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Lula diz que está 'lascado', mas que ainda tem força como cabo eleitoral
Com a possibilidade de uma condenação impedir sua candidatura em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta segunda (9), um discurso inflamado contra a Lava Jato, no qual disse saber que está "lascado", exigiu um pedido de desculpas do juiz Sergio Moro e afirmou que, mesmo fora da disputa pelo Planalto, será um cabo eleitoral expressivo para a sucessão de Michel Temer. Segundo o petista, réu em sete ações penais, o objetivo de Moro é impedir sua candidatura no ano que vem, desidratando-o, inclusive, no apoio a um nome alternativo, como o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), caso ele não possa concorrer à Presidência. "Eu sei que tô lascado, todo dia tem um processo. Eu não quero nem que Moro me absolva, eu só quero que ele peça desculpas", disse Lula durante um seminário sobre educação em Brasília. "Eles [investigadores] chegam a dizer: 'Ah, se o Lula não for candidato, ele não vai ter força como cabo eleitoral'. Testem", completou o petista. Para o ex-presidente, Moro usou "mentiras contadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público" para julgá-lo e condená-lo a nove anos e seis meses de prisão pelo caso do tríplex em Guarujá (SP). O ex-presidente disse ainda não ter "medo" dos investigadores que, de acordo com ele, estão acostumados a "mexer com deputados e senadores" que temem as apurações. "Eu quero que eles saibam o seguinte: se eles estão acostumados a lidar com deputado que tem medo deles, a mexer com senadores que têm medo deles, quero dizer que tenho respeito profundo por quem me respeita, pelas leis que nós ajudamos a criar, mas não tenho respeito por quem não me respeita e eles não me respeitaram", afirmou o petista. De acordo com aliados, Lula não gosta de discutir, mesmo que nos bastidores, a chance de não ser candidato ao Planalto e a projeção do nome de Haddad como plano B do PT tem incomodado os mais próximos ao ex-presidente. O ex-prefeito, que estava no evento nesta segunda, fez um discurso rápido, de menos de dez minutos, em que encerrou dizendo esperar que Lula assuma a Presidência em 2019. "Espero que dia 1º de janeiro de 2019 esse pesadelo chamado Temer acabe e o senhor assuma a Presidência da República", disse Haddad. 'DEMÔNIO DO MERCADO' Lula voltou a fazer um discurso mais agressivo em relação ao mercado e disse que "não tem cara de demônio", mas quer que o respeitem "como se fosse". "Não tenho cara de demônio, mas quero que eles me respeitem como se eu fosse, porque eles sabem que a economia não vai ficar subordinada ao elitismo da sociedade brasileira", disse o ex-presidente. O petista rivalizou ainda com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), segundo colocado nas últimas pesquisas empatado com Marina Silva, e disse que se ele "agrada ao mercado", o PT tem que "desagradar". A Folha publicou nesta segunda (9) reportagem em que mostrou que o deputado ensaia movimento ao centro no debate econômico, adotando um discurso simpático aos investidores do mercado financeiro.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925743-lula-diz-que-esta-lascado-mas-que-ainda-tem-forca-como-cabo-eleitoral.shtml
'Decidi ser escrava das mulheres que sofrem', diz cantora Oumou Sangaré
Para Oumou Sangaré, cantora e ativista malinesa, o sofrimento da mulher é universal. "Canto com todas as minhas forças e vejo mulheres chorando ao meu redor", disse durante um encontro na Casa da Cultura de Paraty, no Rio de Janeiro, neste domingo (8). Herdeira da tradição musical de sua família –sua avó foi uma "grande estrela" do país africano–, ela conta que começou a cantar na rua para ajudar nas finanças de casa após o divórcio dos pais, que deixou seis filhos dependentes de sua mãe, também cantora. "Eu vi uma mulher que sofria para se defender sozinha e alimentar os filhos e às vezes isso era muito duro, tinha dias em que ela se retirava no quarto para chorar", recorda. Ela conta que o desejo de fazer a mãe feliz a incentivou, inclusive, a abandonar os estudos para se dedicar à música. Ainda que seu canto fosse as dores da matriarca, Sangaré conta ter percebido que as mulheres que a ouviam também se viam decifradas nele. "Quando uma mulher dá à luz, ela está entre a vida e a morte, mas ela o faz para que o mundo engrandeça, por que esse mesmo mundo não pode encarar os problemas dela?", questiona. "É por isso que decidi ser escrava de todas as mulheres que sofrem." Sangaré, que se diz uma "muçulmana relax", tornou-se uma notória ativista na luta pela igualdade de gêneros, batalhando contra a circuncisão feminina e o casamento e a poligamia compulsórios –sem contar seu trabalho com a ONU pela erradicação da fome em países africanos. Com o discurso de empoderamento pelo trabalho –"desenvolvam-se e sejam úteis para sua família e seu país", ela repete com frequência–, resolveu dar o exemplo, criando uma rede hoteleira e uma concessionária de carros e plantando milho, cebola e laranja. Os aspectos que moldaram a história de Sangaré estão impressos nos títulos de seus álbuns. Além do que leva o seu nome, "Moussolou", o de estreia, significa "mulher"; "Ko Sira", "o casamento de hoje"; "Worotan", "preço por uma noiva"; "Seya", "alegria"; "Kounadia", "a boa estrela". TRADIÇÃO SONORA Foi o mais recente, "Mogoya" (as pessoas da atualidade), que a cantora apresentou em Paraty, neste sábado (7), como parte da programação do Mimo Festival –o evento, gratuito, reuniu cerca de 25 mil pessoas com suas atrações gratuitas durante o fim de semana. Com letras em bambara, um dos diversos idiomas de Mali, Sangaré se consagrou como ícone do wassoulou, estilo musical derivado do folclore de uma região homônima da África Ocidental. No repertório que trouxe para cá, ela mistura o ritmo com batidas eletrônicas e conta que a atualização tinha como intuito atingir novas gerações e público do mercado global. A cantora mostrou a potência de sua voz, amparada por uma banda parte africana e parte europeia que incluía um kamale ngoni –instrumento típico do wassoulou semelhante a um berimbau e moldado com uma cabaça– e uma dupla de backing vocals hipnotizantes.
2017-09-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925745-decidi-ser-escrava-das-mulheres-que-sofrem-diz-cantora-oumou-sangare.shtml
Três reportagens da Folha ganham Prêmio Petrobras de Jornalismo
Três reportagens da Folha foram vencedoras do Prêmio Petrobras de Jornalismo, anunciado na noite desta segunda-feira (9). O jornal ganhou a premiação nas categorias Economia, com a criação do REM-F (Ranking de Eficiência dos Municípios-Folha), Regional SP-Sul, com uma série de reportagens sobre dados sigilosos do governo Geraldo Alckmin (PSDB), e Ciência e Tecnologia, com o especial "Tudo sobre o mosquito". A vencedora do Grande Prêmio foi a reportagem "Terra bruta - Pistolagem, devastação e morte no coração do Brasil", do jornal "O Estado de S. Paulo". Criado em 2013, o Prêmio Petrobras de Jornalismo está em sua quarta edição. Ele teve neste ano 11 categorias nacionais e regionais, além de dois prêmios especiais. Nenhuma das categorias é voltada especificamente às reportagens sobre política. DOCUMENTOS SECRETOS DE ALCKMIN Vencedora na categoria Regional SP-Sul, a série de investigações publicadas pela Folha em outubro de 2015 revelou que a gestão Alckmin havia tornado sigilosas centenas de informações do transporte público metropolitano. O trabalho é de autoria dos repórteres Artur Rodrigues, André Monteiro e Fabricio Lobel. A classificação das informações impossibilitava a consulta pública de 157 documentos num prazo de 25 anos. A população não poderia ter acesso a relatórios que explicassem, por exemplo, os motivos exatos de atrasos em obras de linhas e estações. À época, como atualmente, todas as linhas em expansão do Metrô de São Paulo e da CPTM estavam atrasadas. A reportagem motivou a abertura de uma investigação pelo Ministério Público e o pedido de explicações pelo Tribunal de Contas do Estado. Dois dias após a publicação do material pelo jornal, o governo paulista revogou os decretos de sigilo e se comprometeu a revisar todos os termos semelhantes impostos até então. Após a decisão, as reportagens identificaram outras áreas da gestão Alckmin em que também havia sido imposto o sigilo de informação. Entre elas estavam dados sobre procedimentos e projetos técnicos e operacionais do abastecimento de água de São Paulo, além de dados da Polícia Militar e da Administração Penitenciária. RANKING DE EFICIÊNCIA DOS MUNICÍPIOS O Ranking de Eficiência dos Municípios-Folha (REM-F), projeto publicado em agosto de 2016, antes das eleições municipais, trouxe uma ferramenta virtual, criada em conjunto com o Datafolha, que mostra quais prefeituras entregam mais serviços básicos à população usando menor volume de recursos financeiros. O ranking, com participação de Alessandro Janoni, Fernando Canzian, Marcelo Soares, Mario Kanno e Renata Nunes, leva em conta indicadores de saúde, educação e saneamento para calcular a eficiência da gestão em relação à sua receita disponível. Foram avaliados 5.281 municípios, ou 95% do total de 5.569 existentes no Brasil. Além do índice, o projeto também incluiu visitas a 16 cidades brasileiras, de diferentes regiões e níveis de eficiência apurados pelo ranking. O MOSQUITO Coordenado pelos jornalistas Marcelo Leite e Mariana Versolato, o pacote de reportagens sobre o mosquito Aedes aegypti foi publicado em dezembro de 2016, em meio à crise do vírus da zika. Com participação de uma equipe de 21 profissionais, tem também entre seus autores os jornalistas Cláudia Collucci, Lalo de Almeida, Patricia Campos Mello, Reinaldo José Lopes e Gabriel Alves. O material contém textos sobre diferentes aspectos da questão que comoveu o Brasil e o mundo, chegando a ser declarada como uma emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde. O primeiro capítulo "O vírus da zika" é o resultado de uma viagem ao berço da doença, o continente africano, com visitas ao Senegal e a Uganda, onde fica a floresta Zika, que deu nome ao vírus. Em seguida, o material traz relatos sobre mães e seus filhos e filhas, que nasceram com microcefalia. A reportagem explicita os percalços de quem não tinha muita informação do que fazer naquele momento tão crítico. O especial ainda discute o impacto da doença nos EUA e as novidades no combate ao mosquito Aedes aegypti e à doença propriamente dita.
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925789-tres-reportagens-da-folha-ganham-premio-petrobras-de-jornalismo.shtml
Filme 'Star Wars: Os Últimos Jedi' ganha trailer definitivo; assista
A Disney divulgou na noite desta segunda-feira (9) o novo trailer de "Star Wars: Os Últimos Jedi", oitavo episódio da saga. O trailer era aguardado pelos fãs e se tornou um dos tópicos mais comentados no Twitter no horário de seu lançamento. Assista ao trailer de 'Os Últimos Jedi' Assista ao trailer de 'Os Últimos Jedi' Em "O Despertar da Força" (2015), episódio mais recente, a personagem Rey (Daisy Ridley) descobre que tem a Força e procura por Luke Skywalker (Mark Hamill) para começar seu treinamento Jedi. A história do novo episódio continua desse ponto, e cenas do trailer mostram a relação entre Rey e Skywalker. Com direção de Rian Johnson, o filme será lançado em 14 de dezembro no Brasil. O nono episódio, ainda sem título, encerra a nova trilogia em 20 de dezembro de 2019. O estúdio também divulgou novo poster do filme. Poster
2017-09-10
ilustrada
null
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925733-filme-star-wars-os-ultimos-jedi-ganha-trailer-definitivo-assista.shtml
CBSS inicia acordos com fintechs e quer 30% do crédito digital em 2018
O CBSS, banco da holding Elopar dos sócios Bradesco e Banco do Brasil, está fazendo parcerias com fintechs, prevendo em 2018 alcançar 30% de um mercado de rápido crescimento e que já empresta mais de R$ 1 bilhão por ano. Inicialmente, os acordos usarão o modelo mais praticado no mercado, com fintechs captando pedidos de empréstimos e filtrando o perfil de risco dos tomadores, operação conhecida no jargão do mercado como "lead" e pela qual as fintechs são remuneradas, quase sempre por bancos de médio porte e cooperativas de crédito, que de fato concedem os financiamentos. "Nós temos funding competitivo e em boa quantidade e as fintechs conseguem originar crédito com um custo muito menor do que faríamos por meios físicos", disse à Reuters o presidente do Banco CBSS, Carlos Giovane. A primeira parceria é com a Bom Pra Crédito, marketplace no qual cerca de 500 mil interessados em tomar empréstimo pessoal submetem todo mês pedidos que são distribuídos para cerca de 25 bancos oferecerem propostas. Além desse acordo, já em andamento, negociações estão em curso com outras quatro fintechs especializadas em crédito: Guia Bolso, Lendico, Finanzero e Wecash, previstas para estarem operacionais ainda em 2017. O movimento marca a primeira aproximação operacional, mesmo que de forma indireta, de grandes bancos com fintechs, que nos últimos dois anos emergiram como potenciais rivais no crédito pessoal, ao oferecerem taxas de juros muito menores do que as praticadas no sistema financeiro. Segundo o presidente da Bom Pra Crédito, Ricardo Kalichsztein, ser parceiro é melhor. O CBSS, no caso, oferecerá empréstimos pessoais sem garantia com taxas a partir de 3,9% ao mês. A taxa média do sistema financeiro foi de 7,2% ao mês, segundo dados do Banco Central referentes a agosto. A iniciativa acontece em meio a uma audiência pública aberta pelo Banco Central para regulamentar a atuação das plataformas digitais de crédito. A proposta do BC é classificar essas fintechs em duas categorias, a que empresta com capital dos próprios acionistas e a que conecta investidores a tomadores de recursos, prática conhecida como peer to peer lending. Na avaliação de especialistas do setor, dependendo da forma como vier a regulação, o modelo atual de parcerias pode ser esvaziado, uma vez que bancos podem preferir ter plataformas digitais próprias, enquanto algumas fintechs poderiam ter um braço financeiro para operar de ponta a ponta. "As fintechs começarão a se perguntar se vale a pena virar banco", disse Rubens Vidigal Neto, sócio do PVG Advogados. Atento a esse movimento, o CBSS já visualiza aprofundar a aproximação com as fintechs. Num primeiro momento, as conversas envolvem proposta de remuneração mais atrativa, na qual o banco pode repassar às parceiras mais do que apenas um valor pela originação de negócios. Mas com pelo menos uma delas as conversas já evoluíram para participação societária. "Estamos em negociações finais para sermos sócios de uma delas (fintech)", disse Giovane, sem dar mais detalhes. A entrada do CBSS no crédito digital é motivada, dentre outros fatores, pelo interesse dos sócios em acelerar a rentabilização do negócio, disse o executivo. Após ter obtido as aprovações do Banco Central no ano passado para atuar como banco, o CBSS vem deslanchando uma série de iniciativas para vender produtos financeiros, incluindo por meio da financeira Ibi, de parcerias com redes varejistas e o lançamento de um plataforma digital própria de cartão de crédito, a Digio. Essa plataforma começa a operar ainda este mês um marketplace, inclusive com produtos como os da Apple Store. A partir de novembro, a Digio incluirá oferta de crédito pessoal. Todas essas frentes consumiram investimentos que levam mais tempo para dar retorno. O banco, que tinha patrimônio de R$ 410 milhões em junho, já opera no azul desde o mês passado, mas o plano é começar a ter lucro. "As parcerias com as fintechs no crédito são um negócio que permite retorno quase imediato", disse Giovane.
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925723-cbss-inicia-acordos-com-fintechs-e-quer-30-do-credito-digital-em-2018.shtml
Em encontro, Bono pergunta a Macri sobre argentino desaparecido
O vocalista da banda irlandesa U2, Bono, fez uma pergunta espinhosa ao presidente argentino, Mauricio Macri, em encontro que ambos mantiveram na Casa Rosada, sede do governo argentino, nesta segunda-feira (9). O músico, que se apresenta com seu grupo nesta terça (10) e quarta (11) no país, quis saber como estão as investigações do desaparecimento do artesão Santiago Maldonado, ocorrida dia 1º de agosto deste ano na Patagônia. O sumiço de Maldonado se transformou em um dos temas da campanha para as eleições legislativas que ocorrem no próximo dia 22. Marchas e protestos vêm ocorrendo em várias cidades desde então, e há cartazes pedindo o "reaparecimento com vida" do ativista. Maldonado havia se juntado a um protesto de indígenas mapuche que reivindicam um território na Província de Chubut, no sul do país, hoje sob posse da companhia italiana Benetton. Na ocasião, houve enfrentamento da Gendarmeria (polícia de fronteiras argentina) com os manifestantes, e testemunhas alegam que Maldonado foi levado pelos agentes. O governo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, à qual a Gendarmeria responde, alega que essa afirmação é falsa e, desde então, tem realizado intensas buscas pela região para encontrar Maldonado. A ex-presidente Cristina Kirchner, candidata ao Senado pela oposição, tem usado a imagem de Maldonado em campanha, dizendo ser o "primeiro desaparecido político do governo Macri". Apesar da pergunta, Bono e Macri se trataram de forma cordial. Após o encontro, o cantor disse que havia "sentido que o presidente está comprometido na missão de encontrar Maldonado". E acrescentou que vinha ao país "reforçar o pedido para que o caso seja esclarecido, em nome da Anistia Internacional". Além disso, Bono afirmou que ambos trataram de alguns temas da pauta da próxima reunião do G-20, que ocorrerá na Argentina no ano que vem. O país assume em dezembro a presidência rotativa do grupo que congrega as 20 maiores economias. "As pessoas pensam que esses eventos são apenas encontros com jantares luxuosos. Mas, neste caso, haverá um grande espaço dedicado ao debate da necessidade de se ajudar as mulheres que estão em situação de pobreza e às mais de 130 milhões de meninas em todo o mundo que não vão à escola", afirmou Bono.
2017-09-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925729-em-encontro-bono-pergunta-a-macri-sobre-argentino-desaparecido.shtml
Posso sair do Brasil quando e como quiser, diz Cesare Battisti
O italiano Cesare Battisti disse nesta segunda-feira (9) que tem liberdade para sair do Brasil quando quiser. "Eu não tenho refúgio político. Eu sou um imigrante, com visto permanente no país. Eu posso sair desse país quando e como quero. Não tenho nenhuma restrição", afirmou ele em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo. Battisti foi detido na semana passada acusado de evasão de divisas ao tentar atravessar a fronteira com a Bolívia portando dólares e euros no valor equivalente a pouco mais de R$ 23 mil. Na sexta-feira (6), o desembargador José Marcos Lunardelli, do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), concedeu um habeas corpus ao italiano, preso em Mato Grosso do Sul. Ele chegou a São Paulo no sábado (7). A entrevista à emissora foi gravada em Cananeia (SP), cidade onde Battisti está morando. "Ia estar fugindo de quê? O país onde estou protegido é aqui", afirmou ele, negando que tivesse a intenção de fugir do país. "Não é verdade o que se fala, que eu não tinha o direito de sair do país." A defesa do italiano já vinha afirmando que não há impedimento para que ele, na condição de refugiado, realize viagem, mesmo que seja para o exterior. Segundo os advogados, sua situação jurídica no Brasil está plenamente legalizada há quase dez anos. "Eu tenho todo o direito de cidadão brasileiro", disse Battisti à TV. "O decreto do Lula não pode ser revogado. Depois de cinco anos acabou o prazo." Battisti fugiu da Itália e, em 2004, veio para o Brasil. Foi preso em 2007 e, em 2009, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a extradição, que foi negada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, no último dia de seu governo. Antes da prisão na semana passada, o Ministério da Justiça já havia encaminhado ao presidente Michel Temer um parecer no qual tratava sobre a extradição de Battisti. Agora a Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) do Planalto está elaborando uma avaliação que deve ficar pronta na quarta-feira (11). A partir daí, cabe a Temer tomar uma decisão sobre o caso. A expectativa é que ele delibere sobre isso logo após a entrega da análise jurídica, mas oficialmente não há prazo. A pasta da Justiça enviou na sexta-feira (6) um parecer próprio ao Planalto, em que afirmava não haver nenhum obstáculo jurídico que impeça a extradição. É a partir desse texto que o documento da SAJ deve ser redigido. * CRONOLOGIA O caso Battisti Década de 1970 Envolve-se com grupos de luta armada de extrema-esquerda Década de 1980 Foge da Itália e passa a maior parte do tempo no México. É condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana, acusado de quatro homicídios Década de 1990 Se exila em Paris (França), protegido por legislação do governo Mitterrand 2004 Sem Miterrand, França aprova extradição para Itália; foge em direção ao Brasil, onde vive clandestino 2007 É preso no Rio 2009 Ministério da Justiça dá a ele status de refugiado político, mas STF aprova extradição 2010 Lula, então presidente, decide pela permanência de Battisti no Brasil 2011 STF valida decisão de Lula, e Battisti é solto. Governo concede visto de permanência a ele 2015 Juíza da 20ª Vara Federal de Brasília atende a pedido do Ministério Público e determina a deportação de Battisti. A defesa recorre da decisão 2017 Na quarta (4.out), é detido em Corumbá (MS). Consegue habeas corpus na sexta (6.out)
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925722-posso-sair-do-brasil-quando-e-como-quiser-diz-cesare-battisti.shtml
Tite diz querer seguir na seleção após o Mundial da Rússia
Pela primeira vez desde que assumiu o comando da seleção brasileira há quase 16 meses, o técnico Tite afirmou que já pensou em continuar no cargo após a Copa. Ele assumiu o posto em junho de 2016 após a demissão de Dunga. O treinador iniciou o seu trabalho fora da zona de classificação para a Copa do Mundo, mas com uma arrancada surpreendente conseguiu nove vitórias consecutivas e dois empates e obteve a vaga no Mundial com antecipação. O treinador ainda coleciona mais duas vitórias e uma derrota em jogos amistosos. "Pensar eu pensei [seguir após Mundial], mas ainda é utopia, temos que crescer muito a mentalidade para esse tipo de coisa acontecer. Temos que evoluir como técnicos, como dirigentes e como formadores de opinião. Eu cobiço o que a Alemanha tem, que consegue deixar tanto tempo um treinador para trabalhar", afirmou Tite. Na entrevista, o treinador falou sobre o o duelo contra o Chile, marcado para esta terça-feira (10), às 20h30, no Allianz Parque, pela última rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo. Uma vitória da seleção brasileira pode ajudar a Argentina a se classificar sem a repescagem ao Mundial. O time dirigido por Sampaoli enfrenta o eliminado Equador em Quito. Atualmente, o Chile ocupa a terceira posição com 26 pontos. Já a Argentina está na sexta posição com 25 pontos. Entre os dois times estão Colômbia, quarta colocada (26 pontos), e o Peru, quinto colocado (25 pontos). "Vamos fazer o que é mais importante para nós, para a dignidade de um povo, da imprensa. Não é nada de extraordinário, que é fazer o melhor. Os outros vão colher o fruto do trabalho que fizeram", disse o treinador. "A classificação será determinada com o trabalho feito nos 18 jogos. Não será merecimento por apenas um jogo e sim pela sequência", completou. . Tite fará apenas duas mudanças em relação ao time que empatou com a Bolívia. O goleiro Ederson, que terá a primeira oportunidade como titular, entra no lugar de Alisson, enquanto Marquinhos ocupa a vaga de Thiago Silva. Na lateral esquerda, Alex Sandro será mantido. "Não posso desestruturar a equipe em demasia. Mexo no goleiro, na lateral [mantém o Alex Sandro] Normalmente são duas mudanças. Se mexer demais, perde a organização, a coordenação e a preparação para o Mundial. Quando começa a mexer nos três setores, essa oportunidade se perde em função da falta de estrutura. Por isso que tomei o cuidado de não mexer excessivamente. Porque aí você vira ''Professor Pardal'', completou.
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925734-tite-diz-querer-seguir-na-selecao-apos-o-mundial-da-russia.shtml
Supremo nega pedido para Senado analisar impeachment de Gilmar
O STF (Supremo Tribunal Federal) negou na quinta-feira (5) um recurso para analisar um pedido de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes. O caso foi levado ao Supremo em janeiro por um grupo de juristas, que entrou com um mandado de segurança contestando decisão do então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que, em setembro de 2016, arquivou um pedido de impeachment contra Gilmar. Para os juristas, Renan não poderia "arquivar sumariamente o pedido de impeachment: A) por não ter competência legal para tanto, eis que tal competência é da Mesa do Senado; B) por estar legalmente impedido (por suspeição) de praticar o ato hostilizado". Segundo eles, o ato deveria ser anulado e reavaliado. O documento é assinado por Celso Antonio Bandeira de Mello, Fabio Konder Comparato, Sérgio Sérvulo da Cunha, Eny Raimundo Moreira, Roberto Átila Amaral e Alvaro Augusto Ribeiro Costa. Relator do caso, Edson Fachin negou o pedido do grupo, que recorreu. Para Fachin, "embora os impetrantes discordem das conclusões a que chegou o então presidente do Senado, não cabe a esta corte rever seu mérito, apenas verificar a legalidade dos atos e dos procedimentos por ele praticados, no exercício legítimo de sua função constitucional". O caso foi julgado no plenário virtual do STF entre os dias 29 de setembro e 5 de outubro. Gilmar não participou e nem o ministro Marco Aurélio, que se declarou suspeito. Os outros ministros votaram contra o prosseguimento da ação.
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925731-stf-nega-pedido-para-senado-analisar-impeachment-de-gilmar-mendes.shtml
Em teste, WhatsApp Business permite que empresas façam cadastro com fixo
O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp disponibilizou para download sua versão para negócios anunciada em setembro. Em fase de testes, o serviço está sendo usado por algumas empresas selecionadas por meio de um pré-cadastro no site da empresa. Com o WhatsApp Business, as companhias podem registrar suas contas com telefones fixos e configurar um perfil público, com verificação semelhante à que já é usada nas redes sociais e informações mais detalhadas do que as previstas hoje no serviço tradicional, como endereço, descrição e site do negócio. Também é possível estabelecer horários específicos em que o Whatsapp estará ativo e definir uma resposta automática para os clientes. A ideia é separar os perfis pessoais dos corporativos, que hoje funcionam de maneira "bastante rudimentar", como definiu a empresa quando comunicou sobre o lançamento do novo serviço. Para as grandes companhias, segundo a mesma nota, o WhatsApp quer fazer do aplicativo uma solução para operar em escala - para fornecer notificações sobre horários de voo, no caso das companhias aéreas, por exemplo, confirmações de entrega e outras atualizações. Em entrevista ao jornal americano The Wall Street Journal logo após o anúncio do novo serviço, o chefe de operações do WhatsApp Matt Idema confirmou que há intenção de cobrar das empresas pelo serviço futuramente, sem dar mais detalhes sobre como isso funcionaria ou quanto custaria. Executivos da companhia já haviam afirmado que o lançamento de um serviço para empresas fazia parte da estratégia para monetizar o aplicativo. No Brasil, estão testando o WhatsApp Business companhias como o banco Itaú, que integrou o aplicativo à sua plataforma de atendimento aos clientes do serviço Personalitté Digital, e a companhia aérea holandesa KLM, que disponibilizou o serviço para aqueles que, no momento da reserva ou do check-in feito no site da empresa, selecionarem a opção para receber informações via WhatsApp. Em julho, o aplicativo, lançado em 2009 e adquirido por US$ 19 milhões pelo Facebook em 2014, comemorou a marca de um bilhão de usuários ativos por dia. Pouco mais de 10% desse total, 120 milhões, estão no Brasil.
2017-09-10
tec
null
http://www1.folha.uol.com.br/tec/2017/10/1925724-em-teste-whatsapp-business-permite-que-empresas-facam-cadastro-com-fixo.shtml
Dodge defende manter Joesley e Saud, da JBS, presos preventivamente
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a manutenção das prisões de Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos da JBS. Em dois documentos enviados na noite de sexta-feira (6) ao STF (Supremo Tribunal Federal), Dodge afirma que há risco de que eles fujam ou atrapalhem as investigações. Ela aponta também a possibilidade de que eles voltem a cometer crimes. Em 14 de setembro, o ministro Edson Fachin, relator do caso JBS no Supremo, converteu a prisão de Batista e de Saud de temporária (5 dias) para preventiva, sem prazo definido. Para Dodge, a liberdade de Joesley e Saud oferece risco às investigações, pois eles são suspeitos de ocultar fatos e de sonegar provas que comprometem outras pessoas. "É irretocável a sua anterior decisão, que, antes de deferir a prisão temporária do ora agravante, determinou a suspensão cautelar da eficácia do acordo de colaboração premiada previamente firmado", escreveu Dodge. Segundo a procuradora-geral, "estão presentes os pressupostos e requisitos indispensáveis à decretação da prisão preventiva, sendo esta necessária a garantir a ordem pública (evitar reiteração delitiva) e por conveniência da instrução penal (risco de destruição ou ocultação de provas)". "Necessária, portanto, a prisão preventiva também para proteção da ordem pública, em vista da gravidade em concreto dos crimes em apuração, da personalidade do agente e da necessidade de prevenir a reiteração delitiva, já que o esquema criminoso é sistêmico." Dodge destaca que os executivos têm dinheiro para fugir do país. No caso de Saud, ela ressalta que ele possui cidadania paraguaia e que não havia contado aos procuradores que tem uma conta bancária no Paraguai. ACORDO DE DELAÇÃO Ela destaca que as decisões pelas prisões preventivas foram feitas de maneira correta, uma vez que seu antecessor, Rodrigo Janot, rescindiu os acordos de delação de Batista e Saud. Tanto para Janot como para Dodge, houve descumprimento de uma cláusula do acordo de delação que trata de omissão de má-fé, o que justificou rever os benefícios. O centro da crise da delação da JBS é uma gravação, datada de 17 de março, em que Joesley e Saud falam de possível atuação do ex-procurador Marcello Miller no acordo de delação quando ainda atuava no Ministério Público –ele deixou o cargo oficialmente em 5 de abril. O áudio foi entregue pelos delatores à PGR no dia 31 de agosto. Dodge diz que em nenhum momento os delatores contaram ter sido instruídos por Miller durante as negociações do acordo. ÁUDIO Ela também destaca que possivelmente os delatores não tinham a intenção de entregar um áudio de uma conversa gravada acidentalmente e que embasou a prisão. "Até o momento, os indícios sugerem que a omissão destes fatos foi intencional, premeditada e de má-fé", diz Dodge. "Pairam dúvidas, inclusive, se o arquivo de áudio 'PIAUI RICARDO 3 17032017.WAV' foi entregue às autoridades por engano ou se foi mais uma estratégia da defesa, pois poderiam ter conhecimento de que a Polícia Federal teria conseguido recuperar o arquivo apagado dos equipamentos eletrônicos entregues pelos delatores." Ela diz ainda que o acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal "não pode ser utilizado para blindar o colaborador de forma absoluta da aplicação da lei". "Os fatos de que se tem notícia são gravíssimos, o caso é emblemático e sem precedentes na história do país, de forma que as investigações devem ser conduzidas com seriedade e cercadas de extrema cautela pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário." A procuradora-geral também já se manifestou pela manutenção da prisão de Wesley Batista,, irmão de Joesley e também sócio da JBS, decretada pela Justiça Federal em São Paulo no âmbito de uma investigação sobre uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro –prática conhecida como "insider trading".
2017-09-10
poder
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Incêndios deixam 10 mortos e atingem cidades e vinícolas na Califórnia
O governo da Califórnia decretou nesta segunda-feira (9) estado de emergência na região do vale de Napa, no norte do Estado, que passa por incêndios florestais ainda fora de controle que já deixaram 10 pessoas mortas. As chamas, que começaram nas reservas naturais, avançaram nos últimos dias com ventos de 80 km/h e chegaram às cidades. Mais de 1.500 imóveis comerciais e residenciais foram destruídos e 20 mil pessoas, desalojadas. Segundo as autoridades californianas, ao menos 14 focos de incêndio concentrados em uma faixa de 300 km de extensão estão sob combate na região. Nenhum deles ainda foi controlado. Além da mata e das construções, também estão ameaçadas as vinícolas desta região, uma das principais produtoras de vinho dos EUA. São oito os condados mais afetados, incluindo Napa, Sonoma, Yuba e Mendocino. Incêndios na Califórnia A cidade de Santa Rosa, a maior da região, foi uma das mais atingidas. Casas, um supermercado e um hotel foram destruídos e parte da cidade precisou ser esvaziada. No fim da tarde, as autoridades decretaram toque de recolher pelo risco de saques. "É um inferno como você nunca viu antes", disse à agência de notícias Associated Press Marian Williams, que teve que deixar sua casa como seus vizinhos de madrugada quando o fogo chegou às vinícolas de Kenwood. "Eu pude sentir o calor do fogo se aproximando quando peguei meu carro. As árvores estavam queimando como tochas." "Podíamos ver o céu ficando vermelho. Só percebemos que vinha o incêndio no último segundo. Tinha fumaça por todos os lados", disse Jesús Torres, de Anaheim, à rede de televisão CBS. O maior número de mortos, sete, foi registrado em Sonoma. Outras duas mortes ocorreram em Napa e uma em Mendocino. O diretor do departamento florestal californiano, Ken Pimlott, disse que há desaparecidos e outros feridos graves, mas sem mencionar números. A área afetada pelas chamas chega a 176 km² e ao menos 114 mil residências estão sem energia elétrica. A fumaça espessa dos incêndios pode ser avistada de San Francisco, a quase cem quilômetros do vale de Napa.
2017-09-10
mundo
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BNDES descarta irregularidades nos empréstimos para JBS
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, negou nesta segunda-feira que tenha havido irregularidades nos empréstimos concedidos pela instituição ao grupo JBS. O executivo disse que o banco tem mecanismos de monitoramento, mas não pode ser "babá de empresário". "Aqui com certeza não houve irregularidades; mas o tomador tem que ter responsabilidade de usar condizente os recursos", afirmou Rabello de Castro a jornalistas. As afirmações acontecem após reportagens da mídia local nos últimos dias terem afirmado que a JBS, que está no centro de um escândalo de corrupção, usou parte dos recursos tomados com o BNDES para fins distintos do previsto. "Acho que esse dinheiro foi usado efetivamente no negócio, mas à medida que os recursos eram investidos iam caindo como um caminhão deixando grãos de soja caindo pelo caminho. Não é o BNDES que vai correr atrás do caminhão", adicionou. O BNDES emprestou mais de 8 bilhões de reais ao grupo para a compra de empresas entre 2007 e 2011 e há suspeitas de que parte desse dinheiro foi desviado, o que pode ter dado um prejuízo ao banco de mais de 1 bilhão. Após a operação Bullish, da Polícia Federal, apontar supostos favorecimentos no repasse de recursos à JBS, o banco montou uma comissão interna sobre o assunto, mas não encontrou desvios cometidos por funcionários. FINANCIAMENTO EXTERNO O banco vem sendo cobrado pela União a devolver gradualmente os mais de 500 bilhões de reais emprestados nos últimos anos. Em setembro, o BNDES devolveu 33 bilhões e outros 17 bilhões serão devolvidos até o fim do ano. Para diversificar as fontes de recursos, o banco pretende repensar o uso do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), disse Rabello de Castro, adiantando que vai sugerir ao Codefat mudanças na forma de repasse de recursos ao banco. Até 2007, a fonte principal era o FAT, seguida por empréstimos internacionais de órgãos multilaterais e captações domésticas. "Vamos voltar o FAT como nossa principal fonte, talvez com sistema de remuneração diferente atualizado", disse o executivo. Mas o BNDES deve voltar a buscar captações de recursos de organismos multilaterais como KFW, o banco dos Brics, o China Development Bank e Agência Francesa de Desenvolvimento. Em novembro, Rabello de Castro visitará agências de rating nos EUA para tentar obter uma classificação melhor do que a do soberano para o banco. "Nosso rating é pelo menos 3 pontos percentuais acima do rating soberano, para ser discreto", disse. Sobre sua filiação ao PSC, Rabello de Castro não descartou uma candidatura presidencial em 2018, mas disse que uma decisão ainda não foi tomada.
2017-09-10
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Apple cita fornecedor francês antes de discutir impostos com Macron
O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, destacou nesta segunda-feira (9) o papel de uma pequena empresa francesa por trás de recursos inovadores nos mais recentes iPhones, antes de uma reunião com o presidente Emmanuel Macron, que tem defendido maior rigor nos impostos sobre empresas de tecnologia. Cook fez uma visita surpresa à Eldim, que desenvolve tecnologia óptica usada no sistema de reconhecimento facial dentro dos novos iPhone X, que devem chegar ao mercado no mês que vem a partir de 999 dólares. O Face ID, como o recurso de reconhecimento facial do novo aparelho é conhecido, substituirá o sensor de impressão digital para destravar o telefone, e é um elementos da campanha da Apple para se diferenciar de dispositivos concorrentes. "Parabéns por seu trabalho!", disse Cook em sua conta oficial no Twitter, em francês. Uma foto dele conversando com funcionários da Eldim também foi publicada. Cook depois se reuniu com Macro, que tem defendido que a Apple e outras companhias de tecnologia, como a Amazon.com, paguem mais impostos na Europa. "Parabéns à Europa por agir com determinação para fazer com que regras tributárias e a justiça sejam respeitadas", tuitou Macron na semana passada, saudando autoridades da União Europeia por levarem a Irlanda, estado-membro do bloco, à Justiça para cobrar 13 bilhões de euros em impostos retroativos da Apple. Um representante da presidência francesa disse que Macron e Cook não debateram sobre o passado e descreveram as conversas sobre regulamentação de plataformas e de políticas tributárias como construtivas e promissoras. Questionado se haviam discutido a proposta francesa de cobrar impostos sobre a receita de grande companhias de tecnologia, e não sobre o lucro, o assessor de Macron disse que "eles não discutiram questões específicas."
2017-09-10
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Volkswagen terá crescimento de 10% ao ano, diz novo presidente
A Volkswagen projeta um crescimento de 40% no Brasil nos próximos quatro anos, afirma Pablo Di Si, novo presidente da montadora, anunciado nesta segunda-feira (9). "A economia vai seguir crescendo. Observamos um descolamento da política e da econômica no país." O aumento da demanda argentina também deverá garantir a alta das exportações, que, no caso da montadora, foi de 62% no acumulado deste ano até setembro, diz o executivo –que vem justamente da sede argentina da companhia. "Precisamos melhorar a competitividade para exportar também a novos mercados emergentes, como Turquia, Egito, Chile." A empresa prevê 20 lançamentos até 2020 no Brasil. O primeiro deles, o novo Polo, já foi colocado no mercado, e o segundo, o sedã Virtus, será lançado em janeiro de 2018. Outros produtos serão anunciados no próximo ano, afirma ele, que não deu mais detalhes. Grande parte do investimento de R$ 7 bilhões previsto até 2020 será destinado à melhoria de produção e aos fornecedores, segundo Di Si. "A cadeia também passou por uma retração. Um dos maiores perigos é que o fornecimento não acompanhe a retomada." Em relação ao fim do Inovar-Auto e uma possibilidade de aumento das importações de componentes, Di Si afirma que é preciso de os fornecedores locais tenham mais competitividade. "O Rota 2030 também ajudará a desenvolver o restante da indústria", diz. A nova gestão também planeja modernizar a distribuição. Hoje, são 530 as concessionárias da Volkswagen. "É preciso ter uma forma menos burocrática e mais rápida de se relacionar com os clientes. O objetivo é aumentar as vendas para sonhar em assumir a liderança." A empresa é hoje líder em exportações, mas está na terceira posição em vendas no mercado nacional, com 12% de participação. A General Motors lidera (18,2%), seguida pela Fiat (13%). Outro plano em estudo pela montadora é iniciar a importação de veículos elétricos para o Brasil em 2018. "Antes, porém, é preciso ter certeza que haverá estações de carregamento elétrico, e em quais Estados. É preciso ter um ecossistema. Depois disso, é preciso capacitar a rede de concessionárias." CAMINHÕES A Volkswagen Caminhões e Ônibus anunciou nesta segunda (9) que decidiu cancelar as férias coletivas de funcionários da sua fábrica em Resende, no Rio de Janeiro, pela primeira vez em seis anos, motivada por sinais de retomada na demanda por veículos pesados pelo lançamento da família de modelos leves urbanos, disse o presidente da companhia para a América Latina, Roberto Cortes. "A Bolsa se valorizou 77% nos últimos seis meses, o risco Brasil caiu, o real está estável e as taxas de juros à metade do que eram. De outubro a dezembro, estamos esperando um aumento de 25% nas vendas", afirmou o executivo.
