num hotel durante o Festival Sundance. Ela e Weinstein entraram num acordo no valor de US$ 100 mil para "evitar um litígio judicial". Entre os mais de 300 títulos que ele produziu, os mais conhecidos estão "Pulp Fiction", de Tarantino, "Gangues de Nova York", de Martin Scorsese, e "O Paciente Inglês", de Anthony Minghella. Ele ganhou um Oscar, como produtor, por "Shakespeare Apaixonado" (1998). OUTRO LADO Ao jornal americano, o produtor afirmou o seguinte: "Eu reconheço que a forma como me comportei com colegas no passado causou muita dor, e eu sinceramente peço desculpas por isso. Embora eu esteja tentando melhorar, sei que tenho um longo caminho." Weinstein também informou que estava tendo acompanhamento de terapeutas e que tinha planos de tirar uma licença para tratar do assunto. Advogada do produtor, Lisa Bloom, enviou um comunicado afirmando que ele nega todas as acusações. | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925466-produtor-harvey-weinstein-e-demitido-apos-acusacoes-de-assedio-sexual.shtml |
Prefeitura vai demolir creche palco de tragédia em Janaúba, no norte de MG | A Prefeitura de Janaúba (547km de Belo Horizonte) informou neste final de semana que vai demolir o imóvel onde funciona a creche alvo de um ataque incendiário, que resultou na morte de dez pessoas, entre elas oito crianças, uma professora e um vigia, apontado pela polícia como o responsável pelo incêndio. A creche tinha capacidade para 82 crianças. O prédio foi interditado e, segundo a administração municipal, apenas nesta segunda (9) será definido o local onde funcionará a "creche provisória" até que um novo prédio seja construído. De acordo com o prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB), um memorial será construído no local da tragédia. Ele afirmou que ainda não há um custo estimado para as obras, mas que a nova creche deve ficar pronta em 80 dias e não terá investimento público –a prefeitura já recebeu mais de R$ 400 mil de doações em dinheiro, segundo a administração. "Vamos dar a este lugar um novo ambiente, em que as crianças e professoras possam ser recebidas de forma acolhedora", disse o prefeito. O Ministério Público Estadual em Minas Gerais abriu quatro procedimentos para investigar o caso. Os promotores querem saber: 1) se o vigia estava apto a trabalhar na creche; 2) se o prédio tinha estrutura e um plano de combate a incêndio; 3) se o dinheiro de doações vai ser aplicado corretamente; 4) se as vítimas estão recebendo assistência adequada; Janaúba ALÍVIO E PREOCUPAÇÃO Ter o filho Kaio Pierre dos Santos, de 2 anos, de volta ao lar era tudo que desejava o casal Andrea Rodrigues Monção, uma doméstica de 34 anos, e Thierry Cledávis dos Santos, 40, encarregado de pessoal numa empresa agrícola em Janaúba. O menino é um dos 38 feridos no incêndio de quinta-feira (5) no Centro de Educação Municipal Gente Inocente. Kaio (que teve uma pequena queimadura no pé esquerdo) e outras 15 crianças deixaram neste sábado (8) os hospitais onde estavam em observação desde quinta-feira. Mais 22 pessoas continuam internadas em unidades de Minas, entre elas Maísa Barbosa dos Santos, 5, que, segundo relato dos pais, tirou Kaio da creche no momento do fogo. "Estava no trabalho. Eu sai correndo a pé pela rua para ir pra creche, aí um irmão meu me encontrou e me levou de moto. Quando cheguei me disseram: 'olha, teu filho ou está no hospital ou está lá dentro morto queimado. Eu entrei, procurei o menino dentro da creche e nada. Quando saí, encontrei uma das professoras dele e ela me falou que Kaio estava bem. Foi uns 15 a 20 minutos de agonia, só que para mim parece que foi horas", disse Andrea. Segundo Andrea, Maísa já tinha saído da creche no momento do fogo, mas voltou, atravessou a fumaça e pegou Kaio pelo braço, levando-o para fora. "Estou feliz por estar com meu filho em casa, mas muito preocupada com ela [Maísa] também. A menina salvou meu filho". O estado de saúde de Maísa é grave. Ela sofreu queimadura nas vias aéreas e já teve uma parada cardíaca, segundo informou o Hospital João XXIII, onde está internada, em Belo Horizonte. A Prefeitura de Janaúba informou que disponibilizou quatro CAPs (Centro de Assistência Psicossocial) de plantão para atendimento às vítimas e familiares. A família de Kaio disse que começará o atendimento nesta segunda-feira. A TRAGÉDIA PODERIA TER SIDO EVITADA? O Departamento de Polícia Técnica de Minas Gerais informou na sexta (6) que foi recomendado à Secretaria Municipal de Saúde de Janaúba que o autor do crime, o vigia Damião Soares Santos, 50, tivesse tratamento psiquiátrico, o que não ocorreu. De acordo com a prefeitura, foi Damião quem não se apresentou para procurar o tratamento. Em nota divulgada neste sábado, a administração informou que "não há registro de atendimento do senhor Damião Soares dos Santos nos diversos dispositivos da rede de saúde mental." Outra preocupação dos profissionais que atuam na rede de assistência psicológica do município é com relação às dúvidas que o caso pode provocar em pessoas que estão passando por tratamento psicológico ou psiquiátrico na cidade. "Todos os nossos usuários da rede, sejam eles funcionários públicos ou de empresas, passam por avaliação se estão conseguindo desenvolver suas atividades laborativas normais. Caso não estejam, comunicamos ao local de trabalho sobre a necessidade de afastamento da pessoa para tratamento, que é acompanhado pela família", disse a psicóloga Janini Moraes Pereira, do CAPs II, onde são realizados a 1.200 atendimentos por mês. Para ela, não é possível afirmar que o vigia Damião sofria de transtornos mentais somente pelo fato dele ter sido indicado para tratamento psiquiátrico, tendo passado por atendimento psicológico apenas uma vez. "Só é possível afirmar que a pessoa tem problemas graves de saúde mental depois que ela passa por várias avaliações e isto nunca foi feito no caso dele, conforme os registros da rede municipal, onde ele nunca esteve", disse. A Polícia Civil também investiga o caso e deve concluir o inquérito em até 30 dias. | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925431-prefeitura-vai-demolir-creche-palco-de-tragedia-em-janauba-mg.shtml |
Brasileira estreante termina em 4º no Mundial de Ginástica Artística | A ginasta Thaís Fidelis, de apenas 16 anos, conseguiu uma colocação importante na final do solo do Mundial de Ginástica Artística, neste domingo (8), em Montreal, no Canadá. Ela ficou com a quarta colocação, a apenas uma posição de subir ao pódio. Em sua primeira participação em um Mundial na carreira, Thaís havia ficado no último lugar (24º) na final do individual geral. Já no solo, deu a volta por cima e foi superada apenas pelas medalhistas: a japonesa Mai Murakami (ouro), a americana Jade Carey (prata) e a britânica Claudia Fragapane (bronze). Thaís é a única representante feminina do Brasil no evento. Rebeca Andrade, grande esperança de medalha, sofreu uma lesão no último treinamento, já em Montreal, e não competiu. Já Flávia Saraiva não viajou para o Canadá por conta de uma lesão nas costas. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925470-brasileira-estreante-termina-em-4-no-mundial-de-ginastica-artistica.shtml |
Saúde é o principal pedido de romeiros que lotam Belém no Círio de Nazaré | Quando decidiu caminhar os mais de 350 km que separam Salinópolis, no Pará, da capital do Estado, Belém, Lydiane Silva, 39, sabia que enfrentaria dois obstáculos principais. Ao viajar sozinha, estaria mais vulnerável a crimes, como furtos. Além disso, haveria um enorme desgaste físico até chegar às festividades do Círio de Nazaré. A obsessão em cumprir uma promessa a Nossa Senhora de Nazaré venceu o que havia de receio. Com apenas um ano e sete meses, Luana, a filha caçula de Lydiane, sofreu uma forte reação alérgica, que chegou a deixá-la em coma. Há sete meses, Luana passou por um transplante de medula no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Nos últimos três dias, a reportagem ouviu pelo menos três dezenas de romeiros, vindos de outras cidades do Pará e de Estados como o Maranhão. Há quem participe do Círio de Nazaré para pagar promessas de emprego e aprovação no vestibular, mas a saúde de familiares é, de longe, o tema mais comum entre os relatos. Mãe de quatro filhos, Lydiane se comprometeu com a santa que andaria até Belém se a caçula se recuperasse. Foi o que ela fez ao longo de duas semanas. Nesse período, não foi assaltada, mas pelo caminho alguém jogou uma pequena pedra no seu rosto –por intolerância com os chamados "promesseiros", ela supõe. No sábado (7), às 14h, quando a Folha falou com ela pela primeira vez na Casa de Plácido, local que acolhe os romeiros no centro da cidade, Lydiane também contou que quatro tênis ficaram inutilizados pelo caminho. Era o menor dos seus problemas. Com os pés enfaixados, ela disse que toda a pele das solas havia soltado ao longo da caminhada, além de ter perdido duas unhas. Apesar das dores nos pés e nas pernas, Lydiane estava decidida a ir à Trasladação, romaria pelas ruas de Belém no sábado no fim da tarde, e também à mais importante procissão da série de eventos religiosos na cidade, o próprio Círio de Nazaré, que acontece sempre no segundo domingo de outubro. FESTIVIDADES Atualmente nove romarias compõem as festividades, que têm reunido centenas de milhares de pessoas todos os anos. A cerimônia acontece na cidade desde 1793. "Não consigo fazer nada sem que a Nossa Senhora me acompanhe", diz Lydiane, que mantém uma pequena pousada na praia de Atalaia, em Salinópolis. Neste domingo, a reportagem reencontrou Lydiane às 5h30, quando o sol ainda não tinha nascido em Belém. Ela contou que havia conseguido participar de toda a Trasladação, procissão que durou cinco horas, e se preparava para o Círio de Nazaré, que começaria às 6h, meia hora depois. Quando bem-sucedidas, na avaliação dos devotos, as promessas feitas à Nossa Senhora de Nazaré não são pagas apenas com caminhadas de dezenas ou centenas de quilômetros. Talvez a incumbência mais famosa entre os católicos da região Norte do país seja acompanhar a procissão segurando a corda. São, na verdade, cinco trechos de corda de longa espessura. Ao fim dessa sequência, vem a imagem da santa, conduzida por dezenas de fiéis. Aliás, a passagem da imagem de Nossa Senhora sempre representa o ápice das procissões, assim como da romaria fluvial e da romaria das motos –estas duas últimas sempre aos sábados. Nesta edição, a fluvial recebeu mais de 400 embarcações, entre barcos, lanchas e jet-skies. A CORDA E OS JOELHOS Como muitos "promesseiros" querem segurar a corda durante as procissões e não há espaço para todos, o empurra-empurra é mais frequente do que se costuma imaginar ao acompanhar o evento pela TV. Em um mesmo trecho de uma avenida de Belém, em um intervalo de apenas 15 minutos logo no início da Trasladação, voluntários da Cruz Vermelha fizeram três intervenções para socorrer devotos, tirando-os do local em macas. Com 42 anos, o segurança André Almeida diz, com orgulho, que "vai na corda" há 22 anos. Afirma nunca ter se machucado ou sofrido um desmaio. Uma hora e meia antes da procissão de sábado, ele já estava com a mão direita na corda e o rosto completamente molhado. Mais do que os 28ºC, tanto suor era provocado pelo constante zigue-zague dos corpos colados um ao outro. "Nós, paraenses, esperamos o Círio durante todo o ano", afirmou Almeida. A engenheira florestal Regina Meirelles, 38, já acompanhou o evento segurando a corda por nove anos, mas neste domingo (8) cumpria promessa de outro modo. Seguia de joelhos o trajeto entre a Catedral da Sé e a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, percurso de cerca de 5 km. Às 5h10, ela já estava há 40 minutos movimentando-se sobre tiras de papelão, que ajudam a amenizar a dor nos joelhos. Àquela altura, ela tinha pelo menos três horas pela frente para chegar à Basílica. "Tudo está resumido a uma só palavra, fé", respondeu Regina ao ser indagada sobre a importância do Círio. "Minha fé aumenta a cada ano." Moradora de Belém, ela pagava uma promessa pela recuperação do irmão, que havia passado recentemente por um transplante de rim. Cinco pessoas auxiliavam Regina pelo asfalto da cidade. Ana Paula, filha dela, estava entre elas, correndo de um lado para o outro, levando os pedaços de papelão para a passagem da mãe. Era assim, esbaforida e rezando, que a jovem começava seu dia de aniversário. Neste domingo (8), Ana Paula completou 18 anos. Os jornalistas Naief Haddad e Bruno Santos viajaram a convite da Varanda de Nazaré. | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925415-saude-e-o-principal-pedido-de-romeiros-que-lotam-belem-no-cirio-de-nazare.shtml |
Polônia garante vaga na Copa do Mundo 2018 ao vencer Montenegro | A Polônia se classificou para a Copa do Mundo da Rússia-2018, neste domingo, depois de vencer Montenegro por 4 a 2 e se tornar a 14ª seleção garantida no Mundial. Além da Rússia, Brasil, Irã, Japão, México, Bélgica, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Nigéria e Costa Rica também já se classificaram. Os poloneses se impuseram graças ao 16º gol da estrela Robert Lewandowski nas eliminatórias, maior artilheiro da história do país com 51 gols. A Polônia volta ao Mundial depois de duas edições fora da competição e vai participar do torneio pela oitava vez. A vitória da Polônia garantiu a Dinamarca como segunda colocada do Grupo E, apesar do empate de 1 a 1 com a Romênia. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925405-polonia-garante-vaga-na-copa-do-mundo-2018-ao-vencer-montenegro.shtml |
Polícia libera motorista envolvido em colisão que feriu 11 em Londres | A polícia britânica informou neste domingo (8) que o homem preso no sábado (7) depois que um carro colidiu com pedestres em Londres, ferindo 11 pessoas, foi liberado. O jovem de 47 anos, cuja identidade não foi revelada, foi preso perto do Museu de História Natural de Londres, sob suspeita de condução perigosa. O museu é um dos mais populares da capital britânica. A Polícia Metropolitana descartou no Twitter que se tratasse de um incidente de terrorismo e afirmou que foi uma colisão de trânsito. O episódio fez lembrar alguns casos recentes de ataques terroristas em cidades europeias. Das 11 pessoas feridas, nove precisaram de atendimento hospitalar, de acordo com o Serviço de Ambulâncias de Londres. A maioria teve ferimentos nas pernas e na cabeça. O incidente ocorreu na Exhibition Road, no bairro de South Kensington, às 14h20 (horário local). Ficam também na região os museus Victoria and Albert e Science Museum. . O motorista, que ainda continua sob investigação, foi tratado no hospital antes de ser levado para uma delegacia de polícia do norte de Londres. "Esta manhã ele foi liberado sob investigação enquanto o inquérito continua", informou a polícia. As pessoas liberadas sob investigação não são obrigadas a comparecer novamente em uma delegacia de polícia, mas podem ser contatadas, e em algumas incidentes presas de novo, após novas investigações da polícia. "Por causa do local onde ocorreu esta colisão e do número de pedestres envolvidos, aprecio totalmente a preocupação e o alarme que este incidente causou", disse Darren Case, do Comando de Polícia de Estradas e Transportes, no domingo. "Felizmente, não há ferimentos graves com a maioria agora alta do hospital". ALERTA SEVERO O alerta de segurança está em nível "severo" no Reino Unido, o segundo mais alto, após cinco ataques terroristas em seis meses e um saldo de 35 mortos. Em um desses ataques, em março de 2016, um motorista jogou o carro contra pedestres na ponte de Westminster, próximo ao Parlamento, em Londres. Quatro pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas. Em outro incidente similar, em junho deste ano, uma van foi jogada contra pedestres próximo à mesquita de Finsbury Park, em Londres, deixando um morto. Em dezembro de 2016, um homem jogou um caminhão contra um mercado de Natal em Berlim, na Alemanha, matando 12 pessoas e ferindo outras 58. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925394-policia-libera-motorista-envolvido-em-colisao-que-feriu-11-em-londres.shtml |
Doria atribui sua queda de avaliação a herança de Haddad e nega candidatura | O prefeito João Doria (PSDB) atribuiu às dificuldades financeiras da Prefeitura de São Paulo sua queda de aprovação registrada pela mais recente pesquisa Datafolha. Ele culpou diretamente a gestão de Fernando Haddad (PT), seu antecessor. "É importante respeitar pesquisa, eu respeito pesquisa. Estamos com nove meses de gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, sem recursos. Temos R$ 7,5 bilhões de deficit no orçamento da prefeitura [em relação à receita prevista pela gestão anterior]. Que foi herança do PT, que nos deixou esse rombo", disse Doria. O tucano despencou quase dez pontos percentuais na aprovação de sua administração. Segundo o levantamento publicado neste domingo (8), o prefeito tem 32% de aprovação, 26% de rejeição e 40% de avaliação regular entre os paulistanos. Há quatro meses, Doria pontuava 41% de ótimo/bom, 22% de ruim/péssimo e 34% de regular. Com margem de erro de três pontos para mais ou menos, entre os 1.092 entrevistados de 4 a 5 de outubro, a curva é francamente desfavorável ao prefeito: fora do empate técnico em todas as simulações. Pela primeira vez, a avaliação regular supera a positiva desde que sua gestão começou, em janeiro. "É duro fazer gestão pública sem recursos, depender de apoio do setor privado, da cooperação e solidariedade de muitas pessoas." As doações empresariais à cidade continuam sendo malvistas pelos moradores. Para 46% dos paulistanos, elas não são transparentes (eram 45% em junho). Já 9% as veem como transparentes. Como mostrou a "Agência Lupa", relatório do Tribunal de Contas do Município sobre as contas de 2016, a última de Haddad, diz que o caixa bruto da prefeitura no fim do ano passado era de R$ 5,34 bilhões. Porém, depois de descontadas as despesas que deveriam ser quitadas no curto prazo, o saldo restante seria de R$ 3,15 bilhões. Mas o tribunal ressaltou que, desse montante, apenas R$ 305,7 milhões seriam recursos livres, ou seja, aqueles que poderiam ser usados para pagamento de qualquer despesa. Em comparação, Gilberto Kassab deixou a Prefeitura de São Paulo em 2012 com mais verba livre: R$ 494,9 milhões. No fim do mandato, em 2016, a gestão Haddad reduziu gastos em várias áreas. Foi um esforço para evitar um rombo nas contas que, no entanto, afetou serviços. Até a produção de asfalto para recapeamento das vias foi paralisada. Outro ponto de redução do caixa da prefeitura foi a decisão de Doria de congelar a tarifa de ônibus neste ano em R$ 3,80. O custo dessa escolha, estima a prefeitura, será de R$ 400 milhões até dezembro. O valor está dentro do subsídio pago às empresas de ônibus (diferença entre o que os passageiros pagam e os custos do serviço), que deve atingir R$ 3 bilhões em 2017. Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria Em entrevista na manhã deste domingo, durante compromisso na cidade, Doria também afirmou que vai manter sua agenda de viagens pelo país e para outros países. O prefeito esteve sábado (7) no Pará, onde participou do Cirio de Nazaré, e nesta semana já viaja pra Itália. Para 49% dos paulistanos, suas viagens pelo país trazem mais prejuízos do que benefícios à cidade, enquanto 35% aprovam a iniciativa. Já os que veem benefício pessoal ao tucano nas viagens são 77%, contra 14% que enxergam o contrário. De todo modo, metade dos paulistanos acha que o prefeito viaja mais do que devia, enquanto 40% apontam que a frequência é adequada, explicitando uma divisão de opiniões sobre o tema na cidade. Apesar da pesquisa, Doria disse que nada muda em relação às viagens, tanto nacionais como internacionais. "[As viagens] são em benefício da cidade, mas nenhum benefício é imediato", diz ele, reforçando que, a seu ver, precisa estar pessoalmente nesses compromissos. "Isso é feito sempre de prefeito com prefeito, por isso existem prefeitos. Se não, não existiriam prefeitos". Desde a última pesquisa, Doria passou a percorrer o país em reuniões e estreitou relações com siglas como o DEM, cuja parcela ligada ao prefeito de Salvador, ACM Neto, vê o tucano como melhor candidato à Presidência que o seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Com efeito, acham que Doria será candidato a presidente 37% dos paulistanos, contra 21% em junho. Mas 58% preferem que ele permaneça na prefeitura, contra apenas 10% que o desejam ver disputando a Presidência ou 15%, o governo do Estado. Apenas 18% dos ouvidos votariam com certeza no tucano para a Presidência, enquanto 26% o fariam para o governo estadual. A maioria não votaria nele de jeito nenhum para o Planalto (55%), e 24% talvez o apoiassem. De manhã, Doria participou de mais uma agenda referente a reformas nas calçadas. De novo, ele colocou capacete e luvas e ajudou a cimentar dois pequenos espaços e a jogar pedras em uma caçamba. Também ao comentar a pesquisa, listou ações da prefeitura, como tapamento de buracos, reformas no asfalto, abastecimento de medicamentos nos postos e criação de vagas em pré-escola. "Estamos fazendo o que é possível fazer e reconhecendo também as o valor e as vozes daqueles das ruas que pedem uma ação mais efetiva e constante da prefeitura de são paulo." Sobre a rejeição dos paulistanos a uma possível candidatura à presidência, Doria disse que não se apresenta como candidato e nega estar fazendo campanha –embora não tenha descartado totalmente a possibilidade de disputar a próxima eleição. "Eu não me apresento como candidato à presidência da República, eu me apresento sempre como prefeito da cidade de São Paulo. Quem induz, fala, quem apresenta o meu nome são as pesquisas, não sou eu. Não tenho nem que contestar a pesquisa porque não me apresento como tal", diz. "O dia de amanhã cabe ao amanhã, não sou capaz de prever o amanhã." | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925387-doria-atribui-sua-queda-de-avaliacao-a-heranca-de-haddad-e-nega-candidatura.shtml |
Três jornalistas ficam 2 dias presos após entrar em prisão na Venezuela | Três jornalistas –um italiano, um suíço e um venezuelano– foram presos depois de entrarem em uma perigosa penitenciária venezuelana para realizar uma reportagem, denunciaram organizações de imprensa e de defesa dos direitos humanos. Eles ficaram dois dias detidos e foram libertados neste domingo (8), após decisão da Justiça venezuelana. O italiano Roberto Di Matteo e o suíço Filippo Rossi, bem como o venezuelano Jesús Medina, foram presos na última sexta-feira (6) depois de entrarem com suas equipes de filmagem na penitenciária de Tocorón, no norte do Estado de Aragua, de acordo com a ONG Foro Penal. Di Matteo trabalha como cinegrafista para o site do jornal italiano "Il Giornale", para o qual colabora regularmente o jornalista freelancer Rossi. O suíço também trabalhou com o "Corriere del Ticino". Jornalistas detidos na Venezuela Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Suíça confirmou a detenção de um de seus cidadãos, acrescentando que sua embaixada em Caracas "está em contato com as autoridades competentes e auxilia o compatriota no âmbito da proteção consular". Já o Ministério das Relações Exteriores italiano afirmou que sua embaixada na Venezuela "acompanha desde o início o caso da prisão do cidadão italiano Roberto Di Matteo e está em contato com as autoridades locais". Os três jornalistas "estavam na prisão de Tocorón (...) produzindo uma investigação jornalística quando foram detidos", indicou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). As organizações de imprensa não especificaram para quais meios os jornalistas estrangeiros trabalham, enquanto que Medina é um fotojornalista do portal "DolarToday", opositor ao governo de Nicolás Maduro. Uma imagem dos jornalistas algemados com dois militares foi transmitida pelo sindicato. Foram confiscados telefones celulares e câmeras. Porta-vozes do sindicato disseram à AFP que os jornalistas "estão bem, sem indicações de maus-tratos". "Eles receberam um convite para entrar em Tocorón. Estavam se registrando na entrada quando tiveram o acesso negado e receberam a ordem de detenção. Ao que parece, houve uma contra-ordem para impedir sua entrada", segundo o sindicato. Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, afirmou que advogados da ONG foram para Tocorón –cerca de duas horas de Caracas– para ajudá-los. De acordo com o sindicato, foram detidos por funcionários do ministério Penitenciário e colocados sob ordem judicial. Eles serão apresentados nas próximas horas ante à Justiça. Várias organizações não governamentais denunciaram a superlotação e desnutrição em centros de detenção venezuelanos. A ONG Una Ventana a La Libertad estimou em 2016 que as prisões venezuelanas abrigavam 88.000 presos, quando sua capacidade é de apenas 35.000. Desde julho de 2011, o governo lançou um plano para readequar as penitenciárias. Segundo as autoridades, 98% das 50 prisões na Venezuela funcionam sob o novo regime. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925406-tres-jornalistas-sao-detidos-apos-entrarem-em-prisao-na-venezuela.shtml |
Furacão Nate perde força e vira tempestade tropical ao atingir EUA | O furacão Nate perdeu força e foi rebaixado para tempestade tropical na manhã deste domingo (8) quando avançava para o interior do sul dos Estados Unidos, onde chegou na noite de sábado (7) após ter matado 31 pessoas na América Central. Na costa sul americana, Nate causou inundações e cortes de energia, que podem continuar por até uma semana. É o terceiro furacão a atingir a região nos últimos dois meses. Mais de 100 mil pessoas ficaram sem eletricidade devido aos efeitos de Nate, que, antes de ser rebaixado para uma tempestade tropical, atingiu duas vezes o sul dos EUA: primeiro em Louisiana no sábado à noite e a costa do Mississippi na madrugada deste domingo. O Centro Nacional de Furacões (NHC) informou que, às 6h (de Brasília), a tempestade tinha ventos máximos de 113 km/h. Espera-se um "enfraquecimento rápido" do fenômeno, ressaltou o NHC sobre Nate, que se movia a cerca de 37 km/h em direção ao interior dos Estados do Mississippi e do Alabama. O PIOR JÁ PASSOU No entanto o NHC havia avisado que "a combinação de uma tempestade perigosa e a maré causará inundações nas áreas normalmente secas da costa". Algumas dessas localidades sofreram inundações de até 2,5 metros, e a tempestade deverá produzir até 25,4 centímetros de chuva, de acordo com o NHC. No Alabama, o prefeito de Dauphin Island, Jeff Collier, disse que, aparentemente, a grande maioria dos moradores decidiu passar a tempestade dentro de casa. "Tivemos algumas casas inundadas, muitos veículos, coisas do tipo (...) mas não há relatos de vítimas", afirmou à CNN. "Felizmente, posso dizer que o pior já passou", acrescentou. A governadora do Alabama, Kay Ivey, pediu ao presidente Donald Trump que emitisse uma declaração de emergência "para garantir todos os recursos possíveis para responder" a Nate. Trump já havia sinalizado com a ajuda federal para ajudar a mitigar o impacto da tempestade na Louisiana e no Mississippi. Já Nova Orleans, que foi devastada pelo furacão Katrina em 2005 –que deixou 1.800 mortos–, parece ter escapado da fúria de Nate. A prefeitura até retirou o toque de recolher, que fora adotado como uma medida preventiva, observando que o alerta de furacões para a cidade havia terminado. À medida que a tempestade se aproximava, abrigos foram colocados à disposição para as pessoas que se retiraram das áreas propensas a inundações. Juanita Stoval, de 57 anos, estocou um pouco de comida, mas disse que tinha o essencial: "Tenho lanternas e um rádio a pilhas. Também tenho velas e jogos". De acordo com as autoridades, os outros poderosos furacões que atingiram recentemente a região ajudaram a tornar os trabalhos de espera do Nate mais simples porque os oficiais e a população já estavam preparados. Nova Orleans melhorou seus sistemas de contenção após o devastador Katrina, mas o governo advertiu que isso não eliminou o risco de inundações. VÍTIMAS O sudeste dos Estados Unidos foi atingido duramente em agosto por dois furacões: o Harvey, que deixou mais de 70 mortos, e o Irma, qu provocou 12 mortes na Flórida. Veja abaixo imagens da enchente em Key West, ilha ao sul da Flórida. . Outra tormenta poderosa, o furacão Maria, devastou parte do Caribe no fim de setembro, incluindo Dominica e Porto Rico, território americano. Ao contrário do Harvey, que despejou uma quantidade recorde de chuva sobre o Texas durante uma semana, a passagem do Nate deve ser mais rápida. Ainda assim, advertiu o governador de Louisiana, John Bel Edwards, pode haver danos. "A qualquer pessoa que esteja nas zonas baixas (...) estamos pedido que se prepare agora", declarou. No vizinho Mississippi, formavam-se filas em postos de gasolina de áreas na rota do furacão Nate. Plataformas de petróleo e gás, numerosas no Golfo do México, foram esvaziadas para a passagem do furacão. TEMPORADA INTENSA Costa Rica, Nicarágua e Honduras, países mais atingidos pelo Nate quando ainda era uma tempestade tropical, começavam a calcular os danos, no momento em que a chuva parece dar uma trégua. O fenômeno deixou 16 mortos na Nicarágua, 10 na Costa Rica e três em Honduras, segundo autoridades. Na Costa Rica, mais de 5.000 pessoas se abrigaram em instalações provisórias, enquanto as equipes de socorro buscavam mais de 30 desaparecidos. El Salvador registrou neste sábado (7) duas mortes em consequência do Nate: uma pessoa atingida por um deslizamento de terra, e outra, arrastada por um rio. Anualmente, de junho a novembro, América Central, Caribe, México e o sudeste dos Estados Unidos enfrentam a temporada de furacões, que, em 2017, vem sendo especialmente intensa. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925385-furacao-nate-perde-forca-ao-tocar-o-sul-dos-eua-vira-tempestade-tropical.shtml |
