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o fato de basear-se em estudantes criou no movimento um paradoxo. Pois, a
existência do movimento dependia deles, e quando chegavam às classes mais altas e às
universidades, eles dedicavam seu tempo e sua energia aos estudos, e não restava
tempo para o movimento. Anos depois disso, estando em Israel, estudei na literatura
sobre os movimentos clássicos que se formaram na Europa que se você basifica o
movimento sobre a juventude de dentro da "intelligenzia", você a constrói em solo fértil
porém problemático, devido ao mesmo problema que apontei. Entendi o dilema desde o
início da grande mobilização da liderança futura, mas resolvi arriscar e tentar convocar
para o movimento justamente os mais talentosos, e deixar para o destino fazer a sua
parte nas resoluções futuras. Tive muito tempo para sofrer, imaginar e tentar outras
soluções, mas não consegui inventar soluções que não sejam na verdade substitutos,
tentar novamente o caminho trilhado pelos movimentos europeus, dar aos companheiros
mais maduros maior liberdade para in à universidade e confiar o destino do movimento à
suas consciências.
Entrei nas discussões da "Lapa" com temor e piedade, realmente com profunda
ansiedade. Entendi o dilema que eu colocava diante dos companheiros, e eu não joguei
nenhum jogo retórico. Expliquei o que meus olhos viam, ou seja, que sem o abandono
dos estudos pela camada dirigente, e sem sua dedicação completa às atividades do
movimento, ele não resistirá, ele se desmanchará ou fenecerá, Conhecia cada um dos
participantes do seminário, e via nessa equipe o potencial para a realização do
movimento. Eles eram os escolhidos e os dotados que conseguimos recrutar na ocasião,
e com eles se erguerá ou cairá o movimento.
Não imaginei que na era moderna pode-se abrir mão de estudos universitários; fato
que todos aqueles companheiros dotados queriam estudar, estudaram, e há entre eles
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professores e doutores que pode-se orgulhar deles. A resolução de interromper os
estudos não era técnica, mas de conteúdo, ela deu forma ao complexo conceito de
"liderança". Também sobre isso tive muito tempo para debater. o conceito que diz que
"somos todos iguais", esconde a complexidade das forças do espírito, caráter, vontade,
ambição, coragem do ponto de vista espiritual, carisma e componentes de personalidade.
Quando os componentes se revelam nas medidas e no ambiente social certos, eles criam
legitimação e liderança florescente, e o corpo social goza dos frutos abençoados.
Nem sempre pode-se descobrir o educando que possui parte das características
exigidas, só um ambiente estimulador possibilita a sua descoberta. Não santificamos o
processo que levou ao abandono dos estudos, e quando as condições mudaram, a
resolução mudou. As resoluções da Lapa trouxeram ao movimento anos abençoados, e a
todos aqueles companheiros que abandonaram os estudos, as universidades se abriram
diante deles, em Israel ou fora de Israel. Ela foi uma decisão coletiva em seu conteúdo e
moral na sua grandeza.
Resumo Temporário
Mesmo sem observar de forma retroativa, pode-se dizer que à nossa realização em
Israel houve uma justificativa humana e também nacional. o destino poupou de nós o que
causou a nossos antepassados na Europa, e para meu pesar Israel ainda não vive em
paz, assim como o mundo. A bênção de nossa realização e de outros como nós, com
nossas famílias, nossos filhos e nossos netos, não é medida só por números, mas pela
qualidade, pela voluntariedade, da capacidade, potencialidade ocultos na dimensão
do
tempo. A continuação da vida do movimento e sua realização em Israel serão escritos em
outro tempo, quando novamente florescer a inspiração.