2017-09-10
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Polícia do Rio prende segurança de chefe do tráfico da favela da Rocinha
A polícia do Rio prendeu na tarde desta segunda-feira (9) um homem apontado como segurança pessoal de Rogério Avelino, conhecido como Rogério 157. Rogério é um dos chefes do tráfico da favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio e continua foragido. A polícia tem feito operações diárias na Rocinha para tentar capturar o traficante e seu bando. A Polícia Militar divulgou que prendeu nesta segunda Adaílton da Conceição Soares, 32, conhecido como "Mão", que seria o segurança de Rogério 157. Soares foi capturado na Baixada Fluminense, o que levanta a suspeita de que Rogério não estaria na favela, que está ocupada por 550 policiais militares desde que as Forças Armadas desmontaram o cerco na favela, no último dia 29. Diversas operações têm sido feitas em outros morros, para onde há a suspeita de que bandidos do grupo de 157 teriam ido com a ocupação da Rocinha. Após a saída das Forças Armadas da Rocinha, diversos confrontos foram registrados. Somente neste final de semana, três civis sem relação com os conflitos foram feridos por balas perdidas. Nesta segunda, um novo tiroteio foi registrado no fim da manhã. Dois corpos foram encontrados na região da rua 1, um dos epicentros da guerra de facções, iniciada em 12 de setembro. A guerra ocorreu porque Rogério 157, integrante da facção ADA (Amigo dos Amigos), se recusou a devolver o controle das bocas de fumo da favela a um homem enviado pelo antigo chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em Rondônia. Rogério matou o emissário de Nem e expulsou aliados do então colega e agora rival. A ação motivou uma tentativa de invasão em 12 de setembro. Bandidos de outras favelas do ADA tentaram, sem sucesso, retomar o controle das bocas de fumo, tidas como entre as mais rentáveis do Rio. A polícia interviu e após cinco dias de intensos confrontos, as Forças Armadas, que já estavam no Rio para reforço na segurança pública, foram acionadas. Havia a expectativa de que a maior parte dos bandidos ou tinha deixado a favela ou tinha se refugiado na mata que fica no alto do morro. Após uma semana no local, as tropas federais deixaram a Rocinha. A retirada ocorreu mesmo com as evidências de que apesar do cerco os bandidos não tinham deixado a favela, como divulgaram as autoridades à época. No dia em que foi anunciada a retirada das tropas federais, dois jovens foram torturados por bandidos no morro. Eles teriam sido confundidos por homens do bando de Nem, o que reforçou a presença dos dois bandos em guerra mesmo com a presença ostensiva do poder público. Policiais do Bope, do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações com Cães fazem diariamente incursões no morro em busca de criminosos. Segundo moradores, os bandidos passam o dia escondidos e voltam às suas antigas posições durante a noite. Pesquisa Datafolha sobre sensação de insegurança no Rio de Janeiro MIGRAÇÃO Pesquisa Datafolha feita com os moradores do Rio realizada em 3 e 4 de outubro constatou que 7 em 10 moradores da cidade querem deixá-la por causa da violência. A porcentagem é maior entre os mais escolarizados. Além disso, para os cidadãos cariocas, mais da metade dos moradores do Rio acredita que os usuários de droga são mais responsáveis pela violência na cidade do que os traficantes.
2017-09-10
cotidiano
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Juiz decreta prisão de Nuzman por tempo indeterminado
O juiz Marcelo Bretas converteu nesta segunda-feira (9) a prisão temporária do presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, em preventiva, o que torna sua saída da cadeia sem prazo definido. Na mesma decisão, o magistrado renovou a prisão temporária de Leonardo Gryner. Bretas entendeu que ambos ainda podem interferir nas investigações sobre a suposta compra de votos na eleição do COI (Comitê Olímpico Internacional) que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016. O caso de Nuzman foi considerado mais grave em razão do e-mail em que o dirigente determina o pagamento R$ 5,5 milhões com recursos do comitê organizador da Rio-16 a um escritório de advocacia para sua defesa criminal. "O investigado ocupa a presidência do COB há mais de 20 anos, exercendo grande poder e influência sobre seus integrantes, provavelmente, a maioria lá colocada por ele. Tal influência ficou clara com a situação anteriormente exposta em que bastou um e-mail de Nuzman para efetivar o pagamento de R$ 5.500.000,00 (cinco milhões e quinhentos mil reais) para a prestação de serviços advocatícios", escreveu Bretas. Embora o e-mail indique emissão de nota fiscal para o serviço e aprovação para o pagamento, a assessoria do Comitê Rio-16 afirma que o pagamento não foi feito. Segundo o órgão, houve veto do Conselho Diretor, que determinou o cancelamento da nota fiscal. O comitê organizador da Rio-2016 acumula mais de R$ 110 milhões em dívidas fornecedores. A prisão encerrou as negociações do COI para ajudar na quitação dos débitos. Gryner teve a prisão temporária renovada porque a Polícia Federal ainda não conseguiu acessar o e-mail da ex-secretária de Nuzman, Maria Celeste, para quem o senegalês Papa Massata Diack enviou mensagens cobrando a suposta propina. O magistrado entendeu que até a disponibilização dessas mensagens, há risco à investigação. A defesa de Nuzman não se pronunciou até a publicação desta nota. Os advogados de Gryner afirmaram, em petição à Justiça Federal, que seu cliente já se desligou dos "comitês relacionados à Olimpíada Rio-2016, não havendo, portanto, qualquer relação atual com o COB". "Assim, não há como afirmar que ele possui qualquer ingerência sobre as contas de e-mail", diz a petição. FUTURO DO COB Na quinta, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) convocou uma assembleia geral extraordinária na próxima quarta-feira, às 14h30, no Rio, para discutir sua suspensão do COI (Comitê Olímpico Internacional) e a prisão de seu presidente, Carlos Arthur Nuzman. No sábado, o cartola encaminhou a outros integrantes da cúpula uma carta na qual pede seu licenciamento. Em tese, ele pode chegar até mesmo a 90 dias. Dentro do próprio COB, porém, acredita-se que o ciclo do cartola já está encerrado. Ele também se afastou do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. O afastamento vai evoluir para uma renúncia. Isso deve ser selado na quarta-feira (11), quando presidentes das quase 30 confederações esportivas associadas ao COB estarão presentes à assembleia geral extraordinária convocada pelo presidente em exercício do COB, Paulo Wanderley Teixeira.
2017-09-10
esporte
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Após 50 anos, execução de Che ainda assombra povoado boliviano
Cansada depois de décadas cuidando de sua lojinha, Irma Rosales sentou-se um dia com uma caixa de fotos e recordou o estranho que foi fuzilado na escola local, 50 anos atrás. Seus cabelos eram compridos e sujos, ela disse, e suas roupas, tão encardidas quanto as de um mecânico. E ele não disse nada, segundo Irma, quando ela lhe levou uma cumbuca de sopa, pouco antes de serem disparados os tiros que mataram Che Guevara. Nesta segunda-feira (9) se completa meio século desde a execução de Che Guevara, peripatético médico argentino cujo nome de batismo era Ernesto e que liderou combatentes guerrilheiros em países de Cuba ao Congo. Guevara obstruiu a ação dos Estados Unidos na invasão da Baía dos Porcos, discursou num pódio nas Nações Unidas e pregou uma nova ordem mundial que seria dominada pelos marginalizados, em vez das superpotências. Sua vida impressionante só foi superada pelo mito que tomou forma após sua morte. A imagem de Guevara, com sua barba desgrenhada e boina com uma estrela, virou o cartão de visita de revolucionários românticos em todo o mundo e todas as gerações, disseminada pelos acampamentos de militantes nas selvas e em dormitórios universitários pelo mundo afora. Mas os moradores de La Higuera, na Bolívia, que viveram aquele tempo, contam uma história muito menos mítica. Eles descrevem um episódio breve e sangrento em que um canto esquecido desta paisagem montanhosa se converteu por pouco tempo em um campo de batalha da Guerra Fria. Enquanto a América Latina recorda a morte de Guevara, a região passa por um processo maior de cobrança do que foi feito pelos mesmos movimentos de esquerda que buscaram inspiração em sua figura. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ou Farc, o maior grupo guerrilheiro remanescente na América Latina, saíram das selvas e depuseram suas armas este ano, após uma guerra que não teve vencedores, mas na qual a Colômbia perdeu mais de 220 mil pessoas. Na Venezuela, o movimento de inspiração socialista encabeçado pelo falecido presidente Hugo Chávez trouxe avanços na educação e saúde, mas o país mergulhou em uma situação de carestia, turbulência e ditadura. Mesmo Cuba, que durante anos viveu orgulhosamente sob a bandeira revolucionária hasteada por Che Guevara, hoje enfrenta um futuro incerto, enquanto a "détente" alcançada com os Estados Unidos se dissolve sob a administração Trump. A Bolívia é uma das últimas democracias latino-americanas ainda sob o controle da esquerda, e um de seus líderes disse que os movimentos políticos têm dificuldade em se manter ou crescer em um vazio desse tipo. "Não é possível prosperar ou se manter ao longo do tempo se não há vitórias e lutas em outros lugares", disse Álvaro García Linera, o vice-presidente boliviano. Jon Lee Anderson, que escreveu uma biografia de Guevara e foi crucial para a descoberta de seus restos mortais, que foram escondidos pelos militares e só foram encontrados na década de 1990, diz que tanto Che Guevara quanto a esquerda já passaram por fases de baixa anteriores."Mas Che permanece puro, de certo modo", ele disse. "É um ícone sempre presente. Para onde esse ícone vai no futuro? Tenho essa noção de que Che vai e vem." UM REVOLUCIONÁRIO DESAPARECE Nos anos que antecederam sua morte, o paradeiro de Che foi um mistério global. Depois de supervisionar os pelotões de fuzilamento que entraram em ação após a vitória comunista que ele ajudou a conquistar em Cuba, e após um período dirigindo o banco central cubano, em 1965 Che Guevara desapareceu de repente, enviado por Fidel Castro para organizar revoluções em outros países. Foi despachado para o Congo em uma missão infrutífera e depois se deslocou entre esconderijos em Dar-es-Salaam, na Tanzânia e em Praga. "Na época, as pessoas diziam que ele tinha sido morto por Fidel; outras falavam que ele morrera em Santo Domingo ou que estava no Vietnã", contou Juan Carlos Salazar, que em 1967 era um repórter boliviano de 21 anos de idade e trabalhava em sua primeira reportagem importante. "Elas o situavam aqui ou aqui, mas ninguém sabia ao certo onde ele estava." Loyola Guzmán era líder da juventude comunista em La Paz, a capital boliviana, e seria uma das primeiras pessoas a saber onde Che estava. Ela recebeu uma mensagem certo dia chamando-a a ir a Camiri, uma cidade pequena perto da fronteira do Paraguai. Conta que não fazia ideia com quem seria a reunião. Guzmán tem 75 anos hoje, mas um foto feita em janeiro de 1967 a mostra jovem, de uniforme de combate e boina militar, sentada sobre um tronco num acampamento na selva —e a seu lado está Che Guevara. "Ele disse que queria criar 'dois ou três Vietnãs'", disse Guzmán. A Bolívia seria a base de uma revolução que abarcaria esse país, a Argentina e o Peru. Guzmán concordou —e foi enviada de volta à capital para angariar apoio aos revolucionários e administrar suas finanças. A batalha começou em março de 1967. OS CAMPONESES LOCAIS FICAM DESCONFIADOS Che Guevara era conhecido pelo mundo afora, mas sua fama não lhe valera grande apreço entre os camponeses bolivianos. E o país já tinha vivido uma revolução na década anterior, tendo instituído o sufrágio universal, promovido uma reforma agrária e ampliado o ensino. Nem um único camponês foi documentado como tendo aderido à luta de Guevara durante o período que este passou combatendo na Bolívia. "Che não refletiu direito antes", comentou Carlos Mesa, historiador e ex-presidente da Bolívia que tinha 13 anos quando Guevara chegou. "Ele fracassou porque tinha que fracassar." Irma Rosales, a comerciante que deu uma tigela de sopa a Che depois de ele ter sido capturado, recordou que ficou espantada um dia em La Higuera, pouco antes de Guevara ser morto, quando um dos guerrilheiros do grupo dele, Roberto Peredo, vulgo Coco, entrou na casa onde ela estava trabalhando e pediu para usar o telefone. Nenhum dos comerciantes da região esperava por tal visita, pois os guerrilheiros não tinham fama positiva. Todos os homens da cidade já tinham fugido para as montanhas, temendo que os guerrilheiros tentassem recrutá-los à força para combater. "Nos disseram que os guerrilheiros espancavam os homens e estupravam suas mulheres, que eles roubavam coisas. Por isso, ninguém quis ficar esperando eles chegarem", contou Rosales. Ela recorda que o prefeito de La Higuera informou às autoridades que os guerrilheiros tinham vindo à cidade. EXÉRCITO ENCURRALA OS GUERRILHEIROS Com informações como as do prefeito, o Exército começou a fechar o cerco em volta de Che Guevara e seu bando de guerrilheiros. Entre os que participaram da caçada estava Gary Prado, na época um jovem oficial que passara o verão todo perseguindo Guevara nas montanhas. Na cidade de Santa Cruz, Prado, 78 anos e hoje general aposentado, admitiu que o Exército estava mal preparado para o início da uma guerra de guerrilha em sua área. Mas não demorou a receber treinamento dos EUA, sendo beneficiado também pela chegada de agentes da CIA (Agência Central de Inteligência), ansiosa por ver Che Guevara morto. 'EU SOU CHE GUEVARA' No dia 8 de outubro começou uma troca de tiros entre soldados bolivianos e um grupo de guerrilheiros. Mas, recordou Gary Prado, esse enfrentaria teria final diferente de outros anteriores. Quando um dos guerrilheiros se rendeu, ele gritou: "Sou Che Guevara, e valho mais a vocês vivo do que morto". Julia Cortés, que hoje tem 69 anos, se recorda de ter ouvido um tiroteio à distância naquele dia quando chegava a La Higuera, onde dava aula na escola local. Foi para essa escola que o Exército levou Guevara capturado, e o guerrilheiro mal conseguia falar quando Cortés entrou na escola no dia seguinte, 9 de outubro. Ele resmungava em voz baixa algumas palavras sobre a revolução, aquela que estava perdendo. "Dizem que ele estava feio naquele momento, mas eu o achei belíssimo", ela recorda. Cortés contou que tinha acabado de voltar para casa quando soaram os tiros que mataram Guevara. Em La Higuera, após o assassinato, Rosales viu Cortés chegando à escola para limpar o sangue espalhado pela sala de aula. "Nunca mais houve aulas ali", disse Rosales sobre a escola, que hoje é um pequeno museu. "As crianças não queriam ir para lá." Tradução de CLARA ALLAIN
2017-09-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925643-apos-50-anos-execucao-de-che-ainda-assombra-povoado-boliviano.shtml
Bolsa recua pelo 2º dia com feriado nos EUA; dólar sobe para R$ 3,18
A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta segunda (9), em movimento de realização de lucros e em dia de feriado nos Estados Unidos, o que contribuiu para reduzir a liquidez nos mercados globais. O dólar se valorizou em relação ao real, também como reflexo da movimentação financeira menor. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, recuou 0,43%, para 75.726 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 6,8 bilhões, abaixo da média diária do ano, de R$ 8,3 bilhões. O dólar comercial subiu 0,85%, para R$ 3,187. O dólar à vista teve alta de 0,83%, também a R$ 3,187. A queda da Bolsa brasileira, a segunda seguida, ocorreu por movimento técnico de realização de lucros, após altas na semana passada, afirma Pedro Galdi, analista-chefe da Magliano Corretora. Mas também espelhou a falta de liquidez por causa do feriado de Dia de Colombo nos Estados Unidos e a agenda de notícias fraca no cenário local. "Na falta de notícias, o pessoal acaba focando também em eleições. Tem todo esse cenário de o [prefeito de São Paulo, João] Dória brigando dentro do PSDB, não se sabe se para forçar uma saída. O mercado se apega a isso e vê que está muito complicado operar", afirma. Além do feriado nos EUA, aqui a Bolsa fica fechada na quinta-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida. Fora isso, os investidores acompanham a divulgação da ata da última reunião do Fed (banco central americano), na próxima quarta (11). AÇÕES Das 59 ações do Ibovespa, 34 caíram, 20 subiram e cinco fecharam estáveis. A maior queda foi registrada pelas ações da Marfrig, com desvalorização de 4,63%. Os papéis da CSN perderam 3,41%, enquanto a Usiminas teve baixa de 1,82%. Na ponta contrária, as ações da Rumo se valorizaram 2,80%. A segunda maior alta ficou com a Fibria, que teve ganho de 2,51%. As ações da mineradora Vale caíram, apesar da alta de 0,69% dos preços do minério de ferro. As ações ordinárias se desvalorizaram 1,99%, para R$ 31,50. As ações preferenciais perderam 2,33%, para R$ 28,95. As ações da Petrobras fecharam em alta, acompanhando a valorização dos preços do petróleo no exterior. Os papéis preferenciais da estatal subiram 1,27%, para R$ 15,89. As ações ordinárias se valorizaram 0,67%, para R$ 16,48. No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco recuaram 1,19%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 0,06%, e as ordinárias subiram 0,11%. O Banco do Brasil teve baixa de 1,11%, e as units –conjunto de ações– do Santander Brasil avançaram 1,32%. DÓLAR O dólar perdeu força ante 17 das 31 principais moedas do mundo, mas também pelo cenário de liquidez reduzida. "Sem parâmetro, o mercado acaba ficando mais preocupado e precificando um pouco mais forte", afirma Reginaldo Galhardo, gerente da Treviso Corretora. Aqui, a maior parte da precificação continua sendo puxada pelas incertezas políticas, ressalta. "Os investidores não vão fazer nada enquanto não houver sinais claros de que estamos livres de podres tanto do lado político quanto do governo", complementa. O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) subiu pelo segundo dia. A alta foi de 0,43%, para 186,5 pontos. No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,440% para 7,435%. A taxa para janeiro de 2019 teve alta de 7,350% para 7,360%.
2017-09-10
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Parlamentarismo pode ser implantado em 2022, diz Serra em debate
"Estou convencido de que o presidencialismo brasileiro precisa ser mudado. É ineficiente", afirmou o senador José Serra (PSDB) em debate em São Paulo na manhã desta segunda (9). O encontro, realizado no IDP (Instituto de Direito Público de São Paulo), tratou da reforma política aprovada pelo Congresso na semana passada. Serra participou da segunda mesa. A primeira reuniu o ministro do STF Gilmar Mendes, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e o deputado federal Evandro Gussi (PV). Em sua mesa, Serra fez um defesa enfática da adoção do parlamentarismo no Brasil. "Há várias propostas postas. O debate é muito importante para que se chegue a uma que seja mais eficiente do ponto de vista das mudanças que queremos para o Brasil." PRESIDENCIALISMO Para o ex-governador de São Paulo, o fato de o país ter passado por dois processos de impeachment em 25 anos –os de Fernando Collor e Dilma Rousseff– é um indício de que o modelo de presidencialismo de coalização está esgotado. "No parlamentarismo, mudar de governo é solução. No presidencialismo, é crise. No parlamentarismo, não haveria isso. Você tem um presidente da República, mas ele não entra na tarefa de governo no dia a dia. Essa tarefa é desempenhada por um primeiro-ministro, que forma uma maioria no Congresso", comentou. Serra vê boas chances para a aprovação do parlamentarismo pelo Congresso nos próximos anos. "Eu trabalho com a ideia de que possamos implantá-lo a partir de 2022. Minha ideia é que cheguemos com uma proposta que possa ser implantada a partir de 2022." O parlamentarismo já foi rejeitado pela população em dois plebiscitos –um em 1963, outro em 1993. Nesse modelo, adotado em países como Reino Unido, Portugal e Itália, o governo é comandado por um primeiro-ministro escolhido pelo Poder Legislativo, que pode trocá-lo a qualquer tempo. Serra afirmou que o parlamentarismo é uma bandeira que une seu partido. "O PSDB foi fundado por deputados e senadores que trabalharam na Constituinte pelo parlamentarismo. O ponto de partida do PSDB, de unidade, de união, foi o parlamentarismo. E continua sendo uma bandeira nossa muito importante. Estou particularmente empenhado em levá-la adiante." O senador tucano se recusou a comentar turbulências recentes envolvendo o PSDB, como a guerra virtual entre Alberto Goldman e João Doria e a decisão do STF de afastar o senador Aécio Neves de seu mandato.
2017-09-10
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'O Trump serve de exemplo para mim', diz Bolsonaro em visita aos EUA
"O Trump serve de exemplo para mim", disse o pré-candidato à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, do PSC, numa viagem pelos Estados Unidos nesta semana. "Sei da distância minha para o Trump, mas pretendo me aproximar dele para o bem do Brasil e dos Estados Unidos. Serve para levar exemplos daqui para o Brasil." Ele, que elogiou as bandeiras americanas nas ruas, ainda fez um esforço para espelhar a ideia de patriotismo do presidente local, dizendo que pretendia "botar a garotada para cantar o Hino Nacional" nas escolas do país e "pôr um ponto final na doutrinação e sexualização das crianças" do ensino público brasileiro. Debaixo de chuva, sua recepção na cidade com uma das maiores comunidades brasileiras nos EUA foi menos efusiva do que em Miami, onde esteve no fim de semana, atraindo longas filas de espera para um encontro com ele. Ele chegou a um estacionamento vazio e foi direto para uma reunião com líderes evangélicos, que o esperavam de mãos dadas, para uma oração, num estúdio fotográfico em cima de uma barbearia. Não houve gritos de "mito". Muitos dos 60 pastores reunidos ali se diziam ex-militares e exigiram do deputado que mostrasse como faria para criar um governo "firme". Bolsonaro, que evitou chamar de ditadura o "período de presidentes militares", dizendo apenas que "houve excessos, porque em guerras morrem inocentes", prometeu nomear um militar para o Ministério da Defesa e disse que convocaria outros membros das Forças Armadas para integrar o governo. Em três horas de conversa, com os religiosos de Massachusetts, Estado americano onde vive uma das maiores comunidades brasileiras, o deputado contou que foi a um clube de tiro durante a viagem e defendeu o porte de armas para todos no Brasil, seguindo o exemplo dos EUA, mesmo no rastro do último massacre em Las Vegas. Bolsonaro divulga vídeo de treino de tiros Bolsonaro "O que aconteceu aqui foi uma fatalidade, mais uma", disse. "Mas, no Brasil, só tem arma quem não presta. Você não consegue ter paz dentro de casa. O povo clama por segurança, pela posse de armas de fogo dentro das residências. Quem quer cometer atos insanos comete. Povo desarmado é povo manipulado." Nos momentos em que soou mais agressivo, Bolsonaro parecia conquistar a plateia de religiosos, que acenavam dizendo "yeah" ou "amém" a cada afirmação. Mais tarde, numa entrevista coletiva num restaurante brasileiro em Boston, onde convidados tomavam caipirinhas e faziam perguntas em grande parte elogiosas, Bolsonaro repisou esses pontos. O presidenciável, agora empatado com Marina Silva, da Rede, no segundo lugar das pesquisas de intenção de voto atrás de Lula, que chamou de "inimigo que ainda não é carta fora do baralho" e que "começou mais cedo com sua cachacinha", tentou se mostrar menos radical. Talvez até humilde. "Não sou muito bom, não", afirmou, em relação a concorrentes na corrida presidencial. "Mas os outros são piores." Tentando suavizar sua imagem agressiva, disse que há cinco anos "teria rachado no meio" o sujeito que o alvejou com um ovo em Ribeirão Preto, no interior paulista. E, no encontro religioso, reconheceu ter "perdido a linha" ao dizer que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não merecia, arrancando risos dos pastores. Ele ainda afirmou a uma pastora no encontro que "não teria problema nenhum" com a ideia de chamar mulheres para compor seu eventual ministério. Sem entrar em detalhes na recente polêmica envolvendo ataques a exposições de arte acusadas de fazer apologia da pedofilia, o deputado desviou o assunto para economia, dizendo que acabaria com a Lei Rouanet para criar leis de pesquisa e fundar um "Vale do Silício brasileiro". Também voltou a criticar brasileiros que abrem empresas no Paraguai e atacou as leis trabalhistas. "O trabalhador vai ter de escolher menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego", disse. "A gente não consegue fabricar um prego e colocar de forma competitiva no Paraguai, que tem uma CLT bem menos rígida que a nossa."
2017-09-10
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Moro pede que Lula esclareça se tem os recibos originais de aluguel
O juiz Sergio Moro quer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esclareça "expressamente" se dispõe dos recibos de aluguel originais do apartamento vizinho ao que mora em São Bernardo do Campo (SP). Em despacho nesta segunda-feira (9), Moro pediu, ainda, que Lula entregue os originais à Justiça, caso os possua. Na semana passada, o Ministério Público Federal apresentou incidente de falsidade questionando a veracidade de 26 recibos apresentados pela defesa do ex-presidente. O órgão solicitou perícia dos documentos. No despacho, Moro também pediu que a defesa de Lula esclareça se tem provas a requerer quanto ao incidente. Na denúncia, o Ministério Público Federal diz que Lula não pagou pela locação do imóvel, comprado pelo empresário Glaucos da Costamarques em 2010. Segundo a acusação, Costamarques atuou como laranja na aquisição, que teria sido realizada com propina da Odebrecht, obtida por meio de contratos com a Petrobras. ASSINATURA A defesa do empresário apresentou petição afirmando que todos os recibos foram assinados no mesmo dia, em dezembro de 2015, quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Após visita de Roberto Teixeira, advogado e amigo do ex-presidente, o contador João Leite teria ido ao hospital recolher as assinaturas de Costamarques. Moro pediu que o hospital informe o registro de visitantes do empresário no período, com ênfase em Teixeira e Leite. Costamarques também já afirmou a Moro que só passou a receber os aluguéis do apartamento no final de 2015. Em audiência no dia 13 de setembro, o juiz havia demonstrado contrariedade com o fato de o petista não ter apresentado os recibos de aluguel desde a apresentação da denúncia, em dezembro de 2016. No mesmo processo, Lula é acusado de aceitar como propina da Odebrecht um terreno na zona sul de São Paulo para o Instituto Lula. A defesa afirma que o imóvel nunca foi de propriedade do ex-presidente. OUTRO LADO Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins afirma que a perícia "irá confirmar inequivocamente" que os recibos são "idôneos" e que foram "emitidos regularmente pelo proprietário do imóvel". "Temos segurança de que (...) são íntegros", diz o texto. A defesa lembra, ainda, que pediu investigação de documentos apresentados pela força-tarefa da Lava Jato. "Para observar a igualdade, esperamos que o juiz Sergio Moro autorize a realização de perícia também nos documentos que o MPF apresentou e que tiveram a idoneidade questionada pela defesa do ex-presidente Lula."
2017-09-10
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Captação líquida de fundos cresce 166% até setembro e bate recorde
A captação líquida –diferença entre aplicações e resgates– da indústria de fundos de investimento alcançou R$ 220,7 bilhões até setembro e bateu seu recorde histórico, informou a Anbima (associação das entidades de mercado) nesta segunda (9). O número representa aumento de 165,9% em relação ao mesmo período de 2016, quando os fundos captaram R$ 83 bilhões. A indústria encerrou setembro com R$ 4 trilhões de patrimônio líquido distribuído em 15.740 fundos. Só no terceiro trimestre, a captação somou R$ 90,1 bilhões, alta de 137,1% ante igual intervalo do ano passado. Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima, atribui o resultado histórico aos primeiros sinais de que a economia brasileira está se recuperando. "Destaque para os fundos de ações e multimercados, que ganharam atratividade nesse contexto de juros em queda. Com o cenário econômico mais benigno, a gente cada vez mais enxerga apetite maior a risco e uma demanda maior por esses dois produtos", ressalta. As pessoas físicas tiveram papel relevante nessa recuperação, segundo os dados da Anbima. Até agosto, a captação líquida do segmento varejo era de R$ 65,9 bilhões (29,8% do total de R$ 221,1 bilhões). Os private, que são pessoas físicas de alta renda, respondiam por R$ 61,4 bilhões (27,8%). "As pessoas físicas foram muito importante para a indústria e vão continuar sendo daqui para a frente, quando tivermos um patamar de juros mais baixo. Com isso, a demanda por fundos de ações e multimercados vai crescer ainda mais, assim como investimento no exterior", ressalta Ambrósio. Por categorias, a renda fixa recebeu o maior fluxo até setembro, para R$ 88,4 bilhões, aumento de 170,3% em relação ao mesmo período de 2016. Os multimercados ficaram em segundo lugar, com total de R$ 75,5 bilhões –aumento de 384% na comparação com o mesmo intervalo de 2016. Os fundos de ações saíram de captação negativa de R$ 2,1 bilhões até setembro do ano passado para saldo positivo de R$ 4,6 bilhões no mesmo período deste ano. "Vemos um espaço grande para small caps [ações de empresas com menor valor de mercado], assim como fundos de gestão ativa e livres, que entregam retornos superiores aos índices de Bolsa", diz o vice-presidente da Anbima. Por outro lado, a captação em fundos de previdência, que deveria ganhar força com a discussão da reforma, teve apenas leve aumento: 1,4%. "A indústria de Previdência teve um começo de ano mais difícil do que anos anteriores, mas vem se recuperando no ultimo trimestre. O começo do ano teve muita indefinição, e isso impactou a captação desses produtos. Mas no último trimestre essa demanda voltou", ressalta Ambrósio. Outro reflexo da queda de juros é sobre as taxas de administração cobradas pelos gestores de fundos. Segundo Ambrósio, há um movimento de queda principalmente naqueles que têm gestão passiva.
2017-09-10
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Superlotação é principal motivo de multas a vans da Grande São Paulo
"Pessoal, um passinho no corredor." É com esse pedido que os cobradores das lotações credenciadas à EMTU (Empresa Metropolitanas de Transportes Urbanos), empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB), que transportam passageiros entre cidades da Grande São Paulo e a capital conseguem colocar até 23 pessoas espremidas em pé. A superlotação é o principal motivo de multas recebidas pelos prestadores de serviço neste ano. Segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, a EMTU aplicou, de janeiro a agosto deste ano, 3.246 multas por excesso de passageiros aos 256 veículos cadastrados (entre vans e micro-ônibus) que interligam a capital a cidades como Guarulhos, Arujá e Cotia. Em segundo lugar no ranking estão as multas por não cumprir determinação (infração geral, como não comparecer para se explicar sobre reclamação), com 1.535 infrações, e alterar itinerário, com 1.097. Segundo a EMTU, as lotações podem circular com 20 passageiros sentados. E nenhum de pé. A reportagem flagrou dez veículos com ponto final na estação Armênia (linha 1-azul do metrô), na zona norte, saindo superlotados. Os próprios passageiros fazem duas filas: uma para quem quer ir sentado e outra, em pé. O trajeto pode levar 40 minutos. Passageiros dizem que se submetem ao incômodo e aos perigos por causa do tempo. "Eu consigo chegar em 40 minutos com a lotação. Já o ônibus levaria uma hora e meia. É horrível ir nessa situação, mas preciso", afirma a contadora Eliene Araújo Silva, 33 anos. A auxiliar de faturamento Rebeca Martins, 29 anos, deixou de pegar as vans após passar mal. "No calor, é insuportável. Eu quase desmaiei e percebi que não compensava o sacrifício." 'LAMENTÁVEL' Horácio Augusto Figueira, especialista em transporte, afirma que as vans em trajetos intermunicipais deveriam ser abolidas. Para ele, o ideal seria implantar um modelo igual ao da capital, com micro-ônibus. "É lamentável que isso ainda ocorra. Se um veículo desses capota é um 'abraço' [morte]. É preciso pensar na segurança do passageiro antes de tudo." Ele afirmou que há 37 anos havia um projeto de corredor metropolitano nas rodovias, como Dutra e Raposo Tavares, que iria ajudar na questão do trânsito. "A culpa de não ter os corredores metropolitanos é totalmente do governo do Estado. Seria implantado o projeto parecido com o feito em Curitiba, que funciona como um expresso rodoviário no canteiro central e têm passarelas para que as pessoas possam atravessar com segurança", disse. ACIDENTE O analista de marketing Eduardo Pereira, 35 anos, passou a ficar com medo de ir de pé nas lotações e tenta evitar ao máximo embarcar nessas condições após saber que um veículo capotou no dia 28 de agosto, na Dutra. Por 19 anos ele foi um passageiro fiel das vans que fazem o trajeto Guarulhos-São Paulo. Tanto que começou a utilizar esse tipo de transporte público quando ele ainda era clandestino. O analista afirmou que, para ir trabalhar, geralmente vai sentado e usa a lotação. Porém, na volta, acaba optando pelo ônibus, por ser mais seguro. "Eu uso lotação quando quero chegar rápido ao meu destino. Na última quarta-feira precisei chegar com urgência e fui de van. Eu era o 17º passageiro em pé e fui espremido na porta", contou o analista. A auxiliar administrativa Erica Oliveira, 29 anos, disse que já pegou uma lotação que estava tão cheia que não sentiu as pernas no final do percurso. "Estava tão lotada que não conseguia me segurar e precisei pegar no braço de alguém. O mais desagradável é não conseguir se mexer. Além, é claro de ainda levar encoxadas dos homens. É horrível", afirmou a passageira. OUTRO LADO A EMTU, empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse em nota que a fiscalização é feita por agentes, das 4h à meia-noite, em áreas onde há maior concentração de viagens e passageiros. A empresa afirmou ainda que, de janeiro a setembro deste ano, foi aplicado o valor total de R$ 862.352 em multas. Segundo a EMTU, no edital de concessão das linhas intermunicipais da região metropolitana, cuja licitação está em andamento, não está previsto o serviço de lotações. Sobre a crítica do especialista, a EMTU disse que há 45 km de corredores e faixa preferencial para ônibus no sistema ABD (região do ABC). Em Guarulhos, são 12,3 km, e estão em construção outros 16 km em Itapevi.
2017-09-10
cotidiano
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'Sem informação você é manipulado', diz ator Marco Pigossi
No ar como o protagonista da atual novela das 9, Marco Pigossi diz que sempre busca no cinema a referência para seus papéis da TV. Para construir o caminhoneiro Zeca de "A Força do Querer", por exemplo, conta que achou a pista em filmes italianos. "A linguagem não tem nada a ver, mas ele é um sujeito machista, durão, que não sabe lidar com emoções. E isso no cinema italiano é muito presente", diz à Folha. Depois de participar de dez novelas, o ator paulistano estreia nos cinemas com dois filmes, "O Nome da Morte" e a "A Última Chance", ambos na programação do Festival do Rio. E os dois com um tom bem diferente daquele que ele costuma exibir na TV. "O cinema pode ser firme, fazer uma denúncia, trazer um questionamento. Procurei justamente papéis que talvez eu não achasse na televisão", diz o ator de 28 anos. No violento "O Nome da Morte", de Henrique Goldman, Pigossi faz um pistoleiro cristão. Baseado no livro-reportagem homônimo do jornalista Kléster Cavalcanti, o longa que compete pelo prêmio Redentor conta a história de Julio Santana, matador de aluguel que afirma ter assassinado 492 pessoas no interior do Brasil. O nome de cada uma das vítimas –alvos encomendados por caudilhos locais, desafetos e até maridos transtornados -são meticulosamente anotados por Julio num caderno com capa do Pato Donald. Diretor de "Jean Charles" (2009), Goldman recua ao fim da adolescência de Santana, garoto da zona rural criado à beira do rio Tocantins. O tio Cícero (André Mattos), já metido na pistolagem, é quem vê potencial no garoto bom de mira e o leva para executar serviços nos rincões do país. "A falta de informação te faz uma pessoa manipulável, e esse é o momento de se falar disso", afirma Pigossi. "Meu grande desafio foi entender que, para criar o personagem, eu tinha que limpá-lo, porque é a cultura que traz a independência do pensamento." No livro de Cavalcanti, o pistoleiro narra como matou sindicalistas, militantes e ajudou a prender José Genoino durante a guerrilha do Araguaia. No filme, que não situa a época em que se passa, os alvos políticos são resumidos num dos personagens, um líder da luta por terras. Católico, e depois convertido a alguma denominação evangélica, Julio mata porque crê que se as pessoas nascem por obra de Deus, a morte delas também está nos desígnios divinos. Fora da competição da mostra, Pigossi também está em "A Última Chance", filme dirigido por Paulo Thiago (de "Policarpo Quaresma"), que estreia na sexta (13) na mostra carioca. Aqui ele também está no papel de um sujeito real; no caso, Fábio Leão, suburbano carioca que foi campeão de muay thai ao mesmo tempo que gerente de boca de fumo na favela e um dos chefes do Comando Vermelho em Bangu. "Ele buscava no esporte uma regeneração, mas toda hora era jogado de volta para o tráfico, que era um universo que achava encantador", diz o ator. O jornalista GUILHERME GENESTRETI viajou a convite do Festival do Rio
2017-09-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925607-sem-informacao-voce-e-manipulado-diz-ator-marco-pigossi.shtml
Islândia garante vaga e é primeira novidade para Copa de 2018
Agora com 17 seleções garantidas, a Copa do Mundo da Rússia-2018 vai ter ao menos uma estreante: a Islândia. Em casa, em Reykjavík, a equipe nórdica assegurou sua vaga com vitória por 2 a 0 sobre Kosovo, nesta segunda-feira (9), pela última rodada do Grupo I das eliminatórias. Com o resultado, os islandeses foram a 22 pontos em dez rodadas pelo Grupo I, deixando para trás países mais tradicionais como Croácia, Ucrânia e Turquia. Os gols da classificação, em uma partida bastante tensa para os anfitriões, foram dos meias Gylfi Sigurdsson, um dos principais nomes desta geração, e Johann Gudmundsson, que jogam no futebol inglês. Sigurdsson fez o primeiro aos 40 min, em belo lance, driblando na grande área para ficar de cara com o goleiro Samir Ujkani. O segundo saiu aos 23 min do segundo tempo, com Gudmundsson completando cruzamento de Sigurdsson da esquerda, em mais um lance de habilidade. Esta é a segunda vez consecutiva que a Islândia passa pelas eliminatórias de um grande torneio. No ano passado, eles já haviam feito história ao jogar a Eurocopa, eliminando a Holanda na fase preliminar. Não só disputaram o torneio continental, como causaram sensação ao chegar às quartas de final. No caminho, derrubaram a Inglaterra, até serem derrotados pela França. Na campanha rumo à Copa do Mundo Brasil-2014, os nórdicos tiveram a chance de obter a vaga na repescagem europeia, mas foram derrotados justamente pela Croácia, que, com dois pontos a menos, voltará a jogar esta etapa, como segunda colocada da chave. SÉRVIA ESTÁ LÁ A segunda vaga europeia do dia ficou com a Sérvia, que retorna à Copa do Mundo depois de ficar fora da edição do Brasil-2014. Os sérvios terminaram o Grupo D com 21 pontos em dez jogos, tendo vencido a Geórgia por 1 a 0 nesta segunda. O gol saiu a seis minutos do fim, com o atacante Aleksandar Prijovic. A Irlanda, com 19 pontos, vai à repescagem com a segunda vaga do grupo. Em clássico realizado em Cardiff, fora de casa, a equipe derrotou País de Gales por 1 a 0, gol do meio-campista James McClean.