Kim Jong-un promove irmã e vê como 'espada querida' seu programa nuclear | O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, promoveu sua irmã, Kim Yo-jong, nomeada ao "politburo" do único partido do país, e elogiou os programas nucleares e balísticos norte-coreanos, informou a imprensa oficial neste domingo (8). De acordo com a agência oficial de notícias KCNA, Kim Yo-jong tornou-se membro suplente do escritório político do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, instância presidida por seu irmão. Esta promoção e dezenas de outras foram anunciadas no sábado (7) pelo número um da Coreia do Norte durante uma reunião do partido. Ela ocorre num contexto de grandes tensões na península coreana devido aos testes nucleares e disparos de mísseis da Coreia do Norte. Os líderes norte-coreanos e o presidente dos EUA, Donald Trump, voltaram a trocas ameaças recíprocas há semana, com o americano declarando neste fim de semana no Twitter existir "apenas uma coisa que funcionaria" com a Coreia do Norte, sem concluir seu pensamento. Kim Yo-Jong, que se aproxima dos 30 anos, já apareceu diversas vezes ao lado de seu irmão durante eventos políticos e "visitas de orientação de campo", durante as quais o líder profere conselhos técnicos em todos os domínios –industrial, agrícola, educacional, militar, etc. Ela também desempenha um papel no departamento de propaganda do partido. Os dois são filhos do ex-líder Kim Jong-il e sua terceira mulher, a ex-dançarina Ko Yong Hui. A família Kim reina sobre a Coreia do Norte desde a sua fundação em 1948. Kim Jong-un tomou as rédeas do país com a morte de seu pai, em dezembro de 2011. Sob seu domínio, a Coreia do Norte realizou quatro dos seis testes nucleares, o último em 3 de setembro. Também cimentou durante este tempo o seu poder por meio de uma série de expurgos. Seu tio Jang Song-thaek foi executado por traição em 2013. Seu meio-irmão Kim Jong-nam foi assassinado no aeroporto de Kuala Lumpur em fevereiro deste ano, envenenado por um agente neurotóxico. Desde o início do caso, a Coreia do Sul acusa o Norte de ter orquestrado a morte, o que Pyongyang sempre negou. Kim Jong-Nam era um crítico do regime norte-coreano e morava no exílio. Além disso, Pyongyang avança em seus programas militares a passos largos, apesar das múltiplas sanções das Nações Unidas. Kim Jong-un declarou, no sábado (7), que o país estava enfrentando "dificuldades", mas não que prejudicariam o crescimento econômico deste ano. Ele também prometeu continuar no caminho de seu programa nuclear, "uma espada querida", cuja missão é proteger o país "dos imperialistas americanos", de acordo com a KCNA. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925382-kim-jong-un-promove-irma-e-ve-como-espada-querida-seu-programa-nuclear.shtml |
Em homenagem a Che Guevara, Cuba reage às declarações de Trump | Cuba criticou o "imperialismo" e as exigências feitas pelos EUA durante homenagem neste domingo (8) pelos 50 anos da morte de Ernesto Che Guevara. No meio de uma multidão de cerca de 70 mil pessoas reunidas em Santa Clara, o presidente Raúl Castro deixou o discurso principal do evento para o vice-presidente Miguel Díaz-Canel. "Reafirmamos que Cuba não vai fazer concessões inerentes a sua soberania e independência e não irá negociar seus princípios ou aceitar condicionalidades", disse Diaz-Canel, 57, provável sucessor de Castro como presidente de Cuba em fevereiro. O vice-presidente também lembrou um aviso de Guevara: "Você não pode confiar no imperialismo... Nem um pouquinho! Nada!", disse ele. As considerações cubanas foram uma resposta ao presidente dos EUA, Donald Trump, que na sexta-feira declarou que não retiraria "sanções contra o regime cubano até que haja uma liberdade política completa para o povo cubano", o que elevou a tensões entre Havana e Washington. "As mudanças necessárias em Cuba estão sendo decididas pelo povo cubano", respondeu Díaz-Canel. A homenagem a Che Guevera foi realizada em Santa Clara, a 300 km a leste de Havana. A cidade abrigou o guerrilheiro argentino depois da batalha capitaneada em dezembro de 1958, que começou a decretar o fim da tirania de Fulgencio Batista e o triunfo do Fidel Castro em 1º de janeiro de 1959. No evento, com uma hora de duração, artistas recitaram poemas e cantaram músicas. Foi a primeira homenagem a Che em Cuba sem Fidel Castro, seu chefe e amigo, que morreu em novembro passado e em 1967 instituiu em 8 de outubro como o dia da "Guerrilheiro Heróico" e fez Che em um símbolo do "homem novo", que ambos tentaram forjar. Uma delegação oficial cubana também partiu no sábado para a Bolívia, onde será realizada uma série de eventos comemorativos, com o apoio e a participação do presidente Evo Morales. "FIQUE VIVO" "Agora também estamos diante das intenções do presidente dos EUA... e Che nos deu o ensino desde o início deste processo revolucionário no México: para o imperialismo, dizemos que não é um pouco assim", disse Felix Rodriguez à AFP., uma ex-guerrilha da Sierra Maestra. Entre os participantes também havia Luis Monteagudo, um mestiço magro de 79 anos que lutou sob as ordens de Guevara no Congo. Com uma camiseta branca e uma imagem de Che em vermelho, um animado Monteagudo assegurou que para ele "Che vive por sua vida, seu trabalho e seu exemplo". David Metral, professor de história argentino em Córdoba, expressou sua emoção na conclusão do evento e disse: "Quando tomamos consciência do valor de sua luta (Che) e do senso de sua luta, seu exemplo é multiplicar e seu legado em todo o mundo ". Vários turistas participaram da cerimônia, em um momento em que a ilha é questionada como um destino seguro, devido às denúncias de Washington de que 22 pessoas da embaixada em Havana sofreram "ataques" à saúde –diplomatas, servidores da embaixada e familiares apresentaram, em período de sete meses, sintomas como perda de audição permanente, lesão cerebral leve, problemas de visão, fortes dores de cabeça, tontura e dificuldade de dormir. "Alguns porta-vozes e a mídia se prestam a propagação de fraudes incomuns, sem evidências, com o propósito perverso de desacreditar o desempenho impecável de nosso país, universalmente considerado um destino seguro para visitantes estrangeiros, incluindo americanos", disse Díaz-Canel. Nascido em 14 de junho de 1928 em Rosario (Argentina), Che Guevara era um rapaz incansável de uma família burguesa que estudava medicina e estrelou uma histórica viagem de motocicleta pela América do Sul com seu amigo Alberto Granados. Ele trabalhava como fotógrafo itinerante no México quando conheceu Fidel Castro em 1956. Ministro das Indústrias e presidente do Banco Nacional após o triunfo de Fidel, Guevara casou-se com Aleida March e teve quatro filhos. Meio século depois de sua morte, Cuba ressalta o símbolo, imortalizado em uma imagem de Alberto Korda, uma das mais publicadas na história da fotografia mundial. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925399-em-homenagem-a-che-guevara-cuba-reage-as-declaracoes-de-trump.shtml |
Escócia está fora da Copa e Inglaterra termina eliminatórias invicta | A Escócia está fora da Copa do Mundo da Rússia. A seleção apenas empatou com a Eslovênia (2 a 2) neste domingo (8) e acabou ultrapassada no saldo de gols pela Eslováquia, que fez a sua parte e venceu a lanterna Malta por 3 a 0, assumindo a segunda colocação do grupo F das Eliminatórias. Porém, apesar de ir aos 18 pontos e assumir a segunda posição da chave, a Eslováquia tem grandes chances de ficar fora da repescagem e, consequentemente, do Mundial 2018, uma vez que ficaria com a nona colocação entre os melhores segundo colocados –apenas os oito melhores avançam. A presença (ou não) da Eslováquia na repescagem está ligada basicamente a dois jogos, do grupo D e grupo I. País de Gales e Irlanda se enfrentam nesta segunda-feira (9), assim como Croácia e Ucrânia. Caso uma das duas partidas termine empatada, a Eslováquia avança. INVICTA A Inglaterra encerrou hoje (8) invicta a sua participação nas eliminatórias, com a sétima vitória em dez jogos. De pênalti, o artilheiro Harry Kane foi o responsável pelo triunfo, por 1 a 0, sobre a Lituânia, fora de casa. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925402-escocia-esta-fora-da-copa-e-inglaterra-termina-eliminatorias-invicta.shtml |
Sob o calor de polêmicas, filme sobre pedofilia estreia no Festival do Rio | Curioso o momento em que "Aos Teus Olhos" vem a lume: o novo filme da diretora carioca Carolina Jabor revolve em torno de uma acusação de pedofilia, e estreou neste sábado (7), no Festival do Rio, sob o calor das polêmicas envolvendo exposições no país. Daniel de Oliveira faz Rubens, afetuoso professor de natação das crianças de um clube. Um de seus alunos é o retraído Alex (Luiz Felipe Melo), de 7 anos, filho de um pai competitivo (Marco Ricca) e de uma mãe impetuosa (Stella Rabelo). É ela quem recorre à fúria das redes sociais para acusar Rubens de ter beijado a boca de seu filho. O roteiro tem o cuidado de nunca revelar se o tal beijo foi mesmo dado e nem se Alex de fato contou isso a sua mãe. Há elementos que o desabonam e há elementos que o incriminam. Mas é outra a preocupação do filme, inspirado em livro do catalão Josep Maria Miró, que no Brasil ganha ecos da sanha justiceira que acometeu o país pós-Lava Jato. Diretora de "Boa Sorte", Carolina Jabor se detém aqui na tormenta inquisitória de que Rubens é alvo, e, particularmente, na relação dele com a diretora do clube (Malu Galli), assolada pelo linchamento virtual. Um grupo de pais no Whatsapp, aliás, ganha contornos de caixa de Pandora no longa. Antes de apresentar seu filme na mostra, a diretora fez referência breve os recentes de ataques a museus brasileiros por grupos conservadores. "Censura, não", disse, e foi aplaudida. LOBISOMEM PAULISTANO "Aos Teus Olhos" compete pelo prêmio Redentor com "As Boas Maneiras", terror dirigido pela dupla paulista Juliana Rojas e Marco Dutra e que mantém um diálogo involuntário com "A Forma da Água", filme do mexicano Guillermo del Toro que abriu o Festival do Rio: ambos tratam da relação entre uma mulher deslocada e um monstro. Assim como nas outras obras de Rojas e Dutra, caso de "Trabalhar Cansa" (2011), os elementos do gênero do horror em "As Boas Maneiras" são misturados a um agudo olhar social. O longa começa, aliás, remetendo às obras do atual realismo brasileiro: Isabél Zuaa (de "Joaquim") faz Clara, babá contratada por Ana (Marjorie Estiano), filha grávida de um fazendeiro. Clara logo se verá obrigada a acumular também as funções de empregada doméstica. Mas os chutes na barriga de Ana doem mais do que o normal, seu apetite por carne é incrivelmente voraz e, nas noites de lua cheia, ela cruza a cidade, sonâmbula. Depois da primeira metade do filme, quando o bebê nasce, a trama abraça com mais força a história de lobisomem. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno, na Suíça, "As Boas Maneiras" traz para o universo paulistano referências dos filmes de monstro produzidos pela Universal nos anos 1940. Embora não seja um filme cheio de sustos, uma de suas cenas com um gato inocente fez a atriz Betty Faria, que estava na plateia da sessão, pular da cadeira e gritar. O jornalista viajou a convite do Festival do Rio. | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925395-sob-o-calor-de-polemicas-filme-sobre-pedofilia-estreia-no-festival-do-rio.shtml |
Lewis Hamilton vence GP do Japão e amplia liderança | Lewis Hamilton se aproximou de um quarto campeonato mundial de Fórmula 1 no domingo (8) depois de ganhar o Grande Prêmio do Japão. O motorista da Mercedes cruzou a linha sendo seguido por Max Verstappen e Daniel Ricciardo, ambos da Red Bull. Segundo colocado na competição geral, o alemão Sebastian Vettel viu suas esperanças de título diminuírem ao se retirar da disputa com um problema de motor na quarta volta. Esse é o terceiro revés consecutivo que sua Ferrari sofre no torneio. Hamilton, que começou na pole, agora tem 59 pontos de vantagem na classificação geral e pode conseguir o título já na próxima disputa, o GP dos EUA. O britânico havia batido neste sábado (7) o recorde do circuito de Suzuka, se tornando o mais rápido da história na pista de 5,8 km, terminando a disputa pela pole position com uma boa vantagem frente a seus rivais. | 2017-08-10 | esporte | null | http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925370-lewis-hamilton-vence-gp-do-japao-e-amplia-lideranca.shtml |
Enfermeira é morta com tiro na cabeça por assaltantes ao deixar plantão no RJ | Uma enfermeira que trabalhava no Hospital Getúlio Vargas, no Rio, morreu baleada na cabeça por assaltantes na noite de sábado (7), quando voltava para casa após um plantão de 12 horas. Ângela Cunha estava na garupa da moto do marido, na rodovia Presidente Dutra. O casal morava em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e havia acabado de sair da unidade hospitalar. Segundo testemunhas, os assaltantes também estavam em uma moto e apontaram a arma na direção do rosto da enfermeira. O marido teria reduzido a velocidade para parar e, nesse momento, um dos criminosos atirou. Nas redes sociais, amigas de Ângela fizeram homenagens e escreveram sobre a enfermeira. Uma delas havia trabalhado no mesmo plantão do hospital, ao lado da vítima. "Você estava radiante, fazendo planos, feliz, linda, tivemos um plantão tranquilo e isso foi interrompido da maneira mais trágica", escreveu. "Dia de festa que se transforma em tristeza e muita reflexão. Que mundo cruel, uma hora estamos aqui com uma colega de equipe que faz planos, brinca, ri, fala de futuro e um dia depois vira estatística", escreveu outra. Pesquisa Datafolha mostra que, se pudessem, 72% dos moradores dizem que iriam embora do Rio por causa da violência. O desejo de deixar a cidade é majoritária em todas as regiões e faixas socioeconômicas –foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. Nas últimas semanas, segundo o Datafolha, um terço dos moradores mudou sua rotina e presenciou algum disparo de arma de fogo. O levantamento revela que 67% das pessoas ouviram algum tiro recentemente. Pesquisa Datafolha sobre sensação de insegurança no Rio de Janeiro | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925371-enfermeira-e-morta-com-tiro-na-cabeca-ao-deixar-plantao-no-rio.shtml |
Haddad usa frase irônica de Alckmin para responder a ataques de Doria | O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) usou uma frase do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para responder a ataque do prefeito João Doria (PSDB). Neste domingo (8), o prefeito atribuiu à herança financeira da gestão petista o motivo da queda de sua avaliação positiva na mais recente pesquisa Datafolha. "Eu aprendi com o pai de um conhecido meu, que no dia de hoje deve estar muito feliz, que, quando não puder falar bem, é melhor não dizer nada", disse Haddad à Folha. O ex-prefeito faz menção direta a uma declaração de Alckmin à Rádio Bandeirantes, no mês passado. Na ocasião, Alckmin havia sido questionado se havia incômodo por ter sido padrinho da carreira política de Doria, em 2016, já que ambos travam agora uma disputa interna no PSDB para a escolha do candidato do partido para as eleições presidenciais do ano que vem. "Uma vez o meu pai me falou: 'Lembre-se sempre de Santo Antônio de Pádua. Quando não puder falar bem, não fale nada'", disse o governador. Publicada neste domingo (8), pesquisa Datafolha mostra uma piora relevante na avaliação de Doria à frente da prefeitura. O tucano despencou quase dez pontos percentuais na aprovação de sua administração. O prefeito tem 32% de aprovação, 26% de rejeição e 40% de avaliação regular entre os paulistanos. Há quatro meses, Doria pontuava 41% de ótimo/bom, 22% de ruim/péssimo e 34% de regular. Com margem de erro de três pontos para mais ou menos, entre os 1.092 entrevistados de 4 a 5 de outubro, a curva é francamente desfavorável ao prefeito: fora do empate técnico em todas as simulações. Pela primeira vez, a avaliação regular supera a positiva desde que sua gestão começou, em janeiro. Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria Na manhã deste domingo, ele culpou diretamente a gestão do antecessor. "Estamos com nove meses de gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, sem recursos. Temos R$ 7,5 bilhões de deficit no orçamento da prefeitura [em relação à receita prevista pela gestão anterior]. Que foi herança do PT, que nos deixou esse rombo", disse Doria. Como mostrou a "Agência Lupa", relatório do Tribunal de Contas do Município sobre as contas de 2016, a última de Haddad, diz que o caixa bruto da prefeitura no fim do ano passado era de R$ 5,34 bilhões. Porém, depois de descontadas as despesas que deveriam ser quitadas no curto prazo, o saldo restante seria de R$ 3,15 bilhões. Mas o tribunal ressaltou que, desse montante, apenas R$ 305,7 milhões seriam recursos livres, ou seja, aqueles que poderiam ser usados para pagamento de qualquer despesa. Em comparação, Gilberto Kassab deixou a Prefeitura de São Paulo em 2012 com mais verba livre: R$ 494,9 milhões. No fim do mandato, em 2016, a gestão Haddad reduziu gastos em várias áreas. Foi um esforço para evitar um rombo nas contas que, no entanto, afetou serviços. Até a produção de asfalto para recapeamento das vias foi paralisada. Outro ponto de redução do caixa da prefeitura foi a decisão de Doria de congelar a tarifa de ônibus neste ano em R$ 3,80. O custo dessa escolha, estima a prefeitura, será de R$ 400 milhões até dezembro. O valor está dentro do subsídio pago às empresas de ônibus (diferença entre o que os passageiros pagam e os custos do serviço), que deve atingir R$ 3 bilhões em 2017. | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925396-haddad-usa-frase-ironica-de-alckmin-para-responder-a-ataques-de-doria.shtml |
Espanhóis vão às ruas em Barcelona contra a independência da Catalunha | Milhares de espanhóis da Catalunha e de outras partes do país invadiram, neste domingo (8), as ruas de Barcelona para manifestar sua oposição à independência da região, uma semana após o referendo de autodeterminação que desencadeou uma crise política sem precedentes em 40 anos. Eles respondem ao chamado de um coletivo anti-independência, cujo slogan é "Chega! Recobremos a sabedoria", e se vê como a "maioria silenciosa" que não teve voz desde quando as autoridades separatistas organizaram a votação. De acordo com a polícia, os atos reuniram cerca de 350 mil pessoas. Os organizadores dizem ter juntado 950 mil pessoas. Os separatistas ameaçam declarar a independência de forma unilateral nos próximos dias, alegando ter recebido o apoio de 90,18% dos eleitores no referendo. "Nós não queremos a independência. Mantivemos silêncio por muito tempo", disse Alejandro Marcos, um trabalhador da construção civil de 44 anos de Badalona, subúrbio de Barcelona. De acordo com pesquisas, apesar de a maioria dos catalães defender a realização de um referendo formal, pouco mais da metade se opõe à independência de sua região. Por enquanto, o impasse é total entre o chefe do governo conservador espanhol, Mariano Rajoy, e as autoridades separatistas. O líder catalão Carles Puigdemont pede uma "mediação internacional", mas Mariano Rajoy se nega a dialogar até que os separatistas abandonem a ameaça de ruptura. "O que eu quero é que a ameaça de declaração de independência seja retirada o mais rápido possível", porque "nada pode ser construído se a ameaça à unidade nacional não desaparecer", disse ele neste domingo ao jornal "El Pais". Em Barcelona, um grande número de pessoas chegava de outras partes da Espanha, incluindo Madri, onde duas manifestações já haviam reunido milhares de espanhóis no sábado (7) –uma pela "unidade" da Espanha e outra pelo "diálogo". A concentração em Barcelona é apoiada pelo Partido Conservador de Mariano Rajoy, pelo Partido Socialista catalão e pelo Ciudadanos, a principal força de oposição ao movimento de independência na Catalunha. Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, de nacionalidade peruana e espanhola, discursou, afirmando que "a democracia espanhola está aqui para ficar, e nenhuma parcela da independência irá destruí-la". "Queremos que a Catalunha se torne a capital cultural da Espanha como era quando eu vim morar aqui", disse Vargas Llosa, que morava na capital catalã na década de 1970 e acusou o nacionalismo de causar "estragos." "A paixão pode ser destrutiva e feroz quando é fanatismo e racismo. O pior de tudo, que causou mais danos na história, é a paixão nacionalista. A Espanha também é uma terra de liberdade, de legalidade, que a independência não a destruirá. É preciso muito mais do que um golpe de estado (...) para destruir o que eles construíram 500 anos de história, não vamos permitir", disse ele. "Aqui somos cidadãos pacíficos que acreditamos na convivência e na liberdade. Mostramos esses independentistas minoritários que a Espanha é um país moderno", declarou Vargas Llosa. "Uma declaração unilateral (de independência) faria o país em pedaços", explicou ao jornal "ABC" Mariano Gomà, presidente da Societat Civil Catalana, uma organização anti-independência que organizou o evento. "NÃO DESCARTO NADA" Mariano Rajoy, por sua vez, ameaçou suspender a autonomia da região, uma medida nunca aplicada nesta monarquia parlamentar extremamente descentralizada, o que poderia provocar distúrbios na Catalunha. "Não descarto nada", declarou, a respeito da aplicação do artigo 155 da Constituição que permite essa suspensão. Ele lançou um apelo aos nacionalistas catalães mais moderados para que se afastem dos "radicais" da CUP (Candidatura da Unidade Popular, extrema esquerda), com os quais se aliaram para ter uma maioria no Parlamento catalão. A chamada coincide com a partida de várias grandes empresas catalãs, o que também pode semear dúvidas entre alguns nacionalistas conservadores. Cerca de 15 empresas, incluindo o CaixaBank e o Banco de Sabadell, decidiram desde quinta-feira transferir suas matrizes para fora da Catalunha, que representa 19% do PIB espanhol. Empresas com sede na Catalunha "estão muito preocupadas, terrivelmente preocupadas. Nunca pensei que chegaríamos a este ponto", declarou ao jornal conservador "ABC" Juan Rosell, presidente da CEOE, organização dos principais empregadores espanhóis. A independência tem conquistado terreno na Catalunha desde 2010, alimentada pela crise econômica e pelo cancelamento parcial de um status de autonomia que dava à região maiores poderes. Mas, neste momento atual, ganhou uma intensidade sem precedentes, uma vez que os líderes separatistas da Catalunha organizaram esta consulta, que foi proibida pela Justiça, marcada pela violência policial, cujas imagens rodaram o mundo. De acordo com o Executivo catalão, 2,04 milhões de pessoas votaram "sim" à independência em 1º de outubro, com participação de 43%, em resultados não verificável, na ausência de uma comissão eleitoral neutra. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925380-espanhois-vao-as-ruas-em-barcelona-contra-a-independencia-da-catalunha.shtml |
Europa investe € 2,2 bilhões para criar Airbus das baterias | Bruxelas quer criar um consórcio de companhias europeias ao estilo da Airbus, para desenvolver a tecnologia de baterias e recuperar o atraso da Europa com relação aos EUA e à Ásia nesse mercado de rápido crescimento. Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia encarregado do setor de energia, presidirá na quarta (11) conferência entre executivos de grupos químicos como a Basf, montadoras de automóveis como a BMW e fabricantes de baterias, para promover a cooperação no setor —a União Europeia oferecerá até € 2,2 bilhões. A demanda mundial por baterias de lítio-íon deve subir para US$ 40 bilhões anuais em 2025, com a popularização dos carros elétricos, segundo o banco Goldman Sachs, que antecipa que a Ásia dominará esse mercado. Montadoras europeias elevaram a projeção de vendas dos elétricos no período que antecede a entrada em vigor de normas sobre emissão de poluentes, em 2021. O banco UBS estima que as vendas dos elétricos superarão as de veículos diesel em cinco anos. Mas, enquanto China, Japão e EUA já estabeleceram fábricas de baterias para esses carros, a Europa não construiu nenhuma instalação. Sefcovic disse que era "vital" não ter "momento Kodak em setores tão importantes", em referência a como uma empresa líder deixa de antever mudanças em seu setor. "Precisamos da Airbus das baterias. Tínhamos empresas de porte menor com tecnologias avançadas, mas sem escala. Foi necessário que franceses, alemães e outros se unissem para desenvolver um avião maravilhoso." A Airbus começou, em 1967, com patrocínio estatal, de Alemanha Ocidental, França e Reino Unido. O objetivo era desenvolver um jato comercial para desafiar os americanos. As empresas europeias tentam recuperar terreno. A Northvolt, criada por Peter Carlsson, executivo da Tesla, e a Terra E, um projeto alemão, planejam fábricas, que só serão abertas em 2020. A primeira fábrica em grande escala de baterias de lítio-íon na Europa será na Polônia e é da LG Chem, da Coreia do Sul. A Daimler planeja fábricas de baterias, mas as instalações serão usadas na montagem do produto e conjuntos de propulsão. As células serão compradas de fornecedores, em sua maioria asiáticos. Panasonic (Japão) é a maior fornecedora mundial de baterias para veículos elétricos, seguida por LG Chem e Samsung SDI (Coreia do Sul). A Tesla (EUA) será a segunda maior fabricante ao concluir fábrica de US$ 5 bilhões em Nevada. Pequim também investiu e tem a ambição de dobrar a produção até 2020. Tradução de PAULO MIGLIACCI | 2017-08-10 | mercado | null | http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925334-europa-investe--22-bilhoes-para-criar-airbus-das-baterias.shtml |
Sem JK, Frente Ampla se reúne no Rio para planejar estratégia | Os principais dirigentes da Frente Ampla devem se reunir neste domingo (8), no Rio de Janeiro, para traçar os próximos passos do movimento. Não se trata, porém, de um plano definitivo, que só sairia com o regresso de Juscelino Kubitschek ao país. O ex-presidente está no exterior desde o dia último dia 12, logo após ter sido intimado a prestar depoimento ao governo de Arthur da Costa e Silva. A cúpula da Arena, partido de situação, acredita que a Frente Ampla recuou de seu propósito de desencadear ações de rua após cerco do governo a integrantes do movimento, como foi com JK. | 2017-08-10 | banco-de-dados | null | http://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/2017/10/1924974-sem-jk-frente-ampla-se-reune-no-rio-para-planejar-estrategia.shtml |