2017-09-10
esporte
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Rivais franceses da Uber intensificam esforços para roubar fatia de mercado
Os rivais da Uber em Paris estão acelerando seus esforços para abocanhar fatia de mercado no serviço de motoristas, na França e em toda Europa, em uma tentativa de tirar vantagem da pressão que o grupo norte-americano vem sofrendo. A Chauffeur Privé, o segundo mais popular entre os apps de serviços de carros na França por número de assinantes, está concluindo uma rodada de capitalização de € 50 milhões para alimentar sua expansão, na França e em outros mercados. A empresa pretende contratar entre 70 e 100 novos funcionários nos próximos meses, para expandir seu atual quadro de 150 empregados. Na França, disputas sobre preços e direitos trabalhistas entre a Uber e seus motoristas resultaram em uma greve de centenas de motoristas antes do Natal do ano passado, o que abriu caminho para que concorrentes como a Chauffeur Privé e Heetch avançassem no mercado. A Uber cobra 25% de comissão de seus motoristas a cada corrida, ante 20% no caso da Chauffeur Privé e 15% para a Heetch. A Uber também está tentando resolver seus problemas de relacionamento com os motoristas do serviço na França, propondo assistência financeira temporária aos motoristas de minitáxis que enfrentam dificuldades. "A percepção sobre a Uber no mercado e os erros que eles cometeram nos permitiram capturar uma fatia maior", disse Yan Hascoet, fundador da Chauffeur Privé. Muitos motoristas escolhem usar o app da Uber e o da Chauffeur Privé para aumentarem suas chances de obter corridas. Hascoet diz que, se um motorista da empresa afirma que não está disponível para uma corrida, mas seu carro é rastreado nas ruas, isso em geral que dizer que ele aceitou uma corrida da Uber. "O que vemos é que os motoristas dedicam mais tempo a nós e menos à Uber", disse Hascoet. O número de usuários da Chauffeur Privé já cresceu em 50% neste ano, de cerca de um milhão para 1,5 milhão de pessoas, ele informou. Enquanto isso, o serviço de carros franceses Heetch foi relançado seis meses atrás depois de ser considerado ilegal e multado em € 600 mil pelas autoridades regulatórias. Uma porta-voz da Uber disse que o número de usuários do app da empresa na França vem "crescendo fortemente". Tradução de PAULO MIGLIACCI
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925610-rivais-franceses-da-uber-intensificam-esforcos-para-roubar-fatia-de-mercado.shtml
Plano de Energia Limpa de Obama será revogado, diz agência ambiental
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai revogar o plano de seu antecessor, o democrata Barack Obama, voltado para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, anunciou o diretor da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, nesta segunda-feira (9). "Amanhã [terça], vou assinar uma proposta para acabar com o Clean Power Plan [Plano de Energia Limpa] da administração passada", disse Pruitt em um evento político em Kentucky, referindo-se ao plano que impunha redução nas emissões de CO2 das centrais térmicas do país. O Clean Power Plan buscou, pela primeira vez, reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) nos Estados Unidos a partir das usinas de energia, com reduções previstas de 32% para 2030 em relação a 2005. "A administração passada estava usando cada pedacinho de poder e autoridade para usar a EPA para escolher vencedores e perdedores e a forma como geramos eletricidade neste país. Isso é errado", disse Pruitt sobre o plano, promulgado em 2015. Se o plano tivesse entrado em vigor, teria provocado o fechamento de muitas das usinas a carvão mais antigas e mais poluentes. No entanto, está bloqueado pela justiça, a pedido de cerca de 30 estados, em sua maioria republicanos. Trump assinou, em março, um decreto sobre a "independência energética", que ordenava revisar o plano de Obama sobre o clima para determinar se este excedia a autoridade do governo quando exigia limites de emissão mais estritos. Os planos mais recentes da EPA, contidos em um documento intitulado "Revogação de diretrizes de emissão de poluição de carbono para fontes estacionárias existentes", dizem que a agência recorrerá à opinião pública sobre como reduzir as emissões das usinas de energia. A EPA não emitiu, como era amplamente esperado, uma versão revisada e mais fraca do Clean Power Plan. O presidente, que questionou a existência do aquecimento global e que as atividades humanas tenha um impacto negativo no planeta, prometeu impulsar a indústria do carvão para dar trabalho aos mineiros. No início de junho, Trump anunciou sua intenção de abandonar o acordo de Paris sobre o clima, assinado em dezembro de 2015 por 195 países para limitar o aquecimento global. Antes da finalização das regras, em agosto de 2015, as usinas de energia, que representam cerca de 40% das emissões de carbono, "eram autorizadas a despejar quantidades ilimitadas de poluição de carbono na atmosfera", disse a Union of Concerned Scientists, uma ONG que faz uma revisão crítica das políticas governamentais em questões de ciência e tecnologia. "Não existiam regras que limitassem suas emissões de dióxido de carbono, o principal motor do aquecimento global", disse em seu site. Os padrões foram desenvolvidos sob uma lei do Congresso, chamada de Lei do Ar Limpo. No entanto, o Plano de energia limpa estava suspenso desde fevereiro de 2016, quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos interrompeu sua implementação até que os tribunais pudessem decidir se ele era legalmente válido. Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, depois da China.
2017-09-10
ambiente
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http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/10/1925612-plano-de-energia-limpa-de-obama-sera-revogado-diz-agencia-ambiental.shtml
Insolvente, companhia aérea alemã Air Berlin vai encerrar voos neste mês
Os vôos operados pela Air Berlin, a segunda maior companhia aérea da Alemanha, serão encerrados no dia 28 de outubro, afirmou a empresa nesta segunda-feira (9), solicitando aos funcionários que procurem emprego em outras empresas, enquanto trabalha na cisão de seus ativos. A Air Berlin se declarou insolvente em agosto deste ano, após seu principal acionista, a Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, decidir não lhe conceder mais ajuda financeira por não ver "perspectivas positivas". Em 2016, a Air Berlin registrou um prejuízo de cerca de € 782 milhões, e as dívidas somam quase € 1,2 bilhão. Um empréstimo do governo alemão de cerca de € 150 milhões está mantendo os aviões da companhia no ar para que a ela tenha tempo de negociar com investidores. Lufthansa —que já arrendou 38 dos 140 aviões da Air Berlin— e easyJet demonstraram interesse pelos ativos. As conversas com Lufthansa e easyJet devem prosseguir até quinta-feira (12), e, uma vez que cheguem a um acordo entre partes, a Air Berlin terá que encerrar o restante da operação. O vice-ministro da economia da Alemanha, Matthias Machnig, disse que está confiante de que um acordo será fechado na quinta. "Após os contratos de compra serem firmados, a empresa deve encerrar suas operações passo a passo", disse a Air Berlin em comunicado. A maioria dos voos longos da companhia já foi cancelada. A Air Berlin foi fundada em 1978 e cresceu com o boom das companhias aéreas de baixo custo e com voos de Berlim a Maiorca, na Espanha —popular destino entre turistas alemães. PELA EUROPA Outras empresas aéreas europeias também passam por aperto. No final de setembro, a Ryanair, companhia irlandesa de aviação de baixo custo, cancelou voos que atenderiam a mais de 400 mil passageiros, no período entre novembro deste ano e março, menos de duas semanas depois de cancelar cerca de 2,1 mil outros voos, que atenderiam a 315 mil passageiros. A empresa enfrenta escassez de pilotos. A companhia reduzirá em 25 aviões o número de aparelhos em operação, de sua frota de mais de 400 aeronaves, da metade de novembro a março, e depois de abril de 2018 a redução das unidades operadas será de 10 aviões. As mudanças anunciadas devem reduzir o volume de tráfego da empresa de 131 milhões para 129 milhões de passageiros neste ano, o que representa alta de 7,5% ante 2016, informou a Ryanair. A situação fez com que a irlandesa desistisse da proposta de aquisição da rival Alitalia, a maior companhia aérea da Itália, que entrou com um pedido formal de indicação de um administrador em maio. O governo italiano anunciou à época que ofereceria um empréstimo para manter as operações da Alitalia por pelo menos seis meses. Se nenhum comprador for encontrado, os administradores vão ter que organizar a liquidação da Alitalia, que pode acabar com 20 mil empregos na companhia e entre fornecedores. No último dia 2, foi a vez da aérea britânica Monarch Airlines decretar falência, causando o cancelamento de centenas de milhares de viagens, depois de ter sido vítima de grande competição por voos e uma libra mais fraca. O fracasso da Monarch, maior companhia aérea do Reino Unido a falir, afetará 900 mil passageiros. A empresa abandonou mais de 100 mil turistas no exterior, causando o que foi considerando como o maior esforço de repatriamento em tempos de paz do país.
2017-09-10
mercado
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MPF pede que prisão de Nuzman seja prolongada por tempo indeterminado
O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF) pediu nesta segunda-feira (9) ao juiz federal Marcelo da Costa Bretas que a prisão provisória de Carlos Arthur Nuzman, que vence ainda hoje, seja convertida em preventiva. Assim, o dirigente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que pediu afastamento da presidência da entidade, ficaria preso em Benfica por prazo indeterminado. O mesmo pedido vale para o seu braço-direito, o ex-diretor de operações do Comitê Rio-2016 Leonardo Gryner. Ao mesmo tempo, a defesa de Nuzman aguarda para esta segunda-feira a resposta do desembargador federal Abel Federal a respeito de um pedido de habeas corpus impetrado no último sábado (7). A vara só abriu às 12h, o que postergou a decisão. A favor dele, o fato de ter pedido afastamento não só da presidência do COB, mas também do Comitê Rio-2016. Nuzman foi preso em casa na última quinta-feira, durante a segunda fase da Operação "Unfair Play". No pedido de prisão provisória, os procuradores federais apontaram que o dirigente do COB vinha tentando atrapalhar as investigações. Argumentaram, para isso, que ele declarou à Receita Federal a posse de 16 quilos de ouro em barras só depois de policias federais colherem em sua casa a chave do cofre onde o ouro estaria guardado na Suíça. A defesa de Nuzman argumenta, porém, que a retificação do Imposto de Renda foi feita dentro da lei e ressalta que Nuzman, como presidente do Rio-2016, não tinha poder de decisão. Qualquer contratação acima de R$ 300 mil como as citadas na denúncia precisava ser aprovada por um Conselho Diretor. Nuzman tentou pagar o escritório de advocacia que o defende, o Nélio Machado Advogados, com recursos Comitê Rio-2016. A conta de R$ 5,5 milhões foi apresentada ao Conselho Diretor há cerca de duas semanas e rejeitada. Ou seja: segundo a assessoria de imprensa do comitê, este não aceitou pagar a contar, que ficou a cargo do próprio Nuzman. Sair ou não da cadeia antes de quarta-feira pode ser decisivo para o futuro político de Nuzman, que na sexta-feira apresentou um pedido de afastamento do COB. Na quarta-feira, a assembleia do COB se reúne no Rio para acatar o pedido, que pode se tornar um afastamento definitivo. Paulo Wanderley, eleito vice-presidente em chapa conjunta no ano passado, já assumiu o COB de forma provisória e dá indícios de querer se manter no cargo sem o risco de um retorno de Nuzman.
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925624-mpf-pede-que-prisao-de-nuzman-seja-prolongada-por-tempo-indeterminado.shtml
Ministro da Cultura nega ter proposto alteração que abriria portas à censura
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, negou categoricamente nesta segunda (9) que tenha proposto qualquer alteração na regulamentação da Lei Rouanet que vete projetos que "vilipendiem a fé religiosa, promovam a sexualização precoce de crianças e adolescentes ou façam apologia a crimes ou atividades criminosas". A notícia de que o ministro teria incluído este artigo na minuta que regulamenta aplicação da lei foi dada pelo jornal "O Globo" na quinta passada (5), e teve ampla repercussão no meio artístico. Produtores culturais e artistas repudiaram a proposta, alegando que, na prática, ela instalaria a censura de fato no país. Durante o discurso que proferiu na cerimônia de abertura do RioMarket —evento de negócios da indústria do audiovisual ligado ao Festival do Rio— Sá Leitão reiterou que apenas ouviu as reivindicações de representantes das bancadas evangélica e católica no Congresso. Logo em seguida, em entrevista à Folha, o ministro ressaltou que a própria Constituição veta qualquer tipo de censura à manifestação artística e à liberdade de expressão. Mas também lembrou que a liberdade religiosa e a proteção à criança e ao adolescente são igualmente garantidas pela lei magna. "Nada que nós possamos fazer no Ministério pode ser contra isso", disse. "Se isto [a proposta da bancada religiosa] estiver na instrução normativa como recomendação, como preâmbulo, não há nenhum problema. O que não pode haver é a exigência de que o conteúdo dos projetos seja analisado previamente pelo Ministério. A lei determina que isto não pode acontecer". Sá Leitão ainda acrescentou que a instrução normativa que está em vigor hoje traz, no artigo 27, uma série de recomendações que implicam em análise de conteúdo. "Quando eu entrei (no Ministério), dei a instrução para que não fosse mais usada mais, pois fere a Constituição." O colunista Tony Goes viaja a convite da RioMarket.
2017-09-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925595-ministro-da-cultura-nega-ter-proposto-alteracao-que-abriria-portas-a-censura.shtml
Sacolões da prefeitura utilizam padrões de qualidade diferentes
Os sacolões municipais da prefeitura, sob a gestão João Doria (PSDB), têm padrões de qualidade dos produtos e serviços disponíveis diferentes entre si. Foi o que constatou a reportagem, que na semana passada esteve em cinco dos 17 sacolões municipais da cidade. Em três dos sacolões visitados, as frutas, verduras e legumes tinham boa variedade. Em dois deles, o da Bela Vista, no centro, e no da Cidade Tiradentes, na zona leste, a qualidade de alguns vegetais deixava a desejar. "Compro apenas frutas como manga e banana-da-terra. Legumes e verduras deixo para comprar na feira, os daqui geralmente já estão muito maduros e até passando do ponto", disse a conselheira tutelar Enides de Souza Lima, 78 anos, moradora da região da Bela Vista. "O banheiro é imundo, e isso porque deixam fechado, senão usuários de drogas tomam conta. Esse é um problema sério, aqui, os consumidores se sentem inseguros por causa da quantidade deles por aqui. O sacolão precisa de uma reforma e de segurança", afirmou Enides. O Sacolão da Cidade Tiradentes tinha os alimentos de pior qualidade de todos os locais visitados, além de variedade menor. Parte das batatas e bananas estava a ponto de apodrecer. "É muito descaso com a população da Cidade Tiradentes. Merecemos melhor do que isso, ainda mais porque é um espaço público", disse a diarista Antônia Senna, 57 anos. "Não dá para comprar quase nada aí, é difícil encontrar algo realmente fresco", falou. SERVIÇOS Apenas um dos cinco sacolões visitados não tem serviços agregados de açougue, avícola, secos e molhados e outros. O sacolão Piraporinha, na zona sul, também não tem uma opção de lanchonete, apesar de ter vegetais de boa qualidade. Já o sacolão do Butantã, na zona oeste, não só tinha legumes, frutas e verduras de boa qualidade e variedade como também trazia opções de vegetais embalados, além de cortados e pré-lavados. Também há minimercado com bebidas, produtos de limpeza, lataria e conservas. "Gostei da variedade e da qualidade. E também dos outros comércios disponíveis, principalmente a barraca de temperos", disse a professora Nathalia de Melo, 27 anos, na primeira visita ao local. OUTRO LADO A Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo, sob a gestão João Doria (PSDB), responsável pela área de abastecimento do município, afirmou por meio de nota que vai inspecionar e corrigir os problemas verificados, "Quanto às observações apontadas pela reportagem, a secretaria fará a averiguação junto à administração das unidades e, havendo irregularidades, serão tomadas as devidas providências nas próximas semanas", afirmou a secretaria, na nota. De acordo com a prefeitura, os sacolões municipais são geridos localmente por um responsável. "A secretaria mantém, em cada um desses equipamentos, um administrador, responsável por fazer cumprir o decreto e pela fiscalização desses espaços públicos", disse a gestão João Doria.
2017-09-10
cotidiano
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Mercado Livre avança no comércio de livros em acordo com Livraria Cultura
O Mercado Livre fechou uma parceria com a Livraria Cultura para colocar mais de 30 mil produtos da livraria na plataforma de comércio eletrônico, informou a empresa nesta segunda-feira (9). O anúncio acontece cerca de um mês após o Mercado Livre anunciar uma parceria com a Saraiva, que colocou 10% do acervo de livros à venda no Mercado Livre. "A chegada da Livraria Cultura fortalece ainda mais nosso portfólio de lojas oficiais, que já conta com mais de 680 parceiros de peso, em diversas categorias", disse a diretora de marketplace do Mercado Livre, Cristina Farjallat, em comunicado à imprensa, acrescentando que o objetivo da empresa é continuar crescendo no setor de livros. O Mercado Livre informou que no último mês foram anunciados mais de 4 milhões de livros na plataforma, acima do total verificado um ano antes, quando houve mais de 2,3 milhões de anúncios. Em julho, a varejista francesa de música e livros Fnac anunciou um acordo para vender suas operações no Brasil para a Livraria Cultura, por valor não revelado.
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925604-mercado-livre-avanca-no-comercio-de-livros-em-acordo-com-livraria-cultura.shtml
Pela 1ª vez, Marquinhos será o capitão da seleção brasileira
O zagueiro Marquinhos, 23, será o capitão da seleção brasileira no duelo com o Chile, marcado para esta terça-feira (10), às 20h30, no Allianz Parque, em São Paulo, pela última rodada das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo-2018. É a primeira vez que o jogador do Paris Saint-Germain usará a braçadeira da equipe principal. "É um orgulho e uma hora receber essa faixa de capitão da seleção. É um presente que estou recebendo. Vou ser capitão na minha terra natal juntamente com meus familiares, minha mãe, minhas irmãs", disse Marquinhos. "Cada pessoa tem a sua característica. Cada um tem sua forma de liderar. Uns lideram mais dentro de campo, outros, fora. Com os jogadores que temos, não precisamos puxar a orelha. Temos que buscar dentro de campo sempre a serenidade. Estar sempre forte", acrescentou. Marquinhos, inclusive, voltará a ser titular do time de Tite, novamente fazendo dupla com Miranda. No empate com a Bolívia por 0 a 0, na quinta passada (5), o zagueiro começou no banco de reservas, mas entrou durante a etapa inicial no lugar de Thiago Silva, que sofreu uma lesão muscular. O defensor será o 13º capitão da era Tite, que promove um rodízio a cada jogo. Miranda (Equador e Uruguai), Daniel Alves (Colômbia e Argentina), Filipe Luis (Venezuela), Renato Augusto (Bolívia), Fernandinho (Peru), Neymar (Paraguai), Marcelo (Equador), Paulinho (Colômbia) e Casemiro (Bolívia) usaram a faixa em jogos das eliminatórias. Já nos jogos amistosos os capitães foram Thiago Silva (Argentina), Philippe Coutinho (Austrália) e Robinho (Colômbia). NEYMAR X CAVANI Na entrevista, Marquinhos teve que responder a polêmica envolvendo os atacantes Neymar e Cavani, seus companheiros de Paris Saint-Germain Após se desentenderem em campo sobre quem cobraria penalidades pelo clube francês, o uruguaio e o craque brasileiro ganharam manchetes no mundo inteiro. Os ânimos se acalmaram dias depois. Em 29 de novembro, o PSG arrasou o Bayern pela Liga dos Campeões, e, em campo, a dupla de atacantes procurou sinalizar uma trégua. "A recepção do Neymar vocês viram como foi. Ele foi recebido muito bem. É um menino que busca cada vez mais, está sempre querendo mais. O conflito foi normal, foi até bom para os treinadores que querem assumir a responsabilidade. São dois grandes amigos e se entenderam", disse o zagueiro.
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925618-pela-1-vez-marquinhos-sera-o-capitao-da-selecao-brasileira.shtml
'A imprensa se tornou o arauto da cultura punitiva', diz Mariz
"Toque em um de nós e nos tocará a todos", disse o advogado Luiz Flávio D'Urso nesta segunda-feira (9), no ato de desagravo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. O encontro em São Paulo demonstrou a união da classe –reuniu os defensores mais influentes do país, em uma crítica ao vazamento à imprensa de trechos da delação do operador de valores Lúcio Funaro que envolviam Mariz. Estavam lá Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, Pierpaolo Bottini e Antônio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, defensores, entre outros, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Além de presidentes e representantes de entidades como o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e o Instituto dos Advogados do Brasil. O tom geral era de insatisfação com uma reportagem do jornal "O Globo", depois reproduzida pelo Jornal Nacional, que relatava trecho da delação premiada de Funaro. Funaro, tido como operador de Eduardo Cunha, relatou ter se reunido no escritório de Mariz, então seu advogado, para tratar de uma delação premiada combinada com os executivos da JBS. Advogado de Michel Temer, Mariz representou o presidente na primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Desta vez, abandonou a defesa na segunda denúncia, que leva em conta o depoimento de Funaro. Para a OAB, a reportagem com o vazamento do depoimento do relator violou as prerrogativas do exercício da advocacia ao divulgar o conteúdo de uma suposta conversa sigilosa entre o profissional e seu cliente. IMPRENSA Em seu discurso, Mariz fez críticas à "falta de limites e peso" da imprensa e disse haver um "conluio entre a imprensa e a cultura punitiva" que, de acordo com o advogado, "criou uma ruptura entre o direito penal e o seu exercício". "A imprensa se tornou o arauto dessa conduta punitiva", afirmou ele. Depois, a jornalistas, ele afirmou que não se referia especificamente a reportagens sobre a operação Lava Jato, mas de uma prática que disse ser histórica. "Por que entendem os jornalistas que o direito à informação é ilimitado?", disse o advogado. Para ele, "a mídia tem obrigação com a veracidade" e "não pode soltar a informação a esmo e correr atrás da veracidade depois". Mariz disse que a mídia "está necessitando de reflexão", precisa entender que não existe um direito absoluto à informação sem que se respeitem outros direitos. Marcos da Costa, presidente da seccional paulista da OAB, mencionou em seu pronunciamento a "tipificação do crime da publicidade ofensiva" em países como os Estados Unidos. Esse dispositivo, disse, permite anular julgamentos que foram influenciados pela exposição do caso na mídia, a ponto de orientar as decisões do juiz. À Folha, Costa afirmou que a Ordem planeja iniciar uma série de debates e audiências públicas sobre o assunto no Brasil. "É um debate fundamental até que ponto a Justiça não está sendo contaminada pela exposição de casos pela mídia", afirmou o presidente da OAB-SP.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925594-a-imprensa-se-tornou-o-arauto-da-cultura-punitiva-diz-mariz.shtml
Meryl Streep fala sobre produtor acusado de diversos assédios sexuais
A premiada atriz Meryl Streep falou que as ações de Harvey Weinstein, produtor cinematográfico acusado de diversos assédios sexuais, foram vergonhosas, sem desculpas e um abuso de poder. Ela disse ainda que as mulheres que o denunciaram são heroínas. Streep ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz por "A Dama de Ferro" (2012), filme produzido por Weinstein no qual ela interpretou a premiê britânica Margaret Thatcher. Considerado um dos nomes mais poderosos de Hollywood, o produtor foi acusado de ter cometido abuso sexual contra diversas mulheres, incluindo as atrizes Ashley Judd e Rose McGowan. As acusações foram veiculadas no jornal "The New York Times". Segundo a publicação americana, que conduziu uma investigação sobre o assunto, as acusações existem há quase três décadas, e os episódios ocorreram em vários locais, incluindo os escritórios de sua produtora nos Estados Unidos e na Inglaterra, além de episódios durante os festivais de Cannes e Sundance. Streep afirmou ao "HuffPost" não saber que o produtor estava envolvido em "atos impróprios e coercivos" e que ele pagou ao menos oito mulheres que o acusaram de intimidação e assédio sexual. Neste domingo (8), após as acusações, Weinstein foi demitido da produtora que dirigia e que leva seu próprio nome. A informação foi dada por uma nota enviada pela The Weinstein Company à imprensa americana.
2017-09-10
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925582-meryl-streep-fala-sobre-produtor-acusado-de-diversos-assedios-sexuais.shtml
Volks vê retomada de demanda por caminhões e suspende férias coletivas
A Volkswagen Caminhões e Ônibus decidiu cancelar as férias coletivas de funcionários da sua fábrica em Resende, no Rio de Janeiro, pela primeira vez em seis anos, motivada por sinais de retomada na demanda por veículos pesados no país e pelo lançamento da família de modelos leves urbanos, disse o presidente da companhia para a América Latina, Roberto Cortes, nesta segunda-feira (9). A fábrica emprega atualmente 3,3 mil funcionários em um turno e vem elevando a produção desde o ínicio do ano. A empresa, que disputa a liderança do mercado brasileiro de caminhões e ônibus com a Mercedes-Benz, está trabalhando cinco dias por semana e em três sábados por mês, ante apenas quatro dias trabalhados no começo de 2017. "A Bolsa se valorizou 77% nos últimos seis meses, o risco Brasil caiu, o real está estável e as taxas de juros à metade do que eram. De outubro a dezembro, estamos esperando um aumento de 25% nas vendas", disse Cortes. Segundo o executivo, a montadora vai parar as atividades apenas entre 25 de dezembro e 1º de janeiro do próximo ano. Nos anos anteriores, a empresa parava por 20 dias, disse Cortes. A companhia projeta investir R$ 1,5 bilhão no Brasil entre 2017 e 2021, após R$ 1 bilhão injetados entre 2012 e 2017. O aumento do investimento servirá para o lançamento de produtos e melhorias na fábrica, afirmou o executivo. CONCORRENTE A Mercedes-Benz anunciou nesta segunda um investimento de R$ 2,4 bilhões no Brasil para o período entre 2018 2022. Os recursos serão direcionados à modernização das fábricas de caminhões e chassis de ônibus da montadora em São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG). "O câmbio se mostrou estável neste ano, apesar das turbulências políticas. Tudo isso dá confiança ao empresário. Com inflação estável, juros caindo e dólar mais ou menos estável, o empresário consegue se programar. Isso nos deixa mais animados", diz Philipp Schiemer, presidente da companhia no Brasil e na América Latina. A Mercedes estima que as vendas de caminhões devem crescer aproximadamente 20% no mercado brasileiro em 2018.
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925584-volks-ve-retomada-de-demanda-por-caminhoes-e-suspende-ferias-coletivas-no-brasil.shtml
Morte de reitor da UFSC não é motivo para falsear opinião, dizem entidades
Entidades representativas de servidores que trabalham na Operação Ouvidos Moucos, que apura supostas irregularidades na concessão de bolsas de ensino a distância, divulgaram uma nota nesta segunda-feira em defesa da operação. Afastado da reitoria da UFSC em decorrência das investigações desta operação, o reitor Luiz Carlos Cancellier cometeu suicídio na última semana. "Uma tragédia pessoal não deveria ser utilizada para manipular a opinião pública, razão pela qual as autoridades públicas em questão, em respeito ao investigado e a sua família, recusam-se a participar de um debate nessas condições", diz o texto. "Ao contrário do que vem sendo afirmado por quem quer se aproveitar de uma tragédia para fins políticos", afirmam as entidades, "no Brasil os critérios usados para uma prisão processual, ou sua revogação, são controlados, restritos e rígidos". Assinam o documento a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), a Ajufesc (Associação dos Juízes Federais de Santa Catarina), a Unacon (Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle) e o Fonacate (Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado). "Ao tempo em que lamentam a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier e se solidarizam com sua família nesse momento de dor, vêm a público repudiar afirmações de eventuais exageros." Cancellier morreu aos 59 na última segunda (2) após despencar do quinto andar no vão central de um shopping de Florianópolis. O reitor e seis professores da UFSC foram alvo da operação deflagrada em setembro. Cancellier não era suspeito de desvio de recursos, mas de tentar intervir em uma apuração interna. Preso provisoriamente por um dia e solto por outra decisão judicial, o reitor, segundo familiares e amigos, cometeu suicídio. Em seu bolso, foi encontrado um bilhete com os dizeres, conforme reprodução divulgada por familiares: "A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!". A morte causou reação em círculos acadêmicos e políticos. Segundo críticos da operação, houve arbitrariedades. De acordo com o corregedor da UFSC, porém, Cancellier exerceu pressão durante a investigação.
2017-09-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925591-morte-de-reitor-da-ufsc-nao-e-motivo-para-falsear-opiniao-dizem-entidades.shtml
Google admite que russos usaram site para interferir na eleição dos EUA
O Google admitiu pela primeira vez que operadores russos exploraram as plataformas da empresa para interferir na eleição presidencial dos EUA de 2016, informou nesta segunda (9) o jornal "The Washington Post". Segundo funcionários da empresa consultados pela publicação, os agentes de Moscou gastaram milhares de dólares em anúncios cujo objetivo era difundir notícias falsas e fomentar a divisão na sociedade americana, por meio de serviços como o YouTube, o Gmail e a rede de publicidade DoubleClick. A investigação interna feita pela empresa após pressão de congressistas e da imprensa também mostra que parte dos anúncios não veio da mesma organização afiliada ao Kremlin usada para comprar espaço no Facebook -sinal de que a rede de "fake news" pode ter sido maior. Os primeiros resultados mostram que os anúncios custaram ao menos US$ 100 mil, mas ainda não foi determinado se todos eles vieram de trolls ou se originaram de contas russas legítimas. Funcionários do Google afirmam que a presença russa em suas plataformas foi descoberta apenas ao obter dados do Twitter. A partir daí, pôde vincular os perfis no microblog a outras contas de serviços da empresa. A sindicância foi aberta após o Congresso dos EUA pressionar as empresas de tecnologia a determinarem de que maneira agentes russos usaram seus sistemas para influenciar a eleição que levou o republicano Donald Trump à Casa Branca. Inicialmente o Google havia minimizado o problema da interferência russa. No mês passado, a porta-voz da empresa, Andrea Faville, disse ao jornal americano que não viram "indicações de que esse tipo de campanha publicitária tenha sido veiculado em nossas plataformas". Também evitava o escrutínio a que o Facebook foi submetido. Em setembro a rede social revelou que mais de 3.000 anúncios foram adquiridos pelos agentes russos, ao custo de US$ 100 mil. Alguns deles promoviam Donald Trump, o democrata Bernie Sanders e Jill Stein, a candidata presidencial do Partido Verde. Outros instigavam a divisão nos EUA, promovendo sentimentos de hostilidade a imigrantes e de animosidade racial. O Facebook informou que esses anúncios atingiram apenas 10 milhões dos 210 milhões de usuários norte-americanos que usam seus serviços a cada mês. O Twitter, por sua vez, informou ter fechado 201 contas associadas à Internet Research Agency. Também revelou que a conta do site noticioso RT, que a empresa vê como ligado ao Kremlin, gastou US$ 274,1 mil em sua plataforma em 2016. O Twitter não informou quantas vezes a desinformação espalhada pelos russos foi compartilhada. A empresa também tenta mapear a relação entre as contas russas e influenciadores ligados às campanhas de Donald Trump e de outros candidatos. Executivos do Facebook e do Twitter deporão ao Congresso americano em 1º de novembro. O Google ainda não informou se aceitará convite para fazer o mesmo. Embora os serviços de inteligência tenham revelado a interferência russa na eleição em janeiro, as três empresas não receberam muita assistência dos agentes do governo em suas investigações. Nesta segunda, a Microsoft informou que também investiga se os russos também compraram anúncios no Bing, seu serviço de busca, ou em outras plataformas. Com informações do "Washington Post" * CRONOLOGIA Interferência russa na eleição dos EUA 22.jul.2016 Durante a campanha presidencial americana, o site WikiLeaks vaza e-mails da direção do Partido Democrata, de Hillary Clinton; há suspeita de participação de hackers russos no caso 7.out.2016 O governo americano acusa Moscou de tentar interferir na eleição americana para prejudicar Hillary e ajudar Donald Trump 9.dez.2016 A CIA diz ter achado indícios da atuação russa na eleição; em janeiro um relatório do FBI chega à mesma conclusão 9.mai.2017 Trump demite o então diretor do FBI, James Comey, que investigava a interferência russa; sob pressão, o Departamento de Justiça indica Robert Mueller no dia 17 para liderar uma investigação independente sobre Moscou 8.jul.2017 O "New York Times" revela que um filho e um sogro de Trump se encontraram com pessoas ligadas ao Kremlin em junho de 2016 com a promessa de receberem informações contra Hillary 6.set.2017 Em sessão fechada no Congresso americano, o Facebook reconhece que vendeu 3.000 anúncios para perfis falsos russos durante a campanha; no dia 29 o Twitter suspende contas ligadas a Moscou 10.out.2017 O Google diz ter encontrado propagandas compradas por russos no Gmail e no YouTube durante a campanha presidencial e a Microsoft anuncia que investiga casos semelhantes em seus sites
2017-09-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925583-google-descobre-anuncios-comprados-por-russos-no-youtube-e-no-gmail.shtml
Queda de avião de pequeno porte deixa 3 mortos no interior de SP
Um avião de pequeno porte caiu em cima de uma casa, no início da tarde desta segunda-feira (9) em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Três pessoas, sendo o piloto e dois passageiros, estavam na aeronave. Todos morreram na queda. A aeronave pertencia ao piloto Wilian Rayes Sark, que também era dono de um hotel na cidade. Os outros dois ocupantes eram o empresário Caique Caciolato e o médico Alisson Lima dos Santos Versionato. O local do acidente trata-se de um bairro residencial e fica a cerca de 300 metros do aeroporto. Segundo o Corpo de Bombeiros, no momento da queda três pessoas estavam dentro da casa, mas não tiveram ferimentos. O aposentado Valdir da Silva, 71, e dois funcionários estavam na casa. Ele conta que estava exatamente no quintal até minutos antes da queda. "Eu fui colocar água para os passarinhos e quando entrei só ouvi um barulho muito forte", conta. "Ainda bem que não era fim de semana, porque meus netos adoram ficar ali no quintal e brincar na piscina". A aeronave modelo Beech Air Craft, de 1960, tinha capacidade para três pessoas, era do hotel Sark, ambos pertencentes ao piloto. Ela vinha de Tangará da Serra, no Mato Grosso e tinha como destino o aeroporto de São José do Rio Preto. Como o acidente aconteceu próximo ao destino final, a principal suspeita dos bombeiros é que tenha ocorrido uma pane seca (por falta de combustível).
2017-09-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925593-queda-de-aviao-de-pequeno-porte-deixa-3-mortos-no-interior-de-sp.shtml
Por que é mais difícil para as mulheres lutar contra alcoolismo e dependência às drogas
Gabriela* percebeu que precisava de ajuda quando, depois de sair embriagada de uma festa no interior de São Paulo, bateu o carro, quebrou duas costelas e tomou mais de 40 pontos no rosto. "Até então eu achava que estava no controle, que era só eu querer que pararia de beber", diz a engenheira civil. "Precisei quase morrer pra perceber que tinha que parar. Só que não consegui." Depois do acidente, ela começou a ir às reuniões de um grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA). Entre os que participavam das reuniões havia apenas duas mulheres –ela e uma senhora de meia idade. Gabriela, que tinha 26 anos na época, conta que imediatamente se tornou um alvo de cantadas incômodas e avanços sexuais não solicitados. "Porque compartilhei histórias envolvendo álcool e sexo, eles achavam que podiam me abordar sobre isso. Senti que estava sendo caçada, sabe? Tipo uma presa. Estou acostumada a ambientes masculinos, mas naquele momento eu precisava de sinceridade e apoio", afirma. De tão desconfortável, Gabriela acabou abandonando as reuniões e parou o tratamento. Ainda lidando com o vício, ela se envolveu com um homem mais velho, que também havia frequentado o AA. "Eu estava frágil e sozinha. No início ele me ajudou a ficar sóbria, mas logo se tornou um relacionamento abusivo e eu passei a beber mais ainda", conta. Gabriela só conseguiu ficar sóbria por mais tempo ao se internar em uma clínica de alto padrão no interior do Estado –um luxo inacessível para a maior parte das alcoólatras como ela. Esse ambiente hostil e tóxico para mulheres que buscam combater seus vícios também foi constatado pela pesquisadora Kátia Varela Gomes –que acompanhou grupos de apoio a dependentes químicos para um estudo que fez no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) sobre dependência química e gênero. "Falta um tratamento adequado. Fiquei chocada ao ver que as frases que os homens falavam eram exatamente as mesmas que eu havia encontrado na literatura [científica]: 'mulher quando usa droga fica facinha', 'se é feio para homem beber, imagina para a mulher', etc", afirma a psicóloga. "As mulheres se calavam e depois de algumas semanas, desistiam do tratamento." TRATAMENTO ADEQUADO Diversas pesquisas apontam que o consumo de álcool entre as mulheres brasileiras tem aumentado, segundo o observatório Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool). De acordo com a Organização Panamericana de Saúde, entre 2011 e 2016 a frequência de episódios de uso abusivo de álcool (BPE - Beber Pesado Episódico) aumentou entre as mulheres de 4,6% para 13%. O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, feito em 2014, também indica o aumento desse tipo de episódio no Brasil. O problema é que, na prática, as mulheres acabam tendo menos sucesso nos tratamentos do que os homens. "Embora o uso abusivo de álcool venha aumentando entre as mulheres, o tratamento na maioria das vezes ainda é muito feito de um ponto de vista masculino e voltado para os homens", diz o psiquiatra Cirilo Tissot, especialista em dependência química e diretor da Clínica Greenwood, em São Paulo. "Você precisa levar em consideração questões específicas das mulheres, que muitas vezes são negligenciadas: a questão hormonal, que é diferente, necessidades de cuidados pessoais diferentes", explica. "Nas clínicas, desodorantes e produtos de cuidado pessoal são proibidos, porque a pessoa pode cheirar, ingerir. Para os homens, vir o barbeiro e cortar o cabelo uma vez durante uma internação longa é suficiente. Mas muitas mulheres querem pintar o cabelo, passar uma maquiagem. As pessoas tratam isso como futilidade, frescura. Dizem absurdos como: 'para que se maquiar, quer seduzir alguém?'. Negligenciam o que pode ser um elemento importante para trabalhar autoestima." Segundo Kátia Gomes, o próprio planejamento dos horários do tratamento pode prejudicar as mulheres. "Se o encontro do grupo de apoio for em um horário que impossibilite as mulheres que têm filhos de levá-los à escola, elas não vão se tratar. O homem quando tem filho deixa com a mãe. As mulheres com adicção, na maioria das vezes, não têm com quem deixar", diz. "Você tem que lidar com preconceito. Os homens falam assim: eu quero sair porque faz muito tempo que eu não transo. Se não tem namorada, ele vai num prostíbulo, e isso é visto com a maior naturalidade. Você precisa ver a coisa catastrófica que foi quando a primeira mulher disse isso na clínica. Ela avisou ao pai que queria sair no fim de semana porque fazia tempo que não transava. Foi uma crise na família", conta Tissot, cuja clínica recebe pacientes para internamentos longos e curtos. Segundo os especialistas, até profissionais de saúde muitas vezes reproduzem preconceitos e julgamentos. "É uma luta constante para conscientizar as colegas profissionais a terem outro olhar", diz Gomes. ABANDONO A solidão a qual as mulheres que têm algum tipo de vício são expostas é outro fator a enfraquecer o tratamento, segundo os especialistas. "Os homens que estão se tratando muitas vezes têm apoio das mulheres, da mãe e do pai, e em alguns casos até dos filhos. As mulheres, em sua maioria, estão sozinhas enfrentando suas doenças", conta Katia. Das cerca de 50 mulheres em tratamento no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) de Guarulhos, na grande São Paulo, só duas têm companheiros que as ajudam. O problema é o mesmo na Clínica Greenwood. "É uma percepção que tenho desde que fazia residência. Uma mulher lutando conta a dependência muito raramente vai ter o apoio do companheiro. Até a família julga mais e apoia menos quando a paciente é mulher", explica Tissot. Camila, que ficou internada na clínica durante quatro meses, é um exemplo da situação. Enquanto tentava ficar sóbria, os amigos se afastaram e a relação nunca mais foi a mesma. "Eu comecei a beber no cursinho pré-vestibular para me enturmar. Sempre fui a baladeira, que não queria ir embora e insistia pro pessoal beber mais. Mas os homens sempre me viam como 'um dos caras' por eu beber muito. Servia para ser amiga, mas não para ter um relacionamento", diz ela. "Depois, meus amigos sempre procuravam por essa antiga Camila e quando não a encontravam, rolava esse estranhamento", conta a administradora de empresas. Ela conta que os pais, embora a tenham apoiado, nunca a entenderam direito. "Eu contava das dificuldades, e eles falavam que não, não era tão grave, que a gente conseguiria resolver em família. Era uma negação mesmo de que a filhinha deles pudesse ter um vício. Tive que contar sobre as outras drogas que estava usando para eles entenderem que era sério", afirma. Camila enfrentou a dependência química por mais de dez anos e acabou, durante esse tempo, substituindo um vício pelo outro. Teve períodos de compulsão alimentar, de consumo compulsivo e de compulsão por sexo. Já Gabriela não teve o apoio da família para se internar. "Quando eu estava no fundo do poço meu namorado saiu de casa e minha mãe disse que eu tinha me afundado porque quis. Não me deu um centavo para o tratamento. Tive que me demitir do emprego para ficar três meses na comunidade terapêutica e ainda não terminei de pagar a dívida enorme que fiz para pagar o tratamento." JULGAMENTO "O estigma colocado sobre pessoas com dependência química sempre existiu, mas a gente percebe, tratando ambos os sexos, que no caso das mulheres isso é muito mais proeminente. O julgamento é muito maior", afirma Cirilo Tissot. "O vício não é visto como uma doença, mas como uma falha moral, uma questão de força de vontade. Ainda mais quando se trata de um problema como compulsão sexual", explica Tissot. "Em vez de ser vista como uma pessoa que precisa de tratamento e apoio, a mulher é vista como pervertida." Camila fala tranquilamente sobre o problema com álcool e em drogas, mas hesita quando o assunto é compulsão sexual. Ela conta que seu atual namorado entendeu e apoiou quando ela revelou seu problema com drogas e álcool, mas não aceitou muito bem ao descobrir o vício em sexo. "Até então ele entendia que eu estava doente, queria cuidar de mim, me ajudar. Mas no aspecto do sexo ele não enxergou do mesmo jeito", conta. Tissot diz que as descobertas científicas de que vícios estão relacionados a desequilíbrios químicos do corpo foram mudando a visão sobre o tema ao longo do tempo, mas que o julgamento moral sobre as mulheres permanece até hoje. "A repressão que existe sobre a mulher é tal que quando a pessoa fica desviante dessas expectativas, o quadro é considerado mais grave", diz ele. Kátia Gomes diz que a dependência química feminina "configura-se como porta-voz do que é intolerável na feminilidade". "Uma mulher que está grávida e tem uma adicção é vista como um monstro. Mas se é uma patologia ela não tem controle. Esse tipo de condenação é um tiro pela culatra, porque só aumenta o nível de ansiedade dessa mulher, que muitas vezes foi o que a levou a desenvolver o vício em primeiro lugar", explica Gomes. Tissot afirma que mulheres que têm filhos se sentem muito mais culpadas que os homens de se afastar por alguns meses para se tratar. "A gente explica que ela precisa estar bem. Não adianta estar aqui fora e não ter condições de cuidar dos filhos." Centenas pesquisas feitas nos EUA apontam as diferenças entre os gêneros na questão da dependência química. Segundo uma revisão da literatura científica publicada por pesquisadoras como Shelly F. Greenfield, da Escola de Medicina de Harvard, e Susan M. Gordon, da Universidade do Arizona, estudos feitos entre 1990 e 2005 já indicavam que as mulheres com a patologia têm menor chance de obter tratamento adequado. Já no Brasil, a pesquisa de Katia Varela Gomes, publicada em 2010, foi apenas a quinta a estudar as especificidades da dependência e do tratamento em mulheres. "A própria falta de pesquisas na área por aqui mostra essa desigualdade", afirma a psicóloga, ressaltando que, em condições não preconceituosas e equânimes, as mulheres teriam tanta chance de recuperação quanto os homens em um tratamento. Hoje ela trabalha no Caps de Guarulhos com grupos de apoio exclusivos que atendem as demandas específicas das mulheres. Ela afirma que a chance de uma mulher se recuperar não é diferente da de um homem se ela receber apoio e tratamento apropriado. "Eu vejo muitas histórias de sucesso, de mulheres que estão recuperadas e levando uma vida bem mais funcional e feliz." *Sobrenomes ocultados a pedido das entrevistadas.