Laços de amizade contêm revoada dos economistas tucanos do partido | Apreço pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apoio ao projeto do senador Tasso Jereissati (Ceará) de refundar o PSDB e a percepção de que o partido ainda pode recuperar a identidade e fazer diferença na eleição do ano que vem. Esse são os três pilares que sustentam no partido uma parcela relevante dos economistas ditos liberais e que dão identidade ao PSDB há uns 20 anos. Muitos deles, porém, podem seguir o exemplo de Gustavo Franco, tucano de carteirinha que se desfiliou e migrou para o Partido Novo. Mesmo sendo pequeno e politicamente inexpressivo, o Novo cresce atraindo a simpatia de executivos de bancos e gestores de fundos de investimento. O PSDB, na toada oposta, mesmo sendo grande e expressivo, provoca desalento na comunidade econômico-financeira. A convenção nacional da sigla, marcada para o dia 8 de dezembro, definirá o plano de voo de cada um. Nesse encontro, encerra-se oficialmente o mandato do senador Aécio Neves. Será escolhido o novo presidente do partido –e por conseguinte o tom do discurso e o arcabouço institucional do PSDB para a campanha de 2018. O governador de Goiás, Marconi Perillo, vem emergindo como alternativa de consenso entre os políticos. Mas uma fatia ampla da ala econômica quer mesmo é Tasso, avaliado como sendo mais fiel aos princípios liberais próprios do PSDB desde a fundação. "Se Tasso perder na convenção, eu saio do PSDB e muita gente sai também", disse Elena Landau em entrevista à Folha. Caso se concretize, não será uma revoada qualquer. Entre filiados e sem vínculos oficiais, mas com estreita e ostensiva convivência, a ala econômica do PSDB é de alta plumagem. Reúne os profissionais que lançaram as bases para a estabilização da moeda e das contas públicas do Brasil a partir da segunda metade dos anos 1990. Ainda que em separado tenham peculiaridades pessoais e políticas, um ideário os une. Defendem a economia de mercado, o Estado mínimo, a privatização, a modernização na gestão e na prestação do serviço público. Foram eles que deram sustentação intelectual para projetos que o PSDB defendeu ou implantou ao ocupar cargos público na União, nos Estados e nos municípios. Além de Elena, que conduziu parte do programa de desestatização no governo de FHC, lá estão pais do Plano Real como Edmar Bacha e Pérsio Arida; o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan; o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que estruturou o sistema de metas de inflação em vigor até hoje. Junto com Gustavo Franco, eles são os liberais da PUC-Rio. Há também um ramo acadêmico, em que transitam economistas como Samuel Pessôa, Armando Castelar e Luiz Roberto Azevedo Cunha. A vertente paulista também está aborrecida, mas em silêncio. Estão recolhidos no ninho tucano economistas como José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, e seu irmão, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES. Rio e São Paulo, na verdade, ilustram um pouco o racha interno do partido. Alguns cariocas "fichados", como se chamam os que são filiados ao PSDB, quase debandaram em agosto: Elena, Bacha e Cunha. Suspenderam a retirada a pedido de Tasso. "Vou esperar a convenção", diz Bacha, que se assume "muito insatisfeito", mas prefere dar voto de confiança à proposta de reformulação da legenda. Cunha é mais incisivo: "À essa altura, somos do partido do Tasso. Não terá sentido ficar se ele sair". Luiz Carlos Mendonça de Barros propõe o inverso. "Não tenho idade para sair do PSDB e também não vejo alternativa no Novo: é um movimento característico da zona Sul do Rio, um tanto festivo, mas que não vai se viabilizar até a próxima eleição, um período decisivo para o Brasil. A hora agora é ficar e fortalecer o PSDB", diz. O estranhamento dos economistas com o partido não é de agora. Começou em 2015, quando a bancada da sigla votou contra o fator previdenciário. Seria um baque nas contas públicas, queixaram-se os economistas. Mas a posição foi defendida por parlamentares que aderiram ao "quanto pior para o governo de Dilma Rousseff, melhor". Feito o impeachment, o desconforto ressurgiu quando pipocaram relatos de corrupção envolvendo integrantes do governo de Michel Temer. As denúncias contra o presidente e Aécio causaram espanto e vergonha. A partir dali, a permanência do PSDB na base do governo se tornou tão indigesta que os incomodados começaram a pensar em sair. Muitos acreditam que o próximo da fila será Armínio Fraga. Ele não é filiado, mas tem voz no PSDB. Foi indicado como futuro ministro da Fazenda de Aécio na campanha presidencial. Assim como Gustavo Franco, aproximou-se do Partido Novo. Segundo amigos, comemorou a migração do colega como um "golaço" do Novo. Procurado, não quis fazer comentários. Alegou que já havia expressado publicamente sua posição. Em entrevista à Folha, em agosto, lamentou não ter visto "o lado mais extremo" de Aécio. "Uma tristeza", definiu. Um dos cernes da insatisfação geral é justamente a insistência de Aécio em se agarrar ao PSDB. O consenso é que ele deveria se afastar para se acertar com a Justiça. Há grande expectativa em relação ao julgamento nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal. A corte deve bater martelo se pode definir o destino de parlamentares acusados de corrupção. O resultado pode tirar Aécio do jogo e abrir espaço para um novo plano de voo. "Vai ser uma tragédia, uma perda para a sociedade, se um partido como o PSDB for irremediavelmente arrastado por investigações policiais como a Lava Jato",diz Samuel Pessôa, que também espera a convenção. | 2017-08-10 | mercado | null | http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925295-lacos-de-amizade-contem-revoada-dos-economistas-tucanos-do-partido.shtml |
Destruindo a ciência brasileira | Neste domingo (8), ia escrever sobre o prêmio Nobel de Física, entregue aos três cientistas que lideraram a descoberta das ondas gravitacionais. Mas dado o desastroso corte no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação de 44% neste ano, e outro de 15,5% previsto para 2018, o prêmio Nobel vai ter que esperar até semana que vem. Recebi a notícia e acompanhei a mídia boquiaberto. Como que, em 2017, um governo de um país de mais de 200 milhões de habitantes toma uma decisão dessas? Não é óbvio, dado o cenário econômico internacional, que o presente e o futuro do desenvolvimento de uma nação que se vê competitiva depende de forma absolutamente essencial de sua produção científica? A verba disponibilizada para a pasta do ministério é de R$ 3,2 bilhões, em torno de um terço do orçamento de quatro anos atrás. Em 2018, cai para R$ 2,7 bilhões. Ou seja, o plano do governo é desmantelar a produtividade científica do país, selando seu futuro no seu passado: uma nação extrativista, retrógrada, que baseia sua economia na agropecuária e mineração, não na criação de novas tecnologias. Verdade que existe muita ciência na agropecuária, na mineração e na exploração do petróleo, e o Brasil tem excelentes profissionais nessas áreas. A Petrobras é líder mundial na exploração de águas profundas, o que requer ciência de ponta. Mas falo aqui da economia emergente, do que vemos em empresas como Google, Tesla, SpaceX, Apple, Amazon, Samsung, LG, nas tecnologias aplicadas à medicina e farmacologia, a criação do futuro propriamente dito, da redefinição da realidade em que vivemos. Ou não vemos isso na nossa dependência total dos celulares e tecnologias digitais que transformaram de forma irreversível a sociedade, criando novos empregos que não existiam 10 anos atrás e começando a extinguir outros tantos? Cortes no orçamento científico têm um impacto que os que seus autores não entendem. Projetos complexos, que levam anos para serem realizados e para começar a dar frutos, têm de ser abandonados. Para eles, a continuidade orçamentária é vital. Caso contrário, todo o tempo, expertise e investimento vai para o lixo. Enquanto coreanos, japoneses, alemães, franceses, ingleses, chineses, indianos estão correndo cada vez mais em direção ao futuro tecnológico digital, o Brasil decide ir para trás, achando que essa solução vai resolver seus problemas orçamentários. Existem vários modos de se cortar a torta orçamentária da União, e a preferência certamente não deveria recair sobre a ciência. Que exemplo damos aos jovens que veem a ciência como uma carreira futura, que querem fazer algo para melhorar a qualidade de vida da sociedade através da tecnologia? E os que nem sabem o que é ciência, e vão ficar ainda mais isolados daquilo que ocorre no resto do mundo desenvolvido, condenados a viver no Brasil do passado, um país que compra, mas não desenvolve suas tecnologias? Historicamente, é um grande erro. Vide o que ocorreu com a Alemanha após a Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall, quando o governo americano deu U$ 13 bilhões (equivalentes a U$ 132 bilhões atuais) para a reconstrução da Europa Ocidental. Ou como os japoneses entenderam que seu futuro dependia de sua emancipação tecnológica. Talvez o melhor exemplo seja a Coreia do Sul. Após o fim da Guerra da Coreia, em 1953, o país era um dos mais pobres do mundo, com uma renda per capita de U$ 64, mais pobre do que o Congo. Houve uma infusão de fomento vinda dos EUA e do Japão, e, mais importante, um foco no treinamento de engenheiros e cientistas, as chamadas disciplinas CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática). Os coreanos sabiam que para serem competitivos no mercado internacional tinham que criar uma classe de profissionais em tecnologia de primeira linha. O resultado é o que vemos hoje, com os celulares e outros aparelhos da Samsung e LG, os carros da Kia e da Hyundai, empresas que dependem essencialmente da inovação tecnológica. Assisti, entristecido, aos depoimentos de grandes cientistas brasileiros na TV e nos jornais, lamentando a falta de visão do governo atual. O que podemos fazer? Podemos lutar contra essa visão retrógrada, falar sobre ciência sempre que possível, da sua importância, do que os cientistas brasileiros estão fazendo, ir às escolas e contar para as crianças como ciência é incrível e divertida, votar em líderes políticos que entendem a importância da tecnologia na estabilidade econômica de uma grande nação. Fora isso, devemos criar novos caminhos para o fomento à pesquisa que dependam mais da iniciativa privada e empresarial e menos do governo federal. Talvez seja hora de deixar o governo para trás antes que eles os façam, já que parece que esse é o plano que têm em mente. | 2017-08-10 | colunas | marcelogleiser | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2017/10/1924599-destruindo-a-ciencia-brasileira.shtml |
Volume de querosene de avião tem primeira alta depois de 30 quedas | A venda de querosene para aviação teve, em julho, a primeira alta desde março de 2015. O volume, em metros cúbicos, foi 1% acima do mesmo mês do ano passado. A informação é da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). "A quantidade de querosene para avião teve uma queda lenta em 2015 que se acentuou em 2016", diz Ana Mandelli, diretora do Sindicom (sindicato das distribuidoras). A melhora atual é um sinal de recuperação que deverá ser mais sustentável que o crescimento do ciclo que durou até 2014, diz ela. Isso porque as empresas ajustaram suas malhas e o número de aviões nos seus portfólios. A Latam Brasil pretende terminar 2017 com 306 aeronaves, contra 329 no ano passado. A Gol tinha 119 no começo de 2016 e 116 nesse ano. Os dados são dos relatórios trimestrais das aéreas. As quedas de vendas de combustíveis ocorreram em decorrência desse movimento das companhias. COMBUSTÍVEL PARA VOAR - Variação de vendas para aviões em relação ao ano anterior, em % As distribuidoras, que haviam feito investimentos para atender um mercado maior, reduziram suas operações. "A isso se aliou a privatização de aeroportos. As concessionárias que assumiram têm mais capacidade de execução que a Infraero, e isso exigiu aportes das empresas de combustível em adaptações físicas e em infraestrutura." O cenário agora é outro: não se esperam mais reduções das aéreas e as distribuidoras já sabem como lidar com empresas privadas que gerenciam aeroportos. * Empresa alega demora da Anvisa e desiste de fábrica no Brasil A Oxitec, de biotecnologia, acaba de desistir de trazer ao Brasil a produção de ovos de mosquitos geneticamente modificados para combater o Aedes aegypti. O motivo foi a demora da Anvisa (agência reguladora) para criar um marco regulatório para o setor e a queda dos investimentos públicos, diz Jorge Espanha, diretor-geral da empresa no país. "O Brasil era o candidato natural a receber a fábrica", afirma o executivo. A sede global da Oxitec decidiu construir a planta, de R$ 30 milhões, na Inglaterra. A empresa opera no Brasil desde 2014, quando recebeu a autorização do CTNBio (comissão de biossegurança) e instalou uma planta em Piracicaba (SP). À época, a Anvisa não se pronunciou sobre o tema, mas, em 2016, anunciou que faria uma regulamentação. Desde então, a agência não deu nenhum passo para a criação do marco. A Anvisa diz que não há novidades sobre o tema. "Vamos manter nosso plano de ampliar os contratos com cidades que têm orçamento, mas a incerteza e a situação fiscal do governo limita uma atuação maior", afirma Espanha. R$ 505 MILHÕES é o valor pela qual a Oxitec foi adquirida, em 2015, pela Intrexon, sua atual controladora 110 são os funcionários no Brasil * Cobertura de luxo A Omint, seguradora e operadora de saúde, começará a vender seguros de vida individual ainda neste ano, segundo Cícero Barreto, diretor comercial da empresa. Assim como já ocorre nos planos de saúde, o público-alvo da empresa serão clientes de alta renda, com coberturas de até R$ 30 milhões. A comercialização do produto deverá ajudar na expansão da companhia em 2018, afirma o executivo. "Temos hoje 300 corretoras e consultorias. A expectativa é triplicar esse número no próximo ano, quando passaremos a atuar em outros locais, como no interior de São Paulo e do Rio, Brasília e outras capitais", diz ele. "O segmento individual deverá representar 30% do nosso prêmio até 2019. Temos cerca de 10 mil segurados nos planos empresariais, e acreditamos que os clientes atuais poderão demandar uma cobertura adicional." * Concentração na capital A contratação de áreas em condomínios logísticos em São Paulo superou as devoluções em 36,3 mil m² no terceiro trimestre, segundo a consultoria imobiliária CBRE. As áreas mais afastadas da capital, porém, tiveram absorção líquida negativa. No raio de 30 a 60 km de São Paulo e nos locais a mais de 60 km de distância, as devoluções superaram as locações em 3.900 m² e 54 mil m², respectivamente. A necessidade das empresas entregarem mercadorias num prazo cada vez menor e a queda nos preços dos galpões mais próximos da capital reduziram a demanda por empreendimentos no interior, diz Rodrigo Couto, da CBRE. "Nas áreas afastadas a mais de 30 km de São Paulo, foram construídos condomínios com um porte maior do que era possível de se absorver em um intervalo tão curto." A taxa de vacância nos galpões se manteve estagnada no terceiro trimestre em relação ao anterior e ficou em 27,7%, segundo a companhia. CONDOMÍNIOS LOGÍSTICOS - Diferença entre a área contratada e devolvida (absorção líquida), em mil m² p(star). * Lava... Cerca de 29% das empresas têm programas anticorrupção maduros, aponta a Amcham, que ouviu 130 diretores e gerentes jurídicos. ...Jato A porcentagem é quase igual à de companhias que não têm uma estrutura de compliance (26%), diz Ana Carracedo, da entidade. Alimentação A rede americana Tony Roma's investiu R$ 6 milhões em sua nova loja no Shopping Morumbi. O plano é abrir mais 10 até 2022. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI | 2017-08-10 | colunas | mercadoaberto | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2017/10/1925184-volume-de-querosene-de-aviao-tem-primeira-alta-depois-de-30-quedas.shtml |
'O Rei da Vela', peça que marcou o teatro brasileiro, ganhará remontagem | MARIA LUÍSA BARSANELLI DE SÃO PAULO Espetáculo que marcou o teatro brasileiro e o movimento tropicalista, "O Rei da Vela" ganhará remontagem do Teatro Oficina no ano em que celebra o cinquentenário de sua estreia. Apesar da idade, a peça de Oswald de Andrade, uma crítica à burguesia, pode escandalizar hoje tanto quanto em 1967, diz o diretor Zé Celso, 80. "Ela é atualíssima." Renato Borghi, 80, retoma o papel de Abelardo 1º, agiota e dono de uma fábrica de velas, e Zé Celso também sobe ao palco, como a aristocrática sessentona Dona Poloca. Cenógrafo da primeira montagem, Hélio Eichbauer está recriando os cenários de 1967, com a mesma estrutura giratória ao centro do palco. Também serão refeitas as maquiagens originais, que remetem a palhaços (Oswald batizou o protagonista em homenagem a Abelardo Pinto, o Piolin). Além das apresentações, Borghi e Zé Celso fazem o debate "Rei da Vela: Ontem e Hoje", no dia 26 de outubro, às 20h. Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195, tel. 3095-9400. Sáb.: 19h. Dom.: 18h. De 21/10 a 19/11. 16 anos. 210 min. Ingr.:R$ 15 a R$ 50 * Madrinha A trajetória de Hebe Camargo (1929-2012) será contada em "Hebe, o Musical". Com texto de Artur Xexéo e direção de Miguel Falabella, a peça traça a história da apresentadora (papel de Débora Reis, que já interpretara a personagem em "Rita Lee Mora ao Lado", de 2014) por meio de relatos de um fã. As músicas retomam sucessos da carreira de Hebe como cantora. Teatro Procópio Ferreira. R. Augusta, 2.823, tel. 3083-4475. Qui. e sex.: 21h. Sáb.: 17h e 21h. Dom.: 18h. De 12/10 a 17/12. 12 anos. 140 min. Ingr.: R$ 50 a R$ 190 * Te perdoo por te trair Lavínia Pannunzio dirige uma versão brasileira de "Unfaithful" (infiel), peça do irlandês Owen McCfferty cuja primeira montagem estreou no Festival de Edimburgo de 2014. Passada num bar de hotel, a história entrelaça as crises de dois casais, um jovem (Luna Martinelli e Laerte Késsimos) e outro de meia-idade (Noemi Marinho e Helio Cicero). Sesc Consolação - espaço beta. R. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000. Seg. e ter.: 20h. De 9/10 a 14/1. 14 anos. 80 min. Ingr.: R$ 20 | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1925113-o-rei-da-vela-peca-que-marcou-o-teatro-brasileiro-ganhara-remontagem.shtml |
Drogas e acidente prejudicaram produção literária de Stephen King | Stephen King é, antes de mais nada, um contador de histórias. Leitor voraz desde garoto, aos 20 anos começou a vender contos para revistas. No início dos anos 1970, martelava na cabeça ideias para romances, entre elas a de uma garota perseguida por colegas de escola e a de um zelador enlouquecendo num hotel mal-assombrado. Também esboçava o que viria a ser a saga "A Torre Negra" De família de classe baixa, em 1973 ele morava em um trailer com a mulher, Tabitha Spruce, e os filhos pequenos Naomi e Joe, quando vendeu o livro "Carrie" para a editora Doubleday. Recebeu cerca de R$ 8.000. Três anos depois, apenas os direitos de vendagem dessa obra renderam a ele quase R$ 1,2 milhão. No fim da década de 1970 e no início da seguinte, o escritor best-seller se transformou em pote de ouro para os estúdios de cinema. O sucesso de "Carrie" e " O Iluminado" nas telas gerou a impressão de que qualquer livro que King escrevesse poderia ser adaptado ao cinema. E isso se tornou verdade. A aproximação com Hollywood levou o autor a se arriscar na direção. Seu filme "Comboio do Terror" (1986), baseado no conto "Trucks", foi destruído pela crítica. Na época, King enfrentava problemas com drogas e alcoolismo. Anos depois, já recuperado, conversaria abertamente sobre esse processo. Sua produção, embora ininterrupta, caiu de qualidade nesse período. Voltou à consagração nos anos 1990, quando escreveu dois roteiros com o diretor Frank Darabont. "Um Sonho de Liberdade", baseado em um de seus contos, e "À Espera de um Milagre" foram sucessos mundiais de crítica e público. Em 1999, ele foi atropelado durante uma caminhada perto de casa. Teve lesões na cabeça, pulmão e quadril, e múltiplas fraturas nas pernas. Os médicos chegaram a cogitar amputação. King levou anos em recuperação, com muita dor, e precisou de altas doses de analgésicos. De volta à forma, nos últimos anos tem acompanhado a adaptação de várias obras em séries de TV, como "Under the Dome", "11.22.63" e a recente "O Nevoeiro". | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925088-drogas-e-acidente-prejudicaram-producao-literaria-de-stephen-king.shtml |
Principais obras de Stephen King voltam em nova coleção brasileira | Stephen King ganha uma nova série de publicações no Brasil. O selo Suma de Letras iniciou a Biblioteca Stephen King com três volumes. A proposta é reimprimir os livros mais destacados do escritor, com tratamento visual diferenciado, de capa dura, e inclusão de material inédito complementar às obras. Assim, há novidades até para quem já leu e releu os volumes iniciais: "O Iluminado" (lançado originalmente em 1977), "Cujo" (1981) e "A Hora do Lobisomem" (1983). "O Iluminado" (R$ 64,90, 520 págs.) traz Jack Torrance, um escritor fracassado e alcoólatra que aceita ser zelador do hotel Overlook durante o inverno. Isolado pela neve, ele, a mulher e o filho são aterrorizados por forças malignas que habitam o local. "O Iluminado" tem o mais atraente material extra desse lote inicial da coleção. O manuscrito original continha um prólogo ("Antes do Ato") e um epílogo ("Depois do Ato"), que narravam a história do hotel Overlook, cortados da versão final. O prólogo foi publicado em 1982, na revista americana "Whispers", mas o epílogo foi dado como perdido. Reapareceu no manuscrito comprado por um colecionador. Assim, prólogo e epílogo estão na nova edição brasileira. "Cujo" (R$ 54,90, 376 págs.) é a história de um cão são-bernardo de 90 quilos que ameaça um garoto e sua mãe. O componente fantástico é que a trama joga uma dúvida: o cachorro Cujo fica tão endiabrado porque foi mordido por um morcego transmissor de raiva ou porque foi tomado pelo espírito de um serial killer morto na cidade? A edição de "Cujo" da Biblioteca Stephen King traz como bônus entrevista do autor à revista "The Paris Review". ILUSTRAÇÕES NOVAS King concentra em "A Hora do Lobisomem" (R$ 44.90, 152 págs.) muitos dos elementos clássicos do mito do homem que se transforma em lobo, como a influência da lua cheia e a bala de prata para matá-lo. O escritor inclui também um personagem recorrente em seus romances: o garoto intrépido. O jovem paraplégico Marty é o único que conhece a verdadeira identidade do lobisomem. O livro original tem ilustrações de Bernie Wrightson (1948-2017), grande nome dos gibis. Foi um dos criadores de "O Mostro do Pântano" e trabalhou para Marvel e DC. Para a nova edição brasileira, que traz o trabalho de Wrightson, quatro ilustradores fazem suas versões para alguns de seus desenhos. São eles: Giovanna Cianelli, Rafael Albuquerque, Rebeca Prado e Lucas Pelegrineti. O quarto volume da coleção, "A Incendiária" (1980), sai no próximo ano. * IDEIAS DE KING COMPRIMIDAS EM TUÍTES "Carrie, a Estranha" Garota sofre bullying no colégio, é humilhada no baile e começa a revidar violentamente usando poderes telecinéticos contra os alunos que a perturbam "O Iluminado" Escritor aceita emprego de zelador num hotel tenebroso. Seu filho é aterrorizado por acontecimentos ruins ocorridos no lugar e o zelador vai enlouquecendo "A Hora da Zona Morta" Homem tem visões do futuro ao tocar nas pessoas. Quando cumprimenta um político em campanha, vê um destino apocalíptico para a Terra se ele for eleito "Cujo" Casal em crise e filho de quatro anos são ameaçados por um cão são-bernardo que pode estar com raiva ou possuído pelo espírito de um homem assassinado "Christine, o Carro Assassino" Adolescente perseguido pelos colegas na escola tem um carro Plymouth 1958 que ganha personalidade própria, feminina e mata os inimigos de seu dono "Cemitério Maldito" Lendas dizem que enterrar um bicho de estimação num antigo cemitério de animais é capaz de ressuscitá-lo. Pai tenta fazer o mesmo com filho atropelado "It: A Coisa" Garotos se unem para combater entidade maligna que surge para eles na figura de um palhaço. Anos depois, adultos, voltam à cidade para enfrentá-lo "A Hora do Lobisomem" Polícia de uma cidadezinha persegue um assassino violento, suposto psicopata, mas garoto sustenta que os crimes são cometidos por um lobisomem "Louca Obsessão" Leitora alucinada sequestra e tortura violentamente seu escritor favorito para que ele continue escrevendo só para ela as histórias de um de seus personagens "À Espera de um Milagre" Carcereiro branco é levado a acreditar que prisioneiro negro e misterioso no corredor da morte tem poderes sobrenaturais e tenta evitar sua execução "Under the Dome" Habitantes de uma cidade interiorana acordam um dia com uma cúpula transparente e impenetrável cobrindo o lugar, isolando todos do resto do mundo "Belas Adormecidas" As mulheres do mundo vão dormir e não acordam mais, todas desenvolvendo um tipo de casulo em volta da cabeça. Os homens não sabem o que fazer | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925108-principais-obras-de-stephen-king-voltam-em-nova-colecao-brasileira.shtml |
Formato global | Eles estão convictos de que a Terra é plana, de que a gravidade não existe e de que está em curso um complô de cientistas e agências governamentais para nos convencer do contrário. Essa constitui mais uma das tribos exóticas que passaram a existir ou ganharam visibilidade com a internet. No caso em tela, os movimentos terraplanistas modernos existem pelo menos desde os anos 50 e têm raízes no fundamentalismo bíblico; parecem viver, porém, um surto inflacionário, com proliferação de sites em que pretendem provar cientificamente que estão certos. De tão absurda e facilmente desmontável, a tese nem mereceria comentário se esse tipo de coletividade virtual não fosse sintoma de um fenômeno mais geral que envolve o relacionamento de grupos no mundo digital. Pelo lado positivo, ninguém mais está condenado à solidão. Ao conectar mais de 3 bilhões de pessoas em torno de qualquer tema, a internet torna quase impossível que até o mais heterodoxo dos pensantes não encontre alguém que defenda ideias tão excêntricas quanto as suas. Isso se aplica a inclinações políticas, gostos artísticos, preferências sexuais. Trata-se de alternativa formidável a quem se vê incompreendido ou mesmo rejeitado por familiares e vizinhos. Há, contudo, uma faceta menos brilhante nessa tendência. Devido a efeitos psicológicos frequentes nas interações entre indivíduos que pensam de forma muito semelhante e se isolam dos demais, não é incomum que tais comunidades se tornem cada vez mais radicais e descoladas da realidade. Sob esse aspecto, o exemplo dos terraplanistas se afigura quase benigno. Suas ideias têm reduzido impacto prático e baixíssima chance de viralização. Muito mais perigosas são as teses defendidas por militantes antivacinação ou mesmo por facções terroristas como o Estado Islâmico, que também se valem da rede mundial de computadores para difundir sua mensagem, conquistar e orientar adeptos. Aqui, toda a sociedade corre risco. Também nesse caldo de cultura brotam as famigeradas "fake news", notícias falsas criadas pela má-fé e propagadas em meio à balbúrdia informativa. Boatos, teses estapafúrdias, teorias conspiratórias e ideologias tóxicas, claro, sempre circularam pelo mundo; agora, encontraram um veículo ideal de difusão. O terraplanista, de todo modo, é um preço razoável a pagar pela expansão das possibilidades de nos expressarmos sem amarras. [email protected] | 2017-08-10 | opiniao | null | http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925264-formato-global.shtml |
Catavento e Lanchonete da Cidade estão entre as dicas da atriz Pietra Quintela para curtir SP | DE SÃO PAULO A atriz Pietra Quintela, 10, dá dicas do que fazer em São Paulo. Moradora do Cidade Jardim, na região oeste, ele mostra lugares onde mais gosta de ir para brincar e se divertir. Confira: * 1. 'Castelo Rá-Tim-Bum' Adoro musicais! O último que fui ver foi o "Castelo Rá-Tim-Bum". Minha mãe assistia ao programa quando era mais nova e sempre me falou que era muito legal. Então já conhecia as músicas e os personagens, gostei bastante. Teatro Opus. Av. das Nações Unidas, 4777, Alto de Pinheiros. Sáb. e dom.: 11h e 16h. Ingr.: R$ 50 a R$ 120. * 2. Filme 'Como Nossos Pais' Costumo ir ao cinema do shopping Cidade Jardim. Acabei de ver "Como Nossos Pais". A história é bonita, mostra a relação entre mãe e filha. E tem no elenco a Sophia Valverde, que está na novela "As Aventuras de Poliana", em que estreei como atriz. Veja salas e horários em guia.folha.com.br (classificação: 14 anos; menores podem ir acompanhados dos responsáveis). * 3.Lanchonete da Cidade Gosto de comer hambúrguer, principalmente na Lanchonete da Cidade. Costumo ir quando alguma amiga vem me visitar em casa. Se estamos na dúvida sobre o que pedir, é fácil decidir: gostamos de tudo, porque todo mundo adora hambúrguer! Outro lugar legal é o Stunt Burger. Al.Tietê, 110, Jardins, tel. 3086-3399. * 4. By Koji É o meu restaurante preferido. Serve comida japonesa, dentro do Morumbi, com vista para o campo do meu time, o São Paulo. Sou são-paulina desde pequena. Normalmente, vou lá para comer mesmo, mas também já vi jogos. Como um pouco de tudo. Peço a sequência que tem várias coisas e gosto de peixe cru. Pça. Roberto Gomes Pedrosa, 1, Jd. Leonor, tel. 3624-7710 * 5. Catavento Cultural Já fui com a minha mãe e com a escola, e gostei porque amo tudo o que tem relação com tecnologia. Ciências é uma das minhas matérias preferidas no colégio! Minha parte favorita é o gerador de Van de Graaff. Quando coloquei a mão na bola prateada e todo o meu cabelo ficou arrepiado, fiquei abismada! Av. Mercúrio, s/nº, Pq. Dom Pedro 2º, tel. 3315-0051. | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924759-atriz-mirim-pietra-quintela-indica-seus-passeios-favoritos-em-sao-paulo.shtml |