2017-09-10
equilibrioesaude
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http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/10/1925376-por-que-e-mais-dificil-para-as-mulheres-lutar-contra-alcoolismo-e-dependencia-as-drogas.shtml
Técnico do Chile elogia evolução com Tite, mas vê fraquezas na seleção
Juan Antonio Pizzi não entrou em detalhes, mas disse acreditar que a seleção brasileira tem fraquezas que podem ser exploradas pelo Chile. A classificação da equipe para a Copa do Mundo de 2018 se apoia nisso. Apesar de estar em terceiro nas eliminatórias sul-americanas, com 26 pontos, há o risco de eliminação se não vencer. Esse é o único resultado que classifica os chilenos sem que tenham de se preocupar com outros jogos. Do vice-líder Uruguai para o sétimo colocado Paraguai, a diferença é de quatro pontos. A partida será nesta terça (10), às 20h30, no Allianz Parque, em São Paulo. O Brasil jamais foi derrotado em partidas pelas eliminatórias como mandante. "A cada virtude que há em uma equipe adversária, há fraqueza. Assim como o Brasil. Temos muitas virtudes. Estou convencido que temos time para disputar o jogo com o Brasil. O trabalho de Tite é estupendo: modificou em pouco tempo a equipe, que era cercada de muitas dúvidas. Mas temos o mesmo tipo de individualidade", disse o treinador nascido na Argentina. Pizzi vai esperar por Charles Aránguiz até o último momento. O volante ex-Internacional tem lesão na panturrilha. A crise no meio-campo se torna maior porque o principal nome do setor, o meia Arturo Vidal, está suspenso. Argentino, Pizzi pode ajudar a eliminar a seleção do seu país. Não que esteja muito preocupado com isso. No ano passado, ele foi o técnico que derrotou seus compatriotas na final da Copa América. Depois da partida, Lionel Messi anunciou que abandonaria a seleção. Voltou atrás meses depois. O treinador sabe que sua reputação está em jogo. O Chile viveu altos e baixos nas eliminatórias. Venceu na última rodada o Equador, em casa, mas havia perdido nas duas anteriores. "Sem deixar de reconhecer a minha nacionalidade, também quero ser muito claro que minha ocupação está pura e exclusivamente com a minha equipe. As demais seleções têm o trabalho delas. Eu me ocupo apenas com o meu jogo com o Brasil", afirmou. O Chile esteve presente nas duas últimas Copas e, apesar de ter conquistado duas Copas Américas seguidas (2015 e 2016), não estar na Rússia em 2018 abriria uma crise na seleção do país. "Sei o que vai se passar com qualquer uma das situações, faz parte do futebol. Estou preparado porque sempre fui equilibrado. Qualquer que seja o resultado, vou manter o equilíbrio", finaliza.
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925596-tecnico-chileno-elogia-evolucao-com-tite-mas-ve-fraquezas-na-selecao.shtml
Nuzman tentou pagar advogado criminal com recursos da Rio-2016
O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, tentou usar recursos do endividado comitê organizador da Olimpíada do Rio para pagar seu advogado criminal em defesa durante a Operação Unfair Play, que culminou em sua prisão na quinta-feira (5). A informação consta no pedido do Ministério Público Federal para conversão da prisão temporária de Nuzman em preventiva –sem prazo para terminar. A Procuradoria também pediu a renovação da prisão temporária de Leonardo Gryner, braço-direito do cartola. E-mail impresso apreendido na casa de Nuzman aponta que ele autorizou o uso de R$ 5,5 milhões para pagar o escritório de advocacia de Nélio Machado, que o defende no caso. A mensagem determina o pagamento da quantia em 25 de setembro, enquanto o contrato seria aprovado dois dias depois pela diretoria da Rio-2016. "Mesmo ainda sem a integral análise do material apreendido, já é possível colher indícios suficientes no sentido de que Nuzman continua a atuar em benefício próprio, usando os instrumentos do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como sua influência sobre as pessoas que lá trabalham", afirma a mensagem. O Comitê Organizador da Rio-2016 acumula mais de R$ 110 milhões em dívidas com fornecedores. A prisão encerrou as negociações do COI para ajudar na quitação dos débitos. O comitê afirmou que não pagou os honorários dos advogados de Nuzman. "O Conselho Diretor não aprovou o pagamento e a nota foi cancelada. A governança do comitê não mudou", informou a assessoria de imprensa da entidade. Nuzman está preso desde quinta sob acusação de intermediar propina de US$ 2 milhões a membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a escolha do Rio como sede da Olimpíada. A prisão determinada pelo juiz Marcelo Bretas na quinta é temporária e venceria nesta terça (10). O Ministério Público Federal afirma que os e-mails impressos encontrados na casa de Nuzman indica que ele tinha o objetivo de atrapalhar as investigações. Há ainda um roteiro de medidas a serem tomadas para regularizar, segundo a Procuradoria, "patrimônio não condizente com as declarações de imposto de renda apresentadas à Receita Federal".
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925597-nuzman-pagou-advogado-criminal-com-recursos-da-rio-16.shtml
Da escola ao 1º emprego: como buscar um caminho profissional sem ter (ao menos ainda) um diploma universitário
DA BBC BRASIL O trimestre de maio a julho deste ano foi encerrado com um índice de desemprego na casa de 12,8%. O percentual assusta, mas é menor do que os 13,7% apurados no fim do período imediatamente anterior. Os dados mostram um quadro preocupante, mas que sugere que o pior da crise pode já ter ficado para trás. Só que a situação dos trabalhadores entre 18 e 24 anos é mais complicada do que a da média. Segundo a mesma pesquisa do IBGE, nada menos do que 28,8% dos jovens nessa faixa etária estavam desocupados ao fim do primeiro trimestre de 2017. Esse percentual recorde equivale a 4,503 milhões de pessoas. Os trabalhadores mais novos sempre sofrem mais com as crises e o desemprego decorrente. Por um lado, eles representam custos menores (e menos produtividade perdida) para as empresas na hora da demissão. De outro, a menor experiência no mercado dificulta a busca por oportunidades. Mas é fato também que os empregos que exigem menor qualificação costumam ser os primeiros a surgirem em maior número nas retomadas. Dados do Ministério do Trabalho apontam que, das 1,24 milhão de contratações feitas no último mês de maio, quase metade foram de trabalhadores com até 29 anos. Os maiores destaques na geração de empregos formais para os jovens foram os setores de serviços, com 21,8 mil vagas; a indústria da transformação, com 12,6 mil postos, e o comércio, com 11,8 mil. Concentrar a procura por vagas nesses segmentos é uma boa ideia para os jovens que buscam uma recolocação ou mesmo entrar no mercado de trabalho. Mas não só. PORTAS DE ENTRADA Programas de capacitação profissional são uma maneira de melhorar as próprias qualificações e, de quebra, conseguir o tão sonhado primeiro emprego. E muitos deles não apenas são gratuitos como fornecem vários tipos de auxílio. Um exemplo é o Instituto Formare, que qualifica jovens carentes para o mercado de trabalho por meio de parcerias com empresas. "O nosso jovem-alvo é aquele que possui indicadores sociais desfavoráveis, mas também muita vontade de crescer. Um jovem para quem ninguém estendeu a mão ainda", resume Claudio Anjos, diretor institucional do Instituto Formare. Por indicadores sociais desfavoráveis entenda-se, neste caso específico, uma renda familiar que não ultrapasse um salário mínimo por pessoa. Cerca de 80% dos jovens assistidos pelo programa em um dos seus 170 cursos lançados até agora conseguem vagas formais de emprego nos primeiros três meses após a formatura, a maioria nas próprias empresas em que foram treinados. Não é incomum que haja listas de mil jovens em busca das 20 vagas em média de um curso. O primeiro funil é uma prova básica de português e matemática. Depois, entrevistas e dinâmicas de grupo em que o interesse, a força de vontade e a capacidade de colaboração dos jovens são medidos. Passada essa fase, são os indicadores socioeconômicos, junto com a proximidade entre a residência do jovem e a empresa em questão, que vão decidir quem entra ou não. "Fazemos uma combinação entre quem mais quer e quem mais precisa", completa Beth Callia, coordenadora-geral do instituto. O curso dura cerca de um ano e consiste em um primeiro núcleo básico e, depois, em disciplinas específicas à realidade de cada empresa. Os alunos recebem uma bolsa-auxílio de meio salário-mínimo, uniforme e todos os benefícios que a empresa parceira concede aos seus funcionários. É comum, aliás, que estes jovens sejam os primeiros das suas famílias a contar com benefícios de qualquer ordem e, mais tarde, com um trabalho formal. A certificação é reconhecida pelo Ministério da Educação. Gerente de treinamento e desenvolvimento do Hotel Grand Hyatt de São Paulo - parceiro do Instituto Formare e de outra iniciativa do mesmo gênero para jovens já maiores de idade e especializada na área de turismo, o Youth Career Iniciative (YCI) -, Lígia Shimizu é responsável por coordenar as ações de treinamento da equipe do hotel, de recepctionistas bilíngues a camareiras e cozinheiros, passando também pelo pessoal administrativo. No meio desta força de trabalho estão atualmente 12 alunos do Formare e 12 do YCI, fora 30 aprendizes e 30 estagiários. Dos 70 líderes da empresa, aliás, 41 têm menos de 35 anos - caso da própria Lígia, que tem apenas 26 anos. Durante os programas, os jovens costumam passar por todos os setores do hotel. Áreas como a recepção (que exige o conhecimento do inglês) e os setores mais administrativos (onde a maioria dos funcionários possui nível superior), no entanto, não costumam abrigar os recém-formados no programa, ao menos não de primeira. Mas a história desses jovens é repleta de casos de superação. Formada pela turma de 2011, Natalia Cordeiro não foi efetivada logo após o curso, mas entrou na equipe do hotel um pouco mais tarde como aprendiz - muitos dos 30 ex-alunos do Formare atualmente no Hyatt foram contratados primeiro como aprendizes e estagiários, o que mostra também o quanto a persistência e a força de vontade são cruciais nessa fase da carreira. Depois de promovida a estagiária e com significativa melhora no inglês, ela partiu para Dubai, onde trabalhou em uma unidade local da rede. De volta a São Paulo, foi contratada em abril deste ano como estagiária e, em julho, aos 22 anos, efetivada como assistente de recursos humanos. QUANDO O CÉU É O LIMITE Um dos casos mais impressionantes nesse sentido é o do mineiro Everton Alves, de 35 anos. Ex-aluno da turma do Formare de 1999, ele trabalha hoje como diretor de operações e vendas da Sambatech, empresa especializada em armazenagem e distribuição de conteúdos digitais. Auxiliar de pedreiro na adolescência, ele conseguiu o primeiro emprego cinco meses após se formar no projeto. Trabalhando na indústria de autopeças, ele passou rapidamente do chão de fábrica para a área de qualidade graças ao estofo fornecido pelo Formare e também por causa do curso técnico que ele decidiu fazer assim que entrou no mercado. "A minha família inteira, que é bastante humilde, sempre trabalhou na indústria. Nós viemos de Contagem, que é uma zona industrial. E ali, na Sambatech, uma start-up, eu tinha 27 anos e era o mais velho da sala", recorda. Com a intenção de retribuir aquilo que recebeu, Everton atuou como educador voluntário do programa entre 2009 e 2012 nas disciplinas de informática e raciocínio lógico. Uma vez, há cinco anos, foi parado na rua por um ex-aluno que havia assistido a apenas uma aula sua, a última. "Ele me disse que aquela aula mudou a sua vida. E isso, pra mim, foi inesquecível. Eu sei o que eles estão vivendo, parece meio intangível falar em ter sucesso na carreira. Mas quando alguém como eu fala com eles é como se houvesse um espelho", diz. O apoio da família nos períodos mais difíceis é fundamental para o jovem que não possui um diploma mas deseja crescer na carreira. "Durante o período que eu cursava o Formare, eu simplesmente não parava em casa. Era curso o dia todo e escola de noite. Muitos dos meus amigos naquela época passavam o dia à toa, no máximo tinham (cursado) o colégio. Mas a minha família sempre me incentivou muito. Fui o primeiro a cursar uma faculdade, e todos os meus irmãos, mais novos do que eu, acabaram por também fazer o mesmo mais tarde", conta. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E DAS ATIVIDADES SIMPLES "É preciso sacrificar uma parte das horas de lazer para dar esse upgrade nas qualificações. Não existe outro jeito. Quando você estiver finalmente empregado e com um salário um pouquinho maior, por que não fazer uma faculdade? Depois de concluir a faculdade, por que não uma pós? Ou aprender inglês, que é um diferencial e algo mais barato do que uma faculdade ou pós-graduação?", exemplifica Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria Robert Half no Brasil. Seja começando a carreira com a ajuda de programas sociais de capacitação, seja com o auxílio de programas governamentais ou privados de ajuda a jovens candidatos a emprego (veja uma lista deles ao final da reportagem), seja por conta própria, é importante também focar no planejamento. Questionamentos como para onde se quer ir, quais os próximos passos e quais são os seus pontos fracos devem ser feitos constantemente. Para Mantovani, é preciso também relativizar a importância do ensino superior no Brasil de hoje, dada a quantidade de cursos de péssima qualidade. "Muitas vezes o profissional se frustra porque faz aquela faculdade com bastante esforço, mas não consegue o emprego que achou que ia conseguir. A falta de controle da qualidade do ensino cria uma indústria estelionatária, onde o aluno acha que aprende e a instituição lhe dá um pedaço de papel que custou algum dinheiro mas não vale grande coisa", opina. Essa força de vontade na hora de aprimorar competências é fundamental e independe de grau de estudo ou condição social. Para ele, vale muito mais a pena para o jovem que batalha pelo primeiro emprego investir em um bom curso técnico - ou mesmo cursar o ensino médio técnico - do que em um curso universitário de qualidade duvidosa. E as empresas em geral e os recrutadores em particular também precisam mudar os seus parâmetros e avaliar essa questão de forma menos automática e mais cautelosa. "É preciso ter muito cuidado com essa pressão pelo curso superior. Gestores podem acabar dando preferência a profissionais com um ensino superior ruim em detrimento de um profissional técnico bom", adverte. Estudo recente do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) apontou que o Brasil precisará qualificar 13 milhões de trabalhadores em ocupações industriais até 2020. Em países como Alemanha, Áustria, Suíça e Japão, mais da metade de todos os estudantes cursam alguma formação técnica junto com o ensino regular. E mesmo no Brasil não é possível associar o nível técnico a salários necessariamente mais baixos. Ainda segundo o Senai, um técnico em mineração recém-formado, por exemplo, tem hoje no país rendimentos iniciais de R$ 7 mil - salário de fazer inveja à maioria dos universitários em início de carreira. Educação e qualificação profissional à parte, é importante lembrar que muitas vezes aquela ajuda providencial pode estar logo ao lado. A relações-públicas Camilla Assreuy, por exemplo, ainda trabalhava no setor varejista de moda quando se deparou com uma profissional que havia perdido o seu emprego como estoquista em uma loja e precisava se recolocar. "Ela não fazia a menor ideia de como ou por onde começar a procurar trabalho", recorda. Com uma simples consulta a um aplicativo que integrava informações e serviços para os lojistas e funcionários do shopping em questão, e que a moça desconhecia, Camila encontrou não uma, mas dez vagas de estoquista para a profissional. Ou seja: ninguém deve ter receio, vergonha ou preguiça de perguntar, pesquisar e pedir ajuda. E não só quando se trata do primeiro emprego. PROGRAMAS DE QUALIFICAÇÃO GRATUITOS Alguns também oferecem benefícios ou feiras de oportunidades Instituto Formare (para jovens entre 16 e 18 anos) http://www.formare.org.br/formare Youth Career Iniciative (para jovens entre 18 e 24 anos) http://www.youthcareerinitiative.org/country/brazil Programa Jovem Protagonista (para jovens entre 16 e 29 anos) http://jovemprotagonista.com/pt/home Programas de emprego, estágio e/ou ligados à Lei da Aprendizagem: Centro de Integração Empresa Escola http://www.ciee.org.br/portal/index.asp Programa Jovem Cidadão (para jovens entre 16 e 21 anos residentes na Grande São Paulo, em Campinas, Piracicaba, São José dos Campos e Santos) http://www.emprego.sp.gov.br/emprego/jovem-cidadao Programa Aprendiz Legal (para jovens entre 14 e 24 anos) http://site.aprendizlegal.org.br Programa Aprendiz Paulista (para jovens entre 14 e 24 anos residentes no estado) https://www.empregasaopaulo.sp.gov.br/imoweb
2017-09-10
sobretudo
carreiras
http://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2017/10/1925565-da-escola-ao-1-emprego-como-buscar-um-caminho-profissional-sem-ter-ao-menos-ainda-um-diploma-universitario.shtml
Contra separatismo, França diz que não reconhecerá independência catalã
O separatismo catalão sofreu mais um duro golpe com a entrevista da ministra francesa de relações exteriores, Nathalie Loiseau, nesta segunda-feira (9) ao canal CNews. "Uma declaração de independência na Catalunha seria unilateral, não seria reconhecida. A primeira consequência automática seria sua saída da União Europeia", disse. A negativa francesa sinaliza que, caso o governo catalão siga adiante e se declare independente, será isolado e pressionado por importantes atores externos. São raros os casos de apoio à Catalunha, como o do governo escocês, que tem o seu próprio movimento separatista. Essa pressão pode dificultar os planos do presidente catalão, Carles Puigdemont, que vai discursar ao Parlamento regional em Barcelona nesta terça-feira (10) às 18h locais (às 13h em Brasília). Há receio de que ele aproveite a plenária para declarar a independência da Catalunha. A declaração seria o resultado do plebiscito separatista de 1º de outubro, em que 90% dos eleitores votaram "sim" -apesar de que apenas 43% deles participaram da consulta, uma baixa porcentagem que leva ao questionamento de sua validade. Mas a falta de apoio externo é apenas um dos percalços ao sonho separatista do governo catalão. Outro revés é a grave debandada de bancos e empresas dessa região durante os últimos dias. O banco catalão Sabadell, por exemplo, transferiu sua sede a Alicante. O CaixaBank, terceiro maior banco espanhol, se mudou a Valência. Gigantes como a Gas Natural também deixaram a Catalunha. A mensagem aos investidores é grave, e afeta a disposição popular pela independência dessa região. BARCELONA A sessão parlamentar de terça-feira foi convocada, em tese, para que Puigdemont informe os legisladores catalães sobre a situação política. Caso já fosse dito de antemão que ele planeja declarar a independência, a plenária poderia ser impedida pelas autoridades de Madri. O governo central espanhol já havia tentado impedir o gesto. O Tribunal Constitucional bloqueou a sessão desta segunda-feira, primeira data prevista para a separação unilateral catalã. Foi quando se escolheu a terça. Como o processo está envolto em mistério, não se sabe que formato o presidente Puigdemont poderia escolher para sua declaração. A lei de ruptura catalã, já aprovada pelo Parlamento regional, não estipula se o voto dos legisladores é necessário. Com as derrotas sofridas nos últimos dias, porém, é possível que Puigdemont escolha um caminho menos dramático do que a separação unilateral. A legisladora Marta Pascal, sua aliada, disse em entrevista à rede britânica BBC que ele pode fazer uma "declaração simbólica". Nesse cenário, o governo diria ter um mandato legítimo para buscar a independência, mas não faria nenhum gesto formal para tal. Mas o próprio Puigdemont disse no domingo, em entrevista à rede TV-3, que "a declaração de independência está prevista na lei do plebiscito". "Aplicaremos aquilo que está previsto na lei." MADRI O governo central espanhol em Madri não vai reconhecer nenhuma declaração unilateral de independência. A vice-premiê Soraya Sáenz de Santamaría afirmou na segunda-feira que uma declaração catalã "não ficará sem resposta". Há uma série de fortes instrumentos legais à disposição do primeiro-ministro conservador, Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular). O primeiro deles é o Artigo 155, que prevê a suspensão temporária da autonomia catalã. Com essa ferramenta, Rajoy poderia forçar a Catalunha a antecipar suas eleições, desmontando o aparato separatista. O problema é que o artigo nunca foi usado, e é considerado extremo. O governo precisaria da maioria absoluta do Senado para usar esse instrumento, já garantida pelo governo com seus próprios assentos. Outra opção seria decretar um Estado de crise, em que Madri pode nomear uma "autoridade funcional" para governar a Catalunha. Rajoy poderia também apelar ao Estado de exceção, suspendendo direitos como o de manifestação, algo que requer uma maioria simples. Enquanto pondera entre suas opções, o governo em Madri já garantiu o apoio das principais forças políticas, alinhadas ao Estado espanhol na negativa à independência unilateral catalã. Siglas de esquerda, como o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o Podemos, se recusam a reconhecer a validade do plebiscito. O partido de centro-direita Cidadãos, por sua vez, tem insistido em que Rajoy aplique o Artigo 155 de uma vez por todas e suspenda a autonomia parcial catalã. CONTEXTO A Catalunha já tem uma série de liberdades, como seu próprio Parlamento e polícia. Mas uma sucessão de vitórias políticas deu força a partidos separatistas, que aceleraram seu pleito de independência nestes anos. Há diversos argumentos, entre eles o cultural: catalães tem sua própria história e língua, próxima ao francês. Apesar de serem também espanhóis, separatistas dizem se sentir principalmente catalães -e querem um país. Outra explicação é econômica. A Catalunha corresponde hoje a 20% do PIB espanhol, que é de US$ 1,2 trilhão. O argumento é de que, sozinho, esse território poderia prosperar ainda mais.
2017-09-10
mundo
null
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925561-contra-separatismo-franca-diz-que-nao-reconhecera-independencia-catala.shtml
Doria, eleições e a cidade: confira 8 curiosidades da pesquisa Datafolha
Com queda de nove pontos na avaliação positiva, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ainda encontra entre os mais ricos sua melhor avaliação. Na parte debaixo das camadas sociais, porém, encontra índices mais altos de "ruim ou péssimo". Em todas as regiões da cidade, a sensação de que Doria fez menos do que se esperava pela cidade subiu, mas a zona sul é a que mais se mostra desapontada (69% esperavam mais). Conhecido por suas postagens de vídeos nas redes sociais, o tucano encontra mais audiência entre os mais ricos e com mais estudos. Esses são alguns detalhes da nova pesquisa Datafolha. Confira: * Região onde estão bairros nobres da cidade como Alto de Pinheiros, Itaim Bibi e Perdizes, a zona oeste é a que sustenta a avaliação positiva do prefeito João Doria (PSDB), segundo o Datafolha. Nesta área da cidade, quase metade da população (47%) avalia o governo dele como ótimo ou bom, contra 29% que o consideram regular e 24%, ruim ou péssimo. No lado oposto, onde estão os adensados bairros periféricos Cidade Tiradentes, Itaim Paulista e São Mateus, o índice de ótimo e bom cai para 29%, o de regular vai a 40% e o de ruim vai a 27%. Por região - Em % - Apesar de a aprovação de Doria ter caído entre os mais ricos, o pico de avaliação positiva (54%) do tucano ainda está entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Já na base da pirâmide social Doria enfrenta seu maior índice de reprovação: entre os que ganham até dois salários, 34% o consideram ruim ou péssimo. - Apesar de o tucano ainda manter o prestígio nas classes sociais mais altas, a pesquisa constatou queda de 12 pontos percentuais na avaliação positiva de Doria entre os entrevistados que ganham mais de 10 salários mínimos. Em pesquisa de fevereiro, a aprovação de Doria chegava a 66% nesse grupo. O índice dos que consideram o tucano bom ou ótimo entre os mais ricos caiu para 54% no novo cenário. Por renda familiar mensal, em salários míninos - Em % - A pesquisa mostrou que 36% dos entrevistados que tem contas nas redes sociais (85%) como Facebook, Twitter e Instagram costumam assistir aos vídeos postados pelo prefeito João Doria (PSDB) nesses espaços. O número de espectadores dentro desse universo, porém, sobe para 46% entre os com curso superior e para 55% entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Nesses mesmos grupos estão os que acham que Doria usa os espaços para se promover –29% entre os mais ricos e 27% entre os com terceiro grau acreditam nisso. Nesses vídeos, o prefeito posta não só atos em agendas da prefeitura como suas viagens a outros estados. No último sábado, essas mesmas redes serviram para a divulgação de um bate-boca público com o também tucano, mas adversário político, o ex-governador Alberto Goldman . - A zona sul é a região da cidade mais decepcionada com a atuação de Doria à frente da prefeitura. Nesta área da cidade, 69% acham que o prefeito fez menos do que se esperava, aumento de 16 pontos em relação à pesquisa anterior, de junho passado. Na região central, a variação foi ainda maior (19), mas o índice de desapontados está em 61%. Nas zonas norte e leste, o número dos que tinham esperança por algo mais da gestão ficou nos 64%. Na oeste, 54% Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria - A maioria (63%) dos eleitores do prefeito querem que ele continue no Edifício Matarazzo. Só 15% dos que votaram no tucano querem que ele deixe a cadeira na prefeitura. O índice dos que preferem a permanência sobe para 73% entre os eleitores do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). No entanto, o percentual cai entre eleitores de Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomano (PRB), rivais de Doria nas eleições de 2016 –respectivamente, 41% e 42%. Por faixa etária - Em % - A avaliação positiva do governador Geraldo Alckmin (PSDB) chega a 42% entre os eleitores da ex-petista Marta Suplicy (hoje no PMDB). Entre os que votaram em Doria, são 39% os que acham que Alckmin fez uma gestão ótima ou boa em seus 6 anos e nove meses de governo. Os tucanos travam disputa interna para ver quem será o candidato à presidência em 2018. Entre eleitores de Doria, há uma espécie de empate técnico na escolha de quem deveria ser o candidato ao Planalto: 45% querem o governador e 43%, o prefeito. - Se a maioria (68%) da população considera o trânsito da cidade ruim ou péssimo, a situação problemática dos semáforos ajuda a piorar essa sensação. Metade dos entrevistados reprova o serviço. No primeiro semestre deste ano, o paulistano teve que se acostumar com os sinais em pane aos primeiros sinais de chuva. O problema foi motivado pelo fim do contrato de manutenção. Os contratos foram retomados e a expectativa da gestão é melhorar o serviço - Por grau de escolaridade - Em %
2017-09-10
cotidiano
null
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925419-doria-eleicoes-e-a-cidade-confira-8-curiosidades-da-pesquisa-datafolha.shtml
50 anos depois da morte, o Che é apenas uma foto na camiseta
Ernesto Rafael Guevara de La Serna, o homem, morreu (assassinado) na Bolívia há exatos 50 anos neste 9 de outubro. Mas o "Che", o revolucionário, morrera antes na Cuba em que estão enterrados seus restos. O "Che" perdeu internamente a batalha de ideias pelo modelo econômico que deveria ser implantado na ilha. Prevaleceu o modelo soviético, imposto pela necessidade de preservar o financiamento que a União Soviética concedia a Cuba. Escreve, por exemplo, para "El País" o historiador cubano Rafael Rojas: "Quando Fidel Castro leu a carta de despedida do Che, no ato de constituição do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, em outubro de 1965, ficou evidente que o guevarismo não teria futuro na ilha. As naves haviam sido queimadas e o Congo e a Bolívia foram tentativas de provar que outra revolução, como a cubana, podia triunfar em qualquer nação do Terceiro Mundo". Na minha primeira visita a Cuba, em 1977, quando a ilha ainda era proibida para brasileiros, tivera idêntica sensação de que o "Che" já não cabia por lá. Escrevi, para o "Estadão", onde então trabalhava, um texto em que relatava a introdução completa do modelo soviético, a que o Che se opunha, e dizia em seguida: "Não é de estranhar, portanto, que a figura de Che Guevara seja alvo, hoje, de uma curiosa dicotomia: de um lado, exalta-se e idolatra-se a o Che revolucionário internacional, o homem que lutou no Congo e na Bolívia, o guerrilheiro infatigável. De outro, atira-se ao limbo o Che teórico, o defensor do Homem Novo, o idealista". Acrescentava no texto de 40 anos atrás: "Sintomaticamente, até as revistas que serviram de veículo para a propagação das teses guevaristas –Cuba Socialista, Nuestra Indústria e Comércio Exterior– foram paulatinamente extintas". Isolado em Cuba, o Che acabou morrendo na Bolívia, igualmente isolado. O coronel boliviano Gary Prado, que comandou as tropas que capturaram Guevara no dia 8 de outubro de 1967, contou em entrevista para o jornal "El Deber" que a guerrilha que o Che liderava estava reduzida a 17 homens quando o batalhão Manchego, de Prado, entrou na zona de operações. O revolucionário foi traído, cruel ironia, exatamente pelos camponeses que pretendia libertar de suas infames condições de vida, sempre segundo o depoimento do coronel Gary Prado: "Recebemos informação de camponeses que haviam visto guerrilheiros na quebrada de El Churo. Montei a operação, cercamos a quebrada e se produziu o combate". Pouco depois, prossegue o relato, o coronel encontrou com dois dos guerrilheiros restantes e um deles lhe disse: "Não me matem, sou o Che Guevara, para vocês valho mais vivo que morto". Foi assassinado no dia seguinte. O coronel boliviano faz um julgamento impiedoso do Che: "Dava pena. Era o fracasso de toda a sua vida, de sua série de fracassos porque não havia tido muito êxito em nenhuma das tarefas que havia empreendido em toda a sua vida". De fato, a revolução que ajudara a triunfar em Cuba deslizou mais e mais para uma burocracia tão sufocante que até seus líderes tratam, agora, de desconstruir, penosa e lentamente, sem abdicar da ditadura que o Che também apoiara. O homem novo, que ele pretendia construir na África e na América Latina, não nasceu; ao contrário, está cada vez mais apegado a valores materiais, quando seu comandante, Fidel Castro, dizia que "o homem não vive somente de dinheiro. Os trabalhadores devem aprender que seu trabalho é uma contribuição de que o povo inteiro e o Estado tiram proveito" (entrevista de Fidel ao jornalista americano Herbert Mathews, em fins de 1967). Nem os trabalhadores nem os camponeses aprenderam. Não é à toa, pois, que, 50 anos depois de sua morte, o Che seja apenas um objeto do consumo que ele desprezava, estampado em camisetas.
2017-09-10
colunas
clovisrossi
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2017/10/1925562-50-anos-depois-da-morte-o-che-e-apenas-uma-foto-na-camiseta.shtml
Não ter fundo eleitoral público seria o pior dos mundos, diz Gilmar Mendes
Para o ministro do STF Gilmar Mendes, a criação do fundo público eleitoral foi um dos acertos da reforma política aprovada pelo Congresso na semana passada. "O pior dos mundos seria não ter o financiamento público. Considerando os prós e contras, creio que houve avanço com essa medida." Em debate em São Paulo, na manhã desta segunda (9), sobre a reforma, o ministro afirmou que o fundo público tornou-se inevitável no cenário atual, em que as doações empresariais para partidos e políticos estão proibidas. O ministro também elogiou outras duas medidas aprovadas: o fim das coligações e o estabelecimento da cláusula de barreira. O debate ocorreu no IDP - Instituto de Direito Público de São Paulo, do qual o ministro é sócio. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), também eram esperados, mas cancelaram participação por conflito de agenda. Foram substituídos, respectivamente, pelo deputado federal Evandro Gussi (PV) e pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB). Cunha Lima concordou com o ministro em relação às coligações e à cláusula de desempenho, decisões que julga importantes para conferir mais estabilidade ao sistema político brasileiro. "O Brasil não pode continuar convivendo com essa quantidade de partidos políticos que temos. É uma falência de nosso modelo", disse. Ele considera, no entanto, que houve retrocesso quanto ao financiamento das campanhas. "Sou contra o fundo público, por ser a favor do financiamento privado. Os partidos são entidades privadas e assim devem funcionar", disse. O fundo público aprovado na semana passada distribuirá no ano que vem cerca de R$ 2 bilhões aos partidos para financiar as campanhas eleitorais. Para Cunha Lima, as regras aprovadas criam brechas nocivas, como a possibilidade de que os partidos realizem eventos como bingos, rifas e bazares para arrecadar recursos. "Serão feitos rifas e bingos por toda parte. Controlar isso será impossível", comentou. "Estamos muito longe de um sistema ideal para o forma de financiamento. Foi um enorme retrocesso. Esse modelo não ficou pronto. Terá que sofrer alterações nos próximos anos". CONFLITO ENTRE PODERES Após o debate, Gilmar Mendes respondeu às perguntas de jornalistas acerca do afastamento de parlamentares e de medidas cautelares contra eles. No final de setembro, ministros da primeira turma do Supremo decidiram, por 3 votos a 2, pelo afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do cargo e pelo seu recolhimento domiciliar noturno. O plenário do STF analisa a questão na próxima quarta (11). "O Supremo terá que refletir sobre todas essas questões e terá que fazer uma análise aprofundada do texto constitucional. O que nós devemos evitar são decisões panfletárias, populistas, que não encontram respaldo no texto constitucional." "Esse", acrescentou, é o grande risco para o sistema." Como exemplo, citou deliberações do Supremo a respeito do aborto e da vaquejada. "O tribunal, por exemplo, decidiu proibir a vaquejada. O Congresso veio e restabeleceu a vaquejada. A primeira turma do STF liberou esses dias o aborto. Esse tipo de decisão não é compreendido pela população." "Como você permite a morte de crianças, ou de fetos, e diz que o boi não pode ser maltratado? É uma incongruência hermenêutica difícil de se sustentar." Gilmar Mendes disse não acreditar numa ruptura entre Judiciário e Legislativo. "O tema será discutido no plenário do Supremo na próxima quarta. O Senado e a Câmara se manifestaram no sentido de que o afastamento cabe a cada uma das casas. É isso o que está também no artigo 53 da Constituição. Há um problema de interpretação que será resolvido." O artigo constitucional prevê prisão para parlamentares só em caso de "flagrante delito de crime inafiançável" - ainda assim, a casa legislativa a que pertencem deve aprovar a medida. Cunha Lima também negou que haja uma guerra entre os Poderes. "Não se trata de guerra. Estamos diante da interpretação de um fato novo, que nunca se viu no Brasil, e precisa ser esclarecido", comentou. "Agora é aguardar o que virá da decisão do Supremo. O senado vai s posicionar sore essa decisão." PROTESTO Mendes foi recebido com protesto no IDP. Antes do início do evento, um grupo de cerca de dez pessoas jogou tomates na portaria do local, e vários carros também foram atingidos. Os manifestantes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a presos pela Lava Jato. O ministro disse que não viu o protesto, mas que o considera "absolutamente normal".
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925564-nao-ter-fundo-eleitoral-publico-seria-o-pior-dos-mundos-diz-gilmar-mendes.shtml
Uber muda tática e suspende serviço mais barato sem licença na Noruega
A Uber disse nesta segunda-feira (9) que suspenderá o seu serviço UberPOP (modalidade mais barata), que opera sem licença em Oslo, até que a Noruega introduza novas regras, com o aplicativo norte-americano adotando um tom mais conciliador com as autoridades nacionais. O movimento acontece após uma suspensão similar na Finlândia em julho, por um ano, para permitir que uma nova lei de táxis entre em vigor. No entanto, não há data definida para a reintrodução do UberPOP na Noruega. A companhia de transportes urbanos norte-americana tem sofrido pressão dos serviços de táxi tradicionais e reguladores por toda a Europa, que a acusam de competição desleal e de contornar regras locais. "Aprendemos da maneira mais difícil que devemos mudar como empresa para atender os milhões de passageiros e motoristas que dependem de nós. Com nosso novo presidente-executivo Dara Khosrowshahi a bordo, é uma nova era para a Uber", disse a empresa em um comunicado. O UberPOP será interrompido em 30 de outubro, enquanto os serviços licenciados da Uber, UberBLACK e UberXXL, continuarão a funcionar como normal. Em setembro, a Transport for London (TfL), agência que regula o setor na cidade, anunciou que não renovará a licença da Uber, no mais recente revés da companhia com autoridades europeias. A decisão caracterizou a operadora de serviços de carros como "inapropriada e inapta".
2017-09-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925569-uber-muda-tatica-e-suspende-servico-mais-barato-sem-licenca-na-noruega.shtml
Tesouro reduz em R$ 600 milhões empréstimo para pagar salários no Rio
O governo do Rio publicou nesta segunda-feira (9) edital para tomar empréstimo para pagar salários atrasados, uma das principais medidas do regime de recuperação fiscal assinado com a União no início de setembro. O valor da operação será de R$ 2,9 bilhões, R$ 600 milhões a menos do que o estimado inicialmente. De acordo com a Secretaria de Fazenda do Rio, a redução do valor foi provocada por avaliação mais conservadora do valor da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) pelo Tesouro Nacional. O empréstimo terá ações da Cedae como garantia. A mudança na avaliação desagradou o governo do Rio, que avaliou a Cedae em R$ 7 bilhões –serão concedidas como garantia 50% das ações da estatal. Em nota distribuída pelo governo estadual, o governador Luiz Fernando Pezão diz que o dinheiro do empréstimo vai garantir a quitação de atrasados e mais "uns três, quatro meses" de folha em dia. O Rio ainda deve o 13º salário de 2016 a cerca de 127.000 servidores e aposentados, uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Além disso, deve salários de agosto a 38.607 servidores e pensionistas, em um total de R$ 271,2 milhões. Na semana que vem, vence a folha de setembro. Pezão disse que o governo trabalha para que não haja mais atrasos durante 2018. Desde 2016, o estado vem atrasando salários e faturas de fornecedores. As propostas para a concessão do empréstimo serão recebidas no próximo dia 24. O governo do Rio estima que o dinheiro seja depositado aos servidores no início de novembro. Em entrevista recente, Pezão disse que 11 bancos haviam demonstrado interesse na operação. A privatização da Cedae é uma das contrapartidas assumidas pelo governo do Rio para aderir ao regime de recuperação fiscal, que suspendeu o pagamento de parcelas da dívida com a União por três anos. O processo de venda da companhia está sendo discutido com apoio do BNDES. Na quinta (5), o governo Pezão conseguiu derrubar uma liminar que suspendia a privatização da companhia, obtida a pedido do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro.
2017-09-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925578-tesouro-reduz-em-r-600-milhoes-emprestimo-para-pagar-salarios-no-rio.shtml
Mulher denuncia ex-companheiro e é assassinada dentro de carro da polícia
Laís Andrade, 30, descobriu que seu ex-companheiro havia instalado uma câmera em seu banheiro e decidiu buscar ajuda da polícia. Ao fazer a denúncia, no entanto, ela e o homem foram conduzidos no mesmo carro até a delegacia da cidade vizinha e ela foi assassinada dentro do veículo. O crime aconteceu na noite do último sábado (7). Mãe de um menino de 8 anos, Laís descobriu a câmera na janela de seu banheiro e ficou preocupada que suas imagens e do filho fossem divulgadas. Decidiu, então, procurar a polícia de sua cidade, Pavão (MG). O homem admitiu ter instalado a câmera no banheiro da ex-mulher Como era final de semana, os depoimentos deveriam ser colhidos na delegacia regional de Teófilo Otoni, a cerca de 100 km de Pavão. Segundo o delegado da Polícia Civil de Teófilo Otoni, Eduardo Gil, o homem teria pedido para buscar um documento em casa antes de entrar no carro da polícia e os policiais permitiram, foi quando ele pegou uma faca e escondeu no tênis. "Quando ele entrou na viatura, ele já antevia o resultado que queria, que era a prática do feminicídio", disse o delegado. A vítima e o agressor viajaram no mesmo banco do carro, contrariando os protocolos de atendimento policial. Já perto da cidade destino, o homem pegou a faca e atingiu Laís no pescoço, tentando se matar em seguida. Ela morreu no local, mas ele sobreviveu e está preso. O delegado Eduardo Gil disse que será aberto um inquérito para investigar as irregularidades cometidas pelos policiais no caso. Segundo ele, o correto seria conduzir os dois em compartimentos separados do carro ou no mínimo algemar o acusado. Além disso, será investigado se houve negligência em fazer a busca pessoal.
2017-09-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925560-mulher-denuncia-ex-companheiro-e-e-assassinada-dentro-da-viatura-policial.shtml
Mercedes-Benz anuncia investimentos de R$ 2,4 bilhões no Brasil
A Mercedes-Benz anunciou nesta segunda-feira (9) um investimento de R$ 2,4 bilhões no Brasil para o período entre 2018 2022. Os recursos serão direcionados à modernização das fábricas de caminhões e chassis de ônibus da montadora em São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG). Parte dos investimentos também vão contemplar inovações nas linhas de caminhões e ônibus, segundo Philipp Schiemer, presidente da companhia no Brasil e na América Latina. "Temos que ser competitivos a nível mundial e felizmente conseguimos a aprovação desse investimento", disse o executivo na ocasião do anúncio. A fonte de financiamento ainda não está definida. Segundo Schiemer, ainda há fragilidades, mas já é possível prever melhoria do cenário econômico no país. "O câmbio se mostrou estável neste ano, apesar das turbulências políticas. Tudo isso dá confiança ao empresário. Com inflação estável, juros caindo e dólar mais ou menos estável, o empresário consegue se programar. Isso nos deixa mais animados", diz o presidente da empresa. A Mercedes estima que as vendas de caminhões devem crescer aproximadamente 20% no mercado brasileiro em 2018. INVESTIMENTO Antes da aplicação desta nova rodada de investimento, a companhia finaliza uma injeção anterior de R$ 730 milhões, sendo R$ 500 milhões para a fábrica de São Bernardo e R$ 230 em Juiz de Fora. O investimento anunciado agora se equipara ao do período entre 2010 e 2015, quando a companhia também anunciou R$ 2,5 bilhões aproximadamente. As eficiências e tecnologias que serão trazidas com a rodada atual de investimento não devem desencadear demissões, segundo Schiemer. "Estamos ajustados no volume de funcionários. As eficiências que vamos trazer agora vão ser compensadas pela retomada do mercado. Não prevemos demissões", diz o presidente da empresa no Brasil. Segundo Schiemer, serão feitas contratações, se houver necessidade.
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925570-mercedes-benz-anuncia-investimentos-de-r-24-bilhoes-no-brasil.shtml
Compare as mensalidades de 1.104 escolas privadas de São Paulo
Confira abaixo as mensalidades de 1.104 escolas particulares de São Paulo. É possível filtrar as instituições por localização (região e distrito) e nível de ensino (fundamental 1 e 2 e ensino médio). O buscador faz parte do especial "Escolha a Escola", que neste ano debate as mudanças no ensino médio. Os dados foram coletados pelo Datafolha. Escolha a escola 2017
2017-09-10
educacao
null
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/10/1924610-compare-as-mensalidades-de-1104-escolas-privadas-de-sao-paulo.shtml
Quais seleções já estão classificadas para a Copa do Mundo da Rússia-2018
Já foram marcados mais de 2.300 gols pelas eliminatórias. O número de cartões amarelos foi maior, passando dos 2.700, enquanto os jogadores expulsos se aproximam de 150. No final, serão 871 partidas disputadas. Tudo para definir as 31 seleções que se juntarão à Rússia na Copa do Mundo de 2018, a partir de 14 de junho. Quem são essas equipes? * AMÉRICA DO SUL O continente distribui quatro vagas diretas para o Mundial, enquanto o quinto colocado vai disputar repescagem contra a Nova Zelândia, seleção vencedora da Oceania. Quem já está classificado ARGENTINA BRASIL COLÔMBIA URUGUAI O Peru foi para a repescagem contra a Nova Zelândia. AMÉRICAS CENTRAL E DO NORTE E CARIBE São três vagas diretas para a região. Já Honduras, que ficou em quarto, vai enfrentar a Austrália na segunda repescagem intercontinental ditada pela Fifa. Quem já está classificado COSTA RICA PANAMÁ MÉXICO Os Estados Unidos perderam para Trinidad e Tobago pela última rodada do hexagonal final e foram eliminados. Eles haviam disputado as últimas sete Copas. EUROPA Fora os anfitriões, mais 13 países europeus vão ao Mundial. Desse grupo, os nove líderes de seus respectivos grupos passam diretamente, restando ainda quatro vagas para repescagem continental. Quem já está classificado ALEMANHA BÉLGICA ESPANHA FRANÇA INGLATERRA ISLÂNDIA POLÔNIA PORTUGAL RÚSSIA (país-sede) SÉRVIA A Islândia se tornou a estreante europeia da vez, caso confirme sua liderança pelo Grupo I. ÁFRICA Cinco seleções sairão do continente para jogar a Copa, classificadas a partir de cinco grupos distintos pela terceira fase das eliminatórias regionais. Quem já está classificado EGITO NIGÉRIA O sorteio de grupos da etapa final foi ingrato com alguns favoritos, e a África pode mandar à Rússia-2018 um conjunto renovado de equipes. ÁSIA A confederação asiática premiou quatro seleções (as duas primeiras colocadas em dois grupos pela terceira fase. Os terceiros colocados se enfrentam por uma chance na repescagem. Quem já está classificado ARÁBIA SAUDITA COREIA DO SUL IRÃ JAPÃO A Austrália, já uma potência regional, superou a surpreendente Síria na repescagem e agora vai enfrentar um time da Concacaf em busca de vaga na Copa.
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925572-quem-ja-esta-classificado-para-a-copa-do-mundo-da-russia-2018.shtml
Adiada permissão para pagar boleto vencido até R$ 2.000 em qualquer banco
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) adiou para 2018 a implementação da segunda fase de uma plataforma que permitirá que boletos vencidos até R$ 2.000 sejam pagos em qualquer banco. Inicialmente, a liberação passaria a valer nesta segunda (9). O pagamento de contas atrasadas em qualquer banco é uma facilidade para o consumidor da chamada Nova Plataforma de Cobranças, ferramenta desenvolvida pelos bancos para diminuir o número de fraudes cometidas com boletos. O projeto está em desenvolvimento há aproximadamente três anos, e nesta segunda a Febraban informou que decidiu estender até o fim do ano a segunda etapa de implementação da plataforma. Em nota, a Federação diz que o volume de documentos que vão trafegar pelo novo sistema fez os bancos reverem o cronograma que previa a inclusão de todos os boletos a partir de dezembro. A estimativa é que pelo sistema passem cerca de 4 bilhões de boletos por ano, "montante comparável à capacidade das grandes processadoras de cartões de crédito do mundo", diz a Febraban. As próximas etapas do cronograma foram reprogramadas para o início de 2018. "A Nova Plataforma de Cobrança traz benefícios para o consumidor e para a sociedade, como maior segurança, facilidade no pagamento de boletos vencidos, além de evitar o envio de boletos não autorizados", afirma Walter Tadeu de Faria, diretor-adjunto de Negócios e Operações da Frababan. "Por esse motivo, a implementação precisa ser feita da maneira mais gradual e cuidadosa possível, garantindo o pleno funcionamento dessa importante ferramenta". Desde julho, boletos com valor acima de R$ 50 mil já podiam ser pagos em qualquer banco. Já aqueles com valor igual ou superior a R$ 2.000 foram incorporados ao sistema em setembro, alcançando 3,7% dos boletos emitidos no país. De acordo com a Febraban, a plataforma elimina o risco de que o mesmo boleto seja pago duas vezes. Quando o documento é apresentado em uma instituição financeira, o sistema consegue verificar se ele já foi quitado. O comprovante de pagamento também será mais completo, com informações de juros, multa ou descontos aplicados sobre o valor da cobrança. Não entram na plataforma contas de consumo (como luz e água) nem tributos (IPTU e IPVA).
2017-09-10
mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925556-adiada-regra-que-deixava-pagar-boleto-vencido-ate-r-2000-em-qualquer-banco.shtml
Grupo atira tomates em protesto contra Gilmar Mendes em São Paulo
Um grupo de cerca de dez pessoas protestou contra o ministro do STF Gilmar Mendes na manhã desta segunda-feira (9) em São Paulo. O grupo jogou tomates na portaria do Instituto de Direito de São Paulo (IDP), onde o ministro fez palestra nesta segunda. Vários carros também foram atingidos. Os manifestantes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a presos pela Lava Jato. "Ei Gilmar, me diz por que você sempre solta seus amigos e os amigos do poder", entoavam os manifestantes. O protesto começou por volta das 8h30 da manhã, segundo funcionários do instituto. Policiais militares acompanharam o ato, que transcorreu sem confrontos. Os manifestantes também apresentaram uma lista de reivindicações: fim do fundo partidário, fim do financiamento público de campanha, fim da reeleição. Defendiam a impressão do voto na urna eletrônica e a adoção do voto distrital. O ato foi organizado pelo movimento Tomataço –que, como o nome indica, faz do lançamento de tomates sua forma de protesto. Em agosto deste ano, o grupo também protestou contra Gilmar Mendes em debate do jornal "O Estado De S.Paulo" que contou com a participação do ministro.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925546-grupo-atira-tomates-em-protesto-contra-gilmar-mendes-em-sao-paulo.shtml
Em troca de proteção aos 'dreamers', Trump quer restringir imigração
Não será fácil para os "sonhadores". Salvar o Daca, o programa que protege da deportação esses cerca de 800 mil jovens trazidos aos EUA ainda crianças pelos pais, de forma ilegal, agora esbarra numa série de novas exigências de Donald Trump. O presidente americano, que no mês passado jantou com líderes democratas na Casa Branca e deu a eles a esperança de que pudesse recuar de sua decisão de acabar com a salvaguarda, enviou ao Congresso na noite de domingo (8) uma longa lista de condições que inclui medidas migratórias rígidas. Em troca de não deportar os sonhadores, como são chamados os filhos desses imigrantes sem documentos, o presidente pede a reforma completa do sistema de "green card" (a autorização de residência nos EUA), medidas severas para impedir que menores de idade, em especial da América Central, entrem no país e a construção do muro na fronteira com o México. Democratas queriam adiar as negociações sobre a barreira e garantir que o programa de proteção aos jovens fosse convertido em lei, mas Trump voltou atrás e parece agora não querer abrir mão da expansão do muro na fronteira. O retrocesso no debate, que causa atritos mesmo entre os republicanos, despertou ainda a oposição dos protegidos pelo Daca, que não querem se ver beneficiados por um arranjo que prejudicará futuros imigrantes, muitos deles parentes que tentam entrar nos EUA para rever a família. 'Dreamers' beneficiados - Desde sua criação, em 2012, o programa Daca já regularizou quase 800 mil jovens imigrantes nos EUA De onde vêm os 'Dreamers' - Principais países de origem dos beneficiados GARGALO Trump também cria mais problemas com o México. Seu veto à entrada de menores vindos da Guatemala, de El Salvador e de Honduras faria do país vizinho um gargalo na rota de fuga rumo aos EUA, acirrando os ânimos. Nos últimos quatro anos, centro-americanos dos países na mira dos pedidos de Trump vêm tentando escapar da violência das gangues, fazendo o número de refugiados no México saltar de 887, em 2013, para 8.051, em 2016. A explosão reflete a dificuldade de entrar nos EUA, com uma vigilância cada vez mais agressiva na fronteira, o que faz com que muitos permaneçam em terras mexicanas. Entre as exigências de Trump estão também a contratação de mais 10 mil agentes de imigração, o uso de um sistema que dificulta que ilegais consigam empregos nos EUA e a suspensão de verbas do governo federal para as chamadas cidades-santuário —entre elas Nova York, Los Angeles e Chicago—, que se recusam a seguir a política migratória do presidente. Em carta a congressistas, Trump disse que suas novas exigências têm como meta rever "brechas perigosas, leis antiquadas e vulnerabilidades facilmente exploradas" na política de imigração e que se trata de "reformas que devem ser incluídas" em qualquer negociação sobre o caso dos "sonhadores". Nesse sentido, uma solução bipartidária para resolver a crise em torno do Daca (um decreto de seu antecessor, Barack Obama) agora corre o risco de nunca sair do papel. Em paralelo, Trump vem ampliando seu programa anti-imigração para além das medidas que visa implementar como contrapartida à negociação em torno do Daca. Nesta semana, seu governo anunciou a suspensão da emissão de vistos para cidadãos turcos, detonando uma crise diplomática. A relação vinha azedando desde a tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia, em 2016 —os turcos acusam o clérigo Fethullah Güllen, exilado nos EUA, de ter tramado o levante e pedem sem sucesso sua extradição. A Turquia não é o único país na mira do republicano. No mês passado, ele anunciou nova versão do veto a viajantes de nações de maioria muçulmana, editado em janeiro. Desta vez, foram barrados cidadãos do Chade e de localidades em que a religião islâmica não é majoritária: Venezuela e Coreia do Norte.
2017-09-10
mundo
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http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925549-em-troca-de-protecao-aos-dreamers-trump-quer-restringir-imigracao.shtml
Dove pede desculpas por propaganda acusada de racismo nas redes
A marca de cosméticos Dove, propriedade da gigante holandesa Unilever, pediu desculpas após a difusão on-line de um anúncio acusado de racismo pelos usuários de redes sociais. "Em uma imagem publicada nessa semana, erramos ao representar as mulheres de cor, e lamentamos profundamente os danos causados", declarou em uma mensagem publicada no Facebook e no Twitter. Na propaganda, um GIF de três segundos para um sabão líquido da marca, uma mulher negra tira uma camiseta para revelar uma mulher branca, que remove sua camiseta e revela uma terceira mulher, asiática. A ação, originalmente transmitida na página da Dove Estados Unidos no Facebook, foi amplamente denunciada por usuários da rede em todo o mundo. "Ser negro significa ser sujo e indesejável?", postou uma usuária do Twitter, pedindo boicote aos produtos Dove e Unilever. A hastag #BoycottDove era amplamente replicada na rede social na manhã desta segunda-feira (9). Marissa Solan, porta-voz da Dove, disse neste domingo (8) que o GIF "pretendia transmitir que o Dove Body Wash é para todas as mulheres e é uma celebração da diversidade, mas entendemos errado e, como resultado, ofendemos muitas pessoas." Ela acrescentou que Dove removeu a postagem da rede e está "reavaliando nossos processos internos para criar e revisar conteúdo." Na Bolsa de Valores de Londres, às 07h30 (4h30 de Brasília), o preço da ação da Unilever caia ligeiramente, 0,39%, em um mercado estável. Em 2013, outra marca de cosméticos da Unilever teve que se desculpar após a polêmica criada por um concurso na Tailândia em torno de um produto para clareamento da pele. DIVERSIDADE A modelo negra que apareceu na propaganda da Dove defendeu o comercial, dizendo que, longe de menosprezar mulheres negras, o vídeo celebra a diversidade étnica. "Eu não acho que foi racista", disse em entrevista à BBC nesta quarta-feira (11). Entretanto, Lola afirmou que os trechos do vídeo compartilhados na internet –que, em sua maioria, mostravam apenas ela e a mulher branca, deixando de fora a mulher asiática— causaram a impressão errada. Ela disse que havia uma versão de 30 segundos feita para a TV que contava com outras imagens e com um slogan que deixava claro que a intenção era dizer que todas as mulheres merecem produtos de qualidade. O anúncio da Dove não é um caso isolado de uma empresa —a própria marca já foi acusada de racismo anteriormente. Relembre outros casos: NIVEA, abr.2017 Em abril, a Nivea, marca alemã de produtos para cuidados com a pele, lançou um anúncio de desodorante que dizia: "Branco é pureza". Os supremacistas brancos na internet não deixaram passar, e um usuário do 4chan (site em que usuários publicam anonimamente) escreveu: "A Nivea escolheu o nosso lado." Um representante da empresa-mãe da Nivea, a Beiersdorf, disse que a companhia "nunca teve a intenção de machucar ninguém ou levantar qualquer interpretação errada." Mas, como a Dove, a Nivea já havia escorregado em publicidade polêmica anteriormente. Seis anos antes, depois de se desculpar por um anúncio que mostrava um homem negro que se preparava para jogar fora o seu antigo rosto com traços afro atrás das palavras "Re-civilize-se", a Nivea prometeu rever os "processos atuais de desenvolvimento e aprovação" de publicidade para "evitar qualquer tipo de interpretação enganosa futura." QIAOBI, mai.2016 Em um comercial de 2016 para o sabão em pó da empresa chinesa Qiaobi, uma mulher asiática empurrava uma cápsula de detergente na boca de um homem negro e colocava-o em uma máquina de lavar roupa, da qual ele emerge como um asiático de pele clara. Uma porta-voz da Qiaobi, Xu Chunyan, não se demonstrou arrependida. "Nós fizemos isso por um efeito sensacional", disse ela à época. "Se nós apenas mostrarmos a roupa como todos os outros anúncios, o nosso não vai se destacar." POPCHIPS, mai.2012 A Popchips, marca de salgadinhos, disparou em 2012 um anúncio em que o ator Ashton Kutcher interpretava vários personagens —incluindo um produtor de Bollywood chamado Raj. Para o papel, o rosto de Kutcher foi pintado de marrom, e o ator imitava um sotaque indiano. Inicialmente, a Popchips pediu que os espectadores assistissem ao anúncio com o "espírito que se pretendia" de humor. Mais tarde, seu executivo-chefe, Keith Belling, disse em um comunicado: "Nossa equipe trabalhou duro para criar uma paródia alegre com uma variedade de personagens que provocassem algumas risadas. Não pretendemos ofender ninguém. Eu assumo toda a responsabilidade e peço desculpas a quem ofendemos." DOVE, mai.2011 Em 2011, a Dove foi criticada por outro anúncio: este mostrando três mulheres de pé lado a lado, cada uma com uma pele mais clara do que a mulher ao lado dela. Atrás delas aparecia escrito "antes" e "depois"; a indicação "antes", posicionada atrás de uma mulher afro-americana, mostrava pele rachada, enquanto o sinal "após", atrás de uma mulher branca, mostrava uma pele lisa. "Pele visivelmente mais bonita", dizia o anúncio. A Edelman, empresa de relações públicas que representa a Dove, disse em uma declaração: "Todas as três mulheres pretendem demonstrar o benefício do produto 'após'. Não toleramos nenhuma atividade ou imagem que insulte intencionalmente qualquer público." INTEL, jul.2007 Um anúncio de 2007 para o novo processador da Intel mostrou um homem branco cercado por seis velocistas negros. "Multiplique o desempenho do computador e maximize o poder de seus funcionários", dizia o texto. A Intel disse que sua intenção "era transmitir as capacidades de desempenho de nossos processadores através da metáfora visual de um velocista", mas reconheceu: "Infelizmente, nossa execução não entregou nossa mensagem pretendida e na verdade provou ser insensível e insultante."
2017-09-10
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Brasileiro diz pagar menos propina do que vizinhos da América Latina
O Brasil é um antro de corrupção, uma Sodoma e Gomorra da propina, um país onde a cultura do suborno atinge do presidente da República ao favelado, certo? Uma pesquisa da Transparência Internacional em 20 países da América Latina coloca essa percepção em xeque: o brasileiro é um dos que menos pagam propina para ter acesso a serviços públicos como hospitais e é o mais disposto a denunciar a prática, segundo o levantamento feito com 22.302 pessoas em 20 países. Entre os brasileiros, 11% dizem ter subornado agentes públicos para conseguir serviços como educação, emissão de documentos ou ajuda da polícia. É a segunda menor taxa. O país só perde para Trinidad e Tobago, com 6%. No extremo oposto do espectro está o México, onde 51% da população diz ter pago propina para ter acesso a serviços públicos. Na média do subcontinente, um em cada três habitantes da América Latina e Caribe declara ter pago propina para esse fim, segundo o levantamento. O percentual é mais alto entre os mais pobres (30%) do que entre os mais ricos (25%). "Propina representa um meio de enriquecimento para poucos e uma barreira significativa para ter acesso a serviços públicos essenciais, particularmente para os mais vulneráveis", diz José Ugaz, presidente da Transparência Internacional. A entidade, com sede em Berlim, diferencia a grande corrupção da pequena, segundo Fabiano Angélico, consultor sênior no Brasil. A grande corrupção é definida como abuso para se atingir altos níveis de poder. Já a pequena é a negociação ilícita que vira prática cotidiana. Corrupção na América Latina LAVA JATO "O brasileiro tem uma percepção de corrupção sistêmica por causa dos grandes esquemas revelados pela Lava Jato, afirma Angélico. Já no caso da pequena corrupção, afirma, o país está muito melhor do que o resto da América Latina. Segundo ele, o acesso à educação já foi praticamente universalizado no Brasil enquanto países como Honduras têm de lidar com professores que fraudaram concursos e não têm condições de ensinar nada a ninguém. "A escola é ruim no Brasil, o hospital é um horror, mas há um mínimo de acesso que não existe em outros países da América Latina", diz Angélico. Essa diferença explica parcialmente por que o Brasil está em segundo lugar no mapa da propina latino-americano, de acordo com ele. Há outras aparentes boas notícias na pesquisa, ainda de acordo com Angélico. Oito em cada dez brasileiros concordam com a frase "se eu testemunhasse um caso de corrupção, eu me sentiria obrigado a reportá-lo". O percentual do Brasil (81%) só fica abaixo daqueles do Uruguai (83%) e da Costa Rica (82%). Outro aspecto positivo é que 83% dos brasileiros dizem que pessoas comuns podem fazer a diferença no combate à corrupção. É o maior percentual da pesquisa. Logo abaixo aparecem Costa Rica e Paraguai, ambos com 82%. O Brasil também atinge a maior taxa na América Latina e Caribe no empenho para levar adiante um caso de corrupção: 71% dizem que passariam um dia num tribunal para relatar desmandos envolvendo suborno. Uruguai (70%) e Costa Rica (66%) aparecem depois do Brasil. Relatar corrupção é um ato de coragem na América Latina, de acordo com o levantamento. Isso porque quase um terço dos que denunciam suborno (28%) dizem ter sofrido retaliações. É por essa razão que a Transparência Internacional defende que países como o Brasil adotem políticas públicas para proteger aqueles que apontam casos de corrupção. POLÍTICOS E POLICIAIS Políticos e policiais ocupam o topo do ranking daqueles que são considerados os mais corruptos, com 47%. Na Venezuela em crise, a crença de que a polícia é corrupta atinge 73% dos entrevistados. Executivos de empresas (36%) e líderes religiosos (25%) ocupam a parte de baixo dessa tabela. Há também um aumento na taxa daqueles que acreditam que a corrupção aumentou nos últimos 12 meses: 62% dos entrevistados na América Latina acreditam nessa tendência. A Venezuela lidera o ranking com 87%, seguida por Chile (86%), Peru (86%) e Brasil (79%). No caso brasileiro, o aumento da percepção está ligado às investigações da Operação Lava Jato, que revelou um esquema que envolve os principais partidos e as maiores empresas do país.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925420-brasileiro-diz-pagar-menos-propina-do-que-vizinhos-da-america-latina.shtml
Afinal, nosso voto tem preço?
A reforma política aprovada pelo Congresso deixa claro o seu objetivo: impedir a renovação. Os mecanismos implementados servirão basicamente para resolver o maior problema dos grandes partidos políticos: a falta de dinheiro para financiar as suas campanhas. Essa demanda desesperada por recursos públicos revela a natureza e a qualidade da nossa representatividade. Os partidos não conseguem convencer o cidadão dos seus planos para o país que justifique um investimento nas suas propostas. Ao contrário pela enorme rejeição da população, os candidatos tradicionais se sentem premidos a gastar fortunas nas suas campanhas, pois o diálogo, a sola de sapato, a exposição transparente das suas plataformas não são suficientes para obterem os votos necessários. O apego ao poder sempre foi uma característica dos nossos políticos, difícil imaginar que seja por um espírito de sacrifício e serviço ao povo brasileiro, mas provável, acredito, que seja pelo reconhecimento da falta de oportunidade na iniciativa privada de uma colocação com a mesma remuneração e quantidade de mordomias em relação à carga de trabalho. Esse desejo de permanecer como mandatário ficou ainda mais forte com as denúncias da Lava Jato e o tratamento diferenciado para aqueles que gozam de foro privilegiado. A aprovação de uma verba milionária –R$ 1,7 bilhão de reais– para o financiamento de campanha e uma cláusula de desempenho que servirá para distribuir as benesses destinadas as agremiações foram as principais modificações sancionadas. A preocupação com temas que dessem mais liberdade e representatividade ao eleitor, como aprovação do voto facultativo, facilidade para a montagem de partidos, possibilidade de candidatura avulsa e redução de recursos dos pagadores de impostos para os partidos, não foram nem objeto de discussão. Para nós ficou, como de hábito no modelo do Estado brasileiro atual, mais uma conta a ser paga. O "custo da democracia" foi o argumento utilizado em larga escala pelos congressistas para justificar a implantação do Fundão. Nada mais falacioso. A afirmação de que a democracia tem custo é resultado de um raciocínio equivocado que parte do princípio de que nosso voto tem preço. O custo da democracia cabe a cada um de nós que deve, de forma voluntária, utilizar seu tempo na busca e avaliação do seu candidato. Não é correto desviar ainda mais recursos de impostos ou da poupança dos cidadãos para os partidos que, por serem representantes de uma parcela da sociedade, deveriam ser por essa sustentados. Será salutar também que alguns políticos –provavelmente já há muito tempo afastados da área privada– entendam que as necessidades na vida real são resolvidas com muito trabalho, resiliência, sacrifício e não com recursos retirados compulsoriamente de terceiros. Em 2018 caberá ao eleitor mostrar a todos que aprovaram essa reforma que a representatividade não está à venda.
2017-09-10
colunas
joao-amoedo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joao-amoedo/2017/10/1925545-afinal-nosso-voto-tem-preco.shtml
Estudo do comportamento na tomada de decisões rende Nobel de Economia
O estudo da economia depende da compreensão do comportamento humano. Por algum tempo, os modelos que tentavam sistematizar e prever as reações das pessoas em diferentes contextos partiam do pressuposto de que os indivíduos têm vasto acesso a informações e, com base nelas, tomam as melhores decisões possíveis. Nas últimas décadas, porém, vários pesquisadores têm se dedicado a mostrar que, no mundo real, os seres humanos não são tão racionais em suas escolhas. Seu desafio é transportar essas conclusões para a construção de modelos alternativos que deem conta da complexidade do processo decisório humano em situações como compras de bens de consumo, investimentos pessoais e planejamento de longo prazo. Por pesquisas que apontam algumas soluções nessa direção, o acadêmico norte-americano, Richard H. Thaler, 72, professor da escola de negócios da Universidade de Chicago, recebeu o Prêmio Nobel de Economia nesta segunda-feira (9). Ao anunciar a premiação, a Academia Real Sueca de Ciências, em Estocolmo, destacou que o pesquisador mostrou como traços da personalidade dos indivíduos —como racionalidade limitada, preferências sociais e falta de autocontrole— afetam tanto decisões pessoais quanto do mercado como um todo. "Richard H. Thaler incorporou hipóteses psicologicamente realistas na análise das tomadas de decisões", diz um trecho do comunicado. A premissa básica da teoria do vencedor do Nobel é que, "para fazer boa economia você precisa ter em mente que as pessoas são humanas", disse o economista ao jornal "The New York Times". Segundo a Academia, ao ser perguntado se agiria humanamente ao usar o dinheiro recebido como prêmio (o equivalente a R$ 3,5 milhões), o economista brincou: "Tentarei gastá-lo o mais irracionalmente possível". Não é a primeira vez que o Nobel de Economia é concedido a expoentes da chamada economia comportamental. Em 2002, o psicólogo Daniel Kahneman, cujas pesquisas mostram como nosso cérebro é capaz de ignorar informações, como estatísticas, e nos guiar a tomar decisões com base nos chamados vieses cognitivos, recebeu o prêmio. Segundo Thaler, Kahneman exerceu grande influência sobre seu trabalho. Em 2013, foi a vez de Robert Shiller ser escolhido. Ao lado de Thaler, de quem é co-autor em vários trabalhos, Shiller é considerado precursor do estudo de comportamento na área de finanças. O reconhecimento de Thaler agora vem do fato de que seus estudos reforçaram as evidências de que as pessoas, ao tomar decisões econômicas, não consideram todas as alternativas possíveis e —em parte por isso— não conseguem vislumbrar todas as consequências de longo prazo de suas ações. Por isso, suas escolhas nem sempre trazem o melhor retorno econômico possível para elas próprias e para a sociedade como um todo. Um exemplo dos muitos experimentos que Thaler fez com seus co-autores, citado pela Academia, mostra que os taxistas costumam estabelecer que suas jornadas terminarão quando atingirem metas monetárias que cada um deles estabelece individualmente. Com isso, param de trabalhar mais cedo em dias de maior procura por seu serviço quando atingem seu objetivo mais cedo. Se a regra fosse outra, eles poderiam ganhar mais e as cidades teriam menos gargalos em dias mais movimentados. 'EMPURRÕES' Como solucionar questões como essa sem constranger a liberdade de escolha de cada um? Segundo Thaler, pequenos "empurrões" seriam a resposta. Ele trata disso no livro "Nudge: o empurrão para a escolha certa" (Elsevier - Campus), em co-autoria com Cass Sustein. Entre as sugestões dos pesquisadores, está, por exemplo, a formulação de contratos de trabalho nos quais a adesão a planos de pensão seja a escolha padrão. O funcionário manteria a liberdade de desmarcar essa opção se não estivesse mesmo interessado, mas seria guiado a escolher esse caminho. O trabalho de Thaler o aproximou do ex-presidente norte-americano Barack Obama, a quem assessorou na campanha de 2008. Diferentemente dos prêmios em áreas como Química, Física e Medicina, o Nobel de Economia não foi criado por vontade do empresário sueco Alfred Nobel —conhecido por inventar a dinamite—, logo após sua morte em 1896. A premiação foi criada em 1968 pelo banco central da Suécia. No ano passado, o prêmio foi entregue ao finlandês Bengt Holmström, 67, e ao britânico Oliver Hart, 68, por trabalhos na área de contratos. A Academia Real Sueca de Ciências destacou que "economias modernas são ligadas por inúmeros contratos" e que os trabalhos de Hart e Holmström "criaram uma base intelectual para o desenho de políticas e instituições em muitas áreas, da legislação de falência a constituições políticas". Relembre os vencedores do prêmio: 2016 - Oliver Hart (Grã-Bretanha) e Bengt Holmström (Finlândia), 67, por estudos na área de contratos 2015 - Angus Deaton (EUA), por estudos sobre consumo, pobreza e bem-estar social 2014 - Jean Tirole (França), devido a pesquisas sobre o poder de mercado de grandes empresas 2013 - Eugene Fama, Robert Shiller e Lars Peter Hansen (todos dos EUA), por estudos de análise sobre preços de ativos 2012 - Alvin Roth e Lloyd Shapley (ambos dos EUA), por trabalhos sobre como otimizar oferta e demanda 2011 - Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims (ambos dos EUA), por pesquisa sobre causas e efeitos na macroeconomia 2010 - Christopher Pissarides (Chipre) e Peter Diamond e Dale T. Mortensen (ambos dos EUA), por estudos sobre demandas dos mercados e a dificuldade em correspondê-las 2009 - Elinor Ostrom e Oliver Williamson (EUA), pela demonstração de como propriedades podem ser utilizadas por associações de usuários e pela teoria sobre resolução de conflitos entre corporações, respectivamente 2008 - Paul Krugman (EUA), pela análise dos padrões do comércio e da localização da atividade econômica 2007 - Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson (EUA), pela aplicação das bases da teoria do desenho dos mecanismos 2006 - Edmund S. Phelps (EUA) 2005 - Robert J. Aumann (Israel e EUA) e Thomas C. Schelling (EUA), por estudos sobre conflito e cooperação em negociações por meio da análise da teoria dos jogos 2004 - Finn E. Kydland (Noruega) e Edward C. Prescott (EUA), por pesquisa sobre o desenvolvimento da teoria da macroeconomia dinâmica e seus estudos sobre os ciclos de negócios 2003 - Robert F. Engle 3º (EUA) e Clive W.J. Granger (Reino Unido) 2002 - Daniel Kahneman (EUA e Israel) e Vernon L. Smith (EUA) 2001 - George A. Akerlof, A. Michael Spence e Joseph E. Stiglitz (EUA) 2000 - James J. Heckman e Daniel L. McFadden (EUA) 1999 - Robert A. Mundell (Canadá) 1998 - Amartya Sen (Índia) 1997 - Robert C. Merton e Myron S. Scholes (EUA) 1996 - James A. Mirrlees (Reino Unido) e William Vickrey (EUA) 1995 - Robert E. Lucas Jr. (EUA) 1994 - John C. Harsanyi (EUA), John F. Nash Jr. (EUA) e Reinhard Selten (Alemanha) 1993 - Robert W. Fogel e Douglass C. North (EUA) 1992 - Gary S. Becker (EUA) 1991 - Ronald H. Coase (Reino Unido) 1990 - Harry M. Markowitz, Merton H. Miller e William F. Sharpe (EUA) 1989 - Trygve Haavelmo (Noruega) 1988 - Maurice Allais (França) 1987 - Robert M. Solow (EUA) 1986 - James M. Buchanan Jr. (EUA) 1985 - Franco Modigliani (EUA) 1984 - Richard Stone (Reino Unido) 1983 - Gerard Debreu (EUA) 1982 - George J. Stigler (EUA) 1981 - James Tobin (EUA) 1980 - Lawrence R. Klein (EUA) 1979 - Theodore W. Schultz (EUA) e Sir Arthur Lewis (Reino Unido) 1978 - Herbert A. Simon (EUA) 1977 - Bertil Ohlin (Suécia) e James E. Meade (Reino Unido) 1976 - Milton Friedman (EUA) 1975 - Leonid Vitaliyevoch Kantorovich (Rússia) e Tjalling C. Koopmans (EUA) 1974 - Gunnar Myrdal (Suécia) e Friedrich August von Hayek (Áustria) 1973 - Wassily Leontief (EUA) 1972 - John R. Hicks (Reino Unido) e Kenneth J. Arrow (EUA) 1971 - Simon Kuznets (EUA) 1970 - Paul A. Samuelson (EUA) 1969 - Ragnar Frisch (Noruega) e Jan Tinbergen (Holanda)
2017-09-10
mercado
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'No Brasil, Deus está em tudo', diz padre italiano no Círio de Nazaré
Com os pés enfaixados por conta da formação de calos, um homem magro e de pele muito clara andava absorto pelos corredores da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, no centro de Belém, no sábado (7). Junto com um grupo de 25 pessoas, o padre italiano Davide d'Alessio, 47, havia caminhado 20 horas para chegar à capital paraense a fim de participar das festividades do Círio de Nazaré. Eles tinham vindo de Castanhal, a 68 km de Belém. Formado pela Arquidiocese de Milão, D'Alessio vive em Castanhal há seis anos, período suficiente para deixar sua pronúncia do português com um sotaque quase imperceptível. "Quando eu me preparava para vir ao Brasil, um outro padre italiano comentou que difícil não seria aprender uma nova língua, mas se sentir como um brasileiro. Nós, europeus, somos muito mais racionais", disse D'Alessio. "No Brasil, Deus está em tudo. Na Itália, existe o mundo real e o mundo espiritual. São universos que não se misturam." PRIMEIRA VEZ Presente pela primeira vez no Círio de Nazaré, que recebe todo ano centenas de milhares de pessoas, o pároco demonstrava fascínio pelo modo como os romeiros em Belém expressam a sua fé. "As pessoas aqui têm uma percepção muito viva da santa. Me surpreende a força de uma fé que é bastante simples", afirmou. Ao comentar o impacto das festividades em torno de Nossa Senhora de Nazaré, que acontecem em Belém desde 1793, D'Alessio lembrou um trecho de música interpretada por Fafá de Belém. Em "Eu Sou de Lá", ela canta: "Terá que vir pra ver com a alma o que o olhar não pode ver". A cantora de 61 anos, aliás, tem sido uma das atrações centrais do Círio nos últimos anos. Nessas ocasiões, ela se apresenta ao lado de músicos convidados em um palco montado na avenida Castilho França, por onde passam as procissões. No sábado (7) e no domingo (8), o repertório dedicado aos romeiros reuniu canções de cunho religioso, como "Ave Maria", "Nossa Senhora", "Maria de Nazaré" e "Zouk da Naza". Naza é o modo como muitos moradores de Belém se referem à Nossa Senhora de Nazaré. Os jornalistas Naief Haddad e Bruno Santos viajaram a convite da Varanda de Nazaré
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925520-no-brasil-deus-esta-em-tudo-diz-padre-italiano-no-cirio-de-nazare.shtml
Cientista dá psicodélico para minicérebros, e eles gostam
A batalha de jovens neurocientistas para reabilitar drogas psicodélicas dá mais um passo nesta segunda-feira (9), desta vez com a ajuda de minicérebros. Um grupo do Rio de Janeiro tratou essas esferas de células neurais com DMT e constatou uma série de efeitos benéficos. A pesquisa aparece no periódico "Scientific Reports", do grupo Nature, sob o título "Alterações de Curto Prazo no Proteoma de Organoides Cerebrais Humanos Induzidas por 5-MeO-DMT". O composto 5-MeO-DMT pertence à da família das dimetriltriptaminas, genericamente referidas como DMT. Uma substância dessa classe está presente, por exemplo, no chá das religiões Santo Daime e União do Vegetal, a ayahuasca. Os minicérebros foram cultivados em laboratório pelo grupo de Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (Idor), o autor principal do estudo. Os organoides crescem a partir de células-tronco humanas e assumem uma forma tridimensional que corresponde, apesar do tamanho diminuto, a algumas estruturas do cérebro. Tornaram-se um modelo útil para testar efeitos de fármacos e outros agentes –Rehen já os empregou para investigar a ação devastadora do vírus da zika no desenvolvimento cerebral, por exemplo. O experimento de agora consistiu em expor minicérebros à droga 5-MeO-DMT e guardar outro tanto como controles "abstêmios", por assim dizer. Em seguida, fez-se a análise de um total de 6.728 proteínas presentes nos dois conjuntos de organoides (o "proteoma" mencionado no título do artigo científico). Na comparação dos controles com os minicérebros contemplados com psicodélicos, verificou-se que 934 delas apareciam em quantidades diferentes no segundo grupo. Um levantamento por computador ("in silico", como se diz) revelou que a maioria delas atua em vias metabólicas relacionadas com efeito anti-inflamatório, com formação de sinapses e com memória e aprendizado (potenciação de longo prazo, ou de longa duração, no jargão neurocientífico). Em outras palavras, o composto tem óbvio interesse farmacológico. Não é a primeira vez que a ciência aponta potencial terapêutico em psicodélicos como DMT, MDMA e LSD, já associados em vários estudos com ganhos cognitivos (criatividade) e efeito antidepressivo. Nunca, porém, isso havia sido detectado com minúcia molecular e com recurso a minicérebros. Logo no resumo do artigo, Rehen e colaboradores destacam que "restrições legais e a falta de modelos experimentais adequados têm limitado a compreensão de como essas substâncias [psicodélicas, ou enteógenas] impactam o metabolismo do cérebro humano". Ou seja, o proibicionismo está prejudicando o estudo de compostos que podem ser úteis para a saúde, mas a pesquisa está fazendo sua parte para desfazer essas barreiras -como a criação do modelo experimental com minicérebros. O movimento da ciência psicodélica para devolver esses compostos ao rol das drogas respeitáveis deu outro passo gigantesco no final de agosto, com a concordância da agência americana de alimentos e fármacos (FDA) em apressar testes clínicos com metilenodioximetanfetamina (MDMA) para tratar transtorno de estresse pós-traumático. Foi a primeira droga do tipo a receber sinal verde preferencial para entrar na via do licenciamento como remédio.