Aprovação de Doria recua também entre moradores de bairros nobres | Ao completar dez meses à frente da Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) experimenta uma espécie de "efeito rebote" da opinião pública. No processo eleitoral que culminou com sua vitória, o tucano conquistou primeiro o eleitorado mais rico e escolarizado da cidade para, só na véspera do pleito, alcançar estratos mais carentes na periferia, especialmente na zona leste. A queda de sua popularidade agora apresenta movimento inverso –já tinha sido detectada como tendência desde abril entre os de menor renda e de extremos da cidade, mas começa hoje a se manifestar entre os mais ricos e escolarizados. Na área da zona leste, que agrega distritos como Itaquera, São Miguel, Aricanduva e Cidade Líder, a aprovação a Doria já consolidava variação negativa de 12 pontos percentuais até o mês de junho. Na região norte mais distante, que reúne bairros como Perus, Brasilândia e Pirituba, a queda consolidada também chegava a dez pontos no mesmo período. No centro expandido, essa mudança só é expressiva agora, depois de dez meses de gestão. Como há alta correlação entre o grau de escolaridade e renda com os bairros onde os entrevistados moram, o padrão de prejuízo à imagem do prefeito se repete a partir dos menos escolarizados e com menor renda até chegar agora nos que têm nível superior e que ganham mais de dez salários mínimos. Nestes dois estratos, nos últimos quatro meses, a aprovação a Doria caiu 15 e 8 pontos, respectivamente. mais pobres Mas o prefeito continua sendo muito pior avaliado entre os mais pobres -a participação do segmento dos que recebem até dois salários mínimos de renda familiar na composição de sua taxa de reprovação supera a média na população em mais de dez pontos percentuais. E, apesar da queda, a aprovação do tucano continua bem mais expressiva entre os que possuem renda superior a dez salários mínimos, onde ainda conta com o apoio da maioria. Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria Por regiões, a avaliação positiva é mais nítida na zona oeste, que reúne bairros como Perdizes, Itaim Bibi, Jardim Paulista e Morumbi, como também na área mais rica da zona sul, que agrega distritos como Vila Mariana, Ipiranga e Moema. As principais razões para a queda de popularidade do prefeito são a crescente percepção dos paulistanos de que Doria frustra expectativas de governo como também a sensação de que o tucano se preocupa mais consigo do que com a cidade. Quanto ao primeiro aspecto, nota-se um aumento importante, de 11 pontos percentuais, na taxa dos que dizem que o prefeito fez menos pela cidade do que esperavam. O índice vai se aproximando do percentual elevado de paulistanos que não enxergam melhorias no seu bairro já há algum tempo. Quanto menor a diferença entre os dois resultados -que já foi de 28 pontos e agora está em 11- menor também os reflexos da propaganda oficial sobre a opinião do eleitorado. Sobre o segundo ponto, a ideia de que o prefeito viaja mais do que deveria fazendo campanha eleitoral, e que isso pode trazer mais prejuízos do que benefícios para o município, gera rejeição à sua eventual candidatura para presidente e cobrança de compromissos assumidos junto a seus eleitores. Seu padrinho eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB), assume a preferência dos moradores da capital para a disputa, inclusive entre os simpatizantes do partido, onde consegue 55% das indicações. Se não corrigir estratégias, inclusive na redes sociais, onde é seguido especialmente pelos mais ricos e escolarizados, Doria corre o risco de se transformar no oposto daquilo que vendeu -pode revelar-se um político tradicional que age mais por interesses próprios do que pelo interesse de seus representados. | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925271-aprovacao-de-doria-recua-tambem-entre-moradores-de-bairros-nobres.shtml |
Como diferenciar ruídos que indicam problema no carro de barulhos comuns
| LEANDRO ALVARES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Quem gosta de automóvel barulhento? Na maioria das vezes, os ruídos indicam que há algo de errado. "Apitos ao pisar no freio, rangidos metálicos e outros sons são frequentes ao longo da vida de um carro e devem ser diagnosticados por um mecânico o quanto antes, diz Gerson Burin, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária). O gerente de operações Eduardo Oliveira, 35, não seguiu essa recomendação. Mesmo ouvindo um chiado ao pisar no freio de seu Honda Civic 2009, atualmente com 128 mil quilômetros rodados, demorou dez dias para levar o sedã à oficina. "Estava incomodado com o barulho e as vibrações do carro. Além de substituir as pastilhas de freio, foi preciso trocar os rolamentos e os cubos das rodas traseiras, gastei R$ 1.600", diz Oliveira. O mecânico Clealdo Oliveira de Souza, da BR Car, ressalta que o comprometimento dos cubos pode travar as rodas do veículo e ocasionar um acidente grave. "Os motoristas demoram a fazer a manutenção mesmo quando esses componentes começam a fazer barulho." Se o ruído vier do limpador de para-brisa, a solução é fazer a troca da peça. "A substituição custa menos que reparar riscos no vidro causados pelas palhetas gastas", diz o coordenador do Cesvi. Conhecidos como "grilos", os sons chatos que surgem na cabine –geralmente por culpa das vias esburacadas– também merecem atenção. "Barulhos no painel ou no porta-malas causam apenas incômodo aos ocupantes, mas às vezes o rangido interno pode vir da ruptura de um ponto de solda da carroceria, devido ao nível de torção", explica Evilácio Souza Filho, dono da oficina PapaGrillos. * De onde vêm e o que indicam os barulhos do carro 1. PALHETAS DOS LIMPADORES O ressecamento das borrachas causa um ruído bastante incômodo, especialmente quando o limpador permanece acionado por um longo tempo Qual o risco? Palhetas gastas podem arranhar o para-brisa, além de criar uma lâmina d'água que atrapalha a visão sob chuva Manutenção O valor de um novo par varia de R$ 70 a R$ 180 para um hatch compacto 2. SUSPENSÃO Rangidos estruturais da carroceria ou batidas mais secas ao passar por buracos podem indicar problemas nas buchas ou nos pivôs das rodas. Quando essas partes estão com folga ou ressecadas, ouve-se um "nhec, nhec" Qual o risco? Rodar com a bucha danificada acelera o desgaste de outros componentes, como os pneus. No caso de um pivô se romper, há risco de a roda se soltar Manutenção: Para carros compactos, a troca de um pivô mais o custo do serviço sai por R$ 200 em oficinas independentes. Para as buchas, o serviço completo é estimado em R$ 180 3. SISTEMA DE DIREÇÃO Um ruído agudo ao esterçar o volante em uma manobra mostra que o fluido de direção hidráulica deve estar abaixo do nível recomendado pela montadora. O problema pode estar relacionado também à falta de lubrificação das articulações Qual o risco? O volante fica mais rígido, dificultando as manobras Manutenção: De R$ 80 a R$ 320 4. "GRILOS" Eles surgem em diversas partes do carro, quase sempre por causa das ruas esburacadas. Portas, painel, tampa do porta-malas, teto e pontos de solda rompidos são focos de ruídos Qual o risco? O maior problema é o desconforto acústico na cabine Manutenção: Varia de acordo com o nível de ruído. Os sons indesejáveis emitidos por uma porta, por exemplo, são eliminados por R$ 150. Reparos de solda em uma coluna podem chegar a R$ 480 5. ESCAPAMENTO Avarias no catalisador ou nos abafadores fazem o veículo parecer um carro de corrida de tanto barulho Qual o risco? O vazamento de ar do sistema de escapamento pode alterar os parâmetros de análise do motor, aumentando o consumo e a emissão de poluentes Manutenção O custo aumenta de acordo com a parte que precisar ser trocada. Nas oficinas consultadas, os preços vão de R$ 180 a R$ 1.500 6. CORREIAS O desgaste pode ser percebido pelo ruído de patinação entre a peça de borracha e a polia Qual é o risco? O rompimento da correia de acessórios compromete o funcionamento do alternador (peça que recarrega a bateria) e, em casos extremos, impede o funcionamento do sistema de arrefecimento do motor. A luz vermelha da bateria acende no painel do carro indicando que algo de errado ocorreu. No caso da correia dentada, a quebra pode comprometer todo o motor Manutenção: Em carros compactos, a troca da correia de acessórios deve ser feita, em média, a cada 40 mil quilômetros, ao custo de R$ 80. A dentada e seus tensionadores, após 50 mil quilômetros, por cerca de R$ 330 7. VIDROS O ruído semelhante a algo sendo riscado pode surgir ao longo do tempo no processo de abertura e fechamento das janelas Qual o risco? A janela pode emperrar, o que será um problema se não estiver completamente fechada Manutenção: Na maioria dos casos, a aplicação de pó de grafite, que custa entre R$10 e R$ 20 em lojas especializadas e supermercados, resolve 8. ROLAMENTOS E PNEUS A fadiga dos rolamentos de roda é identificada pelo ronco emitido com o carro em movimento. Os pneus também podem trazer ruídos indesejáveis à cabine caso tenham sofrido desgaste irregular Qual o risco?A folga dos rolamentos pode levar ao travamento das rodas, e os pneus irregulares aumentarão o consumo de combustível, além de comprometer a estabilidade Manutenção: Recomenda-se fazer uma inspeção dos rolamentos a cada 20 mil quilômetros. Caso seja preciso trocá-los, o serviço custa a partir de R$ 100. Para o alinhamento e balanceamento dos pneus, o gasto será de R$ 120 para modelos populares 9. SISTEMA DE FREIOS O atrito entre os componentes é a causa daquele apito chato que se ouve ao frear. Na maioria dos casos, o som indica que a pastilha está gasta e precisa ser trocada. Porém, pastilhas novas também podem emitir ruídos durante a frenagem, problema que deve ser resolvido em garantia Qual o risco? Se as pastilhas estiverem gastas, o poder de frenagem será menor Manutenção: A revisão do sistema de freios com troca de pastilhas sai por R$ 165 para um veículo popular. Se for necessária a troca dos discos dianteiros, a conta terá um acréscimo de R$ 120 Fontes: Cesvi Brasil/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária da Mapfre) e oficina PapaGrillos | 2017-08-10 | sobretudo | rodas | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/rodas/2017/10/1925098-como-diferenciar-ruidos-que-indicam-problema-no-carro-de-barulhos-comuns.shtml |
Arquitetos pop e investimento em arte tentam deixar Cingapura mais 'cool' | Em uma cidade-Estado conhecida pelo planejamento minucioso a longo prazo, o embelezamento não tem nada de orgânico. Na última década, em Cingapura, as pranchetas mais requisitadas da arquitetura mundial projetaram de shoppings a condomínios, de torres de escritórios a complexos multiuso. Arquitetos globais como Toyo Ito, Norman Foster, Daniel Libeskind, Zaha Hadid, Rem Koolhaas, Moshe Safdie e Bjarke Ingels receberam encomendas e mudaram boa parte do distrito financeiro surgido nas últimas décadas em novos aterros –o território do país cresceu 30% em cinco décadas. Em vez dos espelhados genéricos e dos neoclássicos falsos que deixam a Faria Lima e a Berrini com cara de subúrbio do Texas, os novos arranha-céus de Cingapura têm jardins verticais, terraços com árvores, arcadas formadas por pilotis, além de lojas e bancos ao ar livre nos seus térreos. A maior atração é o novo jardim botânico Gardens by the Bay, famoso por suas duas estufas gigantes feitas de vidro grosso que dispensa colunas e climatizadas pelo uso abundante de água. O parque é um respiro em uma cidade com temperaturas sempre na casa dos 30 graus e umidade relativa superior a 80%, padrão Manaus. A piscina de horizonte infinito do hotel Marina Bay Sands e uma roda gigante de 165 metros de altura, a mais alta do mundo, são os mirantes dessa transformação. CORBUSIER NOS TRÓPICOS Com 80% da população de 5,6 milhões de pessoas vivendo em conjuntos habitacionais, construídos pelo governo sem prezar pelos traços nem se importar com a monotonia, a metrópole ultracapitalista lembrava a estética soviética das cidades chinesas. Para quem acha que Brasília representa o ápice das ideias urbanísticas do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, vale checar o modernismo desta ilha entre a Malásia e a Indonésia. Os conjuntos habitacionais são superquadras com espigões sobre pilotis, cercadas por muito verde e conectadas por vias expressas. Mesmo com pedágio urbano e licenciamento caríssimo para dirigir, Cingapura está longe de ser uma cidade caminhável (não só por causa do clima). Para cruzar muitas de suas avenidas, há passarelas cheias de degraus que triplicam o trajeto de uma calçada a outra e deixam os pedestres em segundo plano. JEJUM ARTÍSTICO Mais conhecida por seus shoppings que por sua vida cultural, Cingapura tem museus dedicados a brinquedos, a gatos, um de cera (o caça-níqueis Madame Tussauds) e até um que abriga mostras temporárias dedicadas a Harry Potter e ao Titanic. Para compensar esse jejum artístico, foi aberta no final de 2015 a Galeria Nacional de Cingapura, especializada em arte do Sudeste Asiático. Com 64 mil m² (o triplo da Pinacoteca paulistana) e ótimos espaços, custou o equivalente a R$ 1 bilhão. É um retrofit das antigas prefeitura e Suprema Corte da era colonial britânica, feito pelo arquiteto francês Jean-François Milou. Como em qualquer museu com menos de dois anos de funcionamento, a coleção não é o forte –o maior destaque foi uma retrospectiva de Yayoi Kusama. No salão infantil, crianças se esbaldaram com as referências da artista japonesa. Mais de 1,5 milhão de pessoas visitaram o museu nos últimos 12 meses. A entrada é gratuita para cidadãos locais, mas cobrada para os turistas, que representam 30% dos visitantes. ESPÓLIO LONDRINO No final de agosto, foi lançada a campanha "Passion made possible" (fazendo a paixão possível), uma série de vídeos que tenta vender uma imagem cool de Cingapura. Segundo línguas bem informadas, mais que atrair turistas, o pequeno país de 719 km² quer competir com Hong Kong e Nova York pelos banqueiros que estão deixando Londres por causa do 'brexit'. Para isso, vale uma repaginada arquitetônica e o investimento na promoção de artes. Mas a fama de cidade certinha e sem bossa vai depender de mais ginga das autoridades, já que até a pequena Parada LGBT local é tratada como uma ameaça à segurança nacional. Confinada a uma praça, pois a marcha é proibida, os participantes tiveram que passar por detectores de metal e apresentar documentos para atravessar o cerco policial. A participação de estrangeiros foi vetada, devido ao caráter "político" da manifestação. RAUL JUSTE LORES, 41, repórter especial da Folha, é autor de "São Paulo nas Alturas" (Três Estrelas). | 2017-08-10 | ilustrissima | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/10/1924906-arquitetos-pop-e-investimento-em-arte-tentam-deixar-cingapura-mais-cool.shtml |
Educar aluno não é apenas ensinar conteúdo, diz professor de Harvard | "As escolas existem para educar os alunos, não para servir aos interesses de adultos que trabalham com eles, políticos ou outros grupos". No entanto, segundo Fernando Reimers, 58, autor da frase e diretor do Programa de Políticas de Educação Internacional da Universidade Harvard, essa lógica muitas vezes é invertida. Um exemplo de desvio ocorre quando são indicadas a cargos da área "pessoas leais, sejam talentosas ou não". "Isso é lamentável porque reduz a profissionalização da educação e as oportunidades para que os alunos aprendam", diz Reimers, que nasceu e cresceu na Venezuela. Ele esteve em São Paulo em setembro para divulgar o livro "Empoderar crianças e jovens para a cidadania global", recém-publicado em português pela Fundação Santillana e pela Editora Moderna. A obra propõe um currículo para o desenvolvimento de competências globais, como a capacidade de pensar em soluções para problemas que ameaçam a humanidade, e habilidades socioemocionais, como criatividade e empatia. * Folha - A educação global tem se tornado mais importante? Fernando Reimers - A aceleração da globalização está aumentando a necessidade de que todos entendam como é viver em um mundo cada vez mais integrado. O Fórum Econômico Mundial publica todos os anos um relatório sobre os maiores riscos que a humanidade enfrenta. O mais recente identifica eventos climáticos extremos, migração involuntária em larga escala, grandes desastres naturais, ataques terroristas de grande dimensão e incidentes maiores de fraudes de dados como os maiores riscos. É fácil ver como o comportamento humano está no centro de cada um deles. Nenhum deles é inevitável, todos resultam de escolhas do homem sobre preveni-los ou não, ou como mitigar impactos. A educação para a cidadania global é essencial para vivermos em um mundo inclusivo de forma sustentável. Há quem veja o Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia] e a eleição de Donald Trump nos EUA como sinais de um retrocesso na globalização. Isso reduz o apelo por uma educação desse tipo? De fato, um crescente populismo, nos EUA e em outros países, desafia a ordem global criada depois da Segunda Guerra com o estabelecimento das Nações Unidas para facilitar a colaboração entre as nações. As fontes desse populismo incluem o descontentamento criado pela globalização, talvez pela rapidez com que transformou comunidades e nações; as persistentes desigualdades econômicas e sociais; e a incerteza causada pelas mudanças geradas pela automação e pelo comércio. Há também um descontentamento crescente com instituições e uma desconfiança crescente em relação a especialistas e elites. Ainda não sabemos aonde esse populismo nos levará. Se a história nos serve de algo, ele prejudicará as instituições econômicas e democráticas, e, em casos extremos, levará à instabilidade social, violência e ao rompimento da democracia. Devemos esperar que instituições globais e acordos como os objetivos de desenvolvimento sustentável, ou a declaração universal dos direitos humanos, serão desafiados. Isso ameaça perspectivas de paz e sustentabilidade. Também é provável que a educação para a cidadania global se torne mais contenciosa. Por que o debate sobre a importância das chamadas habilidades socioemocionais na educação tem ganhado fôlego? Há um crescente reconhecimento de que a boa educação precisa ser holística. Educar alunos para a vida demanda não só ensiná-las conteúdo, mas que elas aprendam a viver, administrar suas vidas, e se relacionar com os outros. O currículo que vocês propõem contempla essas habilidades? Sim. Nós desenvolvemos um modelo de competência que inclui ética, conhecimento, competências sociais, autoconhecimento e modelos de pensamento alinhados ao desenvolvimento de capacidades que ajudariam os alunos a desenvolver uma consciência global e entender os desafios globais mais críticos. O Curso Global foi inicialmente feito para a Avenues, uma escola de elite. Como é possível adaptá-lo para outros contextos socioeconômicos? Desde que publicamos o livro em inglês em agosto de 2016, milhares de professores e escolas, públicas e privadas, nos EUA e em outros países, o têm usado para apoiar seus esforços para educar cidadãos globais. Como estou em contato com muitos desses professores, ficou claro que uma versão mais simples do currículo era necessária para facilitar a adoção em larga escala. Educadores que trabalham em áreas menos favorecidas às vezes alegam ser difícil adicionar novos componentes aos currículos escolares quando já é difícil ensinar o básico, como matemática e português. Eles estão certos? A questão central que deveria guiar nossos esforços educacionais é como ir de encontro às necessidades dos alunos e empoderá-los para que se tornem os arquitetos de suas próprias vidas e possam contribuir para suas comunidades. As escolas existem para educar os alunos, não para servir aos interesses de adultos que trabalham com eles ou na administração educacional, políticos ou outros grupos. Certamente, deveríamos ouvir os professores quando expressam as limitações que sentem em sua capacidade de ensinar o currículo. É compreensível que alguns professores talvez precisem de apoio sob a forma de desenvolvimento profissional. Esse apoio deveria ser providenciado. Mas o fato de que algo é desafiador não deveria significar que não pode ser feito. Esse equívoco sobre o papel da educação ocorre com frequência? A educação pública é a maior organização em muitos países. É uma instituição boa para ajudar os estudantes a aprenderem, mas também emprega pessoas, compra bens e serviços e permite que os governos avancem com suas agendas. Idealmente, esses objetivos estão bem alinhados. Por exemplo, um governo poderia avançar com sua legitimidade indicando indivíduos muito capazes para liderar o setor. Algumas vezes, no entanto, o governo indica pessoas que são fiéis a ele, capazes ou não. Isso é lamentável porque reduz a profissionalização da educação e as oportunidades para que os alunos aprendam. Como convencer formuladores de políticas públicas de que seus esforços para implementar um currículo como o Curso Global serão recompensados? O objetivo é garantir que as escolas estejam ensinando de uma forma que seja relevante para o mundo em que os estudantes viverão. É possível gastar muito tempo administrando esforços para aumentar a capacidade das escolas para melhorar seu desempenho em metas que são cada vez mais irrelevantes para os tempos em que vivemos. Isso acontece muito? Sim, acho que a maioria dos sistemas que desenvolvemos para prestação de contas têm instituições e indivíduos que são responsabilizados por atingir metas bem estabelecidas e aceitas, mas não controversas. Eles encorajam as pessoas a se esforçar atingindo metas do passado ou do presente, mas não do futuro. Avançar com uma educação para formar cidadãos globais é preparar alunos que entendam as tendências globais atuais e como elas influenciarão suas vidas. Precisamos de líderes que entendam esse objetivo. Isso seria liderar para a relevância. Em contraste, criar condições para que os alunos aprendam a ler é também importante, mas é muito mais fácil por se tratar de um objetivo bem estabelecido, tradicional e não controverso. | 2017-08-10 | educacao | null | http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/10/1925283-educar-aluno-nao-e-apenas-ensinar-conteudo-diz-professor-de-harvard.shtml |
Advogado explica as regras sobre venda de férias para a empresa
| DE SÃO PAULO Renato Canizares, sócio da Demarest Advogados, explica as principais regras sobre venda de férias para a empresa. * LIMITE O empregado pode vender até um terço dos dias de férias a que tem direito –ou seja, até dez dos 30 dias previstos na lei. PRAZO O abono deve ser solicitado até 15 dias antes do término do período aquisitivo, que consiste nos doze meses de trabalho que dão direito às férias. DINHEIRO O pagamento deve ser feito pela empresa até dois dias antes do recesso. Para calcular o valor, o funcionário deve somar um adicional de um terço ao salário e dividir por 30. Depois, multiplicar o valor por dez dias. REFORMA A nova legislação trabalhista, que entra em vigor em 11 de novembro, não vai mudar as regras sobre venda de férias. | 2017-08-10 | sobretudo | vida-pratica | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/vida-pratica/2017/10/1925101-saiba-as-regras-sobre-venda-de-ferias-para-a-empresa.shtml |
Em 'Dia na Cozinha', crianças aprendem a escolher ingredientes e a modelar massas | DE SÃO PAULO No Eataly, no próprio dia dos pequenos, quinta-feira (12), eles poderão participar do "Dia das Crianças na Cozinha" (R$ 100), em que aprendem a escolher ingredientes, modelar massas e acertar o ponto de cozimento. A receita do dia será nhoque de chocolate com calda de brigadeiro e morangos —para petiscar, haverá as focaccias da casa. Os ingressos estão à venda em foodpass.com.br. Também acontece, todo mês, o "Kids Tour" no mercado, em que as crianças visitam padaria, peixaria, produção de pasta fresca e fábrica de queijos do Eataly (R$ 90 crianças maiores de 6 anos e R$ 135 menores de 6 anos acompanhadas dos pais). Há degustações de pães, mozarela, peixe, frutas e sucos, além de brincadeiras e mão na massa. Reservas pelo e-mail: [email protected]. | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924731-em-dia-na-cozinha-criancas-aprendem-a-escolher-ingredientes-e-modelar-massas.shtml |
Moradores da zona oeste são os mais satisfeitos de São Paulo, diz pesquisa
| RAFAEL ANDERY COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A zona oeste é a melhor região para viver na cidade de São Paulo. Ao menos para 63% de seus próprios moradores, segundo levantamento feito pelo Datafolha. Já para os paulistanos de um modo geral, a região é a última nesse quesito (13%), de acordo com a mesma pesquisa, realizada entre 10 e 12 agosto com 493 pessoas. A zona sul lidera, com 32%. A opinião dos moradores tem sua razão de ser. Atendida por três linhas de metrô, a zona oeste apresenta uma boa infraestrutura de transporte, importantes museus e centros culturais –incluindo o Tomie Ohtake e o Museu da Imagem e do Som– e vida noturna disputada. O que atraiu a atenção da construtora Kauffmann para a região, no entanto, foi o Parque do Povo, aberto em 2008. "O que faz o nosso empreendimento ser verdadeiramente diferenciado é a proximidade com o parque", diz Luiz Roberto Kauffmann, diretor da empreiteira, referindo-se ao edifício Celebrity Itaim Bibi, na rua Dr. Mário Ferraz, que foi construído a 800 metros da área verde. A proximidade de centros de negócios é outro fator que atrai moradores para a região. "Os compradores geralmente são jovens solteiros em ascensão profissional, muitos deles do ramo financeiro, que querem morar próximo da avenida Faria Lima", afirma Kauffmann. "Eles querem, basicamente, morar bem e ter acesso a facilidades", acrescenta. TUDO A PÉ "Aqui a localização é bem central, consigo fazer tudo a pé, desde ir ao trabalho até aproveitar o final de semana", afirma ela, que encara quase uma hora de caminhada até o trabalho. A centralidade do bairro também atraiu a construtora You, Inc, que já lançou mais de 650 apartamentos na zona oeste e agora está construindo dois empreendimentos a poucos metros de distância um do outro, em Pinheiros: o You Collection João Moura e o You Collection Alves Guimarães. Para Rodrigo Guedes, diretor comercial da construtora, o fácil acesso ao transporte e a importantes vias de circulação é fundamental na hora de conquistar compradores, mas há algo a mais. "O público dessa região quer morar em um lugar alinhado com seu estilo de vida. São bairros que proporcionam aos seus moradores diversas opções de restaurantes, lojas e eventos culturais." PRESERVAÇÃO Se novos moradores flertam com a região pela sua oferta de atividades no fim de semana, o apego de outros é mais antigo. A presidente da Associação de Amigos e Moradores do Bairro de Sumaré, Lucia Tavares, 52, vive lá desde que tinha oito anos, com alguns intervalos morando em outros locais. "Cresci numa época em que se brincava na rua, então tenho o bairro como uma extensão da minha casa", diz. "Ele ainda é muito arborizado, com muitas praças, coisas que a gente não encontra mais com muita facilidade", afirma ela, que luta pela manutenção das características antigas do Sumaré. "O foco da nossa associação é a preservação do bairro, das suas áreas verdes e da sua ocupação residencial." Ela estima que aproximadamente 20% dos moradores contribuam de alguma maneira com a associação. | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925120-moradores-da-zona-oeste-sao-os-mais-satisfeitos-de-sao-paulo-diz-pesquisa.shtml |
Reforma política deve inibir candidaturas majoritárias | As indefinições sobre a reforma política, discutida por meses no Congresso, atrasaram as discussões sobre as estratégias para 2018. Um dos fatores de influência foi a aprovação da cláusula de barreira, que impõe um mínimo de 1,5% dos votos na eleição à Câmara para que uma legenda tenha acesso a fundo eleitoral e tempo de propaganda de rádio e TV. Veja as candidaturas a governador discutidas para as eleições de 2018 Essa medida, segundo dirigentes partidários, deve inibir o lançamento de candidaturas majoritárias (ao governo e ao Senado) nas legendas de pequeno e médio porte. Roberto Freire, presidente do PPS, diz que a prioridade será aproveitar os bons nomes do partido para disputar vagas na Câmara, "até que se consiga superar a cláusula de barreira e preparar o partido para futuras eleições". "Com uma bancada forte de parlamentares, você tem condição de melhor desempenho em eleições por conta do tempo de TV", afirma. A decisão do Congresso de manter o sistema proporcional nas eleições para deputado e adiar para 2020 a proibição das coligações também terá efeito sobre o planejamento dessas legendas. Se o sistema fosse alterado para o distritão, o PRB cogitava lançar o deputado Celso Russomanno (SP) ao Senado. O modelo mantido pelos parlamentares, no entanto, é mais favorável a uma candidatura à Câmara, uma vez que Russomanno poderá desempenhar mais uma vez o papel de "puxador de votos". PROCESSOS O impacto de processos judiciais sobre a classe política representa outro fator de incerteza, a exemplo do impasse que ameaça o PT e a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência. Ao menos nove governadores em exercício são réus em ações penais no STJ (Superior Tribunal de Justiça) -o número pode ser maior, pois há processos em sigilo. Uma eventual condenação no tribunal, em decisão colegiada, poderia torná-los inelegíveis pela Lei da Ficha Limpa, caso a sentença saia antes do registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral. | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925308-reforma-politica-deve-inibir-candidaturas-majoritarias.shtml |
Quarto decorado com base em método de pedagoga dá autonomia a crianças | MICHELE OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo Peças alinhadas ao método Montessori, que dá autonomia a crianças, podem ser usadas desde a primeira infância. Confira dicas par usá-las em casa. * Quarto com cama, barra, mesa, cadeira, armário, arara, espelhos de acrílico, roupa de cama e prateleiras. R$ 4.550, na Viscondesconde Porta-treco Banana, de algodão orgânico. R$ 70, na Ameise Design Pufe de melancia, com revestimento de PVC. R$ 199,50, na Tok&Stok Cadeira (ou mesa) Vira e Mexe, de compensado e laminado PET, por Roberta Faustini. R$ 652 (cada uma), na Codex Home Escadinha Bandeirola, de compensado de freijó, por Itsu. R$ 550, na Muma Baú Grillo, de MDF. R$ 649,90, na Oppa Cadeira (ou mesa) Cubo Lótus, de compensado laminado. R$ 320, da Linha Bloom Casinha Metro Cúbico, de compensado de pinus, por Zero Dez Kids. R$ 2.670, na Boobam Trio Cambalhota, de madeira pinus. R$ 810, d'O Curioso Sabiá Conjunto de atividades Noos, de laminado de madeira. R$ 1.608, da Noos Design Minicama Casinha, de madeira pinus. R$ 1.299,90, na Etna * MARIA FERNANDA PRÍNCIPE sócia-fundadora da Viscondesconde Quais são os princípios do quarto montessoriano? Maria Montessori (1870-1952), pedagoga que criou o método, acreditava na educação com liberdade e na mínima interferência dos adultos. Neste quarto, tudo é colocado sob o ponto de vista da criança. A cama é rente ao chão e mesa, cadeira, prateleiras e araras são baixas. O espelho serve para a criança reconhecer o próprio corpo e se ver como indivíduo, e a barra, para que se levante com autonomia. As crianças devem ajudar na organização do espaço. | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924401-quarto-montessoriano-da-autonomia-e-pode-ser-usado-desde-a-primeira-infancia.shtml |
Longe de Blumenau, Oktoberfest de SP tem tudo para pegar, mas só no futuro | Maior festa cervejeira do mundo, a Oktoberfest foi criada em Munique no século 19 pelo rei bávaro Ludwig 1º, para celebrar o casamento de... Ludwig 1º, claro. Muitos chopes depois, o evento se tornou instituição alemã (mais importante até que o 7 a 1) e ganhou versões no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Em "terras brasilis" a mais famosa é a de Blumenau (SC), com 34 anos. Reza a lenda que se você quiser encontrar algum paulista em outubro fora da cidade, é só ir ao evento em Santa Catarina. Sendo assim, até que demorou para São Paulo criar uma Oktoberfest para chamar de sua. A festa paulista nasceu curtinha: são oito dias distribuídos em duas semanas -termina neste domingo (8). A impressão de quem trabalhou e visitou o local na sexta e no sábado foi de público pequeno, atrapalhado pela chuva. Apesar disso, a organização jura que 30 mil pessoas passaram pelas catracas do Sambódromo do Anhembi entre sexta e domingo. Mesmo assim, o número fica abaixo da previsão de 150 mil pessoas para todo evento (ainda podemos ter o espetáculo do crescimento nesta semana, a ver). Em Blumenau, o primeiro dia (4), com entrada gratuita, teve o tradicional desfile no centro e cerca de 27 mil pessoas na Vila Germânica. Com só mais 10 mil (pagantes) na quinta (5) -até a organização achou pouco-, o evento soma 37 mil pessoas. E a festa de 19 dias seguidos vai até o dia 22. Mas o que dá para dizer da festa paulista em relação a blumenauense? INGRESSO No fim de semana o acesso ao sambódromo é de salgados R$ 100. Quem quiser entrar na tenda ("Biertent") para ver os principais shows -ou simplesmente fugir da chuva- paga mais R$ 50. São R$ 150... sem um gole de cerveja. Detalhe: as cervejas na tenda são apenas as da Ambev, com uma especial marzen da Brahma como carro-chefe (mas tem também as coirmãs Colorado e Goose Island). Quem quiser provar as artesanais tem que ir ao lado do Biergarten, fora da tenda. Em Blumenau, o ingresso mais caro é R$ 40. A entrada vale tanto para o Biergarten externo como para os pavilhões (não tem custo adicional), nos quais você acha vários estilos da cervejaria principal do evento, a Eisenbahn, e de artesanais da região. CERVEJAS O simpático festival de cervejas artesanais promovido pela Oktober de São Paulo traz boas cervejarias paulistas, como a Bamberg, a Madalena, a Avós ou a Dádiva. Elas ganham o reforço de Santa Catarina (Blumenau e Schornstein) e das alemãs Erdinger e Hofbräu. O valor, em média, é de R$ 12, copo de 300 ml, ou R$ 16 (500 ml). A desvantagem aqui é que não é possível comprar as artesanais na tenda interna, que só comercializa marcas Ambev. Na festa de Blumenau o copo de 400 ml, tamanho padrão, custa R$ 10 (mais por menos, em relação a SP). Os cinco grandes estandes de artesanais são de marcas da região, incluindo Blumenau, Das Bier e Hemmer. A "intrusa" é a paulista Baden Baden, que é do mesmo grupo da Eisenbahn (a Heineken). Na Vila Germânica tem ainda o bar Bier Vila, que comercializa outras marcas. PÚBLICO O público das duas festas é bem variado. Mas a de São Paulo ganhou forte componente familiar. Era comum ver casais com crianças, que aproveitavam os brinquedos do Bierpark, com direito a escorrega, pula-pula, carrossel e um brinquedo mais radical para os maiores. Até barraca de pescaria (meio junino, não?) tinha à disposição. Em Blumenau, o público muda um pouco com o avançar da noite, ficando mais jovem (e um tanto atrevido). Mas a organização evita "vender" o clima de azaração ou micareta que permeia as mentes de turistas mundo afora (muitos, paulistas). Na quinta, primeiro dia pago em Blumenau, houve uma ocorrência com um agente penitenciário sendo detido após uma confusão. O problema foi perto de 1h. A festa catarinense acaba às 3h, a paulista não passa de meia-noite. Para evitar os dias de maiores aglomerações (sábados), que rendem mais confusão, a organização limitou o público da festa em 40 mil simultaneamente. Depois disso, a catraca trava. O veredicto é que a comparação entre as duas festas é (ainda) quase cruel. Blumenau abraça com orgulho sua Oktoberfest e desfila com prazer em seus trajes típicos (nunca se viu tanto homem de bermuda de couro ou camurça). Em São Paulo, a festa tem tudo para crescer nos próximos anos. Ainda mais se ajustes (o preço, e, principalmente, o preço) forem reparados. O slogan "onde o mundo se mistura e a cidade se encontra" ainda soa pretensioso. Aqui o traje típico era chamado de fantasia mesmo (estamos no sambódromo). | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925276-longe-de-blumenau-oktoberfest-de-sp-tem-tudo-para-pegar-mas-so-no-futuro.shtml |
Stephen King e filho acertam ao fechar ação em prisão feminina | Stephen King tem recebido mais elogios em livros como "11.22.63" e "Mr. Mercedes", em que foge do horror sangrento de sua produção inicial dos anos 1970 e 1980. "Belas Adormecidas" fica no meio do caminho. Há um mistério difícil de destrinchar e sequências violentas, mas o terror vem mais de uma angústia lenta e crescente diante de um mal inexorável. Imaginar o que aconteceria ao mundo se um dia todas as mulheres dormissem e não mais acordassem poderia render inúmeros desenvolvimentos. O acerto de King e seu filho Owen foi escolher, além da habitual cidadezinha como as que sempre são cenários dos romances do pai, uma penitenciária feminina para concentrar a ação. Conseguem assim espaço para um grupo diversificado de vítimas da misteriosa doença. O livro não tem exatamente um protagonista, um herói que conduza a história e concentre atenções. Como uma novela de TV brasileira, são vários personagens, em núcleos que se misturam. King no Cinema - A avaliação dos cinéfilos para filmes baseados em livros do escritor Quem poderia reivindicar a condição de personagens principais? Talvez o casal Clint e Lila Norcross. Ele é o psiquiatra do presídio. Ela, a chefe de polícia de Dooling. As mulheres de qualquer idade, até bebês, dormem e desenvolvem um casulo em volta da cabeça, feito de algo parecido com fios de teia de aranha que brotam de seus cabelos. Quando os homens retiram esse "capacete" de gosma, as mulheres acordam com fúria assassina. Depois de cometerem alguns atos escabrosos, voltam a dormir. "Belas Adormecidas" insere nesse cotidiano de horror Evie, garota maluquinha que aparece em Dooling e é capaz de dormir e acordar seguidamente, sem ser afetada pela doença do sono. Capítulos de narrativa fantástica ligam Evie a animais da floresta, aproximando o personagem da Eva bíblica. O leitor pode embarcar nesse devaneio ou ficar mais atento ao dia a dia na prisão. Qualquer opção de leitura é bom entretenimento. * BELAS ADORMECIDAS (muito bom) QUANTO: R$ 74,90 (728 págs.), em pré-venda; lançamento em 16/10 AUTOR: Stephen e Owen King TRADUÇÃO: Regiane Winarski EDITORA: Suma de Letras | 2017-08-10 | ilustrada | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925087-stephen-king-e-filho-acertam-ao-fechar-acao-em-prisao-feminina.shtml |
Regra dos anos 1920 sufoca vida noturna da cidade de Nova York | Era noite de Ano-Novo. Debaixo de uma linha de trem de superfície em Nova York, o Bossa Nova Civic Club, um inferninho todo preto que de banquinho e violão não tem nada, tremia ao som de música tecno. Festeiros se esbaldavam até a invasão de uma turma que não estava na lista VIP. "Eles chegaram desligando a música, acendendo as luzes, mandando todo mundo parar de dançar", diz John Barclay, o dono da boate no Brooklyn, sobre o dia em que, em nome da lei, os policiais acabaram com sua festa. Desde o episódio, plaquinhas discretas coladas ali informam o impensável numa boate -é proibido dançar. "Fui parar num tribunal por causa disso", lembra o empresário. "Isso é uma vergonha para os nova-iorquinos." Uma lei que exige de bares e baladas uma licença especial para operar com uma pista de dança existe em Nova York desde a década de 1920, quando vigorava a Lei Seca. "Era um tempo muito conservador e racista", diz Greg Miller, um dos maiores ativistas a favor da derrubada da medida e fundador do Dance Parade, grupo que defende o direito à dança em Nova York. "Essa lei surgiu para controlar os negros, para não deixar que chegassem perto das mulheres brancas nos bares de jazz. Diziam que, quando as mulheres dançavam, o Diabo se apoderava delas." Endiabrados ou não, baladeiros nova-iorquinos passaram anos dançando sem nunca saber da regra. Mas ela voltou à baila com a gentrificação que reconfigurou partes da cidade na última década. 'COLONIZAÇÃO' "Tem gente que fala em gentrificação, mas eu chamo de colonização", diz Ali Coleman, um DJ desiludido com os rumos que a noite tomou. "Os lugares onde a gente fazia festa foram colonizados pelos engravatados. É muito difícil uma boate sobreviver em Manhattan." Enquanto empresários da noite, uma indústria que movimenta por ano cerca de R$ 30 bilhões na maior metrópole americana, lutam por mudanças na legislação, associações de moradores de bairros que ficaram caros demais vêm usando a lei dos cabarés, como ela foi apelidada, para banir os inferninhos e as boates em seus quintais. Depois de décadas quase esquecida, a regra voltou a ser imposta com todo o rigor nos últimos dez anos, no rastro de uma série de episódios de violência envolvendo seguranças de boate e clientes que beberam demais. O resultado foi uma perseguição à vida noturna em Nova York, que viu um quinto de suas boates sumirem do mapa. Clubes históricos, como o Studio 54, o CBGB e o Mudd, viraram memórias. Outro efeito foi a debandada da vibrante vida noturna de Manhattan para velhos armazéns industriais do Brooklyn, convertidos em boates clandestinas, já que não têm a licença para abrigar pistas de dança -as permissões são raríssimas, cobrindo só 200 dos 20 mil negócios da noite. "Manhattan perdeu a alma com o domínio das grandes empreiteiras e da máfia do dinheiro", diz Mike Tummolo, que organiza uma festa sobre rodas em ônibus que serpenteiam por cantos distantes do Brooklyn, para fugir da vigilância. "Por isso, o underground está se legitimando." Em busca daquela alma perdida, outra festa do DJ ocupa uma igreja, onde mulheres fazem topless e homens se contorcem diante do altar. "Isso aqui é para se libertar de tudo", dizia Tummolo, entre enormes boias coloridas espalhadas pelo templo. "É sem sapato, sem roupa, sem celular. É pela energia." SECRETARIA DA NOITE Foi num desses endereços distantes do radar da lei, aliás, que as coisas parecem ter começado a mudar de figura. Na House of Yes, um galpão -sem licença para ser danceteria- com um urso empalhado e enormes olhos de fibra de vidro emoldurando uma estação de metrô no Brooklyn, o prefeito Bill de Blasio assinou há um mês um decreto que institui uma espécie de secretaria de defesa da vida noturna na cidade. No topo da lista de afazeres da autoridade das baladas está acabar com a lei dos cabarés e nomear uma espécie de embaixador notívago, um responsável na administração pública por garantir direitos e deveres dos empresários e clientes das baladas. "Existem mudanças importantes no horizonte. Nos últimos anos, houve retrocessos na cultura da noite por causa de leis que remetem a um tempo muito racista", diz Erica Ruben, candidata ao novo cargo de burocrata da noite. "Muitos nova-iorquinos percebem que é importante superar essa parte terrível da nossa história." Enquanto a lei dos cabarés não vai para a lixeira, DJs e notívagos de Nova York sonham com o momento de dançar até cair. "Até guardei a caneta que o prefeito usou para assinar o decreto da secretaria das baladas", conta Coleman, o DJ. "Se a noite fosse uma religião, Nova York ainda merece ser sua Meca." | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925365-regra-dos-anos-1920-sufoca-vida-noturna-da-cidade-de-nova-york.shtml |
Moradores recuperam praça no Jardim das Bandeiras, na zona oeste de SP
| ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um grupo que mora perto da praça Horácio Sabino, na região de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), se uniu para recuperá-la. Arrecadou R$ 1 milhão e reformou a área de 14 mil metros quadrados. A ideia nasceu há cinco anos, diz a engenheira Maria Clara Kuyven, presidente da Associação Praça Horácio Sabino. Ela frequentava o lugar com uma das filhas e não se conformava com o abandono, como outros moradores. Eles se organizaram e descobriram, com a Associação dos Moradores do Jardim das Bandeiras, já existir um projeto de revitalização para a praça, que não foi adiante. Formaram então uma associação só para o problema, com sete pessoas. Três delas doaram recursos para as obras. A praça foi inaugurada nos anos 1960. O desenho original é de Rosa Kliass, arquiteta pioneira no paisagismo do país. Mas o projeto nunca foi totalmente implementado, explica o arquiteto Luciano Fiaschi, que trabalhou em parceria com a própria Kliass na revitalização. A associação retomou o projeto e foi atrás das aprovações na prefeitura. "Nunca tivemos a pretensão de reinventar a praça, só queríamos adequar aos tempos de hoje", diz Kuyven, 36. As obras começaram em outubro de 2016. O espaço foi entregue em meados deste ano. As mudanças incluíram drenagem, troca do piso, de iluminação e de bancos e melhora da acessibilidade. "A praça já era bastante frequentada, mas ficou muito mais depois da reforma. É um lugar de convivência ímpar", afirma Kuyven. Um exemplo é a horta comunitária. "Fica próxima a uma escola e as crianças vão lá plantar. Ainda é pequena, mas todo mundo pode pegar o que quiser, agora está cheia de tomate", comemora. Os desafios não acabaram. O acordo com a prefeitura prevê que a associação também faça a manutenção da praça por três anos. Depois, o acordo pode ser renovado. "Só tínhamos o dinheiro da obra, não da manutenção", explica a moradora. Foi aí que entrou um novo ator: uma plataforma de adoção colaborativa de praças. Idealizada pelo urbanista Marcelo Rebelo, a plataforma Praças funciona assim: moradores interessados em revitalizar uma praça cadastram o projeto no site (www.pracas.com.br) e captam recursos com a comunidade. Quem quiser faz uma contribuição mensal para a obra e manutenção posterior. Em troca, a plataforma empresta uma personalidade jurídica -e os moradores não precisam formar associação-, se responsabiliza pelas aprovações do projeto, contrata fornecedores e administra os recursos. Cobra 23% sobre o valor arrecadado. "Tiramos o trabalho dos moradores e arcamos com o risco do projeto", diz Rebelo. A prestação de contas é aberta na página do site. | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925118-moradores-recuperam-praca-no-jardim-das-bandeiras-na-zona-oeste-de-sp.shtml |
Horror em creche travou policial; leia o passo a passo do incêndio criminoso | Damião Soares dos Santos, 50, foi trabalhar na segunda-feira (2), mas faltou na quarta-feira (4). Ele trabalhava num regime de 12 horas seguidas e folgava outras 36 horas. Pela falta, recebeu um telefonema da diretora da creche onde atuava como vigia noturno, em Janaúba (a 554 km de Belo Horizonte), no extremo norte de Minas Gerais. Ela questionou a ausência dele. Ao se desculpar, disse que estava doente e que, na quinta (5), levaria um atestado médico para justificar a falta. Mas esse suposto documento nunca foi entregue à diretora. Naquele dia, Damião ateou fogo na creche e matou oito crianças e uma professora, além de si mesmo. O atentado deixou outros 41 feridos, muitos em estado grave. O vigia era funcionário da prefeitura, que mantém a creche Criança Inocente desde 2008. Naquela semana, ele voltava de um período de três meses de férias acumuladas. Na quinta, acordou cedo e foi de moto ao local, numa rua tranquila, de terra, no extremo da cidade, sob um calor que àquela hora (por volta das 9h) já se aproximava dos 30°C. Ele estacionou a moto e bateu no portão, que fica trancado a chave. Disse à funcionária que queria falar com a diretora da creche e entrou, com uma mochila das costas. "Uma coisa normal, porque ele convive com aqueles funcionários. Não tinha nenhum motivo para suspeita", diz o delegado Renato Nunes Henriques, que comanda as investigações do crime. De dentro do muro, duas edificações: à esquerda, as salas onde ficam as crianças. À direita, a administração. No meio, um pátio com brinquedos. Era comemoração antecipada do Dia da Criança. Damião seguiu para a casa da direita e, ao entrar, deu de cara com as dezenas de alunos (funcionários da prefeitura falam em torno de 80, mas dizem que os registros de presença foram destruídos). Janaúba O vigia sorriu, cumprimentou os meninos e disse: "Eu vou dar picolé para vocês", numa referência aos doces gelados que ele fabricava em casa para vender na rua e em festas. As crianças se animaram e o abraçaram, segundo os relatos de sobreviventes. Foi quando Damião espalhou combustível sobre eles –sem perícia, análises preliminares acreditam que seja álcool, líquido que ele armazenava em casa para auxiliar a refrigeração dos picolés. Em seguida, ele ateou fogo. A professora Heley de Abreu Silva Batista, 43, tentou interrompê-lo e salvar as crianças, dando início a uma luta corporal. Morreram os dois. DE FORA Do lado de fora, Josimar Ramos, 34, que mora há seis anos na região, ouviu um estrondo e gritos –contou depois à reportagem, enquanto aguardava na fila do hospital para receber medicação. "Eu estava conversando com o vizinho e comecei a ouvir gritos e pedido de socorro. Disse: 'Vambora!' E fomos todo mundo para lá", conta. Encontrou o portão trancado. "Tentei e não consegui arrombar. Um vizinho acho que pegou uma cegueta [tipo de serra] e cortou. Entramos." Josimar se molhou inteiro e amarrou camiseta encharcada na cabeça. "Me cobri com um pano de chão molhado e fui para dentro." "Na hora não pensa em nada, só em tirar as crianças, que desespero. Puxei um, dois, não sei quantos. Puxei um pela grade da janela, que não esqueço, ele gritando: 'Ô, mainha, não puxa forte, não'." Os que chegavam enchiam baldes e corriam para o interior da creche, até que chegou um primeiro carro da polícia. Um PM desceu, mas ficou paralisado. Parecia em choque diante do fogo, dos gritos e dos feridos. Logo ele voltou ao normal e ajudou a buscar água e apagar o fogo. Um dos ajudantes era Lourival Pereira da Silva, 47, que mora em frente à creche. "É um trem que não vai sair da minha cabeça tão cedo." Na madrugada seguinte, o cenário era de completa destruição: o forro de PVC virou pó. Brinquedos, roupas, papeis: tudo cinza no chão. "Fui dormir ontem 3h, até hoje estou imaginando aquela cena. Por que uma pessoa faz isso?", questiona Josimar. HISTÓRICO A pergunta de Josimar ainda está sem resposta. Mas há episódios que indicam em Damião um comportamento estranho. Em 2014, Damião procurou a Promotoria em Janaúba para denunciar a própria mãe, que, segundo ele, tentava envenená-lo pela comida. Sem nada que indicasse uma verdade nessa acusação, ele foi encaminhado ao Caps (Centro de Atenção Psicossocial), mas não há registro de que tenha de fato se tratado. Rompido com a mãe, morava sozinho e não tinha filhos. Para o delegado Henriques, o episódio indica um "transtorno persecutório", condição em que a pessoa se sente perseguida. Em rede social, queixava-se que padarias e restaurantes também tentavam envenená-lo. Para o Ministério Público e a prefeitura, isso não significa que ele deveria ter sido afastado da creche. "Em nenhum momento ele tinha contato com as crianças. [Por ser guarda noturno], chegava após o expediente [da escola] e deixava seu serviço antes do expediente. Em nenhum momento poderíamos imaginar que ele pudesse causar uma tragédia como essa", disse o prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB). O delegado Henriques concorda. "Não estava surtado, estava em sã consciência. Era imprevisível isso. Foi um fato isolado, que aconteceu, como acontece às vezes até em outros países. Infelizmente é a mente humana. Mas não podia-se evitar esse fato." No dia do atentado, completavam exatos três anos da morte de seu pai. Dois dias antes, ele teria dito à famílias que "daria um presente" a eles e cometeria suicídio. | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925288-horror-em-creche-travou-policial-leia-o-passo-a-passo-do-incendio-criminoso.shtml |
Semana do Dia da Criança em SP tem shows infantis e filme do Capitão Cueca | DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas na cidade de São Paulo para curtir a semana do Dia da Criança, que vai de domingo (8) a sábado (14) —passando pelo feriado do dia 12, é claro. DOMINGO | SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO * DOMINGO (8) Tom Zé e o alfabeto | Após o álbum "Canções Eróticas de Ninar" (2016), o músico tem um novo disco: "Sem Você Não A", voltado ao público infantil e com letras de Elifas Andreato. Apresentadas em show no Sesc Pinheiros, as músicas usam o alfabeto como referência para falar do sequestro da Curiosidade pelo Silêncio. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, tel. 3095-9400. Dom.: 17h. Ingr.: R$ 12 a R$ 40. * SEGUNDA (9) Ciência no shopping | O museu Catavento, conhecido por crianças e escolas por reunir experiências científicas interativas, levará algumas de suas atrações para o shopping Anália Franco. Entre os destaques, está o concorrido gerador de Van de Graaff -a máquina, quando tocada, faz os cabelos dos visitantes ficarem arrepiados. Shopping Anália Franco. Av. Regente Feijó, 1.739, Tatuapé, tel. 4003-4133. Dom. a sex.: 13h às 20h30. Sáb.: 10h às 20h30. Até 22/10. Grátis * TERÇA (10) Livros da Carochinha | Sabia que já existiam várias obras para crianças no Brasil antes de Monteiro Lobato? A mostra "Livros Infantis Velhos e Esquecidos" exibe edições originais publicadas entre o século 19 e os anos 1930. São mais de cem livros, almanaques, álbuns e exemplares da revista "O Tico-Tico", que marcou a infância no país. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. R. da Biblioteca, s/nº, Cidade Universitária, tel. 2648-0310. Seg. a sex.: 8h30 às 18h30. Até 30/10. Grátis. * QUARTA (11) Para sujar as mãos | O jardim do Sesc São Caetano vira palco para crianças colocarem a mão na massa e criarem os próprios brinquedos e brincadeiras. Na oficina, tudo o que é encontrado no chão -de sementes a folhas, galhos e flores- se torna matéria-prima para a diversão. Depois, o educador Guilherme Blauth conversa com os adultos sobre a importância desses "jogos naturais". Sesc São Caetano. R. Piauí, 554, São Caetano do Sul, tel. 4223-8800. Qua.: 19h. Grátis. * QUINTA (12) Do papel para o cinema. | Ele é um sucesso: bateu a marca de 500 mil livros vendidos no Brasil e de milhões no mundo todo. Agora, o Capitão Cueca quer quebrar recordes nos cinemas. No Dia da Criança, estreia a animação "As Aventuras do Capitão Cueca", em que os garotos Jorge e Haroldo hipnotizam o diretor da escola. A ideia é transformá-lo em uma versão de carne e osso do personagem que veste apenas roupa de baixo e capa. Veja salas e horários em guia.folha.com.br * SEXTA (13) Gonzagão e os pequenos. | Músicas do cantor e compositor Luiz Gonzaga, entre as quais o clássico "Asa Branca", são apresentadas na peça "Procurando Luiz", que narra a amizade entre dois garotos que acabam se separando. O espetáculo reestreou em setembro na cidade e ganha duas sessões extras por causa do feriado. Na quinta e na sexta, o preço é único para pais e filhos: R$ 10. Teatro Viradalata. R. Apinajés, 1.387, Perdizes, tel. 3868-2535. Qui. e sex.: 12h. Ingr.: R$ 10. * SÁBADO (14) Brincadeira levada a sério. | A banda mineira Pato Fu retomou o seu projeto infantil e lançou neste ano "Música de Brinquedo 2", em que toca canções apenas com instrumentos de plástico e outras parafernalhas que fazem barulho. Com 11 faixas, o disco será apresentado no novo Sesc 24 de Maio, aberto em agosto no centro da capital. Sesc 24 de Maio.| Rua 24 de Maio, 109, Centro, tel. 3350-6300. Qui.: 14h e 18h. Sex. e sáb.: 12h e 18h. Dom.: 11h e 18h. Ingr.: R$ 12 a R$ 40. | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924963-semana-do-dia-da-crianca-tem-shows-infantis-e-filme-do-capitao-cueca.shtml |
Ninguém de fora reconhece história nacionalista catalã, diz Joan Mira | "Salve a ti, pavilhão de Castela / pincelada de sangue e de sol / quem não dobre a ti o joelho / não merece ser chamado de espanhol." Aos 77 anos, o historiador e filólogo Joan Francesc Mira ainda se lembra desses versos, que memorizou na escola durante a ditadura de Francisco Franco (1936-1975). O poema é o exemplo que dá à Folha ao explicar por que é tão difícil para o Estado espanhol entender o separatismo catalão, que desafia sua unidade territorial. "Há um processo histórico. Mas ninguém fora da Catalunha quer reconhecer isso. Há uma venda sobre os olhos", afirma Mira, nascido em Valência -região vizinha à catalã, e de mesma língua. O governo catalão planeja declarar sua separação de maneira unilateral nos próximos dias, mas Madri não irá reconhecê-la, e tampouco a aceitará a União Europeia. Mas os processos de ruptura são assim mesmo, diz Mira. "Historicamente, até que consigam a independência, é algo considerado anormal. Depois, passa a ser normal, como foi a onda de independências nos anos 1990 no Báltico e no Cáucaso." ★ Folha - Há um embate entre narrativas históricas distintas, quando nós falamos do separatismo catalão? Joan Francesc Mira - Como acontece em qualquer parte do mundo, as narrativas têm perspectivas próprias. A questão dos direitos políticos é muito relativa. A história recente da Europa não foi feita de unificações, mas de separações. A Europa estava dominada há um século por espaços imperiais -prussianos, russos, turcos, austríacos- que já não existem mais. A separação é, portanto, um processo natural? Historicamente, até que consigam a independência, é algo considerado anormal. Depois, isso passa a ser normal, como foi a onda de independências nos anos 1990 no Báltico e no Cáucaso. É um processo antigo? É muito moderno. O nacionalismo começa no século 19. O catalão é mais um. É um país com um processo de autoafirmação desde a metade do século 19, mas que não chegou ao final. Tchecos, eslovacos, lituanos, finlandeses, irlandeses conseguiram isso. Mas a Catalunha, não. Últimos países do mundo a serem criados Não é invenção desta classe política atual, então? Não foi inventado há dias. Há um processo histórico. Mas ninguém fora da Catalunha quer reconhecer isso. Há uma venda sobre os olhos. Por que esses países conseguiram, e não os catalães? A Catalunha passou por um processo centralista castelhano muito duro -como o do Estado francês, que anulou diversidades culturais. Na Espanha castelhana do século 18, em uma dinastia Bourbon, o rei Felipe 5º suprimiu todas as leis e instituições de Valência e da Catalunha, em um tipo de genocídio político absoluto, impondo o sistema castelhano. Mas por que a Catalunha tem um processo separatista forte, e Valência, não? A Catalunha teve um processo industrial moderno, no século 19, com a indústria têxtil. Com isso, surgiu uma classe empreendedora mais moderna. Isso criou distâncias e enfrentamentos. Instituições locais foram criadas. Essa situação foi anulada pelas ditaduras de Primo de Rivera (1923-1930) e de Francisco Franco (1936-1975), proibindo inclusive a língua catalã. Fuzilaram o último presidente catalão, Lluís Companys, mas as pessoas se esquecem desse fato. Como o processo foi reanimado, nas últimas décadas? Quando a democracia foi recuperada, em 1975, essas forças voltaram à superfície. É um fenômeno de profundidade histórica, portanto, e também cultural e social. Houve também uma forte migração de espanhóis à Catalunha nas últimas décadas. Como essas pessoas veem o processo de separação? Há independentistas que são filhos de migrantes de outras regiões, e essa é a coisa mais bonita. Não é um nacionalismo étnico, é social. Por que essa visão separatista contrasta tanto com a visão do Estado espanhol? É impossível enxergar isso do ponto de vista centralista. Imagine que, quando eu tinha dez anos, tive de memorizar estes versos na escola: "Salve a ti, pavilhão de Castela / pincelada de sangue e de sol / quem não dobre a ti o joelho / não merece ser chamado de espanhol". Há algum conflito entre historiadores. Alguns dizem que a Catalunha era independente antes de o rei espanhol Felipe 5º anular suas leis em 1714, data-chave do nacionalismo catalão. Outros estudiosos afirmam que o que existia antes de 1714 era apenas uma autonomia relativa... Veja, os documentos no século 15 estavam todos escritos em catalão. Mas falar em autonomia entre os séculos 15 e 18 é um anacronismo. Não tem sentido, porque essa categoria não existia. Havia uma Constituição diferente, fronteiras próprias. Era um Estado, mas diferentes Estados tinham um mesmo rei. Como Portugal, que teve o mesmo rei que a Espanha por algumas décadas. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925359-ninguem-de-fora-reconhece-historia-nacionalista-catala-diz-joan-mira.shtml |