2017-09-10
colunas
marceloleite
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2017/10/1925096-cientista-da-psicodelico-para-minicerebros-e-eles-gostam.shtml
Reestruturação da Sabesp deverá ser levada à Justiça por setor de limpeza
Associações de empresas de limpeza urbana e resíduos sólidos estudam entrar com uma ação contra a reestruturação societária da Sabesp, aprovada em setembro. O temor é que a companhia paulista passe a oferecer novos serviços —como coleta ou operação de aterros—, e aproveite sua capilaridade entre os municípios para ter uma concorrência desleal. "Possivelmente seria uma ADI [Ação Direta de Inconstitucionalidade] ou uma ação junto ao Cade, órgão que regula a concorrência", afirma Wladimir Ribeiro, sócio do Manesco Advogados, que representa as entidades. A nova lei permite a criação de uma holding controladora da empresa, o que deverá atrair investimentos privados, e abre a possibilidade de atuação em outras atividades. "O maior entrave para o setor de limpeza é o pagamento das prefeituras, que não querem criar novos impostos", diz Carlos Fernandes, presidente da Abetre (entidade do setor). "A Sabesp pode apenas incluir a tarifa na conta de água, o que facilita a cobrança, mas prejudica a concorrência." Hoje, a Sabesp já assume serviços de água e esgoto das cidades por meio de contratos firmados diretamente com os municípios, sem a abertura de um processo licitatório. "Como há poucos atores privados desses segmentos, nunca se questionou a falta de concorrência, mas é um precedente", avalia Ribeiro. As empresas vão se reunir com o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, nesta terça (10), para debater o tema. A Sabesp não quis se manifestar sobre o assunto. Lei de reestruturação da Sabesp > Aprovada em setembro de 2017 > Permite a criação de uma holding controladora da empresa, que pode criar subsidiárias > Prevê a exploração de oportunidades de negócios pelo país, ligadas ao setor de saneamento O receio do setor > A Abetre e a Selur, duas entidades que reúnem empresas e consórcios do setor, avaliam ações contra a Sabesp > Com mais capital privado, a Sabesp poderá conquistar mercados hoje explorados pelas empresas privadas > Há desconfiança de que prefeituras possam firmar contratos diretamente com a Sabesp, sem licitação - Para advogados, empresa terá vantagem competitiva A Sabesp terá forte vantagem competitiva caso decida entrar em outras áreas, avaliam advogados. "Ela sairia na frente por já ter um mecanismo de cobrança dos municípios", afirma Simone Nogueira, do Siqueira Castro. Além disso, em São Paulo, haveria um favorecimento pelo Estado também controlar o licenciamento ambiental, diz. A discussão poderá gerar questionamentos nos setores de água e esgoto, em que a Sabesp firma contratos sem concorrência, afirma Renato Poltronieri, do Demarest. "A Sabesp tem um mercado cativo. A empresa investiu na estrutura das cidades quando era apenas estatal e hoje se beneficia de sua alta capilaridade." A transição a outras áreas não é provável, avalia Bruno Werneck, do Mattos Filho. "São setores diferentes, não se veem empresas de saneamento fazendo essa migração." * Expansão especializada Depois de atingir a liderança em medicamentos para diabetes no país, com 16,8% de market share nos mercados público e privado, a Novo Nordisk, alcançou a principal posição no tratamento da obesidade. A farmacêutica conta com 28,8% de participação nesse mercado, considerando-se apenas as vendas para o segmento privado. Apesar da recessão recente no país, a companhia comemora o crescimento nas vendas nos últimos dois anos, de acordo com Allan Finkel, CEO do laboratório no Brasil. "A Novo Nordisk é a empresa farmacêutica com maior crescimento nos últimos 3 anos, entre as 50 maiores farmacêuticas do Brasil, totalizando 128% de crescimento", diz Finkel. "Foi a farmacêutica que mais cresceu neste ano, ultrapassando os R$ 496,5 milhões", acrescenta. A empresa dinamarquesa tem planos de lançar no ano que vem novas insulinas, além de tratamentos inéditos para hemofilia, obesidade e distúrbios do crescimento, afirma Finkel. 5 são os países em que o a farmacêutica tem fábricas: Brasil, China, Dinamarca, França e Estados Unidos R$ 496,5 MILHÕES foi o resultado em vendas da companhia no Brasil * Com preço alto da energia, contratos longos ganham espaço Com a baixa capacidade hidrológica, o valor de referência para compra e venda de energia no mercado livre atingiu recordes, e, por causa disso, contratos de curto prazo perderam importância no montante total de transações. Nesse nicho, grandes consumidores de energia escolhem de quem adquirir, por qual preço e período. No começo do ano, 15% dos negócios eram de prazos de até um ano. Na última semana de setembro, eles eram 2,7% do total, segundo a CCEE (os dados recentes ainda devem ser revistos). "Preços em contratos de curto prazo são atrelados ao valor de referência. As cifras são menores se forem para entregar energia em 2020, por exemplo", diz Alexandre Lopes, da Abraceel, associação das comercializadoras. Na sexta (6), o número foi de R$ 533 por MW/h. Isso afasta novos clientes, afirma Alan Zelazo, da Focus Energia. "A migração do mercado cativo estancou." Um outro tipo de cliente se faz mais presente em contratos de curto prazo: as geradoras, diz Carlos Jacob, gerente operacional da Capitale. Elas precisam entregar energia que venderam, mas com a capacidade hídrica baixa, enfrentam dificuldades e recorrem ao mercado livre. NOVOS PREÇOS, NOVOS PRAZOS - Contratos de comercialização de energia no mercado livre, em % * Aposta... A Kaszek, de venture capital, projeta fazer mais três aportes ainda neste ano, diz Santiago Fossatti, à frente da empresa no país. ...na start-up O foco serão companhias brasileiras. O fundo começou a operar em 2011 e já investiu em 45 empresas, 30 delas no Brasil. Hora do almoço A LC Restaurantes, de refeições coletivas, investiu R$ 10 milhões em tecnologia e na renovação de seus restaurantes. * com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
2017-09-10
colunas
mercadoaberto
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2017/10/1925191-reestruturacao-da-sabesp-devera-ser-levada-a-justica-por-setor-de-limpeza.shtml
Sucesso no YouTube, série 'Girls in the House' vira livro
Se a internet anda saturada para os veteranos, ainda é celeiro de novos talentos. Raony Phillips, carioca de 24 anos, realizou a façanha de transformar um videogame em websérie, e a websérie em livro bestseller. O sobrenome internacional "é porque sonho alto, então já estou preparado para ser conhecido internacionalmente", diz em entrevista à Folha. Seu livro, "Meu Livro. Eu que Escrevi.", lançado em agosto e já em segunda tiragem, após vender 20 mil cópias, é assinado por Duny, personagem digital que Raony criou em "Girls in The House". Ela sonha ser famosa e registra suas façanhas em um diário. Raony manipula comandos do The Sims e extrai as imagens geradas no jogo. Edita, dubla e publica no YouTube. Os episódios tem trama rocambolesca estilo série americana. Contabilizam mais de 100 milhões de visualizações. A história do livro é voltada para quem acompanha a série —leitores desavisados podem se confundir com as referências nonsense. As inspirações do autor são múltiplas: o reality "Playboy Mansion", a série "Desperate Housewives" e a HQs de "Jessica Jones", entre outros. Apesar da vontade de ser internacional, o humor de Raony é tipicamente brasileiro. Escrachado e irônico, a veia cômica está no livro. A série terá novos episódios, na web, em março de 2018. Os roteiros dos episódios são elaborados por Raony como se fossem para uma produção de TV. "Todos os meus projetos são para a TV, mas realizo onde dá", diz. * "Meu Livro. Eu Que Escrevi." AUTOR Duny Eveley EDITORA Intrínseca QUANTO R$ 29,90 (168 págs.)
2017-09-10
ilustrada
null
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925434-sucesso-no-youtube-serie-girls-in-the-house-vira-livro.shtml
Em série sobre Revolução Russa, Mika Lins lê teses famosas de Lênin
A atriz Mika Lins é a sétima convidada da série "Revolução Russa, 100". A diretora lê trechos de "As Teses de Abril", de Vladimir Lênin (1870-1924). A série de vídeos, que estreou em 28 de agosto, traz a leitura de textos importantes ligados à Revolução Russa, que completa em 2017 cem anos. O projeto tem concepção e direção artística da própria Mika e fotografia de Diego Arvate (que também assina a edição) e Felix Lima –mesma equipe responsável por uma série em tributo aos 400 anos da morte de William Shakespeare, publicada no ano passado.
2017-09-10
tv
ilustrissima
http://www1.folha.uol.com.br/tv/ilustrissima/2017/10/1924982-em-serie-sobre-revolucao-russa-mika-lins-le-trechos-de-obra-de-lenin.shtml
Costa e Silva vai inaugurar nova pista da Dutra no dia 15, em SP
O ministro dos Transportes, Mário Andreazza, confirmou nesta segunda-feira (9) que a inauguração da segunda pista da rodovia Presidente Dutra será no próximo dia 15. A solenidade terá a presença do presidente Arthur da Costa e Silva, que, neste dia, sairá de SP às 9h com destino a Aparecida do Norte (SP), onde fará a entrega do trajeto. Para a realização de tal evento, empreiteiras decidiram ajudar umas às outras nos trechos em que as obras estão mais atrasadas. O trabalho deve prosseguir, ininterruptamente, dia e noite, para que a inauguração ocorra sem qualquer problema.
2017-09-10
banco-de-dados
null
http://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/2017/10/1924976-costa-e-silva-vai-inaugurar-nova-pista-da-dutra-no-dia-15-em-sp.shtml
Doria não tem vínculo com o PSDB, diz Alberto Goldman
Alberto Goldman comenta com bom humor a guerra virtual em que se envolveu nos últimos dias com João Doria, prefeito de São Paulo e seu correligionário no PSDB. "Ele disse que eu agora 'vivo de pijamas em casa'. Na verdade, quase não uso pijama e estou muito ativo. Fico muito pouco em casa", disse o ex-governador de São Paulo, atualmente um dos vice-presidentes do PSDB, emendando uma risada em seguida. A queda de braço começou na última sexta (6), quando Goldman veiculou nas redes sociais vídeo em que critica duramente Doria. "Ele é político sim, um dos piores políticos que nós já tivemos em São Paulo", afirmou na gravação. "Nesses nove meses, o prefeito ainda não nasceu. O prefeito ainda está em gestação. A única coisa que nasceu até agora foi um candidato à Presidência da República". No sábado (7), Doria também divulgou um vídeo em resposta, no qual fez a menção ao pijama e chamou Goldman de "improdutivo, fracassado". "Fique com sua mediocridade que eu fico com o povo", declarou. O ex-governador rebateu no mesmo dia. Classificou o comentário de Doria de "raivoso, prepotente, arrogante e preconceituoso". "Sou velho, mas não sou velhaco". À Folha, no domingo (8), Goldman disse que a cidade está "jogada às traças". "Os jornais mostram que a situação é calamitosa em todos os bairros de São Paulo. Enquanto isso, o prefeito é candidato a presidente, só viaja, recebendo homenagens de cidades com as quais não tem nenhuma relação, pelas quais nunca fez nada". Goldman conta ter recebido muitas mensagens de apoio nos últimos dias. Avalia que a queda da aprovação à gestão Doria, constatada pelo instituto Datafolha, comprova o acerto de suas críticas. Segundo pesquisa divulgada no domingo (8), o índice de ótimo/bom caiu de 41%, em junho, para 32%. Já a parcela que considera a administração Doria ruim/péssima passou de 22% para 26% no mesmo período. A avaliação regular saltou de 34% para 40%. "É um espelho da realidade", conta Goldman. "Ele começou com um quadro muito favorável. Aproveitou que havia uma reação forte antipetista na sociedade e galopou o tempo inteiro nisso, ser o anti-Lula. Aos poucos, porém, a população começa a perceber que não há nada além disso". DISPUTA PELO PLANALTO O Datafolha aponta que 58% dos paulistanos preferem que Doria permaneça como prefeito, contra 10% que querem vê-lo na disputa pelo Planalto. Outra má notícia para o prefeito: para 45% dos eleitores da cidade, o governador Geraldo Alckmin deveria ser o candidato do PSDB à Presidência da República. Doria tem 31% das preferências. Ambos travam nos bastidores uma batalha pela indicação. Goldman acredita que sejam poucas as chances de Doria ser o candidato do partido. "O momento em que ele conseguiu enganar muita gente já passou". Alckmin, diz, é hoje o nome mais consistente do PSDB para concorrer ao cargo. Não descarta, porém, que Doria dispute a eleição de 2018 por outra sigla. "Se ele encontrar algum partido que lhe dê condições, irá com certeza. A relação dele com o PSDB é puramente utilitária. Quando não tiver mais utilidade, ele buscará outro. Doria não tem vínculo, não tem compromisso com o PSDB nem com as ideias do partido". A relação tensa entre Goldman e Doria teve início no ano passado, nas prévias para escolher o tucano que disputaria a Prefeitura de São Paulo. O ex-governador acusou o hoje prefeito de comprar votos para vencer a disputa interna pela indicação da sigla.
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925473-doria-nao-tem-vinculo-com-o-psdb-diz-alberto-goldman.shtml
Receita libera nesta segunda consulta ao 5º lote de restituição do IR
A Receita Federal libera, a partir das 9h desta segunda-feira (9), a consulta ao quinto lote de restituição do Imposto de Renda. De acordo com a Receita, cerca de 2,36 milhões de contribuintes serão contemplados no lote, que totaliza mais de R$ 2,8 bilhões. O órgão também pagará restituições de anos anteriores que ficaram retidas na malha fina. O pagamento será realizado no dia 16. As restituições são o IR que os contribuintes pagaram a mais no ano passado e que será devolvido agora. A consulta pode ser feita na página da Receita, por meio do aplicativo para tablets e smartphones ou pelo telefone 146. Quem ainda não teve a restituição liberada também pode verificar se há alguma pendência pelo e-CAC. Se o valor não for creditado no banco informado na declaração, o contribuinte deverá procurar uma agência do Banco do Brasil ou ligar para a central de atendimento 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para reagendar o crédito em conta-corrente ou poupança.
2017-09-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925443-consulta-ao-5-lote-de-restituicao-do-imposto-de-renda-inicia-nesta-segunda.shtml
Alvo de inquérito sobre Temer atua sem contrato em porto
Pivô da mais recente investigação aberta sobre o presidente Michel Temer, o grupo Rodrimar ocupa uma área no porto de Santos "sem respaldo" de contrato com o poder público, segundo o governo federal, e tem autorização apenas de liminares para atuar em outros dois terminais. Os contratos do grupo em três setores do porto expiraram em 2013 e 2014, o que obrigou a empresa a buscar medidas judiciais para continuar operando. O plano do governo federal, ainda na gestão Dilma Rousseff, era licitar e fazer novos contratos nas áreas ocupadas pela companhia no litoral paulista. Documento de consultoria jurídica do governo Temer, anexado aos autos do inquérito, diz que o terminal operado pela empresa Pérola, da qual a Rodrimar é sócia com parceiros dinamarqueses e canandenses, não tem mais contrato vigente. "Pode-se supor que a empresa está explorando a área irregularmente", diz o texto. O contrato original tinha sido firmado em 1999 e expirou em 2014. A empresa então pediu a extensão do acordo como compensação por ter tido suas operações prejudicadas devido a um vendaval ocorrido em 2009. Havia a possibilidade de firmar um contrato de transição com a empresa, mas isso não ocorreu. O terminal de granéis da Pérola tem área equivalente a três campos de futebol. A defesa de Temer juntou a informação da suposta irregularidade ao inquérito para mostrar que há um distanciamento entre a Rodrimar e o governo do peemedebista. O Ministério Público Federal suspeita que dois dirigentes da companhia tenham operado propina para o presidente e que a empresa tenha sido beneficiada em um decreto presidencial que alterou regras de portos, assinado em maio. Todos negam. Esse decreto abriu a possibilidade de prorrogação de contratos de empresas que atuam em portos públicos pelo país, caso da Pérola. ROCHA LOURES O ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi gravado em interceptações telefônicas defendendo a ampliação do alcance do decreto, o que beneficiaria empresas com contratos antigos, firmados até o início dos anos 1990. Após a assinatura do decreto, a Pérola encaminhou um pedido ao governo para garantir a prorrogação de sua permanência na área em Santos usando o termo assinado pelo presidente como argumento. Ainda não houve resposta. A ocupação dos outros dois terminais da Rodrimar em Santos está ancorada em liminares, em casos com idas e vindas no Judiciário. Após a expiração de contratos firmados nos anos 1990 sem licitação, a empresa foi à Justiça Federal pedir a permanência nas áreas citando a necessidade de compensação por prejuízos sofridos durante a vigência de seus acordos. Em 2015, um juiz do Tribunal Regional Federal concordou. Para se ter dimensão dos valores envolvidos no negócio, um leilão de três terminais do porto de Santos promovido pelo governo federal no fim de 2015 arrecadou R$ 430 milhões só em outorga (pagamento das empresas pelo direito de explorar a área). Uma outra liminar foi concedida no DF, em que um juiz considerou que a interrupção dos serviços portuários causaria prejuízos. A precariedade dos acordos não é exclusividade da Rodrimar –outras empresas também têm ido à Justiça pelo país para seguir operando. ZONA DE INFLUÊNCIA Na última segunda (2), a procuradora-geral Raquel Dodge pediu ao Supremo Tribunal Federal para que Temer, o diretor-presidente da Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e um diretor da empresa, Ricardo Mesquita, fossem ouvidos no inquérito sobre os portos. Em conversa gravada com Rodrigo Rocha Loures, Ricardo Saud, da JBS, mencionou Mesquita e Grecco ao falar de supostos repasses de dinheiro vivo, o que fez os investigadores levantarem suspeitas sobre a proximidade deles com Temer. As gravações foram feitas na mesma época das negociações finais sobre o decreto dos portos. O teor defendido por Rocha Loures para o decreto atendia ao pleito das empresas do setor, criando a possibilidade de prorrogação de contratos firmados antes de uma lei de regulação do setor portuário, em 1993. Em telefonema para o ex-deputado na véspera da assinatura, Mesquita reclama do texto do decreto. O porto é conhecido como uma área de influência política do grupo de Temer desde os anos 1990. OUTRO LADO A Pérola, que tem a Rodrimar como sócia, diz não considerar a sua situação no porto irregular e afirma que outros dez terminais do complexo do litoral paulista se encontram em modo semelhante. A companhia atribui a situação à "inépcia" do governo. A Pérola também afirma que a Justiça deu um prazo até este mês para que a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) responda se concorda ou não com o pedido de reequilíbrio contratual. Sobre o pedido feito com base no decreto assinado por Michel Temer em maio, a Pérola diz ter direito a se enquadrar nos critérios estabelecidos pela nova norma. A Rodrimar disse que, em seus 74 anos de história, nunca recebeu qualquer privilégio do poder público. Para o grupo, o decreto atendeu "a uma reivindicação de todo o setor de terminais portuários do país", e não apenas da Rodrimar. Ricardo Mesquita e Antonio Celso Grecco vêm afirmando que os termos do decreto dos portos foram discutidos com empresas de todo o setor. A Folha procurou o Ministério dos Transportes, que disse que os pedidos de prorrogação feitos com base no novo decreto dos portos serão submetidos a uma análise para verificar a elegibilidade. Michel Temer, via assessoria, afirmou que "houve amplo debate com o setor antes da publicação do decreto de renovação das concessões de portos". A defesa do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures nega as acusações.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925455-alvo-de-inquerito-sobre-temer-atua-sem-contrato-em-porto.shtml
Vigia de creche teve vida migrante, fez escultura e oscilou após a morte do pai
Antes de atear fogo na creche e matar nove crianças, uma professora e a si próprio, Damião Soares dos Santos, 50, era conhecido na mineira Janaúba como "Dão do Picolé". De dia, vendia o doce gelado pelas ruas de chão batido. De noite, trabalhava como vigia noturno da creche Criança Inocente, que ele incendiou na última quinta-feira (5). Vizinhos e conhecidos lembram dele como reservado e de poucos amigos. A família o retrata como bondoso e inteligente. Os dois lados concordam na incredulidade: ninguém esperava que o calmo Damião fosse capaz de cometer um atentado do tipo. "Na hora que minha sobrinha disse 'o tio Dão pôs fogo na creche', eu não acreditei. Estou assustada até hoje. Ele era a pessoa mais calma que eu conhecia", diz Maria Alexandrina, 59, irmã dele. "Moço, tá saindo um enterrinho ali agora. Você não sabe qual é a dor da gente. Não vê como é grande. Porque foi um parente nosso que fez isso. Você não consegue imaginar que aquele homem bom, que conviveu com a gente, fez isso, não. É doído demais", diz uma sobrinha Ana (nome fictício), que pede para não ser identificada. Entre as muitas lembranças que guarda do tio, destaca as visitas que fazia no tempo em que ele morou fora, entre Belo Horizonte e São Paulo. "Uma vez ele veio trazendo um teclado para a minha irmã, que é afilhada dele. Sempre trazia alguma coisa. Sentava aqui e tocava para nós. Chamava os sobrinhos de 'bola murcha', apelido carinhoso. Tinha um lote com plantações de fruta, goiaba e tudo, que a gente fazia a festa", diz. Na certidão de nascimento consta que Damião nasceu em Porteirinha, cidade vizinha a Janaúba. "Hoje o bebê nasce e já registra. Mas na época não era assim, não", conta Maria Alexandrina, que conta que os irmãos (sete meninas e quatro meninos) nasceram em Catuni, distrito rural de Francisco Sá, a 85 km da cidade da tragédia, também no extremo norte de MG. Ele dividiu o ventre da mãe com Cosme, não idêntico, o que rendeu a eles os nomes dos santos católicos também gêmeos Cosme e Damião –o outro vive na capital mineira. Habilidoso, o vigia fazia esculturas de animais em gesso e fabricava em casa os picolés que vendia. Por isso, guardava galões de álcool. O líquido ajuda a baixar a temperatura e acelera a manufatura do doce gelado. Suspeita-se que ele tenha usado o combustível para causar o incêndio na creche. "Um homem que aprende sozinho a fazer picolé, a mexer com gesso, a ser eletricista, era concursado da prefeitura... Só pode ser muito inteligente", diz outra irmã. "Tudo dele era ler, ler, ler", lembra Maria Alexandrina. "Era muito estudioso. Uma vez nós falamos: 'O Dão vai enlouquecer'. Porque ele só ficava com a Bíblia na mão." ENTERRO Damião foi enterrado pelo coveiro Miguel Fernandes, 51. Nenhum familiar foi à cerimônia. "Eu não posso demonstrar raiva, porque tenho o lado profissional. Mas abalou todo mundo", diz. Antes da tragédia, a única vez que Miguel abriu tantas covas foi "há uns anos, quando morreram seis pessoas no mesmo dia, mas tudo de morte natural." O caixão do vigia foi colocado sobre o do pai, ali enterrado três anos antes pelo mesmo coveiro. Com medo de represálias, a família não foi ao enterro. "Estávamos ali na casa da minha vó, e falaram 'num velório que vão entrar em casa'. Como que a gente fica na casa? É aterrorizante", desabafa a sobrinha. "As pessoas de longe vão querer crucificar a gente, vão dizer que 'a irmã tá defendendo um monstro, a sobrinha tá defendendo um monstro'. Só que não é isso. Dói, moço, é muito sofrimento. A cada hora chega uma criancinha... Eu trabalho com criança", conta. "Conhecíamos todo mundo", diz a irmã. "A mãe dessa menininha que morreu, eu costurava para ela", afirma, sobre a menina Talita, que morreu na manhã de sábado (7). "São pessoas humildes, também. Por isso o sofrimento é maior. Minha nora, ontem, estava no velório do primo dela. Enquanto isso, o meu filho, casado com ela, estava pegando as coisas do tio. É tanta dor, gente, tanta dor dos dois lados." Dos quase 50 feridos, 22 seguem internados, sendo três deles em estado grave por causa das queimaduras. LOUCURA Em 2014, Damião procurou a Promotoria em Janaúba para denunciar a própria mãe, que, segundo ele, tentava envenená-lo pela comida. Sem nada que indicasse verdade na acusação, ele foi encaminhado ao Caps (Centro de Atenção Psicossocial), mas não há nenhum registro de que tenha se tratado. Então saiu da casa da mãe e foi morar sozinho, em outro bairro. "Era uma pessoa simples e muito na dele. Não recebia gente em casa, passava na rua e não cumprimentava. Era quieto", diz o aposentado Weliton Vieira, 70, vizinho do vigia. Há três anos, abalou-se com a morte do pai, Patrocino, após um AVC. "Ele e o pai passavam o dia juntos. Todo dia, pegavam uma cadeira, sentavam na rua e conversavam, a tarde toda", diz a irmã. Desde então, a família passou a vê-lo com menos frequência. "Via vendendo o picolé dele na rua, dizia 'bença, tio Dão', ele respondia, dizia que estava bem, a gente acreditava", conta a sobrinha. CASA DA MÃE Na terça (3), dois dias antes da tragédia, ele apareceu na casa da mãe, dona Joaquina, 86, que segue abatida e não entende "por que Dão fez isso". "Veio e falou que estava doente. No dia, vomitou muito. Ele tinha úlcera, acho que foi algum nervoso que passou", afirma a irmã. À sobrinha disse que daria um presente. "Minha morte, alguém colocou veneno na minha comida", explicou. "Aí que eu conheci que ele não estava bem. Nesse mesmo dia, coloquei no grupo de WhatsApp da família que ele não estava bem, e começamos a orar, fizemos corrente." Dormiu duas noites na casa da mãe. Na quinta (5), acordou cedo, ainda passando mal. "Quando ele estava no banheiro vomitando, meu irmão entrou aqui e falou: 'Vamos lá, que às vezes só com você ele aceita ir ao hospital, porque eu tô falando e ele não tá atendendo'", diz a irmã. "Fui e minha mãe falou: 'Dão acabou de sair. Foi fazer umas coisas, mas mais tarde ele volta'." Ele não voltou.
2017-09-10
cotidiano
null
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925479-vigia-de-creche-teve-vida-migrante-fez-escultura-e-oscilou-apos-a-morte-do-pai.shtml
Preservar passado é um dos grandes desafios dos processos de revitalização
Nas últimas décadas, muitos centros de cidades perderam a vitalidade e a importância. Mas muitos deles foram, também, revitalizados com sucesso. As lições aprendidas podem e devem ser utilizadas como ponto de partida para novos processos de recuperação dessas importantes áreas urbanas. A revitalização implica em devolver a esses centros a vitalidade. Eles precisam voltar a ter mais habitantes, e a gerar atividades culturais e econômicas que justifiquem tanto o interesse quanto o investimento na recuperação. O desafio, portanto, é criar áreas atrativas aliadas a modernas características urbanísticas e tecnológicas e, ao mesmo tempo, preservar a integridade histórica e as qualidades físicas que definem esses locais. A criação dessas áreas atrativas depende de vários fatores, mas é fundamental as ruas abrigarem atividades indutoras da circulação de pedestres, em circuitos equilibrados entre pequenas vias e grandes avenidas. A compacidade urbana é importante, mas é imprescindível a existência de praças e parques para esses núcleos respirarem. Espaços para as pessoas entremearem a caminhada entre áreas mais adensadas e áreas abertas e conectadas com a natureza devem existir. Todos os centros de cidades são únicos, com características específicas e necessitam de um planejamento peculiar para a revitalização. Na grande maioria dos casos, o declínio ocorre quando as atividades econômicas diminuem e migram para outras regiões. Portanto, um bom plano de revitalização deve identificar formas de promover e induzir novas funções e atividades econômicas. Essa reestruturação econômica deve estar baseada em avaliações realistas dos potenciais de mercado e dos ativos locais, incluindo edifícios, infraestrutura e serviços públicos. Para alcançar o sucesso no processo de revitalização, é também importante que empresas, potenciais investidores e a população em geral estejam cientes de tudo aquilo que o centro da cidade tem a oferecer, e entendam a visão de futuro proposta. Para tanto, pode surgir a necessidade de incluir no projeto a realização de campanhas de marketing, eventos, celebrações especiais e programas culturais para, assim, criar uma nova imagem para o centro. Além de a população entender a proposta, é preciso que ela tenha a oportunidade de participar do processo, apresentando ideias e sugestões de aprimoramento e aperfeiçoamento dos planos de revitalização. Seja qual for o plano, não haverá êxito sem investimento na transformação dos espaços públicos em locais bonitos, agradáveis, e seguros. Se possível, as calçadas devem ser ampliadas, reparadas ou refeitas. Plantar árvores, instalar bancos, criar espaços para bicicletas são ações igualmente importantes. Para melhorar a segurança, é essencial instalar um tipo de iluminação especialmente projetada e voltada aos pedestres. Podem, ainda, ser estabelecidos programas de incentivo para melhoria visual das fachadas, geralmente de propriedades privadas, porque elas causam impacto significativo na aparência dos espaços públicos. Um dos aspectos mais críticos em todo esse processo é a viabilização econômico-financeira do projeto. Os recursos públicos, em grande parte, são escassos, e modelos criativos de equacionamento econômico, em cada caso específico, são fundamentais. De qualquer forma, as parcerias público-privadas têm se mostrado um modelo bem-sucedido nesses casos, e é fundamental que sejam consideradas. Por fim, mas não menos importante, é a necessária estrutura organizacional focada na revitalização e que acompanhe toda a implantação do projeto, monitorando ações, identificando novas oportunidades possíveis no meio do caminho, e coordenando os esforços de todos os atores envolvidos.
2017-09-10
colunas
claudiobernardes
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiobernardes/2017/10/1924975-preservar-passado-e-um-dos-grandes-desafios-dos-processos-de-revitalizacao.shtml
Não à Copa sem Lionel Messi
Que o torcedor brasileiro torça contra a ida da Argentina à Copa do Mundo na Rússia é compreensível. A rivalidade explica, além do medo de enfrentá-la por se tratar de adversário duro de roer. Dia desses, em enquete da ESPN Brasil, a porcentagem dos que disseram torcer pelo Chile amanhã (9) beirou os 70%. Porque a derrota da seleção brasileira dificultará a vida argentina, já suficientemente complicada por jogar três pontos decisivos na altitude de Quito, contra o Equador, eliminado, mas disposto a fazer história por desclassificar um bicampeão mundial. O torcedor dá para entender, mas jornalistas que cobrem futebol torcerem igual é incompreensível. E há muitos, talvez também majoritariamente. O grande festival quadrienal do futebol não pode deixar fora os melhores jogadores do mundo ou escolas que fazem parte da história do jogo. Estamos diante do risco de ver uma Copa não só sem o gênio de Lionel Messi como também de Cristiano Ronaldo, simplesmente os dois melhores jogadores do planeta, além da eventual ausência de tetracampeã Itália, hoje sem nenhum astro excepcional, mas tão tradicional que fará muita falta. Se a questão é tornar menos árdua a tarefa brasileira em busca do hexacampeonato, o pachequismo está coberto de razão. Mesmo que torne menos gloriosa a empreitada, porque ser campeão sem enfrentar os grandes não tem a mesma graça. Uma coisa é fazer com genial irreverência, como Luis Fernando Verissimo fez certa vez, além do mais impregnado pelo sentimento fronteiriço dos gaúchos, sobre um gol de mão de Túlio contra a Argentina, na Copa América de 1995, quando sentenciou: "Contra os argentinos mão é peito". Outra ainda é festejar, como Galvão Bueno, porque ganhar deles "é sempre mais gostoso". Mas desejar a ausência, nos privar de eventualmente superá-los, soa como crime lesa futebol. É o que pensa pelo menos um solitário brasileiro que, por não sofrer da "síndrome de Berlim", torceu pela Argentina na final da Copa passada contra a Alemanha, no Maracanã lotado de sentimento germânico, apesar do 7 a 1 de poucas horas antes. Sim, seria duro aguentar os hermanos campeões em solo carioca, mas Messi merecia. Menos mal que Tite não é Dunga e não se deixará levar por motivação mesquinha e certamente determinará que se jogue como é preciso, sem concessões aos chilenos no embate da vida deles nestas eliminatórias. Para quem tem poucos jogos até a estreia na Rússia, aproveitar este altamente competitivo é oportunidade imperdível de fechar a participação brasileira com chave de ouro. Além de ser prova de maturidade para seus jogadores não cometerem o pecado de receber cartões vermelhos que os suspenderão na Copa. Em resumo: quem gosta, antes de mais nada, de futebol, torcerá pelo Brasil contra o Chile; pela Argentina contra o Equador; por Portugal que precisa vencer a Suíça na última rodada, também amanhã e, na futura repescagem europeia, pela Itália. Já não basta os tri-vice-campeões mundiais holandeses estarem praticamente fora da Copa? Os veteranos Van Persie, Robben e Sneijder verão a Copa pela TV. Uma pena!
2017-09-10
colunas
jucakfouri
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2017/10/1925492-nao-a-copa-sem-lionel-messi.shtml
UNE processa Lollapalooza por suspeita de burlar lei da meia entrada
A UNE e outras entidades estudantis entraram com uma ação contra o Lollapalooza argumentando que os organizadores do evento estão burlando a lei da meia entrada. Eles teriam aumentado o preço de todos os ingressos em cerca de 63% em relação ao ano passado. Assim, a metade do valor se aproximaria, de fato, do custo cheio da entrada de 2017. TUDO IGUAL Ao mesmo tempo, criaram uma opção para que o preço da inteira não ficasse tão salgado: a "entrada social", que sai exatamente pela metade do valor para quem doar R$ 30,00 ao Criança Esperança, da TV Globo. FICÇÃO Dessa forma, os preços da inteira, substituída pela "entrada social", e da meia ficaram praticamente iguais. "O valor da meia entrada virou uma ficção", diz o advogado Fábio Cesnik, que representa as entidades. No terceiro lote, a inteira sai por R$ 1.750,00, a "entrada social", por R$ 880,00, e a meia, por R$ 850,00. ELAS POR ELAS A T4F Entretenimento, responsável pelo festival, afirma que a última edição do Lollapalooza Brasil teve dois dias e a próxima, em 2018, terá três. "Sendo assim, a meia-entrada para o Lolla Pass, válido para três dias de festival em 2018, não é o dobro do valor de 2017". NA CADEIRA Boa parte do PT acredita que a pré-candidatura de Luiz Marinho (PT-SP) ao governo é só para inglês ver. Ele estaria segurando lugar para que Lula pudesse negociar o apoio do partido a outro candidato ao governo do Estado em troca de apoio à sua candidatura presidencial. VICE Um exemplo citado: se for candidato e receber o apoio nacional do PSB, Lula poderia levar o partido a apoiar a candidatura de Márcio França (PSB-SP), hoje vice-governador, ao cargo de governador. - FOLIA O ANO TODO A Casa do Baixo Augusta, novo espaço do bloco de Carnaval paulistano, foi inaugurada com uma festa na quinta (5). O produtor cultural Alê Youssef, a atriz Alessandra Negrini e o cantor Wilson Simoninha, respectivamente presidente, rainha e puxador do bloco, participaram do evento. A cineasta Marina Person e o escritor Marcelo Rubens Paiva, cofundadores do grupo, e a atriz Márcia Dailyn, musa do bloco, também passaram por lá. - ERRO DE LEITURA O artista Antônio Obá, autor de uma performance que tem sido questionada em postagens na página do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) no Facebook, afirmou que a polêmica é provocada por uma "falta de interesse pelo entendimento". * Ele disse ainda que a filmagem da apresentação foi editada para "fomentar um ponto de vista". Até o fim da tarde de sexta (6), o vídeo tinha 14 milhões de visualizações. ERRO 2 Na obra de 2015, o artista usa um ralador para desmanchar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Em seguida, Obá cobre o corpo nu com o pó que foi produzido -cena que não aparece no vídeo. "Muito além de uma ideia de destruição, [o trabalho] está colocando em pauta o sincretismo religioso", afirma. OUTRO LADO O deputado afirmou que "capta as entrelinhas da abstração intelectual", mas que a performance "é vilipêndio a símbolo religioso e ponto final". Disse também que a nudez do artista na obra não tem "nexo causal". - CASOS HISTÓRICOS O livro "Grandes Crimes", organizado pelo professor Pierre Moreau, foi lançado no Insper, em São Paulo, na quinta (5). Autores de textos que compõem a obra, o ex-ministro Celso Lafer e os advogados Luiza Eluf, Alice Luz e Eduardo Muylaert foram ao evento. O jurista Mário Sérgio Duarte Garcia também compareceu. - NOVOS TEMPOS A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em segunda votação um projeto de lei que obriga shoppings centers a disponibilizarem fraldários em banheiros masculinos ou em local que possa ser acessado por homens. O projeto, de autoria do vereador Toninho Vespoli (PSOL), segue agora para sanção do prefeito João Doria (PSDB). A TRÊS Jards Macalé receberá Arnaldo Antunes e Márcia Castro no palco do Sesc 24 de Maio para dois shows de abertura da Balada Literária deste ano, que homenageará Torquato Neto. As apresentações ocorrem no dia 8 de novembro e contarão com música inédita de Antunes inspirada em letra de Neto. VIDA MODERNA Em homenagem ao primeiro ano de morte do psiquiatra Flávio Gikovate, o Grupo Editorial Summus disponibilizou o livro eletrônico "Reflexões que Permanecem - Uma Compilação" gratuitamente em lojas virtuais. A obra reúne ideias do médico sobre temas como relacionamentos e vaidade. Gikovate morreu aos 73 anos, no dia 13 de outubro. com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI e JOÃO CARNEIRO
2017-09-10
colunas
monicabergamo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/10/1925137-une-processa-lollapalooza-por-suspeita-de-burlar-lei-da-meia-entrada.shtml
Evo Morales reúne líderes de esquerda para homenagear Che Guevara
O presidente boliviano, Evo Morales, prepara para esta segunda-feira (9), um evento de memória dos 50 anos da morte de Che Guevara, ocorrida em La Higuera, no interior do país. O mandatário convidou líderes e políticos esquerdistas da região –como o presidente equatoriano, Lenín Moreno, o ditador Raúl Castro, de Cuba, e a ex-presidente argentina, Cristina Kirchner– além de familiares do Che. Chamou também altos comandos e veteranos do Exército boliviano, que se mostraram divididos quanto à celebração. Uma associação de veteranos afirmou que a comemoração deveria incluir uma homenagem aos soldados bolivianos que morreram na caçada ao Che naquele ano de 1967. O governo respondeu que a ideia é, justamente, que o ato seja uma cerimônia de reconciliação. O Che foi capturado em 8 de outubro de 1967, e executado no dia seguinte, junto a colegas de campanha. Encontrava-se no país em sua tentativa de exportar a revolução socialista ao mundo. Um dos veteranos deste episódio, Mario Moreira, disse à mídia local: "Não iremos porque se trata de um evento político. Por que homenagearíamos a guerrilha cubana, contra quem lutamos para que a Bolívia não se transformasse no que hoje é Cuba? Se não fosse por nós, a Bolívia seria uma ditadura, e não um país democrático". Já o governo do esquerdista Evo Morales, por sua vez, não esconde o tom de campanha política que o evento terá, uma vez que seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo) acaba de apresentar um projeto de lei, a ser votado pelo Congresso, que permitiria que ele concorra a um quarto mandato. De todo modo, o vilarejo onde seu corpo foi enterrado pela primeira vez, em Vallegrande (hoje seus restos mortais estão em Cuba), já se prepara para receber cerca de 10 mil turistas que irão prestar homenagem ao líder revolucionário. CAMINHADA No domingo (8), Morales participou de uma marcha pelas trilhas que o líder revolucionário Ernesto Che Guevara percorreu no interior da Bolívia antes de ser capturado, em 1967. "Estamos em outros tempos, tempos de liberdade democrática", disse Morales. Para ele, em vez da guerrilha, hoje a arma é "o voto".