RUF retificado, USP em primeiro, mas... | Rankings universitários são muito úteis. Orientam estudantes a caminho do ensino superior e estimulam universidades a buscar aprimoramento se têm maus resultados. Também podem passar por avaliação, como a que fiz em "O Estado de S. Paulo" de 21 de setembro, examinando o RUF (Ranking Universitário Folha) de 2017, publicado em suplemento desta Folha em 18 de setembro. Agradeço o convite deste jornal para trazer essa avaliação também a seus leitores. Moveu-me um trecho do subtítulo desse suplemento: "Unicamp ultrapassa USP e conquista o 2º lugar. Assim, a USP ficou em terceiro, mas costuma ter posição ainda melhor em rankings nacionais. O RUF cobre cinco aspectos: ensino (E), pesquisa (P), mercado (M), inovação (Ino) e internacionalização (Int). A USP ficou em primeiro lugar em "P", "M" e "Ino", e em segundo em "Int'. Nem a UFRJ, em primeiro no RUF como um todo, nem a Unicamp, em segundo, tiveram posições melhores nesses quatro aspectos. Mas em "E" a USP ficou em nono lugar (!). Vi que "E" abrange pesquisa com docentes (PD), professores com doutorado e mestrado (PDM), em dedicação integral e parcial (PDIP), e nota no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). PDIP deveria ser só PDI, e o Enade tem várias distorções, mas falta-me espaço para discutir isso aqui. Ruf.folha.uol.com.br/2017 mostra a USP em primeiro em PD e PDIP, e em terceiro em PDM. Todas as oito universidades com posição superior à USP em "E" tiveram notas piores em PD e PDM, e iguais em PDIP. A "nota" uspiana no Enade foi traço (-), ao não participar desse exame, e suspeitei estar no trato dessa ausência pelo RUF a má posição da USP em "E". Confirmei isso na reportagem "Líder em produção científica perde em ensino, de Sabine Righetti, no mesmo suplemento. Ela diz que a USP "zera (ênfase minha) em um componente do RUF ", as "notas médias (...) nos últimos três Enade. (...) Como quem estuda na USP não faz o exame, a universidade não recebe pontos nesse quesito (idem)". Ora, o trecho é contraditório, pois diz que a USP não recebeu pontos no Enade, mas que levou zero, uma pontuação ausente nos resultados oficiais do mesmo exame, do qual, vale repetir, a USP não participou. E ainda Righetti: "(...) Se tivesse a mesma nota média da Unicamp (...)" no Enade, "(...) a USP teria cerca de 1,5 ponto a mais na sua nota final -o suficiente para encabeçar o ranking (idem). (...) O que separa a USP da líder, a UFRJ, é 0,18 ponto." A Unicamp esteve no Enade, e também a Unesp, mas ambas e seus alunos tampouco o levaram a sério, pois ficaram em 47º e 49º lugares, respectivamente. Portanto, a forma como o RUF avaliou a USP no Enade claramente a prejudicou. Registre-se a transparência do ranking ao publicar procedimentos que permitiram essa conclusão. O que fazer? Sugiro republicar o RUF sem o Enade, e/ou com este sem a USP, e/ou mantê-lo dando a ela a média das más notas de suas irmãs, Unicamp e Unesp. Mas não cabe à USP se vangloriar de mais um primeiro lugar nacional. Tem muitos problemas, como o dinheiro escasso e a ausência de formação também interdisciplinar nos cursos de graduação, tema que venho pesquisando. Tendências do mercado de trabalho também recomendam essa formação, já adotada há muitíssimo tempo por várias das melhores universidades do mundo. A USP deve mirar nos rankings internacionais. Mas no Shangai, conforme o mesmo suplemento, neste ano apareceu entre o 151º lugar e o 200º depois de cinco anos entre o 101º e o 150º. Pior ainda, no ranking Times Higher Education, neste e no ano passado ficou entre o 251º e o 300º, após ter o 158º em 2012. Em 2018, a USP terá um novo reitor. Que tal um efetivo plano para colocá-la entre as 50 melhores do mundo, ou bem mais perto delas, em dez anos? Lembrando Guimarães Rosa, "é junto dos bão que a gente fica mió". ROBERTO MACEDO é economista (UFMG, USP e Harvard). Na USP, foi também professor-titular, chefe de departamento e diretor da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade). Foi membro do Conselho Editorial da Folha PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 2017-08-10 | opiniao | null | http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925171-ruf-retificado-usp-em-primeiro-mas.shtml |
Juiz Marcelo Bretas fez bem ao Rio | O governador Luiz Fernando Pezão é amigo de seus amigos. Durante uma audiência formal, tratando de assuntos do Rio, pediu aos visitantes que fizessem doações de livros para a cadeia de Benfica, onde seu padrinho Sergio Cabral trabalha como bibliotecário. O juiz Marcelo Bretas fez bem ao Rio. Hoje, o governador pede livros a quem vai tratar de negócios com ele. ATO FALHO A defesa de Temer pisou na Bíblia ao chamar os irmãos Joesley e Wesley Batista de "iscariotes". Judas foi um traidor, mas ninguém nega que ele era da turma do Nazareno. Jantaram juntos horas antes do beijo infame. Temer, que ainda não se comparou a Jesus, diz que nunca teve a ver com os Batista. Stepan (1936-2017) Morreu Alfred Stepan, o professor americano que com suas pesquisas reorientou o conhecimento que os brasileiros tinham sobre seus militares. Em 1974, a polícia política preocupou-se porque o professor Fernando Henrique Cardoso estaria traduzindo o livro de Stepan - "Os militares e a Política". Era boato, mas a meganha temia que a "convicção esquerdista" do tradutor contaminasse a obra. Em 1970, Stepan foi um dos 20 brasilianistas que protestaram diante da abertura de um processo contra o historiador Caio Prado Júnior. Numa das grandes covardias da ditadura, Caio foi condenado a quatro anos e meio de prisão por causa de uma entrevista inócua para um jornalzinho de estudantes. Estatística A Olimpíada confundiu-se com uma roubalheira, mas o Rock in Rio foi um sucesso e nele a Viúva não pôs um tostão. Os organizadores do evento tiveram que tourear 68 órgãos públicos. | 2017-08-10 | colunas | eliogaspari | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2017/10/1925323-juiz-marcelo-bretas-fez-bem-ao-rio.shtml |
Pela primeira vez, vi a seleção correr e jogar bem em La Paz | Em reportagem publicada pela Folha, escrita por Sérgio Rangel, a seleção, além de Tite, possui 25 profissionais na comissão técnica. É a bem-vinda evolução científica no futebol. Um deles é o preparador físico pessoal de Neymar, que trabalha também no PSG. Além dos 25 profissionais, há um grande número de pessoas que trabalham e gravitam em torno da seleção, como motoristas, seguranças, convidados da CBF e dezenas de outros. Neymar deve ter um cabeleireiro. Será que todos vão viajar para a Copa? Vão precisar de outro avião. Um lugar está livre, o da cadeira do presidente da CBF, Del Nero, que não sai do país, com medo de ser preso pelo FBI. Há todos os tipos de especialistas, menos um psicólogo. Não sei o que Tite pensa, mas muitos treinadores preferem as palestras de autoajuda, um atraso, uma idiotice. O inchaço das comissões técnicas é progressivo, em todo o mundo. Com Dunga, eram 21. Quando comecei a jogar no Cruzeiro, com 16 anos, em 1963, a comissão técnica era formada pelo treinador, pelo preparador físico e por um médico ginecologista. Isso mesmo. Ele sabia resolver os pequenos problemas clínicos e ortopédicos e tinha bom senso em consultar um especialista, quando necessário. Contra a Bolívia, vi, pela primeira vez, uma seleção ou um time brasileiro correr tanto e jogar muito bem na altitude. Outras equipes que chegaram pouco tempo antes do jogo, com a seleção, tiveram mais sintomas relacionados à altitude. As dificuldades neste jogo foram a velocidade da bola, ocasionando pouca precisão nas finalizações e no passe, e o gramado ruim. A seleção criou inúmeras chances, quase sempre com a participação de Neymar. Renato Augusto jogou muito bem. Tite precisa definir, sem mudar o esquema tático, os reservas imediatos de Renato Augusto e Paulinho. Os últimos convocados são Arthur, Fred e Giuliano (não foi chamado para estes dois jogos), além de Fernandinho, o primeiro reserva de Casemiro. Arthur deveria ser experimentado contra o Chile. Reservas imediatos e que podem jogar na Copa deveriam atuar mais, mesmo que aumente o risco de derrotas, para não haver surpresas, como em 2014, contra a Alemanha, quando Bernard e Dante foram escalados, sem condições técnicas. O time precisa aprender a perder, para não ser derrotado no Mundial. Se o Brasil depende muito de Neymar, a Argentina depende de Messi. A grande diferença é que, coletivamente, a Argentina está arrasada. O conceito, muito repetido, de que a Argentina tem um grande elenco, está ultrapassado, furado. A equipe, em todos os setores, está lotada de jogadores comuns. Fora Messi, os que se destacam em outros clubes, como Dybala, Agüero e Higuaín, não jogaram contra o Peru nem em outras partidas. Di Maria caiu muito de produção. Desde a Copa de 2014, Messi comete um frequente erro, o de tentar jogar coletivamente, como se estivesse no Barcelona. Ele dribla um, dois, todos correm para marcá-lo, deixa os companheiros na cara do gol, e nada acontece. Se ele tentasse começar e terminar os lances, os resultados poderiam ser melhores. Pelas enquetes, a maioria dos brasileiros acha mais gostoso ver a Argentina fora do que o Brasil ganhar do Chile. O futebol pode não ter Messi nem a Argentina no Mundial. Seria uma grande perda. | 2017-08-10 | colunas | tostao | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/tostao/2017/10/1925296-pela-primeira-vez-vi-a-selecao-correr-e-jogar-bem-em-la-paz.shtml |
Jornalismo de ouvidos moucos | O corpo no chão do shopping tornou-se trágico sinal de alerta. A aceitação passiva do discurso policial, o açodamento na busca de culpados por desvios, a imperícia nas técnicas elementares de reportagem e a irresponsabilidade de agentes públicos contribuíram para a morte de cidadão privado do direito à presunção da inocência. Por mais incisiva e rigorosa que seja a autocrítica da cobertura da imprensa na acusação e morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, já se terá mostrado tardia, insuficiente e assustadora do viés punitivo de algumas das principais instituições sociais do país. É preciso reconstituir o episódio. No caso da Folha, o jornal mantém à disposição do leitor a seguinte notícia : "Reitor da UFSC é preso em operação que apura desvio de verba em cursos". A abertura do texto diz: "A Polícia Federal prendeu o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e outras seis pessoas ligadas à instituição nesta quinta-feira (14/09). Segundo a PF, o grupo é suspeito de desviar recursos que deveriam ser investidos em programas de Educação a Distância." Só no parágrafo seguinte esclarece que o reitor é, na realidade, suspeito de tentar barrar investigações. A pedido de delegada da Polícia Federal que preside o inquérito, uma juíza que atuou em casos da Operação Lava Jato determinou a prisão de Cancellier e a sua proibição de entrar no campus. A operação foi batizada de "Ouvidos Moucos". Em depoimento, o reitor negou que tentasse barrar a apuração. Ficou preso um dia. Em artigo, escreveu que se sentia perplexo e amedrontado, submetido a humilhação e vexame sem precedentes. Menos de 20 dias depois, Cancellier se atirou do alto da escada rolante de shopping, em Florianópolis. No bolso, um bilhete: "A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!" Em sua versão eletrônica, a reportagem de setembro tem hoje um sinal de Erramos, produzido 23 dias depois de sua publicação: "A reportagem deixou de informar que o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, era investigado por suspeita de interferir na apuração sobre o desvio de recursos na universidade, e não pelo desvio em si". A admissão do erro foi direta, mas insuficiente e demorada. Em 7 de outubro, o jornal publicou reportagem que afirmava que, em carta enviada em julho à Polícia Federal, o corregedor da UFSC disse que vinha recebendo "os mais diversos tipos de pressão por não aceitar ser subserviente ao gabinete do reitor" da instituição. O advogado do reitor contrapunha que Cancellier agira dentro da lei e buscava informar a Capes sobre o episódio. O editor do núcleo de Cidades, Eduardo Scolese, explicou que, sem correspondente em Florianópolis, as informações da primeira reportagem haviam sido apuradas por telefone e e-mail, sem contestação. Não se trata aqui de discutir se o reitor estava de fato fazendo ouvidos moucos aos pedidos da polícia ou tentando interferir na investigação. O que interessa é refletir sobre a maneira como a mídia tem lidado com operações policiais que buscam holofotes em investigações ainda em andamento. As reportagens de diferentes veículos eram quase iguais, feitas exclusivamente com base em poucas e confusas informações divulgadas pela Polícia Federal. Não identifiquei nenhum órgão de imprensa que tenha levantado inconsistências ou ao menos tentado relativizar as acusações apresentadas. Esse comportamento não é exclusivo desse caso. Tem sido rotineiro diante de tantas investigações. Questionei o secretário de Redação Vinicius Mota sobre a forma como o jornal vem abordando investigações recentes: "A Folha se preocupa, como está em seus documentos públicos, em não ser veículo involuntário de injustiças contra pessoas ou empresas. Para isso se compromete com protocolos como a necessidade de ouvir e destacar o outro lado e a correção explícita de erros detectados, como foi feito nesse caso", respondeu. O ambiente punitivo nascido da espetacularização da ação policial e dos procedimentos judiciais tem reflexos e responsabilidade da imprensa. Jornais e jornalistas não podem aderir a ondas nem de condenação de acusados nem de ataque aos investigadores. Precisam refletir sobre seu trabalho, reavaliar as ferramentas de controle, insistir na busca do relato jornalístico mais preciso e plural. Certo comportamento de manada, em que um faz algo porque outro fez, deve ser vigiado e combatido. Em alguns momentos, é preciso ter coragem para publicar. Em outros, a ousadia de não publicar. | 2017-08-10 | colunas | paula-cesarino-costa-ombudsman | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/paula-cesarino-costa-ombudsman/2017/10/1925311-jornalismo-de-ouvidos-moucos.shtml |
Leia primeiras cenas de peça inédita de Silvia Gomez sobre estupro coletivo | SOBRE O TEXTO O trecho abaixo é parte dos experimentos de uma peça de teatro, ainda em processo de escrita, inspirada nas notícias sobre estupro coletivo de mulheres no Brasil. * PRÓLOGO (Noite, asfalto. M porta uma arma e um rádio de comunicação, com o qual se distrai. J atravessa a cena e some, olhando para trás. Isso se repete até que ela entra, seguida por três homens sem rosto. Eles a violentam.) M (para a plateia, paralelamente): Ah, não, mais uma. Sou invisível para eles, posso falar o que quiser aqui. Eu disse que não aguentava mais o km 23. Um a um, farão o que querem fazer. (Volta-se para os bastidores/coxia.) Dá para abaixar a luz? Essa parte é difícil, eu nunca me acostumo. (A luz fica baixa.) M (para a plateia): Eu estou cansada e sou invisível, pedi que me pusessem no setor administrativo, dormir carimbando papéis timbrados, parece asseado e inofensivo, eu pedi tanto, eu disse: "O km 23 daquela rodovia não, por favor, me mandem para qualquer outro lugar". Ninguém quer vir para cá, você perde tudo quando você vem para cá, não me julguem, você perde tudo o que há de quente ou bom dentro de você e você vai ficando invisível, começa pelos cabelos, os cabelos são os primeiros a ficar transparentes. "Por gentileza", eu disse, "o km 23 é um mundo louco". (Socos, pontapés, chutes.) M (para a plateia): Ok, vocês têm razão, eu posso impedir isto. Sim, existe bondade neste mundo, heróis ainda vivem e eu sou um tipo de fada, lenda brilhante ou história em quadrinhos. (Volta-se para os bastidores/coxia.) Por favor, me dê uma música, algo que inspire bons sentimentos, alguma coisa da Disney, por exemplo. (Uma música mágica.) M (para os bastidores): Obrigada. Agora um clarão, um clarão como o daqueles faróis no meio do oceano sobrevivendo há séculos a ondas gigantescas. (Ela se posiciona com a arma, mirando os homens, de costas. Sol ofuscante.) CENA 1 (Os homens foram embora. J está caída no chão.) M: Ei. Ei. Está ouvindo? Estou falando. J: Vá embora. M: Ah, está! J: Saia. M: Consegue me ver? J: Me deixe dormir. M: Sabe me dizer o que aconteceu? J: Dormir ou desaparecer. M: Qual o seu nome? J: Não importa, vá embora. M: Eu posso ajudar. J: O que você quer? M: Quer ajuda para se levantar? J: Não dá, não está vendo? Quem é você? M: Lembra o que aconteceu? J: Posso confiar em você? M: Vamos, estou aqui. J: Vamos para onde? Não posso confiar em você com esta roupa, não sei que dia é hoje. Você é homem ou mulher? M: O que você acha? J: Quanto tempo falta para irmos embora? Já cantaram parabéns? Nossa, acho que estou confusa. M: Ah, começou o delírio. J: Desculpe, não falo inglês, estou sem calcinha. Nossa, estou confusa, o que está acontecendo? M: Você deve estar delirando, você perdeu sangue, posso ver de perto? J: Não. M: Pode ser a adrenalina, um tipo de pânico, lembra o que aconteceu? J: Sim, estou bem, estou cantando parabéns, daqui a pouco me levanto, serei graciosa quando sair andando, obrigada, pode ir. M: Não vai confiar em mim, não é? J: Sim, claro que confio, agora pode ir. M: Não confia não. J: Sim, confio, vou te dizer o que aconteceu, quer dizer, eu me perdi nessa rua e tudo estava escuro e eu caí e quebrei o pé, eu acho. Ou a perna. Não tenho certeza, tudo bem? Agora pode ir, eu consigo resolver. M: Não parece verdade. J: Ou a perna inteira, talvez as duas, mais uma clavícula. Está tudo quebrado, mas dá para sair correndo mesmo sem clavículas, posso correr uma maratona quando amanhecer, está satisfeita? Pode ir agora. M: Não parece verdade, querida. J: Não me chame de querida. É falso. M: Desculpe. J: Quer dizer, eu costumo andar diretamente no asfalto, mas o asfalto, às vezes, você sabe, o asfalto pode ficar muito quente sob os seus pés e acho que foi isso que aconteceu e eu caí. Isso aí no seu cinto é uma arma? Olha, está tudo quebrado, mas eu estou ótima, pode ir, não conte para ninguém, não encoste em mim, estou imunda. M: Não podemos continuar se você não me disser a verdade. J: Você podia ver o asfalto derretendo sob seus pés, eu juro. Foi isso, um abraço. Me esqueça. Um beijo, querida. M: Você me chamou de querida. J: Desculpe, nunca chamo ninguém de querida, é falso, não sei o que está acontecendo. M: Você está perdendo sangue perto da cabeça, dá para ver daqui, posso chegar perto? J: Não! Foi o asfalto derretido, estava quente e eu caí, uma queimadura de oitavo grau. Até quantos graus vai a classificação de uma queimadura? Ah, não importa, foi uma queimadura de grau máximo, ok? Daqui a pouco eu me levanto e me viro sozinha, pode ir, um beijo, você não me viu aqui. M: Não consegue imaginar alguma coisa verossímil? J: O mundo queimando sob os seus pés. É verdade. Às vezes acontece. Eles disseram que iam voltar. M: Não parece, mas eu quero te ajudar, é que não levo muito jeito. Eles disseram o quê? J: Eu perdi o equilíbrio, foi isso, acho que bati a cabeça, meu cérebro está em chamas. M: Não posso trabalhar com você desse jeito. J: Você precisa acreditar em mim. Você disse trabalhar? M: Não, nada. J: O que você quer? Estou confusa, meu coração está batendo. Está difícil para mim, não está vendo? M: Sim. É por isso que estou aqui. J: Vá embora. Você está me enchendo. Ou você acha que pode me ajudar, que é um tipo de heroína ou a mãe da Peppa Pig ou uma cantora famosa, não sei, vá embora se você for da polícia. M: O que é Peppa Pig? J: Ah, me deixe dormir ou desaparecer. Eles disseram que iam voltar, voltar com um monte deles e acabar com você também e depois tudo começou a brilhar. Você, por exemplo, você brilha um pouco. M: Você não para de falar. Posso checar o seu pulso? J: Disseram que iam trazer outros com eles, você tem uma coisa cintilante, outros caras, alguma coisa acetinada na sua pele, não sei, na sua roupa macia e lustrosa como cetim, talvez seja o seu cabelo, um cabelo lustroso como um abajur ou como um monte de caras chegando a qualquer momento, que tipo de coisa é você, hein? A noite está brilhante e acetinada, quem você acha que é? (Ela grita.) Quem você pensa que é? Você acha que é um tipo de fada? Vá embora. Você é velha ou nova? Sua vaca velha. Sua fada cintilante jovem. Sua fada vaca cintilante macia e lustrosa como cetim transparente, você sabe o que é perder tudo? Ah, que confuso, me deixe desaparecer, por favor. (M vai até ela e tenta acalmá-la, abraça-a.) M: Shh... Calma. Tente ficar quieta. Vai ficar tudo bem. J: Não tem mais como ficar tudo bem. M: Shh. Eu sei que você está com medo nesta noite brilhante, neste mundo louco, mas eu não vou sair daqui. Eu vou atravessar esta noite com você. Mas você precisa me dizer. Me dizer o que aconteceu. * SILVIA GOMEZ, 40, é jornalista e dramaturga. ADRIANA KOMURA, 34, é diretora de arte e ilustradora do Cratera Estúdio. | 2017-08-10 | ilustrissima | null | http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/10/1924907-leia-primeiras-cenas-de-peca-inedita-de-silvia-gomez-sobre-estupro-coletivo.shtml |
Alckmin supera Doria na preferência do paulistano para a eleição de 2018 | A pesquisa do Datafolha traz um dado que vai apimentar a disputa interna no PSDB: os paulistanos preferem o governador Geraldo Alckmin como o candidato à Presidência pelo partido em 2018. Para 45%, ele é o melhor nome, enquanto 31% apontam o prefeito João Doria como o preferido. Descartam ambos 20% dos ouvidos. Doria foi tirado da cartola por Alckmin para a disputa em 2016, derrotando o então tucano Andrea Matarazzo nas prévias do partido. Desde que assumiu e ganhou projeção nacional, o prefeito começou a ensaiar um voo solo animado por pesquisas que o colocavam em pé de igualdade com Alckmin numericamente, e com potencial de crescimento baseado no desconhecimento de seu nome. Assim, o prefeito encampou o discurso de que o PSDB deveria usar pesquisas eleitorais para definir o melhor nome para a disputa. Há três meses, começou uma série de viagens nacionais para se expor mais, o que embutia o risco natural de perder popularidade em casa. Até aqui, só o ônus foi provado. Além do tombo na aprovação, não se descolou de Alckmin na disputa nacional –ambos somaram 8% em simulações feitas pelo Datafolha na semana retrasada. A avaliação dos dois tucanos, aliás, se igualou no levantamento feito agora na capital. O governador subiu de 27% para 31% de ótimo/bom, enquanto o prefeito caiu para 32%. Reprovam Alckmin 28%, e 40% veem sua gestão como regular –Doria marca 26% e 40%, respectivamente. Essa igualdade é registrada também na nota média dada pelos entrevistados aos tucanos. Ambos cravam 5,4 no gosto do paulistano, embora Alckmin suba e Doria desça em relação à pesquisa do Datafolha de junho. Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria OUTROS PREFEITOS Apesar de experimentar uma queda acentuada em sua aprovação, os números de Doria à frente da prefeitura estão melhores do que os registrados pela maioria de seus antecessores em períodos semelhantes. Não é possível fazer comparação ampla pois não há séries históricas idênticas para os nove primeiros meses de mandato, mas Doria tem desempenho semelhante ao do também tucano José Serra em 2005. Naquele ano, o tucano tinha 30% de aprovação. A diferença é que ele vinha numa curva ascendente, enquanto o atual prefeito vem na descendente. No fim de 2009, Gilberto Kassab (PSD) marcava 36% de ótimo/bom, também num viés de queda, encerrando o mandato com aprovação de 19%. Outros titulares da prefeitura tiveram desempenhos piores. O antecessor de Doria, Fernando Haddad (PT), amargava índices na casa dos 18% de ótimo e bom no segundo semestre de 2013, mas ele havia passado pelos protestos de junho daquele ano, que erodiram a popularidade de todos os níveis de governo –o petista nunca se recuperou e foi derrotado por Doria em 2016 com meros 16% do eleitorado a seu favor. Jânio Quadros, Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pitta, Kassab ao completar o mandato de Serra e Marta Suplicy registraram índices inferiores aos de Doria em etapas semelhantes do governo. ACERTOS Segundo a pesquisa Datafolha de agora, o maior acerto da gestão Doria está na área de limpeza e coleta de lixo –alvo de sua ação Cidade Linda, de zeladoria em pontos visíveis da cidade. Para 11% dos ouvidos, o governo vai bem na área, contra 15% que achavam isso em abril. As doações empresariais à cidade continuam sendo malvistas pelos moradores. Para 46% dos paulistanos, elas não são transparentes (eram 45% em junho). Já 9% as veem como transparentes. O centro, alvo da ação contra a cracolândia encabeçada pela prefeitura e governo do Estado, é a região da cidade em que o prefeito recebe as melhores avaliações. A pesquisa Datafolha ocorre também no momento em que o prefeito consegue avançar na Câmara os principais pontos de seu programa de concessões e privatizações. Já foram aprovados e no aguardo da publicação dos editais as concessões, por exemplo, de terminais de ônibus, Bilhete Único, parques e o Mercadão, por exemplo. As privatizações de Anhembi e Interlagos ainda precisam passar pela avaliação dos vereadores. | 2017-08-10 | cotidiano | null | http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925265-alckmin-supera-doria-na-preferencia-do-paulistano-para-a-eleicao-de-2018.shtml |
Para vencer obscurantismo, ciência precisa de mais do que argumentos | Na semana passada, escrevi uma reportagem para explicar por que a Terra é (aproximadamente) esférica, e não plana, feito uma pizza cósmica. Na semana retrasada, precisei entrevistar um astrônomo para demonstrar que, veja bem, nosso planeta não estava prestes a ser estraçalhado por um astro monstruoso vindo das profundezas do Sistema Solar e conhecido popularmente como Nibiru, Hercólobus ou Planeta Chupão. Tá puxado, como diz o vulgo. Será que dá para fazer alguma coisa contra esse tsunami de bobagens que insiste em nos afogar? Bem que eu queria estufar o peito e proclamar que o jornalismo científico de qualidade (tipo o que nós fazemos nesta Folha, acrescentaria eu cabotinamente) é capaz de levar luz às massas, por meio da informação equilibrada e apoiada por argumentos racionais. Ia ser lindo se isso funcionasse, mas há boas razões para acreditar que esse tipo de abordagem só consegue alterar o que se passa dentro da cachola de uma parcela ínfima das pessoas. Isso significa que combater o bom combate em defesa dos dados científicos é perda de tempo? Eu não iria tão longe (até porque, se isso estivesse demonstrado cabalmente, já estaria pulando do alto do viaduto mais próximo), mas a gente tem de saber exatamente o tamanho do monstro que está enfrentando antes de sacar a espada –e o ogro em questão é imenso, não dá para negar. Aliás, ogro não, ogros –como os demônios, o nome deles é Legião. Ou, se você quiser algo menos poético, pode chamá-los de vieses cognitivos humanos. Todos nós, em maior ou menor grau, somos portadores dessas distorções sistemáticas de raciocínio, que são uma porcaria se a sua intenção é buscar a verdade de modo objetivo, mas serviram bastante bem aos nossos ancestrais (e ainda nos servem) na hora de fazer o serviço pesado da sobrevivência num mundo complicado e imprevisível. Temos o nosso querido viés de confirmação, que nos faz ver só os fatos que confirmam o que já achávamos desde o início, em vez de levar em conta dados que desafiam nossas crenças; o chamado reforço comunal, no qual ideias improváveis (ou mesmo absolutamente ridículas) parecem mais atraentes quando são adotadas por um grupo coeso (algo que as bolhas de "amigos" das redes sociais reforçam com facilidade); e a simples tendência, demasiado humana, de achar padrões lógicos conectando eventos, mesmo quando tais padrões só existem na cabeça do sujeito. Calma, a coisa fica ainda pior. Uma coisa que tem ficado cada vez mais clara em estudos recentes sobre comunicação científica é a existência do chamado "backfire effect" (algo como "efeito culatra" –é, eu sei, fica meio pornográfico em português). Em suma, quanto mais dados bem fundamentados você tenta jogar nas fuças do cidadão para ver se ele enxerga que está errado, mais fundo ele se entrincheira na sua posição estapafúrdia. Em muitos casos, quanto mais a pessoa sabe sobre um assunto, maior a sua dificuldade de mudar de opinião quando confrontada com informações relevantes –e, claro, deveria ser o contrário. Está na hora, portanto, de abandonar ilusões sobre o poder da argumentação racional. Caçoar de adeptos de ideias malucas é fácil, mas contraproducente. Se não buscar caminhos para atingir o íntimo das pessoas, seus sonhos e suas aspirações, a ciência corre o risco de ficar falando sozinha. | 2017-08-10 | colunas | reinaldojoselopes | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2017/10/1925094-para-vencer-obscurantismo-ciencia-precisa-de-mais-do-que-argumentos.shtml |
Educativas, brincadeiras clássicas atravessam gerações; veja livros e atrações ligados a elas | RAFAEL BALAGO BRUNO MOLINERO DE SÃO PAULO Diversões como pega-pega e pular corda seguem em alta entre as crianças; saiba por que elas são educativas e veja atrações e livros relacionados. - PIÃO Brinquedos que giram voltam à moda de tempos em tempos, com novas roupagens. Neste ano, foi na forma do "spinner", peça para equilibrar na ponta dos dedos. Usado desde a Grécia antiga, o pião foi citado por filósofos como Platão. Nas últimas décadas, surgiram variações como o Beyblade, inspirado num pião japonês. "Essas brincadeiras são transmitidas de forma oral desde a Antiguidade, antes de existir a escola", aponta Adriana Friedmann, doutora em antropologia da infância e autora do livro "A Arte do Brincar" (ed. Vozes). * Livro Que tal rodar dentro de uma xícara? Ou rodopiar feito uma lágrima? Em "Parque Encantado" (FTD; R$ 40), o escritor João Anzanello Carrascoza inventa um parque de diversões imaginário, cujos brinquedos parecem rodas-gigantes nas ilustrações de Andrés Sandoval. * Dica O Yupie!Park, no Cantareira Norte Shopping, faz o visitante girar. Lá, o brinquedo The King coloca os corajosos para rodar a 20 metros de altura. Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 11.001, Jd. Pirituba. Ter. a sex.: 18h às 22h. Sáb. e dom.: 14h às 22h. Acima de 2 anos. Ingr.: a partir de R$ 6. cantareiranorteshopping.com.br - BOLA Além do futebol, jogado muitas vezes apenas com uma bola e traves improvisadas (chinelo, garrafas ou pedras são alternativas), a infância é um convite para conhecer outros esportes com bola, como queimada, vôlei e boliche, também disputados com regras flexíveis e usando objetos diferentes em novos contextos. "Esses jogos ajudam as crianças a entender as relações entre as pessoas, a argumentar com os amigos, a aprender como eu ganho, como eu perco e como lido com a vitória e a derrota", explica Claudia Ayres, coordenadora educacional do colégio Marista Glória. * Livro Dizem que a grama do vizinho é sempre mais verde -mas às vezes é a bola que causa inveja. Só com imagens, "A Bola do Vizinho" (Positivo; R$ 35,50) mostra a disputa de duas crianças por quem é dona da esfera maior. Até que o brinquedo toma conta de tudo. * Dica O Paris Saint-Germain abriu uma escolinha oficial de futebol na Pompeia (zona oeste) em setembro. Há vagas para maiores de seis anos. A mensalidade parte de R$ 295. Informações na página so-5.com/psg-academy-sp - PERSONAGEM Ao brincar, a criança pode ser o que quiser: um herói, uma princesa, um explorador, um médico, um pai ou uma mãe. Assim, entende melhor como é estar em cada um desses papeis. Junto com a criação desses personagens vem o momento de inventar histórias e pequenas situações a serem representadas. Aí surge a oportunidade de apostar na imaginação e de usar objetos do cotidiano em novos contextos: uma caixa de papelão pode virar uma nave ou um barco. O lençol, uma capa de herói ou um traje de fantasma. E a sala de casa, em qualquer ambiente. * Livro Willy vê um motim, encontra um coelho apressado e vai parar no estômago de um monstro. Em "Histórias de Willy" (Zahar; R$ 49,90), o macaco não só interpreta personagens -ele vive histórias de livros como "Robinson Crusoé", "O Mágico de Oz" e "Alice no País das Maravilhas". * Dica Na atração "D.P.A. - Detetives do Prédio Azul", no West Plaza, as crianças fazem investigações. Av. Francisco Matarazzo, s/n°, Água Branca. Dom. a sex.: 14h às 19h30. Sáb.: 12h às 19h30. Até 22/10. Até 10 anos. westplaza.com.br. Grátis - PULAR CORDA A corda bate no chão, mas não pode encostar em quem pula. O jogo parece simples se visto de fora: duas crianças seguram a corda e uma tenta saltar. Os movimentos podem ser acompanhados por alguma cantiga por quem bate a corda. No entanto, a coisa fica mais difícil conforme a velocidade aumenta. A atividade melhora a coordenação motora e gasta calorias. Entre as variações, há aquelas em que é preciso pular duas cordas ao mesmo tempo e uma em que o fio fica esticado na altura do pescoço e cabe aos participantes tentar passar por baixo. A corda também pode servir para brincar de cabo de guerra, com os dois lados tentando ver quem puxa mais forte. * Livro Quando a gente pula, fica parecendo um Saci. Esse personagem do folclore brasileiro era um dos favoritos de Monteiro Lobato, que dedicou a ele um livro: "O Saci" (Biblioteca Azul; R$ 39,90). A edição traz ilustrações da década de 1920 * Dica O Park Shopping São Caetano oferece atividades de circo como andar na corda bamba, fazer acrobacias e equilibrar malabares. Al. Terracota, 545, São Caetano. Dom. a sex.: 13h às 21h. Sáb.: 13h30 às 21h. Até 15/10. 4 a 10 anos. parkshoppingsaocaetano.com.br. Grátis. - PEGA-PEGA Sair correndo atrás dos amigos segue em alta. Tanto o pega-pega quanto o esconde-esconde, outra brincadeira de perseguição, são oportunidades para correr, desviar de obstáculos e explorar o quintal ou o condomínio. "Ao brincar de pega-pega, as crianças rompem o espaço. É como se elas pudessem derrubar as paredes onde ficam fechadas em boa parte do dia", diz Gabriela Romeu, jornalista especializada em infância e pesquisadora de brincadeiras. * Livro Se brincar de procurar os amigos já cansou, as duas irmãs do livro "Os Sábados São Como um Grande Balão Vermelho" (V&R; R$34,90) dão uma boa ideia: que tal perseguir a chuva? Texto e imagens são feitos pelo cartunista argentino Liniers, autor de "Macanudo" * Dica Um dos personagens que mais se envolveu em perseguições nos desenhos, Pica-Pau chegou aos cinemas na última quinta-feira (5). "Pica-Pau - o Filme" mostra o pássaro arteiro tentando expulsar desmatadores, em um filme com atores reais. Salas e horários em guia.folha.com.br - AMARELINHA O jogo de riscar o chão vem dos tempos do Império Romano e funcionava como exercício militar. Para as crianças, demarcar o solo ajuda a entender melhor as noções de território e os simbolismos: com alguns traços, surge um "céu" imaginário, por exemplo. As linhas deixam claro onde se pode pisar e quais partes devem ser evitadas. O jogo também ensina a contar e a manter o equilíbrio. "A amarelinha de ontem não é a mesma de hoje. As crianças reinventam as brincadeiras tradicionais o tempo todo enquanto brincam", analisa Raquel Franzim, educadora do Instituto Alana. * Livro Como na brincadeira, o leitor de "A Divina Jogada" (Nós; R$ 40) vai do inferno ao céu, com uma passadinha no purgatório. A história traz um jogo de futebol, com jogadores como Brutus, Judas, Gabriel e Davi. * Dica Para pular de modo radical, o Emotion Park tem 19 camas elásticas. Trav. Casalbuono, 120, V. Guilherme. Seg. a dom.: 10h às 22h. Até 15/10. Livre. Ingr.: R$ 40. centernorte.com.br | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924988-educativas-brincadeiras-classicas-atravessam-geracoes-veja-livros-e-atracoes-ligados-a-elas.shtml |
3 em cada 10 americanos têm armas; maioria diz que busca se proteger | Com cinco armas em casa -duas pistolas, uma espingarda, um fuzil e um rifle "estilo Velho Oeste"-, o servidor público que pede para ser identificado apenas como Steve, 57, afirma que felizmente nunca teve de usá-las para se proteger. "Armas são como um seguro. Você não quer ter de usá-las, mas, se precisar, é bom que elas estejam ali", diz o morador de Montgomery, no Alabama, que pretende comprar "mais algumas" no futuro. "Eu não caço, mas quero ter um rifle de caça, por via das dúvidas. Vivemos num mundo assustador." Steve está entre os 30% da população adulta americana que possui armas. Neste grupo, faz parte dos 29% que têm cinco ou mais armas e dos 67% que dizem tê-las para proteção, segundo uma pesquisa do Pew Research Center publicada em junho. Depois do maior ataque a tiros da história dos EUA, na noite do último domingo (1º), em Las Vegas, onde morreram 59 pessoas e mais de 500 ficaram feridas, a parcela armada da população contesta o clamor imediato por mais rigor à venda de armas. Neste grupo, apenas 29% dizem que leis mais restritas contribuiriam para reduzir o número de ataques em massa. A maioria (53%) diz que não faria diferença. Entre os que não possuem armas, 56% acreditam que mais limitações ao comércio de armas significariam menos mortes. Número de mortos em ataques a tiros em massa - Por 100 milhões de habitantes A divisão no país sobre o tema é ainda mais profunda no recorte partidário. Enquanto 76% dos americanos que se identificam como republicanos consideram mais importante proteger o direto ao porte de armas do que limitar o acesso a elas, do lado democrata apenas 22% concordam com isso. A diferença (54 pontos percentuais) aumentou consideravelmente na última década. Em 2008, 47% dos republicanos e 30% dos democratas concordavam sobre uma maior necessidade de proteger os direitos a ter armas. Hoje, o tema só perde em polarização para a proposta de Donald Trump de construção de um muro na fronteira com o México, estando à frente de assuntos como legalização do aborto, casamento gay e legalização da maconha. Uma maior divisão foi vista depois de ataques como o da escola primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, que matou 26 (sendo 20 crianças) em 2012, e na boate gay Pulse, em Orlando, onde 49 morreram em 2016. Após as duas chacinas, parlamentares democratas tentaram passar no Congresso projetos de lei com maior controle para a venda de armas, sem sucesso. Do outro lado, o lobby de armas reforçou a atuação no Congresso. Segundo o Center for Responsive Politics, que monitora doações de campanha, só a NRA (Associação Nacional de Rifles, na sigla em inglês), gastou quase oito vezes mais nas eleições de 2016 -US$ 51,9 milhões para 86 candidatos- do que nas de 2010 -US$ 6,6 milhões para 93. CONVERGÊNCIA Apesar da polarização, há pontos específicos na discussão em que a parcela da população armada mostra maior convergência com o grupo que não possui armas. Uma delas é a necessidade de evitar que pessoas com problemas mentais comprem armas. Mesmo assim, Trump e o Congresso reverteram, em fevereiro, norma do governo Barack Obama que proibia cerca de 75 mil pessoas com doenças mentais de fazê-lo. A criação de uma lei federal prevendo a checagem de antecedentes para vendas privadas e em feiras de armas também tem apoio de 87% dos que não têm armas e de 77% dos que possuem. "Os grupos estão mais divididos em três outras propostas: criar uma base de dados federal para rastrear vendas de armas, proibição de armas semiautomáticas e fuzis e veto a carregadores de alta capacidade", observam os autores da pesquisa, feita com 3.930 adultos em todo o país, entre março e abril. O que cada grupo apoia - Em % As características do massacre em Las Vegas, no entanto, fizeram com que os dois grupos concordassem em mais um ponto: a necessidade de restringir dispositivos que tornam o desempenho de uma arma semiautomática semelhante à de uma automática -esta última, proibida nos EUA em 1986. O autor dos disparos no domingo usou o chamado "bump stock" em pelo menos 12 armas semiautomáticas. Na quinta, a NRA disse apoiar "regulamentos adicionais" para os dispositivos. Para Steve, é preciso eliminar as armas automáticas, "e isso inclui qualquer coisa que torne automática uma arma". "Não acredito que não precisamos delas como civis. Poder fazer um disparo por vez é mais do que suficiente." | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925335-3-em-cada-10-americanos-tem-armas-maioria-diz-que-busca-se-proteger.shtml |
Vila Anastácio, na zona oeste de SP, cresce, aparece e vira 'Nova Lapa'
| ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Vila Anastácio, na zona oeste paulistana, passa por uma mudança de perfil com a chegada de grandes empreendimentos imobiliários. Sua origem remonta ao século 18, quando era a fazenda do coronel Anastácio de Freitas Trancoso. No começo do século 20, começou a atrair imigrantes. Com ruas largas e ainda horizontalizado, o bairro é dominado por galpões e indústrias, além das casas. O comércio é mais focado no público que trabalha lá: predominam bares, padarias e restaurantes por quilo. A combinação de boa localização com disponibilidade de grandes terrenos a preços atraentes está mudando a ocupação. Construtoras lançaram ali empreendimentos com o conceito de condomínio-clube. Com isso, passaram a chamar a Vila Anastácio de "Nova Lapa". Ex-moradora da City Lapa, Cida Souza achou na Vila Anastácio a chance de comprar um imóvel maior com preço melhor que no vizinho. Profissional do mercado financeiro, ela se mudou para lá com o namorado em dezembro. "Fui para a City Lapa há sete anos e vi o bairro se desenvolver muito. Acredito que vá acontecer aqui também", afirma. A incorporadora Even entregou três empreendimentos no bairro em 2016 e um quarto está em andamento. Marcelo Dzik, diretor, explica que, embora a vila ainda não tenha oferta extensa de comércio e serviços, a vizinha Lapa supre moradores com sua estrutura. "Tivemos a oportunidade de adquirir terrenos com bom custo-benefício. Isso permite criar condomínios com áreas de lazer por valores mais atraentes que em bairros consolidados." Em 2016, a Even entregou a primeira torre do Quintas da Lapa, com apartamentos de 134 metros quadrados e quatro dormitórios. Entre os itens de lazer estão quadra de tênis, piscinas, pista de caminhada e salão de festas. A entrega da segunda torre está prevista para abril de 2020. O preço do m² é R$ 8.350. O Caminhos da Lapa Residencial Vanguarda, da Tegra, tem entrega prevista para este mês. São duas torres com 200 unidades. As áreas variam de 128 a 157 metros quadrados. Spa, salas de estudo, de dança, de ioga e de pilates estão entre os diferenciais. Comercializados pela Lopes a R$ 9.650/m2, os imóveis são próprios para famílias com filhos. "Temos clientes vindos da Lapa, mas também da zona norte e de outras regiões. A zona oeste é um lugar com muita procura", afirma Belmiro Quintaes, diretor de atendimento da Lopes. | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925121-vila-anastacio-na-zona-oeste-de-sp-cresce-aparece-e-vira-nova-lapa.shtml |
Jovens e empresários ocupam novos estúdios na Bela Vista
| BARBARA PEREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Apartamentos compactos, com plantas que chegam a 28 metros quadrados e prédios com infraestrutura ampla atraem jovens e empresários à Bela Vista, no centro de São Paulo. Contam a favor ainda a proximidade de hospitais, faculdades e o centro empresarial da avenida Paulista e o fácil acesso a transporte público. "Existe um crescimento no numero de prédios novos na região que vai dali até o centro de São Paulo. Em parte, como alternativa ao Jardins, que já não têm tanta disponibilidade de terreno", explica Igor Freire, diretor de vendas da imobiliária Lello. A construtora TPA lançou recentemente três empreendimentos na região. O Home Bikers e o Griffe 360 foram entregues ano passado com plantas de 28 a 78 metros quadrados. O valor médio do metro quadrado é de R$ 11 mil. No Home Bikers, todas as 104 unidades vêm com vagas para bicicletas de olho nas ciclovias da região. A área comum conta com lavanderia e serviços "pague o que usar" como passeador de cães e motoboy. O terceiro empreendimento da TPA é o Bandeira Pauliceia, ainda em construção. Serão 160 unidades de 23 a 48 metros quadrados com preço médio de R$ 9,5 mil por metro quadrado. "Nosso público são pessoas que trabalham no centro e investidores, e também clientes do interior ou de outros estados que vêm para negócios e não gostam de ficar em hotéis", afirma Luciana Santos gerente de projetos da TPA. É o público também dos estúdios de 27 e 31 metros quadrados do empreendimento You Paulista, que será entregue pela You, Inc em agosto de 2019. Há ainda plantas de dois dormitórios e 55 metros quadrados. Na área comum, há espaço gourmet, piscina, salão de festas e lavanderia coletiva. O valor dos apartamentos gira em torno dos R$ 413 mil. Para Aline Borbalan, gerente de inteligência de mercado do Grupo VivaReal, a Bela Vista se encaixa em um padrão de vida cada vez mais procurado. "Não é um bairro muito comercial, mas é uma região central e as pessoas estão à procura de moradia onde há mobilidade e qualidade de vida." | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925119-jovens-e-empresarios-ocupam-novos-estudios-na-bela-vista.shtml |
Maioria dos paulistanos prefere a zona sul para viver, diz pesquisa Datafolha
| LEANDRO NOMURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A zona sul foi escolhida por 32% dos moradores paulistanos como a melhor região para residir em São Paulo, mostra pesquisa do Datafolha. Em segundo lugar na preferência ficou a zona leste, com 20%, seguida pelo centro (16%), zona norte (14%) e zona oeste (13%). "Historicamente, a zona sul concentra grande parte dos bairros de alto padrão", diz a professora de arquitetura Eunice Abascal, da Universidade Mackenzie. Ela explica que a renda alta leva edifícios corporativos para a área e que esses, por sua vez, atraem ainda mais infraestrutura, serviços, comércio e outros prédios residenciais, num ciclo virtuoso. "É um eixo de desenvolvimento", diz. Esse movimento resultou na valorização do metro quadrado dos imóveis da zona sul. De 2008 a 2017, o preço médio do metro quadrado na região saltou de R$ 3.276,03 para R$ 11.047,26, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). Foi o maior salto entre as cinco regiões da cidade. Em comparação, o metro quadrado dos novos apartamentos da zona leste passou de R$ 2.822,80 para R$ 6.604,13, em média, no mesmo período. A médica Karina Vince, 34, sempre viveu na zona sul. Nasceu no Jardim da Saúde, foi para Conceição, Planalto Paulista e Saúde. Hoje mora na Chácara Inglesa e não pensa em se mudar por nada. "Não me imagino morando em outro lugar de jeito nenhum. Se me colocarem na zona leste ou na zona norte, não sei nem o que fazer", diz. Vince aprendeu a apreciar a zona sul por causa da mãe, a professora Waldair Vince, 55, que também nasceu e cresceu por ali. "Alguns parentes vieram do interior e foram para Mauá (na Grande São Paulo). Meu avô veio para o Ipiranga. Eu agradeço por ter nascido aqui." LAZER Entre as qualidades da zona sul, Vince aponta as opções de lazer para a filha de três anos. "Sempre vou ao zoológico, ao aquário, ao Jardim Botânico. É tudo por aqui", afirma. Segundo o Datafolha, 30% dos paulistanos consideram a zona sul também como a melhor região da cidade em opções de lazer. Lá fica o parque Ibirapuera, que concentra alguns dos empreendimentos mais luxuosos de São Paulo. Um deles é o Curitiba 381, da incorporadora Tegra, no Paraíso, que deve ser entregue em 2019. Os 15 apartamentos, com áreas entre 332 e 719 metros quadrados e até cinco suítes custam a partir de R$ 9 milhões -sete já foram vendidos. Segundo João Mendes, diretor da Tegra, a localização privilegiada, a poucos metros do parque, e a escassez de lançamentos na área são as principais justificativas para o preço elevado. Perto dali, na Vila Nova Conceição, a Setin lançou o JL Life by Design, com 18 unidades e áreas entre 247 e 439 metros quadrados. O custo médio é de R$ 22 mil o metro quadrado e a entrega está prevista para 2019. No mês que vem, a Setin lança um prédio na rua Suzano, nas imediações do parque. Serão 14 apartamentos entre 216 e 328 metros quadrados."É para quem deseja usar o parque como morador, e não como turista", diz Eduardo Pompeo, diretor de incorporação da Setin. O Datafolha ouviu 493 pessoas das classes A, B e C de todas as regiões da capital entre os dias 10 e 12 de agosto. | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925114-maioria-dos-paulistanos-prefere-a-zona-sul-para-viver-diz-pesquisa-datafolha.shtml |
Reforma só sai se vier de fora do Congresso, diz Vicente Cândido | Relator nos últimos 12 meses da mais recente tentativa de reforma política, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) reconhece o pífio resultado obtido e diz que só haverá mudança significativa se ela vier de fora do Congresso. Forçado a alterar seu relatório durante o debate em quantidade suficiente para ter perdido a conta, o petista diz ainda que o Brasil não terá tranquilidade enquanto não alterar seu sistema eleitoral. Folha - Por que a reforma política teve esse resultado? Vicente Cândido - Essa matéria em especial trata do interesse individual, partidário de quem vota. Mexe com a vida, emprego, sobrevivência de muitos parlamentares. O sistema político forma um Congresso com certo viés. Um viés empresarial, machista, de brancos, que não representa o todo da sociedade. O Congresso deveria ter mais mulheres, negros, jovens, menos empresários, mais trabalhadores, profissionais liberais. Desse ponto de vista, seria impossível aprovar uma reforma. É muito difícil. Tem três caminhos. Esse do Congresso, que já tentamos tantas vezes, outro de uma Constituinte exclusiva que depende do Congresso para ter autorização [Parlamento eleito com o único propósito de reformar o sistema, sendo dissolvido após isso], que é mais difícil ainda, e um outro que é criar um misto do Congresso com a sociedade civil, que é o que estou tentando. Seria esperar o momento eleitoral para que a sociedade civil tenha um projeto de reforma política e faça os partidos e os candidatos assumirem o compromisso. Deve ter uma reunião nesse ano com várias entidades para elas formatarem um projeto para o ano que vem. Quais entidades? Conversei com algumas, mas a que mais comandou o projeto foi aquele fórum que reúne a CNBB [se refere a grupo que inclui a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil e outras entidades]. São grupos ligados à esquerda. É, mas acho que tem que ir além disso. O sistema político não tem viés de esquerda ou de direita, é muito mais um sistema de inclusão ou não, de ser mais barato ou não, que convive com esquerda e direta. Tem que dialogar com todo mundo. Por exemplo, a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] fez um belo debate, num colegiado de empresários, e não tem muita divergência ali com esquerda, direita, centro. Precisamos de um sistema eleitoral racional, barato, sério. Como você rotularia essa reforma que acabou de sair? Criamos um paliativo para que a eleição de 2018 não seja um caos. Mas acho que ela é muito vulnerável ainda. É um fundo [público de R$ 2 bilhões] ainda precário. É muito caro para quem vai pagar, com o tamanho da crise e a falta de recursos [o governo projeto rombo de R$ 159 bilhões para este e o próximo ano], mas aquém do necessário para que cubra o custo de campanha. Deixaram a discussão para última hora e quase nada vingou. Foi a reforma do improviso? O embate ficou para a última hora. O debate começou em outubro do ano passado. Aí é coisa de brasileiro, não tem jeito, sempre deixa pra última hora. Mas dos pontos centrais não podemos negar que avançamos no fim de coligação [para a eleição ao Legislativo], cláusula de barreira [para conter a proliferação de partidos] e no financiamento público precário. O ponto central não passou, o sistema de votação, que baixava custo, daria cultura partidária. Foi a grande derrota nossa. Vários pontos ficaram de fora, como voto obrigatório, fim dos vices e dos suplentes de senador sem voto. Isso é que mostra a dificuldade congressual de avançar com uma reforma. Por isso que acho que ou a sociedade brasileira produz um projeto ou acho muito difícil. Se não for de fora pra dentro, com pressão da sociedade, acho muito difícil avançar. Quantas versões o sr. apresentou de seu relatório? O sr. teve que mudá-lo a cada semana. Ah, isso eu perdi a conta. | 2017-08-10 | poder | null | http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925309-reforma-so-sai-se-vier-de-fora-do-congresso-diz-vicente-candido.shtml |
O triunfo da insensatez | O velho sábio que habitava esta Folha costumava repetir que vivera o suficiente para ver tudo acontecer e o seu contrário também. Não vivi ainda tanto quanto ele nem espero viver, mas está em curso o triunfo espetacular da insensatez, que jamais imaginava ver (tomara que ainda consiga ver também o seu contrário, do que começo a duvidar). Refiro-me em especial ao caso da Catalunha, mais especificamente à insistência de uma parte considerável de seus líderes políticos em declarar a independência. Respeito muitos os que se manifestam pela independência pelo sentimento de que, sendo catalães, não cabem na Espanha. Discordo, mas amores não se discutem, se sentem. Pena que o amor nem sempre é lindo e que valha, neste caso como em tantos outros, uma das frases do grande frasista que foi o general Juan Domingo Perón: "La realidad es la única verdad". A realidade é simples: não passa de tremenda insensatez a Catalunha separar-se da Espanha. A ponta do iceberg com o qual se chocará a região apareceu na quinta (5), quando o Banco Sabadell, depois de mais de cem anos na Catalunha, anunciou mudança para Alicante. O CaixaBank, o terceiro maior da Espanha, prepara-se para mudar para Valencia. São perdas evidentes para a Catalunha. E não são as únicas: as lideranças catalãs em momento algum discutiram a sério nem fizeram a população saber o custo que terá a obrigatoriedade de criar uma nova moeda, já que a saída da Espanha significará perder o direito de usar o euro. Como diz o jornal francês "Le Monde", nenhum país europeu está disposto a reconhecer o resultado do plebiscito de domingo (1º). Reforça o britânico "Financial Times": "Considerada a escassa participação e a indiscutível ilegalidade, não há justificativa alguma para a declaração de independência". Se os problemas econômicos a enfrentar fossem um preço aceitável para compensar libertar-se da opressão da Espanha, ainda vá lá. Liberdade é um valor inestimável. O problema é que não existe opressão. Basta ler artigo no "Guardian" de Victor Lapuente Giné, professor de Ciência Política da Universidade de Gotemburgo (Suécia): "Desde a concepção, a Espanha foi um empreendimento político pluralista. (...) Não é coincidência que o primeiro exemplo de parlamentarismo moderno na Europa Ocidental sejam as Cortes de León de 1188. As cidades e regiões gozaram de capacidades de autogoverno desconhecidas em outros países". O fato de a ditadura de Francisco Franco (1936-1975) ter de sufocado a Catalunha não justifica se separar agora. Afinal, Franco já morreu faz tempo e as comunidades espanholas gozam de amplas capacidades de autogoverno. O triunfo da insensatez não se limita às lideranças catalãs. Na Venezuela, um sujeito que recebe orientações do antecessor, disfarçado de "pajarito", também triunfa e conduz seu país a um desastre sem paralelo -com apoio, aliás, de significativa parcela da esquerda brasileira, também imbecilizada. A lista de insensatos é bem maior e passa pelo Brasil, mas o espaço acabou. | 2017-08-10 | colunas | clovisrossi | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2017/10/1925343-o-triunfo-da-insensatez.shtml |
SuperTemer se meteu com a SuperTele | Num momento de onipotência, Michel Temer disse que "converso com quem eu quiser, na hora que eu achar mais oportuna e onde eu quiser". Conversou com Joesley Batista e deu no que deu. Temer é um homem frio, mas de vez em quando vira SuperTemer. Esse perigoso personagem recebeu no Planalto uma comitiva de conselheiros da operadora Oi, a ex-telegangue, ex-Telemar e ex-SuperTele. Ela deve R$ 63 bilhões na praça. O grupo estava escoltado por três deputados e representava os interesses do empresário Nelson Tanure, que participou do encontro, sem que seu nome constasse da agenda. Num rolo desse tamanho, as querelas são muitas, mas vale a pena resgatar uma delas. O conselheiro Hélio Costa, ex-ministro das Comunicações de Lula, anunciou que será "impossível" cumprir o acordo que a Oi assinou com a Anatel, comprometendo-se a transformar em investimentos, num prazo de quatro anos, os R$ 11 bilhões que admite dever à Viúva por conta de multas. Costa (e as demais operadoras que entraram na farra desse "Termo de Ajustamento de Conduta") querem até 12 anos de refresco. A operadora ofende o regulamento, é multada e não paga. Mal administrada, quebra. Faz um acordo e promete investir o que deve. Não quer cumprir o trato e vai ao presidente da República, escoltada por três deputados. Quando der bolo, SuperTemer precisará de bons advogados. | 2017-08-10 | colunas | eliogaspari | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2017/10/1925324-supertemer-se-meteu-com-a-supertele.shtml |
Saiba como tirar respingos de tinta da lataria do veículo
| DE SÃO PAULO João Furlan, sócio da rede de funilaria ChipsAway, ensina como retirar respingos de tinta da lataria do veículo. * Pigmentos à base de água, como tintas látex, são mais fáceis de ser retirados. Uma opção é limpar a mancha com um produto de polimento aplicado em um pano ou esponja. Tirar tinta spray exige um esforço a mais. Manchas grossas podem ser retiradas com óleo WD-40, que deve ser borrifado sobre elas. Uma espátula de plástico pode ajudar na remoção. Já as mais superficiais podem ser removidas com álcool isopropílico e uma flanela. O tíner também é eficiente para remover respingos, mas o solvente não deve ser usado em veículos que tenham sido repintados para não danificar a tinta. Para manchas nas janelas, a acetona é uma opção eficiente. | 2017-08-10 | sobretudo | vida-pratica | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/vida-pratica/2017/10/1925099-saiba-como-tirar-respingos-de-tinta-da-lataria-do-veiculo.shtml |
Saiba como usar fone no escritório barulhento sem se isolar em 'bolha'
| CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO A tendência de escritórios sem divisórias ajuda a integrar a equipe, mas cria um efeito colateral: deixa o ambiente mais barulhento. De acordo com uma pesquisa feita pelo LinkedIn em agosto com 1.030 profissionais, 65% das pessoas afirmam usar fone de ouvido durante o expediente e 19% dizem escutar música para abafar o barulho ao redor. "Fui obrigada a comprar um fone caro e potente, daqueles que cancelam o ruído externo, para conseguir raciocinar", conta a designer Beatriz (nome fictício), 27. Há seis meses, desde que passou a trabalhar em uma agência em São Paulo, ela se sente incomodada com os decibéis das conversas de seus colegas de escritório. "O espaço já é pequeno, e as pessoas gritam para se comunicar com quem está do lado oposto. Falam da vida pessoal, do signo, de muita coisa que ninguém pediu para saber", afirma. Depois de reclamações, alguns profissionais foram trocados de lugar, mas nada adiantou. "O barulho atrapalha o prazo de entrega de trabalhos e me deixa estressada." Com excesso de ruído, o cérebro gasta mais energia para se concentrar, diz a neurologista Jerusa Smid, membro da Academia Brasileira de Neurologia. Em áreas como vendas ou marketing, não há o que fazer: telefonemas e interação entre as pessoas da equipe fazem parte do trabalho. Mas em situações como a vivida por Beatriz o profissional deve manifestar sua insatisfação, sempre com delicadeza. O primeiro passo é falar com o colega. "É preciso deixar claro que não é pessoal e pedir para encontrarem uma solução juntos", diz Isis Borge, gerente de divisão da consultoria Robert Half. Se não adiantar, o caminho é procurar o gestor, sem partir para o combate com o colega. Segundo a especialista, o ideal é comunicar o que está acontecendo e propor alternativas, como trocar de lugar ou trabalhar alguns dias em casa. Aí, cabe ao chefe decidir como lidar com o caso. MÚSICA CERTA Os fones de ouvido, de fato, podem ser a saída, desde que a pessoa tome cuidados. "O aparelho pode ser usado no momento que requer maior atenção, mas não o tempo todo, porque aí a pessoa entra numa bolha", diz Gabriel Almeida, gerente da consultoria Talenses. Antes de colocar os fones, é bom o profissional avisar ao gestor e aos colegas que vai iniciar uma atividade de maior concentração, mas que, se preciso, podem chamá-lo. A seleção das músicas tem que ser bem pensada, para aumentar a produtividade em vez de atrapalhar, diz a neurocientista Carla Tieppo. A sequência deve ser sempre a mesma, com músicas conhecidas. Sua duração precisa ser de, no máximo, 50 minutos –é quanto dura o estado de atenção plena. "O cérebro já antecipa o que vai acontecer e não se distrai com o que está tocando", afirma ela. Também é preciso ficar atento ao volume, lembra o otorrinolaringologista Paulo Lazarini, professor da Santa Casa. "Se a pessoa está em um ambiente com muito ruído, acaba colocando a música numa intensidade ainda maior e fica predisposto a ter problemas de audição." De acordo com o médico, o fone do tipo concha, que cobre a orelha, é melhor do que o inserido no canal do ouvido. O volume não deve exceder a metade da barra de som. SALA DO SILÊNCIO Preocupada com o excesso de ruído, a Sprinklr, empresa de monitoramento de redes sociais, criou seis salas com isolamento acústico que podem ser usadas por todos os funcionários. "Passo pelo menos 20% do meu dia em uma delas", afirma Maria Fernanda Vieira, 30, gerente de marketing na companhia. Lá, ela faz tarefas como revisão de textos, por exemplo. "Sou sensível ao barulho. Não consigo usar o fone. Com esse espaço, é possível manter a interação e sair quando necessário", diz. A recém-inaugurada sede da PepsiCo conta com áreas de "refúgio", de cabines a espaços com pufes e poltronas espalhados pelos andares. Danielle Ogeda, coordenadora de assuntos corporativos da empresa, faz uso desses locais quando precisa realizar atividades que exigem mais atenção ou fazer ligações. "Já recebi feedbacks de que falo muito alto, então faço isso para não atrapalhar meus colegas. Isso melhora o clima entre as pessoas, porque evita conflitos ", diz. | 2017-08-10 | sobretudo | carreiras | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2017/10/1924960-saiba-como-usar-o-fone-no-escritorio-barulhento-sem-se-isolar-em-bolha.shtml |
Paredes recheadas e janelas duplas reduzem ruídos em casa
| ANA LUIZA TIEGHI DE SÃO PAULO O isolamento acústico pode ser a diferença entre uma noite mal dormida e um sono tranquilo principalmente para quem mora em vias com tráfego intenso, perto de aeroportos ou de vizinhos barulhentos. O primeiro passo para proteger a casa de ruídos é checar a vedação de janelas e portas de varandas, porque onde passa ar entra som. "Só com essa revisão dá para diminuir bastante o barulho", diz a arquiteta Cris Paola. Situações extremas exigem medidas mais drásticas. Há 26 anos, a biomédica Maria Fernanda Moretti, 63, e o psiquiatra José Moura, 64, se mudaram para um apartamento no segundo andar de um prédio na avenida Nove de Julho, na zona oeste de São Paulo. "O barulho é impressionante, parece que os carros estão dentro de casa", conta Moretti. Seis meses depois, colocaram janelas antirruído em todo o imóvel. O modelo tem dois vidros separados por uma câmara de ar e é mais eficiente –e caro– do que janelas tradicionais, que são encontradas por menos de R$ 700. Na fabricante Atenua Som, elas custam de R$ 1.500 a R$ 3.000 o metro quadrado. Quando a fachada do imóvel não pode ser alterada, há modelos sob medida ou que ficam só do lado interno do cômodo. No quarto do casal, uma janela antirruído não foi o suficiente para Moura, que queria silêncio absoluto. Para isso, colocaram outra camada de vidros duplos. A janela agora é composta por um modelo de correr e outro do tipo projetante, conhecida como maxim ar. "Ficou bem suportável", diz o morador. Janelas e portas antirruídos só funcionam fechadas, então pode ser necessário instalar ar-condicionado no cômodo para unir silêncio e conforto nos dias de calor. Se o barulho não vem da rua, mas de vizinhos ou outros moradores do imóvel, é preciso reforçar a proteção acústica de paredes, piso e teto. "Imóveis novos são os que mais sofrem, porque as construtoras querem reduzir custos e fazem as paredes internas de dry wall", diz a arquiteta Marcela Monfrinatti, do escritório 2two Design. O dry wall –duas chapas de gesso presas a estruturas de aço, que substituem as paredes– não é um bom isolante acústico. Mas por ter um espaço vazio dentro dele, pode ser recheado com materiais que barram a passagem de ruídos, como a lã de rocha. Os apartamentos são entregues sem a proteção, que pode ser instalada por cerca de R$ 84 o metro quadrado. Se não for suficiente, a arquiteta Paola indica mais uma camada de dry wall sobre a parede (causa perda de até sete centímetros no ambiente). O truque também funciona sobre paredes de alvenaria, caso o barulho seja tão alto que apenas tijolos não barrem a passagem do som. Manta acústica ou espuma dura sob o contrapiso acaba com a entrada e saída de barulhos, como o de passos. A manta sai por volta de R$ 10 o metro quadro, sem a instalação. Método similar pode ser adotado no teto, sob um forro de gesso. Tudo isso foi empregado por Paola há dois anos na reforma de uma cobertura no Itaim Bibi, que tem uma sala com instrumentos musicais. O espaço é usado pelo dono do imóvel, o empresário Eraldo Dante, 64, e seus três filhos nas horas de lazer. Os vizinhos nunca reclamaram. Os truques de isolamento acústico também melhoram a qualidade do som dentro da sala. "Dá para gravar um CD ali", diz o empresário. SEM OBRA Para melhorar a acústica sem reformas, os profissionais consultados indicam o uso de cortinas. "Quanto mais pesado e menos sintético for o tecido, melhor", diz o arquiteto Lisandro Piloni. Sarja, lona, veludo e linho denso são boas opções. "Outra coisa que ajuda muito é tapete", diz Monfrinatti. Peças fofas e densas funcionam melhor. Na sala de música de Dante, o chão é revestido de carpete, que também abafa ruídos. Nas portas, ela aconselha colocar borracha no batente e uma escovinha no vão com o chão. Quanto mais vedado for o ambiente, melhor. Por isso, portas de correr não são indicadas se há preocupação com a passagem de barulho. "Sempre vai ter uma fresta", diz a arquiteta. | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1924972-paredes-recheadas-e-janelas-duplas-reduzem-ruidos-em-casa.shtml |
Doria em queda | A avaliação do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB),piorou de modo relevante desde junho, indica pesquisa Datafolha. O resultado nada tem de surpreendente. Desde que os paulistanos voltaram a eleger seu governante, 32 anos atrás, quase sempre demonstraram alguma frustração com o desempenho nos primeiros meses do mandato -a exceção foi a breve gestão de José Serra (2005-2006). De todo modo, o prestígio de Doria -32% consideram seu governo ótimo ou bom, ante 41% há quatro meses- supera o de seus antecessores (fora Serra) em períodos comparáveis da administração. Particularmente digna de nota se mostra a disparidade de opiniões a respeito do alcaide conforme os estratos sociais: sua aprovação chega a 54% entre os que têm renda familiar superior a dez salários mínimos, não passando de 23% na faixa até dois pisos salariais. Com pouco mais de nove meses no posto, o prefeito ainda dispõe de tempo para convencer os munícipes de sua capacidade gerencial. Os números do Datafolha são mais sombrios, entretanto, quando se considera sua ambição já escancarada de se candidatar à Presidência da República. Para 58% dos entrevistados em São Paulo, Doria não deveria deixar o governo local; 55% descartam votar no tucano em uma disputa pelo Palácio do Planalto. No que diz respeito a suas chances de conquistar a vaga de candidato, afigura-se importante a comparação com a popularidade de seu adversário no tucanato, o governador Geraldo Alckmin. Este tem aprovação de 31% entre os paulistanos, praticamente idêntica à do prefeito, seu afilhado político. Entretanto a diferença é significativa quando se pergunta qual dos dois deve ser o postulante do PSDB ao comando do país: para 45%, Alckmin; para 31%, Doria. O veterano parece resistir razoavelmente, assim, ao desgaste de mais de duas décadas em que o PSDB esteve à frente do governo estadual e à ojeriza ampla a políticos tradicionais. Não por acaso, apega-se à defesa da experiência. Somente em abril vence o prazo para que o prefeito decida se será candidato ou não -o Palácio dos Bandeirantes também é uma hipótese, assim como uma eventual mudança de partido. Se até lá persistir o anseio por cargos mais elevados, tende a ganhar corpo a leitura de que ele troca o tempo de administrar a cidade pelo de fazer campanha. A julgar pelos números do Datafolha, o eleitor paulistano não parece satisfeito com essa dupla face de Doria, que põe em risco tanto a sua propalada reputação de gestor quanto uma carreira política iniciada de forma promissora. [email protected] | 2017-08-10 | opiniao | null | http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925261-doria-em-queda.shtml |
Veja empresas que fazem reparos no carro em domicílio em São Paulo
| DE SÃO PAULO De remoção de arranhões até troca de vidros, veja empresas em São Paulo que realizam reparos em automóveis em domicílio. * AUTOGLASS Faz a substituição de vidros do para-brisa e do porta-malas. O serviço custa entre R$ 420 (veículos populares) e R$ 8 mil (carros com mais tecnologias integradas às peças); autoglass.com.br ou 0800 025 6313. DISKREPARO Realiza reparos na funilaria e na pintura do automóvel, como arranhões e amassados. Para um veículo compacto, os valores dos serviços variam entre R$ 450 e R$ 700 (consertos na funilaria); diskreparo.com.br ou (11) 4890-7646. CARGLASS Realiza conserto e troca de vidros automotivos. A substituição do vidro do para-brisa de um carro compacto custa em torno de R$ 575. O valor inclui garantia vitalícia; carglass.com.br ou (11) 2126 0101. AGILITY REPAROS AUTOMOTIVOS Faz pequenos consertos em domicílio, como de riscos na pintura e amassados. O reparo de arranhões no para-choque de um compacto custa em torno de R$ 590; agilityreparos.com.br ou (11) 4171-0800. DOUTOR LUBRIFICA Realiza a troca de óleo e de filtros automotivos na casa do cliente. Serviço custa cerca de R$ 175 para um veículo compacto (ano 2015) e R$ 270 para um de grande porte; doutorlubrifica.com.br ou (11) 3266-5901. | 2017-08-10 | sobretudo | vida-pratica | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/vida-pratica/2017/10/1925103-veja-empresas-que-fazem-reparos-no-carro-em-domicilio-em-sao-paulo.shtml |
Laut serve receitas cruas veganas com diversidade de texturas, cores e sabores | LUIZA FECAROTTA CRÍTICA DA FOLHA No Laut nota-se um empenho em aproximar-se de um alimento com o mínimo de intervenção possível, o mais similar à sua forma natural, fresco, íntegro, com nutrientes preservados. Dedicado à cozinha vegana (sem elementos de origem animal) e crua (nenhuma matéria-prima pode ser submetida a uma temperatura que ultrapasse 46º C —ainda que algumas correntes tenham como limite 42º C), esse minúsculo restaurante fica numa galeria na rua Augusta. São duas mesas do lado de fora e uma opção rotativa de menu por dia (entrada, prato, sobremesa e suco saem por R$ 50). São preparos que valorizam e destacam orgânicos, transformados por meio de fermentação (como queijo de castanha de caju e macadâmia; picles de pepino, beterraba e repolho; iogurte de polpa de coco e castanha de caju) e desidratação. Sai-se muito bem a sopa de missô, servida morna, delicada e suave, na qual há contrastes de textura e sabor: pasta de missô bem diluída, goji berry (aquela frutinha vermelha miúda que, hidratada, fica macia e com leve acidez), cogumelos-de-paris (mais terrosos), alga (que traz gosto do mar) e uma massa de castanha de caju e suco de limão a fazer referência ao tofu, com consistência parecida. Pode vir na temperatura ambiente ou morna a sopa de curry, cuja base é um caldo de legumes crus processados enriquecidos com banana in natura e polpa de coco, que lhe dá consistência mais espessa. Os sushis são presentes aos olhos: couve-flor triturada crua e marinada em azeite e sal faz as vezes do arroz ao ser combinada com uma mucilagem que lhe dá estrutura (e é gostosa de morder). Sobre ela, fatias finíssimas de cenoura ou beterraba. Faz falta no temaki, porém, uma alga crocante e sequinha —molenga não dá pé. É intensa a moqueca de abacate com polpa de coco verde, capaz de remeter aos sabores originais da receita, que combina tomate, cenoura, coentro e pimenta-caiena. Por cima, farofa de mandioca com azeite de dendê. As receitas saem das mãos de Katrin Warkentin, 37, uma publicitária descendente de alemães, que cresceu em uma família na qual nada se comprava pronto. Estudou "raw food" na Califórnia e abriu o Laut em novembro do ano passado. "Laut", aliás, em alemão quer dizer som alto, diz ela, que buscou homenagear a potência e a vibração dos alimentos crus. LAUT Onde: r. Augusta, 1.524, loja 48, Consolação (Galeria Augusta); tel. 3171-2529 Quando: de seg. a sex. das 10h às 19h Avaliação: bom | 2017-08-10 | saopaulo | null | http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1924732-laut-serve-receitas-cruas-veganas-com-diversidade-de-texturas-cores-e-sabores.shtml |
Agência Lupa: Catalunha x Espanha: o que é verdadeiro e o que é falso em meio à crise? | Se a independência for declarada, catalães poderão usar o euro? A dívida pública da região é maior do que seu PIB? * Convocar um plebiscito não é delito. Está previsto na lei que o Congresso aprovou em 2006 JORDI TURULL porta-voz do governo catalão, no dia 5/9 VERDADEIRO, MAS Em 2005, durante o mandato do presidente do governo José Luis Rodríguez Zapatero, o Congresso espanhol retirou do Código Penal os artigos que estabeleciam penas de prisão para as autoridades que, sem ter a competência legal para isso, convocassem processos eleitorais ou consultas públicas via plebiscito. Mas ainda permanecem outros artigos da lei que permitiriam acusar quem convoca referendo de desobediência e prevaricação. 80% dos catalães querem votar ADA COLAU prefeita de Barcelona, em ato público realizado no dia 24/9 VERDADEIRO, MAS No dia 24 de setembro, o jornal espanhol "El País" publicou uma pesquisa feita pelo Metroscopia sobre o referendo e detectou que 82% dos catalães concordavam com a realização de uma votação pactuada com o governo central. Mas outras pesquisas mostraram cifras bem inferiores a essa. Levantamento feito pelo Centre d'Estudis d'Opinion (CEO) e publicada em julho indicou que 23,4% dos entrevistados apoiavam a ideia de um referendo pactuado com o Estado. Outros 48% apoiavam a consulta, mesmo se ela fosse feita de forma unilateral. Somando os dois dados, chegava-se a 71,4%. Outra pesquisa realizada pela GAD 3 pouco antes chegou a um total de 71,7%. Os Mossos d'Esquadra só obedecem a ordens da Generalitat ANNA GABRIEL deputada pelo CUP, em entrevista concedida à Europa Press em 10/9 FALSO A lei que regulamenta a atividade dos policiais da Catalunha, chamados Mossos d'Esquadra, é clara. Define o grupo como "um serviço da Generalitat" e estabelece que seu dever é para manter o bem-estar social da comunidade. Ela deixa claro, no entanto, que os Mossos também atuam como polícia judicial. Devem, portanto, obedecer às ordens dos juízes. No último fim de semana, a Polícia Nacional espanhola foi chamada a atuar na Catalunha ante a oposição dos Mossos. A Catalunha poderá usar o euro CARLES PUIGDEMONT presidente da Generalitat da Catalunha em 13/9 na TV3 VERDADEIRO, MAS Não há nenhum empecilho formal estabelecido em leis. Atualmente, há Estados que não estão dentro da União Europeia e, mesmo assim, adotam o euro como moeda oficial. Isso acontece com o consentimento do bloco no caso de San Marino, Mônaco, Andorra e Vaticano. Esses Estados também estão autorizados a emitir moeda. Mas há outros Estados que adotam o euro de forma unilateral, ou seja, sem a autorização da União Europeia. É o caso de Kosovo e Montenegro. Esses dois países não podem se beneficiar das políticas criadas pelo Banco Central Europeu. A proposta do referendo foi inventada pelo partido socialista na Catalunha Pablo Iglesias secretário geral do Podemos, em entrevista ao canal de TV LaSexta em 19/9 VERDADEIRO Em 2012, nas eleições regionais da Catalunha, o PSC (Partido Socialista Catalão) incluiu em seu programa eleitoral a proposta de um referendo pactuado. Três anos mais tarde, o partido retificou a ideia. Passou a sugerir uma reforma constitucional. | 2017-08-10 | mundo | null | http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925361-agencia-lupa-catalunha-x-espanha-o-que-e-verdadeiro-e-o-que-e-falso-em-meio-a-crise.shtml |
Defasagens na política econômica | Laura Carvalho, na quinta-feira (5), sugeriu que não há evidências de que a aceleração do crescimento nos anos 2000 deveu-se à maturação das reformas liberalizantes iniciadas nos anos 90, que terminaram depois da saída do governo de Antonio Palocci, ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula. Três são as dificuldades apontadas por Laura. A primeira é que levou muito tempo para que o longo ciclo de liberalização aparecesse no crescimento econômico. A segunda é que o crescimento se acelerou ainda mais em seguida à mudança na formulação da política econômica, com a troca de guarda na Fazenda no início de 2006. E a terceira é que os efeitos negativos da alteração do regime de política econômica em 2006 sobre o desempenho da economia tiveram defasagem muito menor que as políticas liberalizantes. Os seus questionamentos são válidos. Há limites à nossa capacidade de conhecer, principalmente em ciência social. Além disso, é difícil separar movimentos causados pelos nossos fundamentos domésticos daqueles decorrentes da dinâmica internacional. A passagem do tempo, porém, reduz a incerteza. Parece-me ser quase consensual, por exemplo, a tese de que o milagre brasileiro é tributário das reformas liberalizantes do governo Castelo Branco. Laura deveria acompanhar a pesquisa acadêmica sobre o impacto de várias reformas. João Manoel Pinho de Melo, Vinícius Carrasco, Juliano Assunção, Jacob Ponticelli e seus coautores publicaram diversos artigos nas mais respeitadas revistas acadêmicas internacionais mostrando o impacto das reformas no primeiro governo Lula sobre a produtividade de diversos setores. Além disso, ao contrário do que afirma Laura, não há evidência de que o segundo mandato de Lula tenha implementado uma política de reajuste do salário mínimo mais ousada do que a de FHC ou a do primeiro governo do presidente petista. Por fim, os trabalhos de João Manoel e Vinícius Carrasco mostram que o desempenho do Brasil no governo Lula foi inferior em diversos aspectos ao observado em países semelhantes no mesmo período. O crescimento no governo FHC, por outro lado, foi similar ao dos países da América Latina nos anos 1990. Talvez melhor do que tentar convencer Laura seja compartilhar com o leitor a forma pela qual trato os questionamentos por ela levantados, que, como já mencionei, fazem todo o sentido. A evolução da economia é mais bem analisada com base nas taxas médias reais anualizadas de crescimento em quadriênios. O pico de 4,7% ocorreu no quadriênio terminado em 2007. Posteriormente, inicia-se lenta desaceleração até 2,3% ao ano no quadriênio terminado em 2014. Ou seja, a desaceleração iniciou-se pouco mais de dois anos após a troca de guarda na Fazenda. Reformas microeconômicas usualmente não geram impactos sobre o desempenho enquanto persistir desequilíbrio macroeconômico. Foi assim com as políticas liberalizantes do governo ditatorial de Pinochet no Chile e com Menem na Argentina. Em ambos os casos, o regime cambial —e, na Argentina, também o problema fiscal— impediu a decolagem da economia. Com relação à assimetria —leva mais tempo para aparecerem os efeitos de boas políticas— é uma lei da vida. Vale para a díade construção e demolição, seja para uma obra de construção civil, seja para reputação, seja, ainda, para a política econômica e os seus impactos sobre o crescimento e a geração de emprego. Construir é mais difícil do que destruir. | 2017-08-10 | colunas | samuelpessoa | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2017/10/1925362-defasagens-na-politica-economica.shtml |
Prisão de Nuzman não garante o mais importante: a demolição da estrutura | Carlos Nuzman está preso. Pode ser que fique só cinco dias ou mais cinco, caso a prisão temporária dobrada. Ou pode ficar encarcerado preventivamente se assim a Justiça decidir. Qualquer que seja seu futuro próximo a vergonha permanecerá para sempre em sua biografia. João Havelange, seu ídolo e inspirador teve mais sorte. Viveu 100 anos sem passar por tamanha humilhação, a de ser preso por corrupção, embora no fim da vida tenha sido obrigado a renunciar aos seus postos honoríficos na Fifa e no COI, denunciado por crimes semelhantes aos de Nuzman. Já José Maria Marin viu o sol quadrado de uma cela na Suíça, corre o risco de voltar a vê-lo nos Estados Unidos onde será julgado no próximo dia 6 e aguarda o veredicto em prisão domiciliar em Nova Iorque, na luxuosa Trump Tower. Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero cuidam de não sair do Brasil para não terem o mesmo fim, apesar de andarem preocupados com a possibilidade de a moda pegar por aqui mesmo, como já pegou o ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes, o cartola da natação. Seria auspicioso se tudo isso servisse para quebrar a superestrutura monolítica que há décadas promove toda sorte de malfeitos no esporte nacional. Nada indica que quebrará. Entre outras razões porque o problema é mundial, tanto que o COI vê se repetir na Olimpíada brasileira o que já havia acontecido comprovadamente na de Inverno em Salt Lake City, nos Estados Unidos, em 2002, motivo de alegada operação de limpeza na entidade, mas, como se vê, apenas alegada. Daí não haver motivos para festejar a desgraça do presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Rio-16. Nuzman, como os demais, é apenas fruto da estrutura podre que impede a democratização do acesso ao poder nas entidades esportivas e abre os bolsos para as maneiras mais heterodoxas de sobrevivências nababescas, avessa à modernização dos métodos de gestão. Desde a redemocratização do país, e também no período da ditadura, todos os cartolas aqui citados conviveram promiscuamente com os generais e civis que nos governaram e governam, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Porque a cara do esporte não é diferente da cara da política, o Congresso Nacional não é melhor que CBF e a Justiça brasileira marca um gol aqui e ali, mas no mais da vezes toma bola entre as pernas. Não fosse o suficiente, envergonha também ver o ar de fingida surpresa na face de quem tem a obrigação de contar o que sabe, de denunciar grandes negociatas em torno de megaeventos, mas que silencia convenientemente até que não dê mais. Escrevi um livro de memórias com título que desagradou meus amigos, porque confesso que perdi. Uns acham que ganhei, outros que ao menos empatei, todos têm certeza de que resisti, razão pela qual deveria comemorar o infortúnio da cartolagem, enfim, desmascarada e detida ou em vias de. Pois digo a eles, como à rara leitora e ao raro leitor, que a desgraça dos cartolas não me faz feliz. Feliz ficaria se fossem substituídos por gente decente e competente. Estou convencido de que não verei tal dia chegar. Minhas netas, quem sabe? | 2017-08-10 | colunas | jucakfouri | http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2017/10/1925300-prisao-de-nuzman-nao-garante-o-mais-importante-a-demolicao-da-estrutura.shtml |
Ruas na zona norte de SP têm desde vestidos de festa até acessórios para carros
| JULIANA ELIAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Há 14 anos, a modista Rosa Bessa resolveu mudar sua loja de vestidos de festas, que leva seu nome, da rua São Caetano, a tradicional "rua das noivas" da Luz, para a avenida Leôncio de Magalhães, na zona norte da cidade. "A diferença está no atendimento. Lá tinha bastante volume, mas aqui eu tenho qualidade", diz. Avenida tranquila em meio a ruas residenciais, a Leôncio de Magalhães se tornou uma rua das noivas regional -e é só um exemplo dos endereços de comércio especializado que essa parte da cidade oferece. Quem compra na região encontra menos trânsito e menos filas do que em outros pontos da capital. Conheça algumas lojas locais. * MÓVEIS Av. Nova Cantareira, Tucuruvi Sofás, camas e estantes ocupam as calçadas no entorno do Mercado Municipal do Tucuruvi. A Free Lar, por exemplo, oferece móveis modulados, como o armário de madeira que pode ser de quatro (R$ 3.500) ou seis (R$ 4.500) portas. Conjuntos de mesa com quatro cadeiras são encontrados na faixa dos R$ 1.000 na Destak nº 1.689 - Destak Móveis para sala, quarto e cozinha Telefone (11) 2281-8382 nº 2.033 - Free Lar Móveis e decoração Telefone (11) 2952-5867 * MATERIAL DE CONSTRUÇÃO Av. Engenheiro Caetano Álvares, Limão No número 3.520 está desde 1968 a Tijoblocos, onde se encontra um pouco de tudo: há canecas por R$ 16; pisos a partir de R$ 13,90 o metro quadrado e as maçanetas variam de R$ 31,90 a R$ 250. Em poucos passos se chega a lojas de tintas, pisos e churrasqueiras nº 3.520 - Tijoblocos Material de construção Telefone (11) 2239-3933 nº 3.546 - Binho Tintas e Texturas Tintas, vernizes e massas Telefone (11) 2667-1748 * CASAMENTOS e FESTAS Av. Leôncio de Magalhães, Jardim São Paulo Entre ruas residenciais, se espalham as várias lojas de vestidos de noiva e trajes a rigor. Nos três andares da New Star, desenhar um vestido com os estilistas da casa custa a partir de R$ 3.500. Na Rosa Bessa, especializada em aluguel, um usado pode ser encontrado a partir de R$ 900. Há também lojas de fantasias nº 597 - new star Vestidos de noivas e de festa Telefone (11) 2281-7000 nº 719 - Rosa Bessa Vestidos de noivas e de festa Telefone (11) 2971-2988 * LOJAS AUTOMOTIVAS Av. Engenheiro Caetano Álvares, Limão Há loja para tudo, de vidros e sistemas de som a radiadores e velocímetros. Elas ocupam praticamente a extensão inteira da Engenheiro Caetano Álvares, além de se espalharem pelas imediações das avenidas Casa Verde e Braz Leme. Se misturam ainda com concessionárias das principais marcas e revendedoras de usados Green Glass Av. Casa Verde, 2.000 Vidros automotivos Telefone (11) 3856-0060 Valdir Velocímetros Av. Casa Verde, 3.347 Velocímetros e airbags Telefone (11) 3857-2817 * PARA BEBÊS Av. Zaki Narchi, Santana Elas ocupam o espaço de um quarteirão e reúnem tudo para o quarto e o enxoval do bebê, em várias faixas de preço. Na Baby Lindo, conjuntos completos para o quarto (com berço, armário e cômoda) custam a partir de R$ 1.200. A Anny Baby, além dos móveis, oferece papéis de parede que combinam com suas linhas nº 1.342 - Anny Baby Móveis infantis e decoração Telefone (11) 2037-8403 nº 1.296 - Baby Lindo Móveis para bebês Telefone (11) 2037-8403 * ROUPAS Av. Voluntários da Pátria, Santana. A avenida e seus entornos são o destino de quem procura boas ofertas em vestuário. No Lojão do Brás, há camisetas a partir de R$ 11. Há opções também de roupas mais sofisticadas, caso da Anjo Gabriel e a Eroica, que oferecem blusas rendadas a partir dos R$ 59,90 e vestidos até os R$ 200 (R$ 60 na liquidação) nº 2.041 - Anjo Gabriel Moda feminina Telefone (11) 2950-4823 nº 2.049 - Eroica Moda feminina Telefone(11) 2979-7883 Lojão do Brás Roupas e artigos de casa R. Leite de Morais, 76 Telefone (11) 2950-1805 | 2017-08-10 | sobretudo | morar | http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/morar/2017/10/1925127-ruas-na-zona-norte-de-sp-tem-desde-vestidos-de-festa-ate-acessorios-para-carros.shtml |
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