2017-09-10
mundo
null
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1925485-evo-morales-junta-lideres-de-esquerda-para-homenagear-che-guevara.shtml
Documentário 'Spielberg' é fascinante para os fãs do diretor
O documentário sobre Steven Spielberg, que estreia nesta segunda (9), deveria exibir em sua primeira imagem aquela frase manjada utilizada em muitos filmes: "Baseado em fatos reais". A trajetória do diretor é tão espetacular que pode parecer um tanto inventada, mas ali está somente a verdade. Do garoto que, aos 13, fazia ótimos filmes caseiros usando as irmãs como elenco ao magnata do cinema, produtor de 160 filmes e séries de TV. "Spielberg", de Susan Lacy, não conseguiria dar atenção total aos 70 anos de vida e 57 de cinema de seu biografado. A narrativa se concentra em alguns de seus filmes e despreza outros. Mesmo assim, chega a duas horas e meia de duração, o que pode incomodar parte do público. Há escolhas bem acertadas. São exibidas cenas dos seis curtas que Spielberg rodou entre os 13 e os 21 anos, nos anos 1960. A década de 1970 é muito abordada e traz os trechos mais atraentes. Mostra Spielberg em seu início na TV, dirigindo séries como "Columbo" e seu telefilme arrebatador, "Encurralado" (1971), que garantiu sua passagem ao cinema. Integrante de uma geração que mudou Hollywood naquela década, ele aparece bastante nos estúdios e em festas com os colegas Martin Scorsese, Brian De Palma, Francis Ford Coppola e George Lucas. É emocionante para um cinéfilo ver aqueles jovens farristas, sabendo hoje que eles iriam revolucionar o cinema. Depoimentos de parentes, amigos e colaboradores pontuam o filme, mas são as declarações do próprio diretor que garantem a melhor parte do documentário. Ele é franco ao contar sobre seus medos durante a rodagem de "Tubarão" (1975), quando descobriu que filmar no mar mais do que dobrava o tempo previsto. Também assume o fiasco da primeira de suas poucas comédias, "1941" (1979), e detalha seu acerto de contas com as origens judaicas em "A Lista de Schindler" (1993). O filme também aborda seu jeito especial de dirigir crianças, exibindo bastidores de vários trabalhos com atores mirins, entre eles suas brincadeiras com Drew Barrymore na filmagem de "E.T." (1982). "Jurassic Park" (1993) é decretado como início de uma nova era digital no cinema. "Munique" (2005) e "Lincoln" (2012) são os filmes recentes que mais ganham atenção. Fascinante para qualquer fã de cinema, "Spielberg" poderia ser encurtado, talvez sem alguns depoimentos laudatórios estéreis. O diretor é um homem que transformou seu amor pelo cinema numa usina de ideias até agora inesgotável. * "SPIELBERG" QUANDO: hoje, às 22h, na HBO AVALIAÇÃO: muito bom ★★★★
2017-09-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925429-documentario-spielberg-e-fascinante-para-os-fas-do-diretor.shtml
Lula na memória e no coração
A um ano das eleições de 2018, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se impõe como fato irreversível. Lula não é apenas candidato do PT, de forma irrevogável, como definiu o Diretório Nacional do partido em 22 de setembro. É o candidato da mais expressiva parcela da população brasileira. O Datafolha confirmou a tendência já registrada por outros institutos, embora com números distintos por diferenças de metodologia. Lula é o líder em todos os cenários e vem crescendo consistentemente, apesar da perseguição por setores do sistema judicial, com ampla repercussão negativa na mídia. As pesquisas retratam a miséria eleitoral dos partidos identificados com o golpe do impeachment, que aprofundou a recessão e o desemprego, precarizou as relações no trabalho, desmonta as políticas sociais e entrega o patrimônio nacional. No PSDB, nem a versão ortodoxa, de Geraldo Alckmin, nem a carnavalesca, de João Doria, atraem o eleitor, que condenou Aécio Neves ao merecido traço. As pesquisas mostram que Lula tem mais que o dobro das intenções de voto que Jair Bolsonaro, a alternativa autoritária fruto das campanhas de ódio e preconceito, do submundo da política e das redes sociais. E também tem o dobro das intenções de voto na antipolítica que Marina Silva representa hoje. A pergunta que operadores da política, do mercado e da mídia se fazem é: por que Lula não só resiste, mas cresce na preferência popular, apesar das horas de noticiário negativo na Rede Globo, das dezenas de capas de revista e centenas de manchetes que o pintam como suposto responsável por tudo o que há de ruim no país, que o vendem como chefe de uma inexistente organização criminosa? É mais inteligente reconhecer a sabedoria do povo, em vez de menosprezá-la como certos comentaristas e analistas. O povo compara a realidade atual com o legado de Lula; um tempo de oportunidades, crescimento, redução das desigualdades, valorização do trabalho e democratização do acesso à terra e ao crédito. Lula vive na memória e no coração do povo. Quem acompanhou sua caravana pelo Nordeste percebeu isso nos olhos das pessoas. Se no passado Lula era a esperança, por sua história de vida e compromisso com os mais pobres, hoje o ex-presidente representa a certeza de que o Brasil pode retomar o rumo certo. Mas é um engano supor que os eleitores de Lula seriam tolerantes com a corrupção, como fizeram em artigo os diretores do Datafolha. Perdem-se na suposta contradição entre a liderança de Lula e os 54% que, segundo o instituto, acham que ele devia ser preso, "considerando o que foi revelado pela Lava Jato". O problema não está nas respostas; está na pergunta, que embute um prejulgamento. A Lava Jato não "revelou" nada que envolva Lula com os desvios na Petrobras, o que foi reconhecido até por Sergio Moro em sua absurda sentença; nada que justifique condenação. É a mídia que faz a mediação entre as falsas acusações e o público, com presunção de culpa e desequilíbrio editorial, mas ainda é a Justiça que deve sentenciar em última instância. Ou será que depois do julgamento midiático vamos nos submeter ao veredito estatístico? Lenientes, cúmplices e beneficiárias da corrupção são as elites que governaram este país por tanto tempo e não fizeram, como fez o PT, as necessárias mudanças na lei e nas instituições para enfrentar a impunidade. O povo brasileiro, que não tolera e é vítima dos desvios, está cada vez mais consciente de que há só um caminho para superar a profunda crise que vivemos: retomar a democracia, em eleições diretas com a participação de todas as forças políticas, para que um governo legítimo possa resgatar a confiança e reconstruir o país. GLEISI HOFFMANN é senadora (PT-PR) e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-09-10
opiniao
null
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925183-lula-na-memoria-e-no-coracao.shtml
Esquerda pode tomar democratas, que vivem 'cabo-de-guerra', diz 'NYT'
Na manchete do "New York Times" de domingo, o Partido Democrata vive um "cabo-de-guerra", com a ascensão da esquerda. Em suma, "uma luta entre o establishment e os ativistas da base prefigura uma reorganização única da esquerda". O resultado da disputa, afirma o jornal, "poderá ditar as táticas e a ideologia do partido por anos". Pouco antes, também o "Washington Post" foi pela mesma linha, em análise destacada em suas plataformas com o enunciado "Democratas estão mudando mais para a esquerda" —em temas como comportamento e sobretudo comércio, com sinais de protecionismo. O "NYT" identifica "um realinhamento amplo na política americana, com o establishment do Partido Republicano também enfrentando uma rebelião crescente", na cola de Donald Trump. O "WP" cita pesquisa Pew que revelou que os eleitores democratas e republicanos estão cada vez "mais distantes ideologicamente". SECESSÃO LÁ Catalães contrários à independência se manifestaram, no que o madrilenho "El País" manchetou como "Manifestação histórica contra o separatismo e pela Constituição". Logo abaixo, editorial afirmou que o ato "pulveriza a história de independência". O "El Periódico", de Barcelona, deu a manchete "Os não independentistas da Catalunha também tomam as ruas" e enfatizou a disparidade nos números, com organizadores contando 950 mil, e a polícia catalã, 350 mil. SECESSÃO CÁ "Financial Times" e a agência France Presse produziram reportagens sobre a consulta informal no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no sábado. Segundo o "FT", o Sul brasileiro mostra "tendências secessionistas" desde o início do século 19, mas economistas questionam se o "potencial novo país seria capaz de se sustentar", porque a região vive uma "crise fiscal". MAIS CRISE O "FT" abre a semana da reunião do FMI em Washington, com ministros e banqueiros centrais do mundo todo, levando à manchete que o ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble, "adverte para outra crise financeira global", pós-2008. * CAIU No rastro da reportagem de quinta-feira, que revelou décadas de assédio sexual de atrizes pelo produtor, o NYT questionou o silêncio de Hollywood sobre o produtor Harvey Weinstein. Mais alguns minutos e o estúdio que leva seu próprio nome anunciou a demissão.
2017-09-10
colunas
nelsondesa
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2017/10/1925474-esquerda-pode-tomar-democratas-que-vivem-cabo-de-guerra-diz-nyt.shtml
Putin encontra no Oriente Médio maior triunfo diplomático
O presidente russo, Vladimir Putin, em cerca de três anos, oscilou da maior derrota ao principal triunfo diplomático, em sua longeva permanência no poder, iniciada em 2000. Putin testemunhou, em 2014, a vizinha Ucrânia trocar a esfera de influência de Moscou pela aproximação com EUA e Alemanha, em perda geopolítica e econômica colossal para um líder autoproclamado como restaurador do poder do Kremlin, após anos de caos e instabilidade dos antecessores Boris Yeltsin e Mikhail Gorbatchev. Derrotado na Ucrânia, embora tenha reagido com anexação da península da Crimeia e apoio a separatistas pró-Rússia em solo ucraniano, Putin encontrou na guerra da Síria a oportunidade para reafirmar o poder de Moscou. E, nos últimos meses, remodelou o cenário do Oriente Médio, ao reintroduzir o peso do Kremlin na região, rarefeito desde o ocaso da Guerra Fria. Moscou interveio no conflito sírio dois anos atrás. À época, Bashar Al Assad acumulava derrotas. Atualmente, o ditador planeja, graças ao apoio russo e iraniano, declarar vitória na guerra iniciada em 2011. Putin redesenha os caminhos do Oriente Médio a partir da intervenção na Síria. Beneficiou-se também da diminuição do envolvimento norte-americano na região, iniciado na era Obama. O presidente democrata defendia a tese do "pivô para a Ásia", ou seja, a ideia de Washington diminuir presença em regiões levantinas para reforçar participação nas cercanias da China. Donald Trump não compra a estratégia. Incluiu o Oriente Médio em sua primeira visita internacional, sinalização da importância dada à região. Mas uma Casa Branca contaminada pela turbulência trumpista exala liderança esmaecida. Na semana passada, pela primeira vez na história, um monarca saudita visitou Moscou. A recepção ao rei Salman, aliado tradicional de Washington, foi utilizada pela máquina de propaganda do Kremlin para alardear o crescimento do peso diplomático do Kremlin. Dias antes da visita saudita, Putin viajou a Ancara, para jantar com o presidente turco, Recep Erdogan. Há dois anos, Rússia e Turquia, integrante da Otan, estiveram à beira de uma guerra. Hoje, no entanto, optaram por abandonar a rivalidade histórica para cooperar em áreas como a crise síria e trocas comerciais. Putin também paira entre os rivais Irã e Israel. Em Teerã, Moscou encontra um de seus principais aliados econômicos e militares. O Kremlin, porém, também cultiva diálogo com o governo israelense, na busca de um difícil equilíbrio entre arqui-inimigos. Iniciativas russas incluem ainda envolvimento em tentativas para solucionar a disputa por poder na Líbia, aproximação com o Egito e participação na mediação de diálogo entre grupos rivais palestinos. Há décadas, Moscou não contava com agenda tão intensa no Oriente Médio. O peso da ofensiva russa contrasta, por exemplo, com a periférica participação de Moscou na Guerra do Golfo, em 1991. Depois de anos de magra presença na região, o Kremlin recupera protagonismo no Oriente Médio, apresentando-o como principal êxito diplomático.
2017-09-10
colunas
jaimespitzcovsky
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jaimespitzcovsky/2017/10/1925400-putin-encontra-no-oriente-medio-maior-triunfo-diplomatico.shtml
Cientista político, Marcus Melo passa a escrever às segundas-feiras na Folha
O cientista político pernambucano Marcus André Melo passa a escrever coluna semanal na Folha às segundas-feiras. Formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Melo é professor titular de ciência política na mesma instituição. É doutor pela Universidade de Sussex (Reino Unido) e foi professor visitante em Yale e MIT (Estados Unidos). O professor é coautor de diversos livros sobre ciência política publicados no exterior, como "Brazil in Transition" (Princeton University Press) e "Making Brazil Work" (Palgrave Macmillan). Em português, lançou a obra "Reformas Constitucionais no Brasil: Instituições Políticas e Processo Decisório" (editora Revan, 2002). No momento escreve o livro "Por que as Instituições de Controle se Fortaleceram: Presidencialismo de Coalizão e Corrupção no Brasil", que deve sair pela editora Companhia das Letras em 2018. "Pretendo contribuir para o debate sobre a política brasileira, como já vinha fazendo em textos anteriores na Folha", diz Melo. "O foco será apresentar ao leitor análises sobre a interface entre economia e política, a partir de achados das pesquisas acadêmicas na área da ciência política internacional." O cenário atual, avalia, é muito estimulante para um colunista, uma vez que o debate público ganhou dimensão popular nos últimos anos. "Até por reflexo desse período turbulento em que vivemos, as pessoas discutem nas ruas as leis, as decisões do Judiciário, a composição do Congresso. É algo muito rico. Minha intenção é contribuir com isso, trazendo uma análise mais qualificada para o leitor".
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925461-cientista-politico-marcus-melo-passa-a-escrever-as-segundas-feiras-na-folha.shtml
O candidato da situação
Na semana passada a revista "piauí" publicou reportagem em que divulgava conversas do grupo de WhatsApp do Movimento Brasil Livre, aquele pessoal que organizava as passeatas do impeachment e agora reclama de artista pelado para não ter que protestar contra Temer. A reportagem não mostra evidências de malfeitos, mas deixou claro o quão envolvido na briga partidária está o movimento (que, até outro dia, jurava que era apartidário). Duas coisas ficaram claras: (1) o MBL é um movimento pró-Doria; e (2) o MBL torce por uma aliança pró-Doria que envolva "PMDB, DEM, evangélicos, agro e MBL", com ou sem os tucanos. É algo cômico que o MBL se liste entre forças políticas decisivas como o agronegócio, os evangélicos ou o PMDB, mas, mesmo deixando isso de lado, o que salta aos olhos é que a aliança proposta já existe: é o governo Temer. O governo dos sonhos do MBL, portanto, é o governo Temer com Doria na Presidência e a entrega dos cargos hoje nas mãos dos tucanos para o MBL. Até aí, nada de novo, disputa de poder normal, é do jogo. Mas é notável que o MBL, que pretendia ser uma renovação para a direita brasileira, e João Doria Jr., que até outro dia era apresentado como "o novo", pretendam se apresentar em 2018 como candidatos da situação. Oscilando entre Trump e Macron, Doria deve acabar como Temer. Bem entendido, ninguém vai ser maluco de se apresentar em 2018 como o candidato de Temer, cuja popularidade é menor do que a margem de erro das pesquisas. Mas a base governista pode tentar esconder o presidente, ou, até, optar por substituí-lo por Rodrigo Maia no futuro próximo. Qual a viabilidade de um candidato de situação em 2018? Não há dúvida de que um nome governista desfrutaria de certas vantagens. A base de Temer é a direita fisiológica brasileira, o grupo mais poderoso da política nacional desde sempre. O governismo terá à sua disposição a máquina federal e a grande maioria das máquinas estaduais e municipais. Contará com um financiamento generoso para a campanha. E, ao menos por enquanto, concorre sozinho pelo apoio do empresariado. O candidato governista terá como base de apoio o who's who dos delatados da Lava Jato. Para desviar dessa bala, deve procurar enfatizar a importância da estabilidade para a recuperação da economia, contando que o cansaço com a recessão vai vencer a indignação moral. É exatamente a estratégia que Temer tem usado, e talvez funcione. Mas há muito que pode dar errado nisso tudo. Um candidato da base de Temer já entraria na campanha sem poder jogar contra Lula a carta do combate à corrupção, e Lula tem muito poucos outros pontos fracos. Se Lula não puder concorrer, mas seus votos continuarem na esquerda, a mesma carta pode ser jogada por Marina ou Ciro contra o candidato de Temer. Finalmente, mesmo se toda a elite da direita fechar com o candidato da situação, uma parte importante dos eleitores conservadores pode optar por Bolsonaro. De qualquer jeito, parece claro que a base governista pretende ter candidato em 2018, e, por enquanto, quem saiu na frente para ocupar esse posto foi Doria. Depois de perder quatro eleições seguidas para o PT pela falta de inserção popular, a direita brasileira planeja entrar em 2018 liderada pelo editor da revista "Caviar Lifestyle".
2017-09-10
colunas
celso-rocha-de-barros
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2017/10/1925478-o-candidato-da-situacao.shtml
Programa espacial soviético teve ideal social e pai anônimo
É inegável que a Revolução Russa, ainda que tenha fracassado de forma retumbante em realizá-lo, foi movida por um ideal social. Curiosamente, o programa espacial soviético também nutria raízes semelhantes. O primeiro expoente dessa cultura cósmica, ainda no período czarista, foi Konstantin Tsiolkovski (1857-1935). Em 1903, época em que os irmãos Wright estavam começando a desenvolver seu avião, Tsiolkovski já publicava um artigo científico em que descrevia como foguetes poderiam ser usados para conquistar o espaço. Embora seus textos fossem pouco lidos na época, hoje ele é visto como o pai da astronáutica. Em 1926, já no período soviético, Tsiolkovksi concebeu seu "Plano de Exploração do Espaço", que começava pela criação de foguetes e terminava pela transferência da população do Sistema Solar para exoplanetas quando o Sol esgotasse seu tempo de vida. Eram ao todo 17 tópicos sumários, envolvendo desde os primeiros passos até a colonização completa da Via Láctea. Trabalho para milhares, se não milhões, de anos. Mas chamava atenção o item 14 de seu plano: "Atingir a perfeição social e individual". Depois que seus textos foram redescobertos, um dos mais influenciados pela obra de Tsiolkovski foi Sergei Korolev (1907-1966), o pai do programa espacial soviético. Korolev foi o projetista-chefe do primeiro míssil balístico intercontinental do mundo, o R-7, que fez seu primeiro lançamento bem-sucedido em 1957. Foi com esse foguete que os soviéticos lançaram o Sputnik-1, o primeiro satélite artificial da Terra, e sinalizaram para os americanos seu poderio bélico. Daquele ponto em diante, Korolev se tornou um herói do regime –embora anônimo. Era parte da política soviética ocultar o nome de seus pesquisadores, tanto para evitar o assédio do outro lado da Cortina de Ferro como para manter a cultura de socialização total, em que feitos individuais não mereciam destaque. Exceções, claro, ocorriam para casos como o de Iuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço, em 1961, escolhido justamente por ser "um homem do povo" e assim representar a glória soviética no mundo todo. A identidade de Korolev, contudo, só se tornou conhecida após sua morte, por câncer, em 1966. "Claro que seus sentimentos foram feridos pelo anonimato, mas ele considerava esse fato um elemento inevitável da Guerra Fria", diz Natalia Koroleva, filha de Korolev. Ele deixou de receber um Nobel por isso. CONTRADIÇÕES A história pessoal de Korolev é bem representativa do horror totalitário soviético. O mesmo sujeito que virou herói nos anos 1950 e 1960, sob a liderança de Nikita Krushev, havia sido condenado à prisão e a trabalhos forçados durante os anos de Joseph Stálin, entre 1938 e 1944. "Meu pai entendia que o comportamento de alguns políticos era errado", diz Koroleva. "Ainda assim, isso não influenciava seu patriotismo." Depois do sucesso do Sputnik, Korolev obteve permissão para ir além do programa de mísseis e promover a exploração do espaço. "Papai via sua atividade na exploração espacial como uma fase historicamente necessária da evolução da civilização humana". Sua morte prematura impediu os russos de vencer a corrida para a Lua, mas seus ideais de conquista espacial foram perseguidos por seus sucessores, num programa que culminou com a Mir. Lançada em 1986, ela foi palco de uma situação inusitada em 1992. Os cosmonautas Alexander Volkov e Sergei Krikalev subiram à Mir no ano anterior como soviéticos e retornaram do espaço no dia 25 de março como russos, enquanto, da órbita, observavam o colapso da União Soviética. O fim do regime levou a um programa de colaboração com os EUA que culminou na construção da Estação Espacial Internacional, lançada em 1998 e em operação até o presente momento. - 1903 O russo Konstantin Tsiolkovsky publica o primeiro trabalho científico sério demonstrando a viabilidade da exploração espacial 1929 Na Alemanha, Wernher von Braun lança seu primeiro foguete movido a combustível líquido, sob a liderança de Hermann Oberth 1933 O russo Sergei Korolev lidera um grupo que promove o primeiro lançamento de foguete movido a combustível líquido soviético 1938 Korolev é acusado de gerenciar mal os recursos de experimentos com foguetes e é preso pelo regime de Stálin por seis anos 1944 O foguete V-2 alemão se torna o primeiro objeto feito pelo homem a cruzar a fronteira do espaço, a 100 km de altitude. Esses foguetes foram usados para bombardear Londres no fim da Segunda Guerra Mundial 1946 Diversos especialistas de foguetes alemães são incorporados por russos e americanos em seus nascentes programas espaciais 21.ago.1957 Sob a liderança de Korolev, a União Soviética lança o primeiro míssil balístico intercontinental da história, o R-7 4.out.1957 O R-7 é usado para lançar o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik-1 3.nov.1957 A bordo do Sputnik-2, Laika se torna o primeiro cachorro a orbitar a Terra 31.jan.1958 O primeiro satélite americano, Explorer-1, revela a existência de cinturões de radiação ao redor da Terra, hoje conhecidos como cinturões de Van Allen 4.out.1959 A sonda Luna-3 manda as primeiras fotos de outro corpo celeste tiradas no espaço, ao registrar o lado afastado da Lua 12.abr.1961 A Vostok-1 leva à órbita o primeiro homem a ir ao espaço, Yuri Gagarin 5.mai.1961 Alan Shepard se torna o primeiro americano no espaço, mas num voo suborbital 16.jun.1963 A soviética Valentina Tereshkova se torna a primeira mulher a ir ao espaço 3.fev.1966 A espaçonave soviética Luna-9 se torna a primeira a pousar suavemente na Lua 20.jul.1969 Americanos se tornam os primeiros humanos a pousar na Lua, batendo a União Soviética na corrida espacial 19.abr.1971 A União Soviética lança a primeira estação espacial, a Salyut-1 15.jul.1975 URSS e EUA lançam conjuntamente o projeto Apollo-Soyuz, marcando a primeira missão de cooperação entre eles 12.abr.1981 EUA lançam o primeiro veículo espacial reutilizável da história, o ônibus espacial Columbia 1986 A primeira estação espacial multimodular da história, a Mir, começa a ser construída pelos soviéticos 1991 A União Soviética colapsa 1993 EUA e Rússia anunciam o programa Shuttle-Mir, que promove operações conjuntas entre o ônibus espacial americano e a estação espacial russa 20.nov.1998 É lançado ao espaço o primeiro módulo da Estação Espacial Internacional, empreendimento que reuniu Rússia, EUA, Japão, Canadá e países europeus e segue em operação até hoje
2017-09-10
ciencia
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http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1925257-programa-espacial-sovietico-teve-ideal-social-e-pai-anonimo.shtml
Em queda na pesquisa, Doria pode se atropelar na ambição e fracassar
Aspirante a candidato à Presidência, o prefeito viajante João Doria tropeça nas pesquisas, no ego e na educação a exatamente um ano das próximas eleições. O fim de semana não poderia ter sido pior para o tucano. A nova rodada do Datafolha, divulgada neste domingo (8), mostra uma queda significativa na aprovação de sua administração na cidade de São Paulo -em quatro meses, caiu de 41% para 32%. O levantamento foi feito em 4 e 5 de outubro. No dia seguinte, Doria desembarcou em Belém para curtir as celebrações do Círio de Nazaré. O paulistano, diz o Datafolha, está descontente com a sanha turística do prefeito pelo país. A pesquisa aponta que 77% da população considera que as viagens trazem benefícios pessoais a ele, e apenas 35% veem lado positivo para a capital paulista. No sábado (7), o tucano apelou. Classificou de "recadinho" uma gravação mal educada destinada a Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB. Ele afirmou que o colega de partido é "improdutivo". "Agora vive de pijamas na sua casa", ironizou. No ataque grosseiro a Goldman, Doria disse ter o apoio do povo paulistano "ao qual estou ao lado diariamente" -diariamente, nem tanto, afinal a mensagem veio do Pará, mais um dos destinos recentes do tucano. O Datafolha, ademais, contradiz o discurso de respaldo popular. Alvo da ira, Goldman havia criticado as viagens. Nas palavras dele, "o prefeito ainda não nasceu". "A única coisa que nasceu até agora foi um candidato à Presidência", declarou. Segundo a pesquisa, 55% dos paulistanos não votariam em Doria para presidente. O Datafolha mostrou, na semana passada, que a sua rejeição no país subiu de 20% para 25%. O governador Geraldo Alckmin, padrinho de Doria, supera a cria na preferência dos paulistanos pela disputa ao Palácio do Planalto em 2018. O prefeito chamou Goldman de "fracassado", mas é Doria quem pode fracassar na sua aventura política, atropelado pela própria ambição.
2017-09-10
colunas
leandrocolon
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandrocolon/2017/10/1925497-em-queda-na-pesquisa-doria-pode-se-atropelar-na-ambicao-e-fracassar.shtml
Reforma em Bruzundanga
Em Bruzundanga, conta-nos Lima Barreto, "de há muito que os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador -o voto". Para evitar "o trabalho infernal na apuração" os mesários "lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos, conforme queriam". O "elemento perturbador" -o voto- também foi objeto de intensa preocupação por parte dos parlamentares na reforma política atual. Como fraudes não são viáveis, os parlamentares voltaram-se para insular ainda mais os representantes dos representados com a criação de um fundo bilionário de campanha. Com ele busca-se mitigar os custos reputacionais brutais que acumularam. Ele reflete o fosso aberto entre a sociedade e seus representantes: e terá que ser tanto maior quanto mais desmedido for o hiato entre os dois. Ele não é o "custo da democracia", mas o custo da disrepresentação. A proposta inicialmente previa um sistema misto alemão para 2022 e lista fechada em 2018, como regra de transição. Mas esse dispositivo conflitava com muitos interesses e o distritão surgiu como solução para a lista fechada. Mas ele contrariava sobretudo o PT por seu impacto negativo sobre as siglas partidárias e por favorecer candidaturas individuais. Para o PMDB, a combinação distritão-fundo era ótima e o PT entendeu que era o preço a pagar para garantir o essencial, o fundo. Com a proibição das doações empresariais o partido estava no mato sem cachorro, ou melhor: no mato sem caneta para assinar contratos, autorizações e nomeações. E o contrafactual importa: teria havido reforma sem o choque dessa proibição? Mas esqueceram de combinar com os russos. Tinha russo na opinião pública, no centrão, na mídia. A nossa hiperfragmentação partidária chegou a um ponto em que gerou "veto players" para as mudanças. Inclusive as indesejáveis. O plano acabou não dando certo. A elevada incerteza política atual criou um viés pró status quo. E a Bruzundanga não é mais a mesma! Os russos da opinião pública multiplicaram-se e adquiriram certa musculatura. Conseguiram mitigar os estragos mas não infligir uma derrota: o fundo acabou sendo criado, mas com rubricas existentes. A cláusula de barreira e veto às coligações proporcionais passaram. Salve! A reforma política aprovada por Congresso disfuncional -com exceção do timing e do fundo- é a ideal para muitos especialistas. Na realidade, eles já previam esse resultado: reformas com custos concentrados e benefícios difusos só são viáveis quando diferem no tempo seus efeitos. Ou compensam os perdedores. A crise de representação exige mudanças já, mas elas só começam em 2022! E tem um fundo no meio do caminho!
2017-09-10
colunas
marcus-melo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2017/10/1925499-reforma-em-bruzundanga.shtml
Atenção ao câmbio deve ser prioridade de quem investe no exterior
O investidor que estiver pensando em incluir ativos estrangeiros em seu portfólio precisa prestar atenção a alguns fatores, entre eles o risco cambial e a escolha da gestora do fundo, de acordo com especialistas. A variação da moeda estrangeira deve ser considerada antes de aplicar nesses ativos, diz Giuliano De Marchi, planejador financeiro da associação Planejar. "A moeda é um risco quando se trata de investir globalmente. Você sai de sua moeda de origem, como o real, e pode ir para opções mais arriscadas ou mais fortes, como o dólar", ressalta. "Se o ativo se valorizar, mas o dólar explodir, você pode perder essa valorização." A primeira opção deve ser buscar produtos que já tenham essa proteção cambial. Desta forma, o investidor só fica suscetível ao comportamento do ativo. Luiz Felipe Santos, responsável pela área de produtos da BNP Paribas Asset Management, afirma que a busca por esse tipo de produto tem aumentado. "Você vê na indústria uma demanda crescente, porque o investidor não fica dependente da variação cambial. Ou ele aposta no câmbio ou aposta em Bolsa de Valores dos Estados Unidos, por exemplo", ressalta. A escolha da gestora também é importante. A avaliação de alguns especialistas é que casas com ramificações globais têm vantagem competitiva ante aquelas com atuação local. "A gestora tem que conhecer o mercado em que ela atua, com uma equipe dedicada a isso e uma estrutura que estude esse tipo de demanda, qual tipo de título é interessante, que ativo comprar no exterior", afirma Santos, da francesa BNP Paribas. Investimento exterior MAIS ESTUDO Antes de partir para o exterior, é interessante que o investidor conheça as opções do mercado global. "O investidor qualificado [que tem mais de R$ 1 milhão em aplicações] tem vantagens, mas quem possui menos dinheiro deveria manter a coisa simples", afirma Marcelo D'Agosto, consultor de investimentos. "Ele tem oportunidade de ganhos no Brasil sem precisar entrar no universo mundial, que são milhões de alternativas, tem várias moedas. Vale investir tempo para conhecer as alternativas no mercado local." Mas quem quer começar a se expor a esses ativos deve destinar inicialmente somente pequena parte dos recursos, segundo o planejador Giuliano De Marchi. "É interessante colocar 5%, e depois ir aumentando. Por que não participar do lucro dessas empresas estrangeiras ou da recuperação da economia mundial?", diz. "Sem dúvida nenhuma vale a pena investir no exterior, seria muito egoísta pensar que todas as oportunidades estão aqui", ressalta. De acordo com De Marchi, o Brasil responde por 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, por 2% da renda fixa do mundo e 1% do mercado acionário global. Para ele, a indústria brasileira é mal preparada para lidar com ativos internacionais. "A gente olha muito para a indústria local, nos acostumamos a ter o CDI [juros médios de empréstimos entre instituições financeiras] como parâmetro para tudo", critica o especialista. "O brasileiro tem que estudar melhor. Tem um mundo de ações americanas, de renda fixa europeia. É importante que o investidor comece a se educar para ter uma exposição saudável a esses ativos", afirma o planejador.
2017-09-10
mercado
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Apoiada na defesa, Suíça busca afirmação na elite europeia
Alemanha, Espanha e Inglaterra são três campeãs com a ida assegurada para a Copa de 2018. Elas fazem parte de um pequeno grupo de seleções europeias classificadas para todos os Mundiais desde 2006. Nesta terça (10), a Suíça tem a chance de ampliar essa lista para um quarteto. Para isso, joga pelo empate com Portugal, em Lisboa –apenas três pontos separam os times. Até agora, os suíços têm 100% de aproveitamento. "É algo que nos deixa orgulhosos, mas obviamente não somos uma nação grandiosa em termos de futebol, como Alemanha, Espanha ou Inglaterra", disse à Folha o porta-voz da federação suíça, Marco von Ah. "Ainda nos falta a consistência de grandes resultados contra essas seleções clássicas. Mas atingir o nível em que estamos já é algo difícil o bastante. Mais duro ainda é nos manter nesse patamar." Líder do Grupo B, a Suíça é, além da Alemanha, a única seleção das eliminatórias para a Copa, em qualquer continente, a ter vencido todas as suas partidas até aqui. Em nove rodadas, anotou 23 gols e levou cinco. A solidez defensiva tem sido um padrão para o país, passando de uma geração para a outra. Na Copa de 2006, caiu nas oitavas sem ter sua meta vazada. Quatro anos depois, levou só um gol em três jogos, contra o Chile, tendo contido até o ataque dos campeões mundiais espanhóis. No Brasil-2014 as coisas desandaram, com direito a goleada aplicada pelos franceses por 5 a 2, em Salvador. Nesta terça, o desafio de seu sistema defensivo será conter um certo Cristiano Ronaldo, astro do Real Madrid, da Espanha. Atual dono do título de melhor do mundo e favorito a conquistá-lo novamente em 2017, o astro português vive fase assombrosa nas eliminatórias, com 15 gols em oito jogos. No primeiro duelo entre os países, em 6 de setembro de 2016, semanas depois da conquista da Euro, o craque foi poupado, e os suíços venceram por 2 a 0, em casa. Por causa do saldo de gols, vitória portuguesa mandaria a Suíça para a repescagem. CAPTAÇÃO Com estimativa de 8,3 milhões de habitantes, a Suíça não está nem entre os 15 países europeus mais populosos. Um cenário que pede à federação trabalho minucioso na busca e desenvolvimento de talentos. O resultado é a consistência alcançada por sua seleção adulta. "Os 1.450 clubes do país receberam diretrizes sobre treinos, condicionamento físico, amparo psicológico e muito mais", disse Von Ah. A população total pode não ser das maiores, mas é variada. Breve espiada na lista de atletas durante as eliminatórias mostra sobrenomes como Shaqiri, Seferovic e Xhaka (jogadores de maior destaque na seleção), além de Fernandes, Rodríguez, Mehmedi, entre outros de origem multicultural. Algo nem sempre aceito em um continente que convive com a ascensão de movimentos conservadores. Referendo popular em fevereiro deste ano aprovou a simplificação das regras para naturalizar os netos de imigrantes. O "sim" ganhou com 60,4%, mas a votação ofereceu plataforma a grupos que bradavam contra a suposta ameaça de uma "superpopulação estrangeira e aumento do número de muçulmanos". "A seleção mostra como o país tem integrado estrangeiros com sucesso. Essa diversidade também valoriza nossas seleções", disse Von Ah. "A ideia é reforçar isso com nossos clubes. Temos projeto para dar apoio na integração de mais imigrantes."
2017-09-10
esporte
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http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/10/1925451-apoiada-na-defesa-suica-busca-afirmacao-na-elite-europeia.shtml
Nova versão do cadastro positivo busca reduzir juro a consumidor
O governo quer ressuscitar o cadastro positivo de crédito, na tentativa de reduzir os juros na ponta ao consumidor. O cadastro identifica os bons pagadores, na tentativa de melhorar as condições de financiamento deles. A proposta foi aprovada em 2011, mas até hoje não decolou. Agora, Ministério da Fazenda e Banco Central estão apoiando e dando auxílio técnico a projeto de lei sobre o tema, de autoria do senador Armando Monteiro (PTB-PE). Ele deve ser votado nesta semana pelo Senado –depois, segue para a Câmara. Uma das novidades da versão atual será a inclusão de novas fontes de informações. Além dos bancos, prestadores de serviço, como concessionárias de luz, gás, água e telefone, serão obrigados a informar sobre pagamentos, o que vai aumentar o alcance do cadastro. Todos os consumidores serão cadastrados de forma automática nos bancos de dados do cadastro positivo. Quem quiser ser excluído deverá pedir a solicitação. O assunto é polêmico e na última semana mobilizou entidades de defesa do consumidor, em Brasília, contra o que consideram risco de vazamento de informações sigilosas. Elas temem que, com as mudanças, o consumidor possa ser prejudicado por erros no fornecimento de informações ou pela venda de dados. O projeto de lei, porém, diz Monteiro, aumentará o controle sobre os chamados birôs de crédito –entidades que administram dados de consumidores, como Serasa Experian, Boa Vista e GIC (empresa formada pelos cinco maiores bancos do país e que começa a funcionar em janeiro). Essas empresas vão produzir notas de crédito para cada cliente, informação que será repassada a lojas, bancos e outros potenciais usuários da informação. Será uma síntese do histórico do tomador de crédito. O senador observa que, como os birôs terão acesso aos dados brutos de cada cliente para elaborar as notas, o regulamento sobre as entidades vai aumentar. A regulamentação caberá ao Banco Central, que já prepara as normas. Monteiro estima que o número de participantes do cadastro positivo logo supere 100 milhões de usuários. CONCORRÊNCIA Embora Serasa e Boa Vista já atuem na área, a expectativa é que a empresa formada pelos bancos entre com força neste mercado, uma vez que eles detêm informações de sete em cada dez clientes bancários do país. De acordo com o presidente da Febraban (federação dos bancos), Murilo Portugal, a nova empresa levará quatro anos para operar com 100% de sua capacidade. Além disso, por um acordo firmado com o Cade (órgão de defesa da concorrência), a GIC será obrigada a vender informações de seu banco de dados ao mercado, sem reservas ou distinção de preço. O cadastro positivo é uma das condições apontadas pela Febraban e pela equipe econômica para reduzir os "spreads" bancários –parcela dos juros ao consumidor final em que estão incluídos custos e lucros dos bancos. Com a queda da taxa básica de juros (Selic), essa agenda ganha importância, dado que os "spreads" no Brasil são muito mais altos do que em outros países. Segundo Portugal, a inadimplência poderia recuar 45% com o cadastro positivo. Em troca, os bancos poderiam oferecer taxas mais baixas de juros, mas não há estimativas precisas, afirmou o executivo da Febraban. * ENTENDA O CADASTRO POSITIVO O que é o cadastro positivo? Aprovado em 2011, tinha como objetivo identificar bons pagadores e, com isso, oferecer melhores condições de financiamento Por que não decolou? Os consumidores têm que pedir para entrar, o que limita o crescimento do banco de dados. Além disso, lojas têm receio de usar, pois podem ser processadas pelo consumidor que se sentir lesado ou vítima de invasão de informações O que mudará? Adesão será automática. Quem não quiser entrar tem que solicitar retirada do nome; prestadores de serviço (como luz, água e telefone) enviarão informações; lojas terão acesso apenas à nota final do consumidor, e não aos dados brutos Qual retorno? Bancos e equipe econômica afirmam que, com o cadastro positivo, as taxa de juros poderão cair e a oferta de crédito tende a aumentar Comparação internacional Peso do spread na taxa de juros ao consumidor: >> Brasil 22%* >> México 9,1% >> Chile 4,3% >> Colômbia 3,9% >> EUA 5,2% >> Alemanha 5,5% *Spread bancário médio no Brasil entre nov.15 e out.16, calculado pelo BC, sem contar crédito direcionado
2017-09-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925444-nova-versao-do-cadastro-positivo-busca-reduzir-juro-a-consumidor.shtml
Chile ficou seis jogos sem vencer antes de chegar em 3º nas eliminatórias
Nas eliminatórias, o Chile ficou seis jogos sem vencer antes de bater o Equador e chegar à 3ª posição O Chile venceu o Brasil na primeira rodada das eliminatórias com nove titulares iguais aos que jogarão no Allianz Parque na terça-feira (10). A seleção tinha nove diferentes do time base de Tite. Neymar estava suspenso e Marcelo, agora, está machucado. De outubro de 2015 para cá, o Chile perdeu Sampaoli, o melhor treinador que passou pelos clubes do país nesta década. O Brasil contratou o melhor. O Chile pode se classificar para sua terceira Copa do Mundo consecutiva, pela primeira vez na história. Conseguiu a vaga com Marcelo Bielsa, para a África do Sul, 2010. E com Sampaoli para o Brasil, em 2014. Entre Bielsa e Sampaoli, teve o também argentino Claudio Borghi como treinador, sem sucesso. Borghi está no Brasil como comentarista do FOX Sports Chile. Sua definição sobre o declínio da seleção chilena na reta de chegada das eliminatórias é respeitável: "Jogar a Copa das Confederações fez mal, porque os jogadores não tiveram pré-temporada. Não estão bem nem em seus clubes, nem na seleção." O Chile passou seis jogos sem vitória, antes de ganhar do Equador e alcançar a terceira colocação nas eliminatórias. Se perder para o Brasil, pode terminar em sétimo. Apesar de o técnico Juan Antonio Pizzi ter mantido bons resultados, como a conquista da Copa América de 2016 e o segundo lugar na Copa das Confederações, o Chile piorou. Com Sampaoli, jogava muitas vezes num 3-3-1-3, o sistema que Marcelo Bielsa introduziu na Argentina pré-Copa 2002. Ou 3-5-2, sempre buscando o gol. Pizzi é mais conservador. Atua com linha de quatro na defesa e um losango no meio-de-campo. Contra o Equador, Valdivia foi o meia mais próximo dos atacantes Vargas e Alexis Sánchez. A seleção não perde em São Paulo desde 1964. São 29 partidas, 20 vitórias e nove empates. Parece uma contradição. Os paulistanos sempre foram críticos. No entanto, dos quatro grandes centros, Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio comparados, São Paulo é a cidade há mais tempo sem assistir a uma derrota. O Brasil nunca perdeu como mandante nas eliminatórias. Dos campeões mundiais, só Itália e Espanha também não foram derrotados como mandantes. Tudo isto indica dificuldades para os chilenos na partida que pode definir sua classificação ou eliminação. Tite não tem nada a ver com o problema de quem disputa a vaga ainda. A questão, para a seleção brasileira, é escolher os jogadores e testá-los de acordo com a necessidade. Se Tite entende que Éderson deve ser o titular, é sua escolha. Mesmo assim, entrará em campo para vencer. * MELHOR SELEÇÃO Dizia-se que a Alemanha jogaria a Copa das Confederações com seu time B. A sequência das eliminatórias indica que não foi assim. Com a lesão de Neuer e a ausência de Ozil, sete campeões na Rússia jogaram contra a Irlanda do Norte. Onze, neste domingo (8). MANO E CRUZEIRO Mano Menezes volta a Belo Horizonte na quinta (12) para reunião com a nova e confusa diretoria cruzeirense. Não parece plausível que permaneça em 2018. A reunião pode indicar a sequência, mas é mais provável que Mano se transforme num nome no mercado para 2018.
2017-09-10
colunas
pvc
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pvc/2017/10/1925449-chile-ficou-seis-jogos-sem-vencer-antes-de-chegar-em-3-nas-eliminatorias.shtml
Sorvete, igual a sexo
Há 30 dias despedi-me dos leitores dizendo que partiria para uma expedição em San Gimignano, perto de Florença, Itália, a fim de dirimir uma dúvida que, dizem, só se resolve dentro de suas muralhas -descobrir qual é o melhor sorvete do mundo. San Gimignano é famosa também por suas torres erguidas há 800 ou 900 anos pelas famílias que mandavam no lugar. Essas famílias já desapareceram, mas a guerra de torres continua, só que na forma de torres de sorvete que se equilibram nas casquinhas portadas pelos milhares de turistas. Os exércitos ficam agora atrás dos balcões, armados de pás e colheres, e usam como munição tanto os sabores clássicos como os decididamente exóticos -sorvetes de alecrim, tiramisù, tanajura e do que você imaginar. Bem, como veterano sorvetólogo, saí por San Gimignano a fim de inspecionar as tropas -as dezenas de sorveterias que se espremem numa cidade pouco maior que o Leblon. Uma delas, a Dondoli, na Piazza della Cisterna, anuncia-se como a "campeã mundial do sorvete". Deve haver uma Copa do Mundo da categoria para ratificar essa conquista, mas, na mesma piazza, ergue-se a Gelateria dell' Olmo, que toca a trombeta e se diz "a melhor do mundo". Em que ficamos? E, na Via San Giovanni, está a I Combattenti, "a melhor da cidade" -apreciação nada modesta quando a cidade é San Gimignano. Para não dizerem que só me concentrei nas grifes, lambi também casquinhas de estabelecimentos modestos, que se poderiam dizer da segunda divisão. Pois quer saber? Todas eram igualmente cremosas, consistentes, perfeitas, insuperáveis. Esse negócio de melhor sorvete do mundo é bobagem. O melhor é aquele que você está tomando. E, mais do que nunca, concordei com a frase de que sorvete é que nem sexo. Quando é bom, é ótimo. Quando não é bom, ainda é muito bom.
2017-09-10
colunas
ruycastro
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2017/10/1925502-sorvete-igual-a-sexo.shtml
Reforma mantém desequilíbrio em financiamento de campanha
A reforma política, sancionada na sexta-feira (6) pelo presidente Michel Temer, manteve um desequilíbrio nas condições que candidatos terão para financiar suas campanhas. O resultado provocou a reação de parlamentares que criticam possível favorecimento aos mais ricos, entre eles o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que declarou patrimônio de R$ 99 milhões em 2014. Apesar de a discussão ter durado um ano, as mudanças se restringiram a apenas três pontos: criação de um fundo público de R$ 2 bilhões para financiar campanhas, fim das coligações entre partidos (que só entra em vigor em 2020) e criação de regra que dificulta a proliferação de siglas. Acabou ficando de fora da reforma a limitação de quanto um político poderia injetar de seus próprios recursos para se eleger. No ano que vem, será a primeira vez que o presidente da República, governadores, deputados e senadores terão de se eleger sem a ajuda de doações empresariais. PESSOAS JURÍDICAS A contribuição de pessoas jurídicas está proibida desde 2015 por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). O Congresso aprovou a criação de um fundo público sob a justificativa de que traria mais equilíbrio e reduziria os gastos. A Câmara limitou o autofinanciamento em até 10 salários mínimos (R$ 9.960,00). Na sequência, senadores fizeram uma manobra na tentativa de por fim a esse teto, mas por uma trapalhada regimental acabaram mantendo o dispositivo. VETO Coube então a Temer alterar a lei no veto, atendendo a pedido dos senadores. Assim, valerá a regra que estava em vigor antes da reforma, que permitia que o candidato doasse até o limite máximo de gastos para o cargo que disputa. "Os mais nocivos vetos do Temer são para favorecer descaradamente o abuso do poder econômico nas eleições. Os milionários agradecem", disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). "Eu lamento muito que nós, senadores, onde há senadores com bastante dinheiro, votemos um projeto que faz com que os mais ricos possam gastar mais", disse o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também vê no texto final uma forma de favorecer os mais ricos. "A ausência desse limite é um dispositivo que favorece os ricos e os que têm muito dinheiro nas campanhas e desfavorece os mais pobres e a maioria dos cidadãos, que não são milionários", criticou. O presidente do Senado é apontado por alguns parlamentares de ter atuado em "causa própria". Instantes antes de o Senado concluir a votação do projeto, ele reuniu líderes dos partidos e fez um apelo para derrubar o teto do autofinanciamento. Por meio de sua assessoria, Eunício disse que "o argumento [dos senadores] não merece atenção".
2017-09-10
poder
null
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925462-reforma-mantem-desequilibrio-em-financiamento-de-campanha.shtml
Mais escolarizados puxam fila dos que querem deixar o Rio devido a violência
Sete em cada dez moradores do Rio querem deixar a cidade devido à violência, apontou pesquisa Datafolha feita no começo deste mês. Essa intenção é maior entre os que possuem diploma do ensino superior. A seguir, veja mais detalhes sobre o levantamento que abordou a violência na capital fluminense. * Considerando toda a cidade, 72% dos moradores afirmaram que se mudariam da capital fluminense se pudessem, por causa da violência. O percentual sobre para 76% se considerada apenas a população que completou o ensino superior. E cai para 69% para o grupo apenas com ensino fundamental. - A área que concentra alguns dos bairros mais valorizados da cidade (como Ipanema, Leblon e Copacabana) e tem a maior renda familiar foi onde mais moradores disseram ter alterado suas rotinas devido à violência. Na zona sul, 51% afirmaram que mudaram seus hábitos nas últimas semanas (ante média de 35% na cidade). A alteração mais citada nessa região foi "não sair de casa" (15%). A região em que os moradores menos disseram ter mudado a rotina foi o centro (28%). - A área foi onde mais se citou a presença de toque de recolher próximo à sua residência (34%, ante 28% da média da cidade). O centro foi a região com o menor percentual (22%). Pesquisa Datafolha sobre sensação de insegurança no Rio de Janeiro - Nessa região, 74% afirmaram ter ouvido algum disparo de arma e fogo na cidade. A média na cidade foi de 67%; mesmo percentual da zona sul; o menor foi na zona oeste, com 56%. - Questionados sobre o principal problema do Rio, 38% dos moradores citaram a violência. Foi o item mais lembrado agora em 2017, mas havia sido 43% em abril de 2009, quando o Datafolha também fez essa pergunta. Entre os dois levantamentos, a preocupação com a saúde cresceu, de 21% para 27%. - O Datafolha perguntou à população se legalizar e regulamentar o comércio de drogas seria boa solução para diminuir a violência no Rio. Entre os moradores com renda familiar de até dois salários mínimos, 63% discordaram da legalização; a resistência diminui conforme cresce a renda e chega a 52% entre os que ganham entre cinco e dez salários mínimos. Na faixa de renda mais alta (mais de dez salários mínimos), o percentual foi de 56%.
2017-09-10
cotidiano
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http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1925501-mais-escolarizados-puxam-fila-dos-que-querem-deixar-o-rio-devido-a-violencia.shtml
A ambição de ser presidente parece ter tomado conta de Doria, diz leitor
DORIA Antes de ser eleito era um gestor e não um político. Após eleito, fez uma série de aparições fazendo marketing pessoal. Praticamente nada mudou na cidade, que continua abandonada como antes. Doria parece que agora tenta ser mais político que gestor, fazendo viagens aparentemente inúteis para São Paulo. A ambição parece ter tomado conta. Aguardemos para ver se ele se lembra de que foi eleito para ser prefeito. Edgard Hilgendorff (São Paulo, SP) * O prefeito João Doria, que se apega tanto a pesquisas, talvez agora reveja sua atitudes após os números nada animadores apurados pelo Datafolha. Se ele pensa que, alguns meses após ser eleito, viajar o país em plena campanha seria o suficiente para uma candidatura à Presidência, se enganou redondamente. O dinheiro e o marketing são importantes em uma eleição, mas sem o voto, ninguém se elege. André Pedreschi Aluisi (Rio Claro, SP) * O grau de destempero de Doria em declarações e embates em que ele se coloca já é suficientemente grotesco para que Alckmin não precise fazer nada para combatê-lo. Arlindo Carneiro Neto (São Paulo, SP) * Doria tem excelente motivo para abandonar a prefeitura e disputar o Planalto: sabe que se ficar quatro anos no município sua imagem vai se desgastar. Ele não administra a cidade e sua esperança de que o setor privado salvará tudo é 110% inviável. Além do setor estar endividado, os ativos públicos não darão retorno nenhum ou ele será muito abaixo do que a demanda. Antônio Camargo (São Paulo, SP) - CATALUNHA É possível que a independência da Catalunha seja refreada pelo próprio governo local. Sabem que o custo será muito alto. Abdicarão em troca de maior autonomia tributária em relação a Madri, como os bascos fizeram. Todos cantarão vitória e a paz reinará até o próximo arroubo nacionalista José Marcos Thalenberg (São Paulo, SP) * As manifestações pela unidade da Espanha colocam uma esperança na mesa de negociação contra os dois polos extremos: o conservadorismo do Partido Popular, de herança franquista, e o governo centralizador, contra as autonomias regionais. Construir uma alternativa de federalismo que respeite o nacionalismo catalão é a única solução para o impasse político provocado pela intransigência dos dois lados. Luiz Roberto Da Costa Jr. (Campinas, SP) - BOLSONARO A Folha faz uma campanha discriminatória e negativa contra Bolsonaro. Só que dos candidatos a presidência, ele é o menos pior. Rafael Alberti Cesa (Caxias do Sul, RS) - REFORMA POLÍTICA Nossos representantes perderam mais uma vez a oportunidade de fazer uma reforma política que atendesse aos anseios do povo brasileiro. Se preocupam única e exclusivamente com seus projetos de poder. A insatisfação é geral e em 2018 nós saberemos dar uma resposta à altura a toda essa classe política que zomba de seus eleitores. Nos aguardem, quem ri por último ri melhor. Claudir José Mandelli (Tupã, SP) - COLUNISTAS Tenho acompanhado, com tristeza, o noticiário sobre a lamentosa morte do professor Cancellier. De tudo que li, faço destaque para os excelentes textos de Paula Cesarino Costa, e de Elio Gaspari. Ambos, com serenidade, trazem à reflexão o excesso de autoridade e a irresponsabilidade da mídia sensacionalista e seus exercitantes. Zenilda Nunes Lins (Florianópolis, SC) * A pertinente análise de Paula Cesarino Costa, além de confirmar o viés democrático da Folha na autocrítica, aponta o perigoso caminho da mídia diante das arbitrariedades e denúncias da polícia e do Judiciário que, apresentadas com exibicionismo, costumam ser precipitadas e destroem reputações. Alfredo Sternheim (São Paulo, SP) * A coluna da ombudsman não aprofundou a gravidade da situação. Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC, sofreu ataques de ódio após ser preso e sua foto com uniforme laranja de presidiário circular pelas redes sociais. Cancellier deveria ter sido ouvido ou, no máximo, sofrer a abertura de inquérito para apurar eventual obstrução de Justiça, que era negada por ele, mas jamais afastado do cargo e sofrido tamanha humilhação pública. Luiz Roberto Da Costa Jr. (Campinas, SP) - CRIANÇA DO DIA Parabenizo a Folha pela iniciativa de abrir espaço para manifestação de crianças. A diversidade dos protagonistas é um ponto alto. São depoimentos sensíveis, críticos, conscientes e divertidos. Ouvi-los, protegê-los e respeitá-los deve ser um compromisso de todos nós. O mundo pode ser muito melhor para todos se fizermos o que elas dizem. Caio Magri, sociólogo e presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social - PAPEL DO ESTADO Triste a entrevista de Bernard Appy. Como defensor do Estado paquidérmico, o economista esconde sua análise sob o conceito da separação de classes, e se esquece de que nossa maior mazela é a asfixiante carga tributária, que atinge absurdamente todos os segmentos da população. Decepcionante que o Centro de Cidadania Fiscal não entenda a prioridade absoluta do país, que é a redução da carga tributária para todos. Salvador Parisi (São Paulo, SP)
2017-09-10
paineldoleitor
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http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2017/10/1925487-a-ambicao-de-ser-presidente-parece-ter-tomado-conta-de-doria-diz-leitor.shtml
Petistas acreditam que candidatura de Marinho é 'para inglês ver'
Boa parte do PT acredita que a pré-candidatura de Luiz Marinho (PT-SP) ao governo é só para inglês ver. Ele estaria segurando lugar para que Lula pudesse negociar o apoio do partido a outro candidato ao governo do Estado em troca de apoio à sua candidatura presidencial. VICE Um exemplo citado: se for candidato e receber o apoio nacional do PSB, Lula poderia levar o partido a apoiar a candidatura de Márcio França (PSB-SP), hoje vice-governador, ao cargo de governador. Leia a coluna completa aqui.
2017-09-10
colunas
monicabergamo
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/10/1925146-petistas-acreditam-que-candidatura-de-marinho-e-para-ingles-ver.shtml
O que fazer com Caetano?
Minha musa brasileira é o Caetano. Caetano é um cirurgião de ideias, disseca conceitos, esquarteja clichês. Quase-negro, quasi-intelectual, Caetano personifica a complexidade do Brasil. Na música "Reconvexo", ele nos des-racializa. As imagens da nossa brasilidade promiscuamente amalgamada passam vertiginosas diante de nossos olhos. Começa nos intrigado com o mundo plano em que a areia do Saara suja os carros de Roma, nos leva de Sófocles para a Amazônia, passando pela Salvador que já viveu seu pelourinho, mas agora é o reino das matriarcas negras da umbanda. Vamos aí sentindo o suingue de um negro da Guiana Francesa, Henri Salvador, perdido em Copacabana, influenciando a bossa nova do branco Vinicius. Ouvimos o batuque do Oludum, tão irreverente quanto as imagens criadas pelo americano Andy Warhol. Ser Brasil é seguir a novena católica, é ser um pobre que gosta de luxo, um mestre do futebol, ser tudo e não ser nada. "Reconvexo" aponta para o ridículo da importação dos paradigmas raciais americanos. Quem é preto ou branco neste país de misturas bem sucedidas? Quem é católico, macumbeiro ou evangélico? Quem é socialista e não gosta de luxo como Joãosinho Trinta? O Brasil é um país que se define pela copulação incessante dos contrários. Nós nos encontramos em intercursos culturais, raciais, musicais, políticos. Não é permitido à academia enxergar esta realidade. Poderíamos, sociólogos brasileiros, ousar dizer que a raça é um pé de página na complexidade do Brasil? Poderíamos dizer que as palavras "negro" -aliás, substituída agora pelo "preto", a exemplo da etiqueta lexical americana- e "branco" não nos definem mais do que "fúcsia" ou "verde" nos definiriam? A subalternidade do pensamento brasileiro se manifesta aí. Temos que baixar a cabeça e render loas aos norte-americanos cegos pelo Foucault-cionismo que insiste em imprimir na alma brasileira as divisões que eles, puritanos assexuados, permitiram e cultivaram. Para eles Caetano agora é passé, politicamente incorreto, instrumento de dominação da pseudo-consciência. Em "Vaca Profana", ele louva a condição feminina, comparando mulheres às vacas sagradas da Índia, "vacas profanas" incitadas a levantarem seus chifres acima da manada e não se deixarem dominar. Mas a minha favorita ode à mulher ainda é "Tigresa". A mulher se torna humana ao mesmo tempo em que é objetificada. Sua "pele de ouro marrom" se esfrega à do poeta enquanto descreve uma vida com interesses inesperados, como política, sucessos no palco, e o sonho de uma utopia em que as mulheres dominarão sobre os homens. A femme-fatale que canaliza seu poder de mulher para a sexualidade se torna a mulher comum, vive amores e desencantos e quer mais que o mero ato; deseja ser gente, não importa com quem. O poeta se encanta com a força da mulher, mas no final despreza seu falatório e, como macho que se preza, declara: "As garras da felina me marcaram o coração, mas as besteiras de menina que ela disse, não." Ele termina a canção ao violão, como um cachorro que chacoalha o corpo para se secar da chuva. Ele precisa da música para se livrar da história e da imagem da mulher de uma noite. "Tigresa" honra ou insulta as mulheres? Na visão feminista atual a música é machista, objetifica a mulher. Quando foi composta, quebrava tabus, humanizava as "deusas" do sexo, expunha o machismo da abordagem masculina nua e crua. Recomendo que Caetano seja ignorado, para que a visão colonizada da academia se mantenha descrevendo um Brasil que não somos nós. BRAULIA RIBEIRO é aluna/pesquisadora de Teologia na Universidade de Aberdeen (Escócia) e mestranda em Divindade da Universidade Yale (EUA) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected] Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2017-09-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925186-o-que-fazer-com-caetano.shtml
Prefeito de SP sofre duros reveses, mas é muito cedo para descartá-lo
João Doria teve o pior fim de semana político desde que assumiu o papel de candidato a novidade no pleito presidencial de 2018. Levou uma dura nos números do Datafolha sobre sua gestão e envolveu-se numa briga feia com o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB. Isso não significa, como seus adversários comemoraram, o ensacamento de sua viola. A pesquisa mostrando um tombo em sua aprovação e a ampliação da rejeição às suas pretensões presidenciais é um banho de água fria, mas não é inesperada. Doria fez uma opção: colocar seu nome no balaio presidencial antes da hora. Isso encerra ônus e bônus. Até aqui, ele só colheu a parte negativa, com o empacamento na corrida ao Planalto e o previsível mau humor popular. Outro tucano, José Serra que o diga. Foi achincalhado por usar a prefeitura paulistana como trampolim, mas o fato é que governar o Estado é tarefa mais confortável do que lidar com a perene massa falida da capital. Era verdade em 2006, segue agora. Claro, Serra almejava o Planalto e teve de se contentar com o Bandeirantes. Mas o período à frente do líder da Federação lhe garantiu vaga na corrida presidencial de 2010, não menos porque o postulante tucano de 2006, Geraldo Alckmin, fracassou. Enquanto colhia más notícias, o prefeito também envolveu-se em uma altercação com a burocracia tucana. Certo, Alberto Goldman não é exatamente uma figura de proa nas discussões do PSDB, mas encarna certa aristocracia paulista do tucanato que nunca engoliu Doria –e Alckmin, é bom ressaltar. Por que então o alvoroço tucano pela troca de animosidades entre os dois? Porque todos viram um ensaio de discurso para a eventual saída de Doria do partido. Se é verdade que criador e criatura tendem a estar juntos em 2018, nunca é descartável a ruptura. E ser maltratado no partido é um atalho confortável para Doria. Políticos do DEM e do PMDB ponderaram em favor do prefeito, vendo um estilo "bateu, levou" à la Collor-89, mas que conversa com o campo mais radicalizado do eleitorado à direita. A ameaça da saída pode só servir para assustar o PSDB, que não tem clareza do cenário do ano que vem (com ou sem Lula, com a economia melhor ou estagnada etc.), mas é um dado a ser anotado.
2017-09-10
poder
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1925456-prefeito-de-sp-sofre-duros-reveses-mas-e-muito-cedo-para-descarta-lo.shtml
Menos é mais
Ícone do intervencionismo do governo na economia brasileira, o BNDES está encolhendo. Depois da hipertrofia iniciada no final da década passada, o banco federal de fomento passa agora por acentuada redução de desembolsos, suscitando o debate sobre seu papel para o desenvolvimento econômico do país. Nos 12 meses encerrados em agosto, as concessões de novos financiamentos somaram R$ 77,7 bilhões, ou 1,2% do Produto Interno Bruto, patamar comparável ao de 20 anos atrás. Em 2010, graças a maciças e questionáveis injeções de recursos do Tesouro Nacional, as operações da instituição atingiram espantosos 4,5% do PIB. Os efeitos da longa recessão tiveram participação relevante na queda dos empréstimos, hoje menos demandados por empresas de todos os portes. Se os valores de sete anos atrás não se mostravam sustentáveis, tampouco os atuais devem ser considerados definitivos. A economia agora volta a crescer, embora de forma tímida, e os investimentos privados, mais cedo ou mais tarde, reagirão. Não é a contração do BNDES que dificulta a retomada, como querem os mais afeitos à volta da prodigalidade na concessão de crédito. Vive-se hoje, ao contrário, uma saudável correção de rumos. Afinal, a agressiva estratégia expansionista dos governos do PT, adotada como resposta à crise financeira global de 2008, fracassou em seus dois objetivos centrais. O primeiro era reforçar a internacionalização de empresas selecionadas, as campeãs nacionais, notadamente a JBS e as construtoras. Colheram-se resultados desastrosos, quando se consideram as dimensões dos recursos liberados -sem contar a ficha policial de muitos dos receptores do dinheiro. Buscava-se também acelerar o crescimento econômico por meio de crédito subsidiado para a aquisição de máquinas e obras de infraestrutura, com enorme custo para os contribuintes. Os aportes do Tesouro no banco ao longo dos anos petistas passaram de incríveis R$ 500 bilhões, contribuindo para o colapso das finanças públicas. O governo agora precisa cobrar antecipadamente boa parte desse montante para fechar suas contas. A direção atual do BNDES resiste, com o argumento de que ficará sem recursos quando a demanda empresarial retornar. Este não será necessariamente o caso: a instituição dispõe de quase R$ 200 bilhões em caixa e continuará a receber os pagamentos relacionados a empréstimos concedidos. Nesse cenário, a nova orientação aponta para uma atuação calcada em critérios horizontais (sem privilegiar este ou aquele setor ou negócio), nas atividades em que o crédito privado se revela insuficiente, como inovação, ou que tenham impacto social, casos de saneamento básico e saúde. Em suma, fomento com foco, descolado do caixa federal e da conveniência do governo de turno. [email protected]
2017-09-10
opiniao
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http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/10/1925482-menos-e-mais.shtml
Sem mais assunto para autobiografias, youtubers escrevem livros de ficção
Nos últimos três anos, uma nova categoria literária se revelou uma mina de ouro: livro de youtuber. Celebridades que fazem sucesso na plataforma on-line de vídeos assinaram diversos livros coloridos e interativos. Os textos, na maioria autobiográficos, ficavam em segundo plano, mas os livros foram a salvação da lavoura para o mercado livreiro em tempos de crise. Chegaram a vender 200 mil exemplares —no país, best-seller que atinge 10 mil cópias já é um sucesso. O modelo já apresenta sinais de esgotamento, e o mercado busca saídas. Nas últimas duas semanas, dois youtubers publicaram romances ficcionais com temas distantes do habitual mundo on-line. São obras que também passam longe de sua brevíssima biografia. Havia uma dúvida sobre o que essa turma ia escrever —e vender— depois dos primeiros livros. Que tanta história de suas vidas meninos e meninas ainda em flor teriam para contar? Agora, as celebridades da internet começam a entrar na ficção —e apontam o caminho do que pode vir por aí. Kéfera Buchmann, 24, uma das mais famosas webcelebridades do país, acaba de lançar "Querido Dane-se". Christian Figueiredo, 23, lança no fim deste mês "Um Coração Maior que o Mundo". Sem ilustrações, os lançamentos são um convite para deixar smartphones de lado. A desconexão promovida por dois ídolos que ergueram um império digital indica o amadurecimento deles e a saturação de suas vidas convertidas em produto de consumo. "Um Coração Maior que o Mundo", de Christian, é um drama juvenil sobre um rapaz, um amor impossível e uma mãe que sofre de insuficiência cardíaca e precisa de tratamento. A obra de John Green, autor do fenômeno teen "A Culpa é das Estrelas", serviu de inspiração para o youtuber e fã assumido. O novo livro é diferente dos outros três assinados por Christian. "Eram diários da minha vida, crônicas fáceis de escrever e ler, focados no canal", diz. Ele se refere aos volumes da trilogia "Eu Fiko Loco", que venderam 600 mil exemplares ao todo. Christian é dono e estrela- do canal no YouTube "Eu Fiko Loko", no qual divide suas experiências rotineiras com 8,8 milhões de inscritos. Um outro canal,com seu nome, reúne mais 4,4 milhões de seguidores. "Com essa trilogia eu concluí esse ciclo", diz, e reconhece que o assunto "saturou". O primeiro livro se tornou filme em 2016. O canal terá o conteúdo reformulado. Para atrair os fãs, Christian incluiu "detalhes que lembram as histórias que eles conhecem". "O personagem central chama Cris, e tem semelhanças comigo, mas não sou eu". O Cris do livro analógico "quis sair da bolha, eu não olhava para outros caminhos por medo de fazer algo diferente. Quando o YouTube virou uma profissão, eu fiquei mais conectado do que eu queria." Kéfera Buchmann também tem números impressionantes: são dez milhões de seguidores em seu canal no YouTube, o "Cinco Minutos", 11 milhões no Instagram e 7 no Facebook. MOMENTO OFF-LINE A capacidade de mobilização dela foi testada nos cinemas em 2016, com "É Fada!", que contabilizou 1,7 milhão de espectadores. O filme foi o pontapé de Kéfera para fora da web; atuar se tornou a prioridade, em detrimento dos vídeos na internet. "Querido Dane-se", romance que ela assina, reforça o momento off-line da youtuber. É sobre Sara, que está prestes a fazer 30 anos e lida com dilemas da idade. O título é o terceiro de quatro volumes que ela tem contratados com o grupo Companhia das Letras. A obra conta a história de Sara, cujo namorado terminou a relação por WhatsApp, que engatou um caso com uma socialite —para quem a protagonista, uma estilista, trabalha como costureira. Além de tudo, se prepara para agora enfrentar seu maior medo: completar 30 anos. Os livros anteriores de Kéfera foram "Muito Mais que Cinco Minutos" (2015) e "Tá Gravando. E Agora?" (2016), que venderam ao todo cerca de 650 mil cópias. Abordavam sua vida com dicas para quem quisesse seguir seus passos. À Folha ela diz estar em busca de um público mais velho, que ainda não a conhece. Escreveu sonhando ver a nova obra adaptada para o cinema —e quer interpretar ela mesma a protagonista Sara. Em novembro, Kéfera estreia um novo longa, "Gosto se Discute". O trailer, lançado em seu canal no YouTube, foi visto 900 mil vezes em um mês. "Bingo, o Rei das Manhãs" levou nove meses para atingir esse número. Além de seguir escrevendo e atuando, quer dirigir teatro e cinema. A internet parece perder espaço. "Fui amadurecendo e algumas coisas pararam de fazer sentido. Já falei de tudo, como sigo daqui? Sinto que meu público está aberto a mudanças." Entre essas mudanças está o convite para o mundo além da web. "É bom se desconectar um pouco. Viver a vida real, em vez de ficar com o celular na mão. Ler, sentir o cheiro de livro novo." Christian reconhece que o status de influenciador nas redes sociais dá a ele a possibilidade de incentivar seus seguidores a se desconectar. "Quem tem dez anos nasceu on-line. Peguei o fim da cultura de ver TV, e gosto de influenciar a galera a fazer outra coisa além de ficar na internet." * "Querido Dane-se" AUTORA Kéfera Buchmann EDITORA Paralela QUANTO R$ 34,90 * "Um Coração Maior Que o Mundo" AUTOR Christian Figueiredo EDITORA Outro Planeta QUANTO R$ 32,90
2017-09-10
ilustrada
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1925437-sem-mais-assunto-para-autobiografias-youtubers-escrevem-livros-de-ficcao.shtml
Bonde novo pode mudar centro de SP
Parece detalhe, mas um modo de transporte socialmente integrador mexe com o coração da cidade O projeto Centro Novo, anunciado há poucos dias pela Prefeitura de São Paulo, tem várias coisas velhas: a primeira delas é que todos os prefeitos que tomam posse na cidade, desde os anos 1980, anunciam planos para a revitalização da área. Cada um cria uma marca que dura quatro anos, mas mesmo assim o processo em si avança a passos de tartaruga, mais pela fé dos indivíduos que do poder público. Centro Novo, Arco do Futuro, Nova Luz são apenas os mais recentes nomes dos programas municipais para o centro velho. Então, preservo o ceticismo até ver a inauguração das novidades propostas pelo prefeito Doria, por Jaime Lerner e pela entidade do mercado imobiliário, o Secovi. Um ponto frágil do projeto é que ele está baseado apenas na potência do mercado imobiliário. E este, por maior que seja sua lucratividade em certos momentos, é muito suscetível às crises que abalam o país. O sucesso consistente da construção civil depende de financiamentos por prazos maiores que 20 anos. No Brasil, as crises ocorrem regularmente em ciclos menores que isso. Como mostra Raul Juste Lores no livro "São Paulo nas Alturas", o boom imobiliário dos anos 1950/60 foi interrompido pela crise inflacionária do início dos anos 1960: as empresas tinham muito a receber, mas o dinheiro entrava valendo menos do que a alta do custo real da construção. As construtoras quebraram. Ciclos semelhantes de crescimento e crise ocorreram nos anos 1970, 1990 e 2010. O que se vê olhando o passado é que as fases de sucesso no mercado imobiliário brasileiro são mais curtas do que o prazo necessário para o financiamento habitacional criar um ambiente sustentável de longo prazo. Então, de tempos em tempos, os consumidores e as empresas se retraem –para não dizer que ocorrem "quebradeiras". É ingênuo, portanto, acreditar só na capacidade de alavancagem do mercado imobiliário para um projeto que, por baixo, vai custar dezenas de bilhões e demorar mais que oito ou 12 anos para amadurecer. Falta, na equação, alguém com dinheiro capaz de esperar 20, 30 anos pelo retorno. Nos outros países do mundo, essas entidades geralmente são fundos de pensão. Mas a cauda longa do governo federal também limita o desenvolvimento dos nossos. Enfim, falta uma parte importante da lição de casa do projeto Centro Novo. Um aspecto interessante do projeto é a tal linha circular de transporte coletivo. Ela é importante para as pessoas se moverem sem carro em uma área de trânsito caótico; para integrar outros sistemas de transporte público e para o encontro das diferentes classes sociais movendo-se pela área central. Melbourne, uma das cidades mais confortáveis do hemisfério Sul, tem uma linha circular em torno do centro e todos os transportes públicos gratuitos dentro do perímetro. E isso é apontado como uma razão importante para a qualidade de vida local. Parece um detalhe, mas um modo de transporte integrador como esse pode mudar a percepção da cidade. Sugiro o nome Bonde Novo, em memória do tempo em que a cidade tinha um transporte coletivo eficiente, que era usado igualmente pelo prefeito, por empresários e trabalhadores, em seus deslocamentos pela cidade.
2017-09-10
colunas
leaoserva
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/leaoserva/2017/10/1925504-bonde-novo-pode-mudar-centro-de-sp.shtml
Juro baixo no Brasil faz investidor mirar oportunidades no exterior
A queda dos juros no Brasil tem levado cada vez mais investidores a olhar para fora das fronteiras em busca de retornos maiores e diversificação de risco. Sem deixar o país, é possível acessar um cardápio de produtos que inclui títulos de outros países e ações de setores com pouca representação na Bolsa brasileira, como tecnologia. "A redução dos juros força o investidor a repensar sua carteira e a comparar seu objetivo de longo prazo com o potencial de retorno que suas aplicações oferecem", afirma Rodrigo Araújo, diretor da gestora Blackrock no Brasil. Os números da Anbima (associação das entidades do mercado) comprovam esse aumento. Fundos multimercados (que aplicam não só em renda fixa) com investimento no exterior viram seu patrimônio crescer 23,4% nos 12 meses até agosto. No caso dos fundos de renda fixa com exposição a ativos estrangeiros, o aumento foi de 19,6%, e, nos fundos de ações, de 14,3%. Além do fator financeiro, os investidores brasileiros tentam reduzir a exposição ao risco político local, ainda mais com as incertezas sobre as eleições do ano que vem. "Maio deste ano foi um bom exemplo da importância de ter uma diversificação e de não ter todo o patrimônio em investimentos no Brasil", diz Jan Karsten, presidente da gestora GPS. Em 18 de maio, um dia após o vazamento da notícia da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, a Bolsa despencou quase 9% e o dólar disparou 8%. Investimento exterior COMO FAZ Os fundos são o veículo mais acessível para quem quer incluir ativos estrangeiros nos seus investimentos. Produtos para pequenos investidores podem ter até 20% de investimento no exterior. Fundos voltados a investidores qualificados (com aplicações entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões) podem apostar até 40%. Pessoas com mais de R$ 10 milhões em investimentos não têm restrição. Esses fundos compram cotas de fundos negociados em outros países. E é esse fator que faz com que o cardápio para o investidor brasileiro seja mais diversificado, afirma Enio Shinohara, que comanda a área de portfólios internacionais do BTG Pactual. "Um exemplo é o setor de tecnologia. Se pensarmos nesse segmento nos EUA e na China, estamos falando de empresas de porte grande, crescimento de receita e lucros extraordinários", diz. Dá para comprar também ações de empresas ligadas ao mercado de luxo, como Cartier e Ferrari. "É um setor que não tem representatividade no mercado brasileiro." Há ainda os chamados investimentos alternativos. "Tem a oportunidade de aplicar em imóveis residenciais na região de Nova York, ou em um fundo que busca os próximos Ubers ou Airbnbs", afirma Shinohara. Esses fundos costumam ter taxa de administração mais elevada que os conservadores e podem cobrar performance sobre o que superar seus indicadores de referência. A aplicação inicial é elevada, mas é possível acessar esses produtos com R$ 25 mil. GRANDES VALORES Quem quer aplicar em ativos no exterior pode ir além dos fundos. Uma outra alternativa para o investidor é abrir uma conta em banco ou corretora no exterior e aplicar por conta própria, mas é preciso ficar de olho nos custos. "Normalmente, os fundos são criados para investidores menores ou que não teriam condições de fazer uma remessa para fora ou abrir conta lá", afirma Jan Karsten, da gestora GPS. Manter essas contas podem custar US$ 2.000 por ano, valor pouco acessível ao pequeno investidor. A questão tributária também pesa, complementa Joelson Sampaio, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). "O investidor que quiser investir diretamente lá fora tem que estudar as regras de cada lugar, como se dá a incidência de impostos." No Brasil, há ETFs (fundos que replicam índices de Bolsa) que espelham o indicador americano S&P 500. É uma forma de acompanhar o desempenho do principal índice da Bolsa americana -no ano, a alta é de 10,6%. A taxa de administração é menor, em torno de 0,5% ao ano, explicada pela gestão passiva. O investidor consegue comprar BDRs (ativos emitidos no Brasil com lastro em ações estrangeiras) de empresas de tecnologia, mas pode sair caro. Um BDR da Alphabet, dona do Google, valia R$ 125,8 na sexta-feira (6). O do Facebook saía por R$ 270,23. A liquidez é um risco tanto para o BDR quanto para o ETF. Se precisar do dinheiro antes do tempo, o investidor pode ter que vender pelo valor negociado no dia. RENDA FIXA No caso de aplicações conservadoras, os juros ainda em patamar elevado aqui quando comparados a outros países pesam a favor do Brasil. "O Brasil ainda é um dos poucos lugares do mundo com juros interessantes. Não existe outro país civilizado e com instituições que funcionem que pague juros maiores que o Brasil", afirma Enio Shinohara, do BTG Pactual. "Não há ainda demanda para título internacional pelo nosso nível de juros aqui", diz Luiz Felipe Santos, da BNP Paribas Asset Management. Na Alemanha e no Japão, por exemplo, títulos soberanos (emitidos pelo governo) têm juros negativos. Ou seja, o investidor precisa pagar para comprar esses papéis.
2017-09-10
mercado
null
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/10/1925452-juro-baixo-no-brasil-faz-investidor-mirar-oportunidades-no-exterior.shtml
Brecha no ranking da Fifa prejudica seleções que jogam muitos amistosos
Ao examinar o ranking da Fifa, o estatístico romeno Eduard Ranghiuc percebeu existir uma brecha na equação. Não é benéfico para as seleções jogar amistosos. Mesmo que vençam. "A conta é simples. O time que quiser ficar entre os melhores não deve jogar amistosos. A seleção que desejasse ser cabeça de chave no sorteio dos grupos da Copa deveria tê-los evitado ao máximo", disse Ranghiuc à Folha. Ele identificou o problema ao analisar como seria possível ajudar a Romênia a subir no ranking da entidade. Entrou em contato com a federação local e sugeriu que adotassem a estratégia. Apesar de desempenho discreto em campo, o time foi cabeça de chave no sorteio das eliminatórias para o Mundial de 2018. A lista da Fifa, a ser divulgada no próximo dia 16, vai definir os cabeças de chave dos grupos para a Copa da Rússia. Serão os sete melhores colocados do ranking (além da Rússia, país-sede). O sorteio será em 1º de dezembro, em Moscou. "Olhe quantos amistosos a Suíça fez nos últimos 12 meses. Você vai entender", explica Ranghiuc. Foi apenas um. Vitória sobre a Bielorrússia por 1 a 0, em junho deste ano. No ranking de setembro, a equipe está em 7º. Pela situação atual, é possível que os campeões mundiais França, Espanha, Inglaterra e Itália não sejam cabeças de chave e caiam em em grupos mais difíceis. Podem enfrentar Brasil, Argentina ou Alemanha, por exemplo. A Polônia (6ª colocada), com um amistoso jogado nos últimos 12 meses, será. A Inglaterra ignorou a matemática há quatro anos. Ranghiuc, que mantém um site de estatísticas no futebol, escreveu para a federação do país em 2013 advertindo que deveria evitar amistosos. Os ingleses jogaram cinco partidas não competitivas nos 12 meses antes da definição do sorteio para a Copa de 2014: contra Suécia, Brasil (duas vezes), Escócia e Irlanda. Calculados os pontos, descobriram que se tivessem seguido o conselho do romeno, seriam cabeças de chave. Caíram em chave com Itália, Uruguai e Costa Rica. Acabaram eliminados. "Há momento em que o ranking é relevante: 12 meses antes da definição de cabeças de chave de torneios ou eliminatórias. Deve-se trabalhar com isso", avisa. O SEGREDO A lista é montada a cada mês de acordo com equação montada pela Fifa. Leva em conta resultados das seleções nos últimos quatro anos. Apenas os placares dos 12 meses anteriores são computados 100%. A pontuação do jogo é calculada com três pontos por vitória, um por empate e zero por derrota. Estes são multiplicados pela força do rival (usando para isso a posição no ranking), a confederação a que está filiado e a importância da partida. Este componente é o que muda tudo. Jogo de Copa do Mundo, vale quatro. De torneio continental (como Copa América, por exemplo), três. Eliminatórias, 2,5. Amistoso, um. O amistoso prejudica a seleção porque a pontuação dos últimos 12 meses é somada e divida pelo número de jogos. Vale a média. Em novembro de 2016, a Itália fez amistoso com a campeã mundial Alemanha e empatou em 0 a 0. Recebeu 196,02 pontos. Três dias antes, em eliminatória, obteve óbvia vitória sobre Liechtenstein. Ganhou 371,25 pontos. Neste caso, para o ranking, vencer Liechtenstein valeu bem mais do que empatar com campeã mundial. "Tem de escolher a hora certa, dentro de janela que não vá influir na pontuação antes do sorteio. A França não fez isso", diz Ranghiuc. Nos últimos 12 meses, a equipe francesa seguiu cartilha de tudo o que o romeno acredita dever ser evitado. Jogou amistosos demais e teve resultados ruins. Ganhou de Inglaterra e Paraguai, empatou com Costa do Marfim e perdeu para Espanha. Essas partidas fizeram com que a média de pontos nos últimos 12 meses caísse 182 pontos. Computados apenas as eliminatórias, a França (8ª colocada) estaria em 3º. Amistosos oferecem benefícios técnicos, claro. Servem para testar formações, atletas e entrosar a equipe. Ranghiuc diz haver uma solução. "Basta combinar com o adversário para que o jogo tenha mais de seis substituições. Isso o tornará inválido para o ranking. Perder um amistoso oficial, já que a pontuação será zerada e a partida contará na média, é catastrófico antes da definição das cabeças de chave de um Mundial", aconselha. A UEFA vai realizar a Liga das Nações a partir de 2018. Não está definido o impacto que terá no ranking. A Folha enviou e-mail sobre isso à Fifa, mas não obteve resposta.
2017-09-10
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